O golpe contra Dilma na visão do PT seria o de Maduro na Venezuela

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Fernando Bizerra/Efe
 
Jornal GGN – A classificação de golpe que o governo de Nicolás Maduro tenta impor contra a oposição, com as reações de partidos e de parte da população com a estratégia de instalar uma Assembleia Constituinte na Venezuela, não é apenas retórica, como também inverte aos opositores o que, na verdade, os governistas vem articulando. 
 
Aqui, no Brasil, o Congresso iniciava o que se chamou de golpe parlamentar, quando tornava inválidas as eleições de 2014, que seguindo o sistema democrático de votação deu vitória à Dilma Rousseff. De forma similar, a Venezuela poderá violar a escolha da maioria da população, ao destituir do poder, por meio de uma Assembleia Constituinte, os parlamentares eleitos.
 
“Quando o voto direto não levou ao resultado esperado, uma parte da classe política inventou um novo pleito. E porque a Constituição não atendia às suas necessidades, esmiuçaram a Constituição. É possível contestar o impeachment brasileiro e ao mesmo tempo denunciar a Constituinte venezuelana”, analisou o cientista político Mathias Alencatro, em coluna.
 
Por Mathias Alencatro
 
Maduro, o novo estorvo do PT
 
Na Folha de S. Paulo
 

A realização de uma Assembleia Constituinte na Venezuela, proposta institucional idealizada por Nicolás Maduro contra um parlamento eleito há pouco mais de um ano e no qual pontifica uma maioria da oposição, lembra o movimento do Congresso brasileiro contra a presidente Dilma Rousseff no ano passado.

Quando o voto direto não levou ao resultado esperado, uma parte da classe política inventou um novo pleito. E porque a Constituição não atendia às suas necessidades, esmiuçaram a Constituição. É possível contestar o impeachment brasileiro e ao mesmo tempo denunciar a Constituinte venezuelana.

À semelhança de países como Angola e Irã, a governabilidade da Venezuela está atrelada ao preço do petróleo. O Petro-Estado tem como características a verticalização de poder, a ausência de capacidade tributária e a enorme vulnerabilidade a choques externos. Essas particularidades foram exacerbadas por Hugo Chávez, que lastreou o seu programa macro-econômico na crença de que o petróleo atingiria 200 dólares. O Petro-Estado, a história ensina, é um barco que afunda por ordem do seu comandante.

A ingerência dos Estados Unidos, a radicalidade da oposição local e até a instabilidade política regional podem ter intensificado a crise deflagrada pelo término do superciclo das commodities. Todavia nenhum desses fatores justifica a ruptura de Maduro com a conquista mais perene da era Chávez: a Constituição de 1999.

Nesse contexto, a atitude do Partido dos Trabalhadores, que reiterou o seu apoio a Maduro, é incompreensível. A associação ao regime venezuelano pode se tornar um estorvo para o partido na sua busca por uma nova dinâmica. Na França, Jean-Luc Mélenchon, que estava perto de chegar ao segundo turno das eleições presidenciais, perdeu pontos decisivos por conta do seu tropismo bolivariano. Na Espanha, o Podemos, coqueluche da esquerda, enfrenta semelhante problema.

Num momento em que o apoio da opinião internacional desempenha um papel fundamental na estratégia de defesa ex-presidente Lula, o posicionamento do PT afasta, em vez de agregar, potenciais aliados. Os grandes jornais, partidos e lideranças políticas da social democracia europeia, que criticaram ou se abstiveram de apoiar o impeachment de Dilma Rousseff, são inequivocamente contra a Constituinte de Nicolás Maduro. Do ponto de vista da relação de forças internacional, o apoio e solidariedade a Maduro pode se revelar um tiro no pé do Lula disparado pelo seu próprio partido.

Existem outros caminhos para preservar as conquistas sociais da chamada “virada à esquerda” da América Latina além da deriva autoritária. Na Bolívia, Evo Morales tem mostrado que é possível conciliar distribuição radical e estabilidade macroeconômica em um país dependente de recursos naturais. No Equador, a guinada ao centro do governo Lenin Moreno deu novo fôlego ao movimento de Rafael Correa. Maduro é uma exceção entre os atuais governos progressistas latino-americanos, que o PT quer tratar como regra. Corre o risco de isolar-se com ele.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

31 Comentários

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  1. Otima analise. O PT erra de

    Otima analise. O PT erra de forma absurda ao apoiar um péssimo governante por questões de um suposto alinhamento ideologico. Maduro não é um governante aceitavel nem no campo da esquerda, desde que chegou ao poder a Venezuela só afunda no pantano social e, institucional e economico, a Historia não prestigia fracassos, pode até acolher a barbarie e o arbitrio mas não o fracasso estrondoso em todos os setores.

    Como o PT ignora a onda de refugiados que a todo dia entram em Roraima, territorio brasileiro, em busca de sobreviviencia?

    São refugiados POBRES, pauperrimos, não é a elite direitista de Caracas, que já emigrou há uma decada para Miami e Madri.

    A cegueira do PT nesse tema é um equivoco historico e vai prejudicar o partido nas eleições de 2018, o fracasso venezuelano

    VAI SER JOGADO NA CARA DO PT. Como diria Talleyrand, pior que é um crime, é um erro.

    1. São vítimas e devem ser acolhidos.

      As vítimas do conflito iniciado pela escalada de violência promovida pela oposição devem ser acolhidas.

      Aliás, nem precisariam ser tratadas como refugiadas se o Mercosul ainda estivesse em vigor, porque dentre os países do acordo é possível o cidadão de um país pedir visto de residência em outro.

    2. Amigo… Na moral…

      Sério que você vai fazer este proseletismo depois do nosso país ter sido esquartejado por golpistas do mesmo naipe da Venezuela? Quem dera se tivesse tido resistência institucional aqui como na Venezuela!

      Era você que a pouco decretava em entrevista a morte do PT enquanto dizia que era hora do PSDB! ! Claro né! O Ataque midiático e difamatório tem peso para você, por isso o Aécio fica livre para ajudar o Temer enquanto presidente eleito é derrubadoe  presidente honesto tem a vida escorraçada para não se achar provas e julgado culpado) André Araújo! Quem te viu e quem te lê! Fica assustando! Você já passou de alienado! Tá inocenta culpado e ataca inocente! Fracasso era a Venezuela da Elite do pretóleo pró EUA que importava até alface de Miami e achava normal favelas cenetenarias e somente caros médicos privados. Sua opinião não tem dados ou fatos: é apenas Ideológica!

    3. Questão venezuelana

      A forma como é tratada a questão venezuelana pelos analistas políticos tupiniquins deixa transparecer uma enorme ignorância pelo que vem ocorrendo naquele país, pois, guardadas as sutis nuances com que o tema é abordado, esses comentaristas não fazem mais do que repetir como papagaios o que apregoa a imprensa internacional, que simplesmente repercute a opinião dos países imperialistas e de suas corporações, os quais tratam o governo de Maduro como autoritário, diatatorial, violento etc. Estranha ditadura essa venezuelana! Governo democraticamente eleito! Sistema eleitoral confiável (tanto é que a oposição venceu as eleições parlamentares de 2015)! Diante de um impasse, em vez de se utilizar a força, convoca-se o povo para solucioná-lo!

       

      O cerne da questão venezuelana está na derrota eleitoral  sofrida em dezembro de 2015, quando, em um cochilo do chavismo, a oposição conseguiu a maioria dos assentos na Assembleia Nacional. Entretanto, a partir daí, a oposição passou a valer-se dessa maioria para minar o governo de Maduro, barrando qualquer iniciativa governamental que precisasse de apoio do parlamento. Entretanto, essa estratégia, em vez de favorecer a oposição, fortaleceu o apoio popular a Maduro. Essa circunstância, somada à chegada de Donald Trump à Casa Branca e, consequentemente, ao novos rumos dados à política externa estadunidense , incutiram na oposição venezuelana a necessidade de abreviar o governo de Maduro, sem  correr o risco de se chegar ao fim do mandato e ter que enfrentar novas eleições, ante a possibilidade de uma nova e corriqueira derrota.

       

      Nesse cenário, criou-se um impasse, uma dualidade de poderes. Entretanto, observando-se as atitudes das partes, apesar de se verificar desrespeitos às regras democráticas de ambos os lados, dentro das circunstâncias reais, é incorreto dizer que o governo de Maduro tem sido violento, ditatorial, antidemocrático etc. Primeiro, porque a oposição tem sido muito mais violenta, com ações que podem ser caracterizadas como verdadeiros atos de terrorismo, o que, de certa forma, justifica uma reação do governo, um enfrentamento, para equilibrar o jogo.  Segundo, porque, tendo forte apoio institucional (Judiciário, Forças Armadas etc) e, principalmente, popular, não restaria ao governo de Maduro senão resistir ao assédio das forças oposicionistas,  claramente incentivadas pelas potências imperialistas.

       

      Há outro ponto que não pode ser desconsiderado: o que quer a oposição? O PODER e, consequentemente, o seu exercício, dentro das aspirações, ideologias e necessidades daqueles que o  exercem.  Conhecendo a história e o contexto em que se inserem as lideranças políticas que se opõem ao atual governo venezuelano, o que se espera do pós-chavismo com o poder na mão dos atuais opositores: políticas neoliberais, entrega das reservas petrolíferas às multinacionais e violência,  violência e mais violência contra a população, pois o chavismo se sustenta em um forte conetúdo  nacional, patriótico etc. e não iria assistir de camarote à entrega dos recursos nacionais venezuelanos às empresas multinacionais.

       

      Diante de todo esse contexto,  esperava-se do governo de Nicolás Maduro alguma atitude para superar o impasse, a qual foi anunciada no último primeiro de maio, com a  convocação de uma nova constituinte. Essa inciciativa suporta diversos questionamentos:  1) terá efetividade? 2) é a mais adequada para a situação? 3) servirá para superar  a crise? etc. etc. No entanto, os questionamentos advindos e alardeados foram outros: a convocação da constituinte não passou de uma estratégia para burlar a derrota eleitoral e representa um golpe à democracia! Será?

       

      Primeiro, temos que considerar que é legítimo a um governo tomar todas as decisões permitidas pela ordem constitucional a que se submete. Segundo, temos que verificar se a convocação da constituinte está de acordo com a respectiva Constituição da Venezuela. No caso, a resposta às duas questões são positivas,  pois tanto  o  governo respeitou a ordem coonstitucional vigente quanto essa permite a convocação da constituinte. Se se quiser questionar, questione a própria Constituição Bolivariana, a qual foi elaborada por um soberano e inquestionável poder constituinte e aprovada posteriormente por um referendo popular. Para  que cada um tire suas conclusões, seguem adiante os dispositivos constitucionais avocados pelo governo de Maduro para convocar a constituinte.

       

      De la Asamblea Nacional Constituyente

       

      Artículo 347. El pueblo de Venezuela es el depositario del poder constituyente originario. En ejercicio de dicho poder, puede convocar una Asamblea Nacional Constituyente con el objeto de transformar el Estado, crear un nuevo ordenamiento jurídico y redactar una nueva Constitución.

       

      Artículo 348. La iniciativa de convocatoria a la Asamblea Nacional Constituyente podrán tomarla el Presidente o Presidenta de la República en Consejo de Ministros; la Asamblea Nacional, mediante acuerdo de la dos terceras partes de sus integrantes; los Consejos Municipales en cabildo, mediante el voto de las dos terceras partes de los mismos; o el quince por ciento de los electores inscritos y electoras inscritas en el registro civil y electoral.

       

      Artículo 349. El Presidente o Presidenta de la República no podrá objetar la nueva Constitución.

       

      Los poderes constituidos no podrán en forma alguna impedir las decisiones de la Asamblea Nacional Constituyente.

  2. Os opositores queimando
    Os opositores queimando pessoas vivas nas ruas e este discurso simplista. A 19 anos uma campanha sórdida contra o governo que tem seus erros e claro. Só de observar o olhar do tal de Capriles da pra ver que Maduro tem razão.

  3. Que texto fraquinho,
    Que texto fraquinho, baboseira danada… Prefiro este abaixo:   

    Breno Altman

    19 h ·  

    HIPOCRISIAS E IRONIAS

    Criticado por excessiva moderação em setores da esquerda, durante o periodo no qual governou o país, o PT é firmemente solidário ao governo Nicolas Maduro, denunciando com clareza a ação imperialista e o golpismo contra a revolução bolivariana.

    Por ironia, parte das correntes progressistas que criticaram o PT e exigiam enfrentamento com as classes dominantes, agora fica “neutra” na polarização venezuelana, acusando Maduro de autoritarismo, repetindo a cantilena surrada das forças conservadoras que buscam tomar de assalto o poder.

    O que ilustres representantes do povo como Marcelo Freixo e Jean Wyllys imaginam ocorrer quando há enfrentamento de classes? Que as oligarquias respondem com pão de mel e o campo popular resiste com um buquê de flores?

    Ou será que as críticas ao PT, mesmo quando acertadas, nunca passaram de hipocrisia?

    Pode alguém que se julgue de esquerda ficar “neutro” quando a contradição entre um governo progressista e o bloco imperialista chega a tal grau de antagonismo?

    Aliás, pode alguém de esquerda não perceber que essa suposta “neutralidade” não passa de alinhamento objetivo à contra-revolução?”

     

    1. Questão venezuelana

      A forma como é tratada a questão venezuelana pelos analistas políticos tupiniquins deixa transparecer uma enorme ignorância pelo que vem ocorrendo naquele país, pois, guardadas as sutis nuances com que o tema é abordado, esses comentaristas não fazem mais do que repetir como papagaios o que apregoa a imprensa internacional, que simplesmente repercute a opinião dos países imperialistas e de suas corporações, os quais tratam o governo de Maduro como autoritário, diatatorial, violento etc. Estranha ditadura essa venezuelana! Governo democraticamente eleito! Sistema eleitoral confiável (tanto é que a oposição venceu as eleições parlamentares de 2015)! Diante de um impasse, em vez de se utilizar a força, convoca-se o povo para solucioná-lo!

       

      O cerne da questão venezuelana está na derrota eleitoral  sofrida em dezembro de 2015, quando, em um cochilo do chavismo, a oposição conseguiu a maioria dos assentos na Assembleia Nacional. Entretanto, a partir daí, a oposição passou a valer-se dessa maioria para minar o governo de Maduro, barrando qualquer iniciativa governamental que precisasse de apoio do parlamento. Entretanto, essa estratégia, em vez de favorecer a oposição, fortaleceu o apoio popular a Maduro. Essa circunstância, somada à chegada de Donald Trump à Casa Branca e, consequentemente, ao novos rumos dados à política externa estadunidense , incutiram na oposição venezuelana a necessidade de abreviar o governo de Maduro, sem  correr o risco de se chegar ao fim do mandato e ter que enfrentar novas eleições, ante a possibilidade de uma nova e corriqueira derrota.

       

      Nesse cenário, criou-se um impasse, uma dualidade de poderes. Entretanto, observando-se as atitudes das partes, apesar de se verificar desrespeitos às regras democráticas de ambos os lados, dentro das circunstâncias reais, é incorreto dizer que o governo de Maduro tem sido violento, ditatorial, antidemocrático etc. Primeiro, porque a oposição tem sido muito mais violenta, com ações que podem ser caracterizadas como verdadeiros atos de terrorismo, o que, de certa forma, justifica uma reação do governo, um enfrentamento, para equilibrar o jogo.  Segundo, porque, tendo forte apoio institucional (Judiciário, Forças Armadas etc) e, principalmente, popular, não restaria ao governo de Maduro senão resistir ao assédio das forças oposicionistas,  claramente incentivadas pelas potências imperialistas.

       

      Há outro ponto que não pode ser desconsiderado: o que quer a oposição? O PODER e, consequentemente, o seu exercício, dentro das aspirações, ideologias e necessidades daqueles que o  exercem.  Conhecendo a história e o contexto em que se inserem as lideranças políticas que se opõem ao atual governo venezuelano, o que se espera do pós-chavismo com o poder na mão dos atuais opositores: políticas neoliberais, entrega das reservas petrolíferas às multinacionais e violência,  violência e mais violência contra a população, pois o chavismo se sustenta em um forte conetúdo  nacional, patriótico etc. e não iria assistir de camarote à entrega dos recursos nacionais venezuelanos às empresas multinacionais.

       

      Diante de todo esse contexto,  esperava-se do governo de Nicolás Maduro alguma atitude para superar o impasse, a qual foi anunciada no último primeiro de maio, com a  convocação de uma nova constituinte. Essa inciciativa suporta diversos questionamentos:  1) terá efetividade? 2) é a mais adequada para a situação? 3) servirá para superar  a crise? etc. etc. No entanto, os questionamentos advindos e alardeados foram outros: a convocação da constituinte não passou de uma estratégia para burlar a derrota eleitoral e representa um golpe à democracia! Será?

       

      Primeiro, temos que considerar que é legítimo a um governo tomar todas as decisões permitidas pela ordem constitucional a que se submete. Segundo, temos que verificar se a convocação da constituinte está de acordo com a respectiva Constituição da Venezuela. No caso, a resposta às duas questões são positivas,  pois tanto  o  governo respeitou a ordem coonstitucional vigente quanto essa permite a convocação da constituinte. Se se quiser questionar, questione a própria Constituição Bolivariana, a qual foi elaborada por um soberano e inquestionável poder constituinte e aprovada posteriormente por um referendo popular. Para  que cada um tire suas conclusões, seguem adiante os dispositivos constitucionais avocados pelo governo de Maduro para convocar a constituinte.

       

      De la Asamblea Nacional Constituyente

       

      Artículo 347. El pueblo de Venezuela es el depositario del poder constituyente originario. En ejercicio de dicho poder, puede convocar una Asamblea Nacional Constituyente con el objeto de transformar el Estado, crear un nuevo ordenamiento jurídico y redactar una nueva Constitución.

       

      Artículo 348. La iniciativa de convocatoria a la Asamblea Nacional Constituyente podrán tomarla el Presidente o Presidenta de la República en Consejo de Ministros; la Asamblea Nacional, mediante acuerdo de la dos terceras partes de sus integrantes; los Consejos Municipales en cabildo, mediante el voto de las dos terceras partes de los mismos; o el quince por ciento de los electores inscritos y electoras inscritas en el registro civil y electoral.

       

      Artículo 349. El Presidente o Presidenta de la República no podrá objetar la nueva Constitución.

       

      Los poderes constituidos no podrán en forma alguna impedir las decisiones de la Asamblea Nacional Constituyente.

  4. Maduro vinha sendo boicotado,

    Maduro vinha sendo boicotado, na verdade ele deu um contra golpe e aí a direita pirou.

    Tentar tirar ele pode.

    Ele contra arcar não. 

    Masustentar ele usou a constituição,  da mesma forma que a direita fez aqui.

    No parlamentarismo não é a mesma coisa, pode dissolver o congresso, foi o que de grosso modo ele fez.

    1. Questão venezuelana

      A forma como é tratada a questão venezuelana pelos analistas políticos tupiniquins deixa transparecer uma enorme ignorância pelo que vem ocorrendo naquele país, pois, guardadas as sutis nuances com que o tema é abordado, esses comentaristas não fazem mais do que repetir como papagaios o que apregoa a imprensa internacional, que simplesmente repercute a opinião dos países imperialistas e de suas corporações, os quais tratam o governo de Maduro como autoritário, diatatorial, violento etc. Estranha ditadura essa venezuelana! Governo democraticamente eleito! Sistema eleitoral confiável (tanto é que a oposição venceu as eleições parlamentares de 2015)! Diante de um impasse, em vez de se utilizar a força, convoca-se o povo para solucioná-lo!

       

      O cerne da questão venezuelana está na derrota eleitoral  sofrida em dezembro de 2015, quando, em um cochilo do chavismo, a oposição conseguiu a maioria dos assentos na Assembleia Nacional. Entretanto, a partir daí, a oposição passou a valer-se dessa maioria para minar o governo de Maduro, barrando qualquer iniciativa governamental que precisasse de apoio do parlamento. Entretanto, essa estratégia, em vez de favorecer a oposição, fortaleceu o apoio popular a Maduro. Essa circunstância, somada à chegada de Donald Trump à Casa Branca e, consequentemente, ao novos rumos dados à política externa estadunidense , incutiram na oposição venezuelana a necessidade de abreviar o governo de Maduro, sem  correr o risco de se chegar ao fim do mandato e ter que enfrentar novas eleições, ante a possibilidade de uma nova e corriqueira derrota.

       

      Nesse cenário, criou-se um impasse, uma dualidade de poderes. Entretanto, observando-se as atitudes das partes, apesar de se verificar desrespeitos às regras democráticas de ambos os lados, dentro das circunstâncias reais, é incorreto dizer que o governo de Maduro tem sido violento, ditatorial, antidemocrático etc. Primeiro, porque a oposição tem sido muito mais violenta, com ações que podem ser caracterizadas como verdadeiros atos de terrorismo, o que, de certa forma, justifica uma reação do governo, um enfrentamento, para equilibrar o jogo.  Segundo, porque, tendo forte apoio institucional (Judiciário, Forças Armadas etc) e, principalmente, popular, não restaria ao governo de Maduro senão resistir ao assédio das forças oposicionistas,  claramente incentivadas pelas potências imperialistas.

       

      Há outro ponto que não pode ser desconsiderado: o que quer a oposição? O PODER e, consequentemente, o seu exercício, dentro das aspirações, ideologias e necessidades daqueles que o  exercem.  Conhecendo a história e o contexto em que se inserem as lideranças políticas que se opõem ao atual governo venezuelano, o que se espera do pós-chavismo com o poder na mão dos atuais opositores: políticas neoliberais, entrega das reservas petrolíferas às multinacionais e violência,  violência e mais violência contra a população, pois o chavismo se sustenta em um forte conetúdo  nacional, patriótico etc. e não iria assistir de camarote à entrega dos recursos nacionais venezuelanos às empresas multinacionais.

       

      Diante de todo esse contexto,  esperava-se do governo de Nicolás Maduro alguma atitude para superar o impasse, a qual foi anunciada no último primeiro de maio, com a  convocação de uma nova constituinte. Essa inciciativa suporta diversos questionamentos:  1) terá efetividade? 2) é a mais adequada para a situação? 3) servirá para superar  a crise? etc. etc. No entanto, os questionamentos advindos e alardeados foram outros: a convocação da constituinte não passou de uma estratégia para burlar a derrota eleitoral e representa um golpe à democracia! Será?

       

      Primeiro, temos que considerar que é legítimo a um governo tomar todas as decisões permitidas pela ordem constitucional a que se submete. Segundo, temos que verificar se a convocação da constituinte está de acordo com a respectiva Constituição da Venezuela. No caso, a resposta às duas questões são positivas,  pois tanto  o  governo respeitou a ordem coonstitucional vigente quanto essa permite a convocação da constituinte. Se se quiser questionar, questione a própria Constituição Bolivariana, a qual foi elaborada por um soberano e inquestionável poder constituinte e aprovada posteriormente por um referendo popular. Para  que cada um tire suas conclusões, seguem adiante os dispositivos constitucionais avocados pelo governo de Maduro para convocar a constituinte.

       

      De la Asamblea Nacional Constituyente

       

      Artículo 347. El pueblo de Venezuela es el depositario del poder constituyente originario. En ejercicio de dicho poder, puede convocar una Asamblea Nacional Constituyente con el objeto de transformar el Estado, crear un nuevo ordenamiento jurídico y redactar una nueva Constitución.

       

      Artículo 348. La iniciativa de convocatoria a la Asamblea Nacional Constituyente podrán tomarla el Presidente o Presidenta de la República en Consejo de Ministros; la Asamblea Nacional, mediante acuerdo de la dos terceras partes de sus integrantes; los Consejos Municipales en cabildo, mediante el voto de las dos terceras partes de los mismos; o el quince por ciento de los electores inscritos y electoras inscritas en el registro civil y electoral.

       

      Artículo 349. El Presidente o Presidenta de la República no podrá objetar la nueva Constitución.

       

      Los poderes constituidos no podrán en forma alguna impedir las decisiones de la Asamblea Nacional Constituyente.

  5. Fake News

    A grande diferença entre os dois casos e que muda o contexto de golpe, é que lá o povo pode ir e decidir nas urnas. Os golpistas deveriam parar de se preocupar discurso alheio e apoiar o golpe, a começar por pedir eleições diretas já!

    1. Questão venezuelana

      A forma como é tratada a questão venezuelana pelos analistas políticos tupiniquins deixa transparecer uma enorme ignorância pelo que vem ocorrendo naquele país, pois, guardadas as sutis nuances com que o tema é abordado, esses comentaristas não fazem mais do que repetir como papagaios o que apregoa a imprensa internacional, que simplesmente repercute a opinião dos países imperialistas e de suas corporações, os quais tratam o governo de Maduro como autoritário, diatatorial, violento etc. Estranha ditadura essa venezuelana! Governo democraticamente eleito! Sistema eleitoral confiável (tanto é que a oposição venceu as eleições parlamentares de 2015)! Diante de um impasse, em vez de se utilizar a força, convoca-se o povo para solucioná-lo!

       

      O cerne da questão venezuelana está na derrota eleitoral  sofrida em dezembro de 2015, quando, em um cochilo do chavismo, a oposição conseguiu a maioria dos assentos na Assembleia Nacional. Entretanto, a partir daí, a oposição passou a valer-se dessa maioria para minar o governo de Maduro, barrando qualquer iniciativa governamental que precisasse de apoio do parlamento. Entretanto, essa estratégia, em vez de favorecer a oposição, fortaleceu o apoio popular a Maduro. Essa circunstância, somada à chegada de Donald Trump à Casa Branca e, consequentemente, ao novos rumos dados à política externa estadunidense , incutiram na oposição venezuelana a necessidade de abreviar o governo de Maduro, sem  correr o risco de se chegar ao fim do mandato e ter que enfrentar novas eleições, ante a possibilidade de uma nova e corriqueira derrota.

       

      Nesse cenário, criou-se um impasse, uma dualidade de poderes. Entretanto, observando-se as atitudes das partes, apesar de se verificar desrespeitos às regras democráticas de ambos os lados, dentro das circunstâncias reais, é incorreto dizer que o governo de Maduro tem sido violento, ditatorial, antidemocrático etc. Primeiro, porque a oposição tem sido muito mais violenta, com ações que podem ser caracterizadas como verdadeiros atos de terrorismo, o que, de certa forma, justifica uma reação do governo, um enfrentamento, para equilibrar o jogo.  Segundo, porque, tendo forte apoio institucional (Judiciário, Forças Armadas etc) e, principalmente, popular, não restaria ao governo de Maduro senão resistir ao assédio das forças oposicionistas,  claramente incentivadas pelas potências imperialistas.

       

      Há outro ponto que não pode ser desconsiderado: o que quer a oposição? O PODER e, consequentemente, o seu exercício, dentro das aspirações, ideologias e necessidades daqueles que o  exercem.  Conhecendo a história e o contexto em que se inserem as lideranças políticas que se opõem ao atual governo venezuelano, o que se espera do pós-chavismo com o poder na mão dos atuais opositores: políticas neoliberais, entrega das reservas petrolíferas às multinacionais e violência,  violência e mais violência contra a população, pois o chavismo se sustenta em um forte conetúdo  nacional, patriótico etc. e não iria assistir de camarote à entrega dos recursos nacionais venezuelanos às empresas multinacionais.

       

      Diante de todo esse contexto,  esperava-se do governo de Nicolás Maduro alguma atitude para superar o impasse, a qual foi anunciada no último primeiro de maio, com a  convocação de uma nova constituinte. Essa inciciativa suporta diversos questionamentos:  1) terá efetividade? 2) é a mais adequada para a situação? 3) servirá para superar  a crise? etc. etc. No entanto, os questionamentos advindos e alardeados foram outros: a convocação da constituinte não passou de uma estratégia para burlar a derrota eleitoral e representa um golpe à democracia! Será?

       

      Primeiro, temos que considerar que é legítimo a um governo tomar todas as decisões permitidas pela ordem constitucional a que se submete. Segundo, temos que verificar se a convocação da constituinte está de acordo com a respectiva Constituição da Venezuela. No caso, a resposta às duas questões são positivas,  pois tanto  o  governo respeitou a ordem coonstitucional vigente quanto essa permite a convocação da constituinte. Se se quiser questionar, questione a própria Constituição Bolivariana, a qual foi elaborada por um soberano e inquestionável poder constituinte e aprovada posteriormente por um referendo popular. Para  que cada um tire suas conclusões, seguem adiante os dispositivos constitucionais avocados pelo governo de Maduro para convocar a constituinte.

       

      De la Asamblea Nacional Constituyente

       

      Artículo 347. El pueblo de Venezuela es el depositario del poder constituyente originario. En ejercicio de dicho poder, puede convocar una Asamblea Nacional Constituyente con el objeto de transformar el Estado, crear un nuevo ordenamiento jurídico y redactar una nueva Constitución.

       

      Artículo 348. La iniciativa de convocatoria a la Asamblea Nacional Constituyente podrán tomarla el Presidente o Presidenta de la República en Consejo de Ministros; la Asamblea Nacional, mediante acuerdo de la dos terceras partes de sus integrantes; los Consejos Municipales en cabildo, mediante el voto de las dos terceras partes de los mismos; o el quince por ciento de los electores inscritos y electoras inscritas en el registro civil y electoral.

       

      Artículo 349. El Presidente o Presidenta de la República no podrá objetar la nueva Constitución.

       

      Los poderes constituidos no podrán en forma alguna impedir las decisiones de la Asamblea Nacional Constituyente.

  6. A real comparação entre Brasil e Venezuela

    Vamos tentar entender o que acontece na Venezuela, usando comparações com a nossa realidade brasileira para facilitar.

    Tal como aqui, lá o Congresso queria fazer o impeachment de Maduro por qualquer razão. Mas o STF deles teve vergonha na cara e negou o procedimento de impeachment sem base jurídica.

    Aí o Congresso, raivoso, tentou abrir o impeachment dos ministros do STF deles.

    O STF de lá julgou isso uma afronta às suas atribuições.

    O Congresso venezuelano, dominado pela direita, resolveu então nomear novos ministros pra corte suprema, ignorando os existentes que não se dobraram aos seus caprichos. 

    O Ministério Público, então, abriu uma acusação contra esses novos nomeados por usurpação de função pública. O STF acatou a denúncia e deu-lhes ordem de prisão (a “mídia” internacional chama isso de prisão “política”).

    Para resolver o impasse, Maduro convocou uma constituinte, tal como previsto na Constituição.

    Essa constituinte não tem partidos, mas seu componentes são eleitos por segmento da população, como estudantes, empresários, agricultores, trabalhadores urbanos da indústria e de serviços, etc.

    Na Islândia isso foi visto pela “mídia” como revolucionário e exemplo para o mundo.

    Na Venezuela, a mesma coisa vira “bolivarianismo”.

    A oposição de direita tem reagido a tudo isso com a violência que temos testemunhado.

    O ataque à Guarda Nacional Bolivariana no dia da eleição da constituinte seria chamado de ato de terrorismo se tivesse acontecido em qualquer um dos membros da União Europeia, nos EUA ou Canadá.

    Enfim, esse é o resumo da situação no país vizinho.

  7. hellman’s

    O golpe contra Dilma na visão do PT seria o de Maduro na Venezuela

    Desde quando a falha de sumpaulo fala pelo PT? Que PT disse isso? Lendo os comentários percebo que até gente inteligente acreditou nessa manipulação!

    Ao contrário, o golpe contra a Venezuela é o mesmo que xegou (da xuxa!) a destituir Chaves! Com os mesmos financiadores! Diáriamente Maduro clama por paz. La derecha, incapaz de ganhar a eleição presidencial, sabota o governo dioturnamente. O que queriam os nossos comentaristas, que o povo venezuelano entregasse o petróleo e a soberania em troco de papel higiênico? Na democracia, pretensamente o governo é eleito pela MAIORIA.  Azar dos ricos se eles são minoria. Que mudem de vez para Miami. 

    Nããão, tenho ouvido. Maduro é um ditador. Pergunto: Qual ditador faz eleição todos os dias? 

    1. Gleise Hoffman, presidente do

      Gleise Hoffman, presidente do PT,  no Foro de S. Paulo, Nicaragua. Do site do PT:
      “O PT manifesta seu apoio e solidariedade ao governo do PSUV, seus aliados e ao Presidente Nicolás Maduro frente à violenta ofensiva da direita contra o governo da Venezuela e condenamos o recente ataque terrorista contra a Corte Suprema. Temos a expectativa que a Assembleia Constituinte possa contribuir para uma consolidação cada vez maior da revolução bolivariana e que as divergências políticas se resolvam de forma pacífica.”
      http://www.pt.org.br/no-foro-de-sao-paulo-gleisi-denuncia-perseguicao-a-lula/

       

  8. BEM…

    A DIFERENÇA QUE LÁ A OPSIÇÃO BURGESA E INCONFORMADA PELA DERROTA ELEITORAL, LEVOU UM BAILE E MADURO NÃO PERDEU TEMPO DANDO UM BASTA…QUANDO QUEREM BAGUNÇAR SUA CASA,O MELHOR REMÉDIO É O DONO DA CASA CHEGAR O PAU.

  9. A FOLHA DE SÃO PAULO ENRIQUECE SUA OLIGARQUIA COM GOLPES?

    Com licença…

    Ainda vão usar matérias de um Jornalão golpista que enriqueceu sua Familia Propietária apoiando o golpe de 1964 e agora salvando a pele do Golpista Temer!?

    Pessoal dá para acordar? Novamente nossa frágil democracia foi vilepediada pelas famílias mais ricas que queriam um país do agronegocio sem direitos trabalhistas e exercito de mão de obra de reserva enorme controlado pela violência urbana…

    Não dá mais para olhar com seriedade para isso! Esta mesma mídia defendeu como democrático e banalizou manifestações RACISTAS, CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA, HOMOFOBIA NAS RUAS… De Verde e Amarelo! Normalizaram Racismo vestido de Verde e Amarelo!

    FASCISMO TUPINIQUIM!

    A Folha de São Paulo, melhor A FAMÍLIA FRIAS foi carro chefe deste processo. Anos atrás distribuiu ficha falsa da presidenta Dilma, difamou e fez o respeito e a credibilidade social da mesma serem implodidos para facilitar este processo de golpe. OS PRINCIPÌOS DA  DE GOEBBELS by Leonard W. Doob

    DÁ NOJO ver gente levando a Folha de São Paulo a sério! Se pudesse ela chamava favela de BANTUSTÃO sorrindo e falando: esses vagabundos merecem bala. Quem ainda leva sério este tipo de Empresa Familiar Racista a sério, avise, vou bloquear seus comentários para não vomitar…

    Goebbels’ Principles of Propaganda —-> https://www.jstor.org/stable/2745999 )

  10. O retrato

    Maduro se manterá no poder enquanto tiver apoio das forças armadas. As instiuições da Venezuela tem as mesmas características de uma  república de bananas. Bolivarianas são apenas as intenções políticas para justificar a permanência dos donos poder. A doença holandesa contagiou o país petroleiro.

  11. “Os grandes jornais, partidos

    “Os grandes jornais, partidos e lideranças políticas da social democracia europeia, que criticaram ou se abstiveram de apoiar o impeachment de Dilma Rousseff, são inequivocamente contra a Constituinte de Nicolás Maduro. “

    Na verdade, esse “apoio” é extremamente hipócrita !!! O impeachment de Dilma foi criticado porque é feiodemais ficar ao lado de uma quadrilha como essa que articulou o impeachment !!! Mas mesmo assim, se Dilma tivesse feito “O Necessário” para evitar o impeachment, seria criticado igualmente por estes veículos !!!

    O que eesses veículos esperam da Esquerda Latino-Americana ??? Republicanismo. Queriam que Maduro fosse como dilma, Digno, honrado e apeado do poder.

    Esses veículos gostam de Dilma por que ela se deixou derrubar !!! Por que deu toda liberdade aos golpistas da lava-jato. Por que para não ser chamada de aparelhadora, deixou a oposição aparelhar as corporações.(Aqui cabe crítica ao Lula Também). 

    SE Dilma tivesse feito o necessário, seria tão ou mais criticada que Maduro.

     

  12. Questão venezuelana

    A forma como é tratada a questão venezuelana pelos analistas políticos tupiniquins deixa transparecer uma enorme ignorância pelo que vem ocorrendo naquele país, pois, guardadas as sutis nuances com que o tema é abordado, esses comentaristas não fazem mais do que repetir como papagaios o que apregoa a imprensa internacional, que simplesmente repercute a opinião dos países imperialistas e de suas corporações, os quais tratam o governo de Maduro como autoritário, diatatorial, violento etc. Estranha ditadura essa venezuelana! Governo democraticamente eleito! Sistema eleitoral confiável (tanto é que a oposição venceu as eleições parlamentares de 2015)! Diante de um impasse, em vez de se utilizar a força, convoca-se o povo para solucioná-lo!

     

    O cerne da questão venezuelana está na derrota eleitoral  sofrida em dezembro de 2015, quando, em um cochilo do chavismo, a oposição conseguiu a maioria dos assentos na Assembleia Nacional. Entretanto, a partir daí, a oposição passou a valer-se dessa maioria para minar o governo de Maduro, barrando qualquer iniciativa governamental que precisasse de apoio do parlamento. Entretanto, essa estratégia, em vez de favorecer a oposição, fortaleceu o apoio popular a Maduro. Essa circunstância, somada à chegada de Donald Trump à Casa Branca e, consequentemente, ao novos rumos dados à política externa estadunidense , incutiram na oposição venezuelana a necessidade de abreviar o governo de Maduro, sem  correr o risco de se chegar ao fim do mandato e ter que enfrentar novas eleições, ante a possibilidade de uma nova e corriqueira derrota.

     

    Nesse cenário, criou-se um impasse, uma dualidade de poderes. Entretanto, observando-se as atitudes das partes, apesar de se verificar desrespeitos às regras democráticas de ambos os lados, dentro das circunstâncias reais, é incorreto dizer que o governo de Maduro tem sido violento, ditatorial, antidemocrático etc. Primeiro, porque a oposição tem sido muito mais violenta, com ações que podem ser caracterizadas como verdadeiros atos de terrorismo, o que, de certa forma, justifica uma reação do governo, um enfrentamento, para equilibrar o jogo.  Segundo, porque, tendo forte apoio institucional (Judiciário, Forças Armadas etc) e, principalmente, popular, não restaria ao governo de Maduro senão resistir ao assédio das forças oposicionistas,  claramente incentivadas pelas potências imperialistas.

     

    Há outro ponto que não pode ser desconsiderado: o que quer a oposição? O PODER e, consequentemente, o seu exercício, dentro das aspirações, ideologias e necessidades daqueles que o  exercem.  Conhecendo a história e o contexto em que se inserem as lideranças políticas que se opõem ao atual governo venezuelano, o que se espera do pós-chavismo com o poder na mão dos atuais opositores: políticas neoliberais, entrega das reservas petrolíferas às multinacionais e violência,  violência e mais violência contra a população, pois o chavismo se sustenta em um forte conetúdo  nacional, patriótico etc. e não iria assistir de camarote à entrega dos recursos nacionais venezuelanos às empresas multinacionais.

     

    Diante de todo esse contexto,  esperava-se do governo de Nicolás Maduro alguma atitude para superar o impasse, a qual foi anunciada no último primeiro de maio, com a  convocação de uma nova constituinte. Essa inciciativa suporta diversos questionamentos:  1) terá efetividade? 2) é a mais adequada para a situação? 3) servirá para superar  a crise? etc. etc. No entanto, os questionamentos advindos e alardeados foram outros: a convocação da constituinte não passou de uma estratégia para burlar a derrota eleitoral e representa um golpe à democracia! Será?

     

    Primeiro, temos que considerar que é legítimo a um governo tomar todas as decisões permitidas pela ordem constitucional a que se submete. Segundo, temos que verificar se a convocação da constituinte está de acordo com a respectiva Constituição da Venezuela. No caso, a resposta às duas questões são positivas,  pois tanto  o  governo respeitou a ordem coonstitucional vigente quanto essa permite a convocação da constituinte. Se se quiser questionar, questione a própria Constituição Bolivariana, a qual foi elaborada por um soberano e inquestionável poder constituinte e aprovada posteriormente por um referendo popular. Para  que cada um tire suas conclusões, seguem adiante os dispositivos constitucionais avocados pelo governo de Maduro para convocar a constituinte.

     

    De la Asamblea Nacional Constituyente

     

    Artículo 347. El pueblo de Venezuela es el depositario del poder constituyente originario. En ejercicio de dicho poder, puede convocar una Asamblea Nacional Constituyente con el objeto de transformar el Estado, crear un nuevo ordenamiento jurídico y redactar una nueva Constitución.

     

    Artículo 348. La iniciativa de convocatoria a la Asamblea Nacional Constituyente podrán tomarla el Presidente o Presidenta de la República en Consejo de Ministros; la Asamblea Nacional, mediante acuerdo de la dos terceras partes de sus integrantes; los Consejos Municipales en cabildo, mediante el voto de las dos terceras partes de los mismos; o el quince por ciento de los electores inscritos y electoras inscritas en el registro civil y electoral.

     

    Artículo 349. El Presidente o Presidenta de la República no podrá objetar la nueva Constitución.

     

    Los poderes constituidos no podrán en forma alguna impedir las decisiones de la Asamblea Nacional Constituyente.

  13. Questão venezuelana

    A forma como é tratada a questão venezuelana pelos analistas políticos tupiniquins deixa transparecer uma enorme ignorância pelo que vem ocorrendo naquele país, pois, guardadas as sutis nuances com que o tema é abordado, esses comentaristas não fazem mais do que repetir como papagaios o que apregoa a imprensa internacional, que simplesmente repercute a opinião dos países imperialistas e de suas corporações, os quais tratam o governo de Maduro como autoritário, diatatorial, violento etc. Estranha ditadura essa venezuelana! Governo democraticamente eleito! Sistema eleitoral confiável (tanto é que a oposição venceu as eleições parlamentares de 2015)! Diante de um impasse, em vez de se utilizar a força, convoca-se o povo para solucioná-lo!

     

    O cerne da questão venezuelana está na derrota eleitoral  sofrida em dezembro de 2015, quando, em um cochilo do chavismo, a oposição conseguiu a maioria dos assentos na Assembleia Nacional. Entretanto, a partir daí, a oposição passou a valer-se dessa maioria para minar o governo de Maduro, barrando qualquer iniciativa governamental que precisasse de apoio do parlamento. Entretanto, essa estratégia, em vez de favorecer a oposição, fortaleceu o apoio popular a Maduro. Essa circunstância, somada à chegada de Donald Trump à Casa Branca e, consequentemente, ao novos rumos dados à política externa estadunidense , incutiram na oposição venezuelana a necessidade de abreviar o governo de Maduro, sem  correr o risco de se chegar ao fim do mandato e ter que enfrentar novas eleições, ante a possibilidade de uma nova e corriqueira derrota.

     

    Nesse cenário, criou-se um impasse, uma dualidade de poderes. Entretanto, observando-se as atitudes das partes, apesar de se verificar desrespeitos às regras democráticas de ambos os lados, dentro das circunstâncias reais, é incorreto dizer que o governo de Maduro tem sido violento, ditatorial, antidemocrático etc. Primeiro, porque a oposição tem sido muito mais violenta, com ações que podem ser caracterizadas como verdadeiros atos de terrorismo, o que, de certa forma, justifica uma reação do governo, um enfrentamento, para equilibrar o jogo.  Segundo, porque, tendo forte apoio institucional (Judiciário, Forças Armadas etc) e, principalmente, popular, não restaria ao governo de Maduro senão resistir ao assédio das forças oposicionistas,  claramente incentivadas pelas potências imperialistas.

     

    Há outro ponto que não pode ser desconsiderado: o que quer a oposição? O PODER e, consequentemente, o seu exercício, dentro das aspirações, ideologias e necessidades daqueles que o  exercem.  Conhecendo a história e o contexto em que se inserem as lideranças políticas que se opõem ao atual governo venezuelano, o que se espera do pós-chavismo com o poder na mão dos atuais opositores: políticas neoliberais, entrega das reservas petrolíferas às multinacionais e violência,  violência e mais violência contra a população, pois o chavismo se sustenta em um forte conetúdo  nacional, patriótico etc. e não iria assistir de camarote à entrega dos recursos nacionais venezuelanos às empresas multinacionais.

     

    Diante de todo esse contexto,  esperava-se do governo de Nicolás Maduro alguma atitude para superar o impasse, a qual foi anunciada no último primeiro de maio, com a  convocação de uma nova constituinte. Essa inciciativa suporta diversos questionamentos:  1) terá efetividade? 2) é a mais adequada para a situação? 3) servirá para superar  a crise? etc. etc. No entanto, os questionamentos advindos e alardeados foram outros: a convocação da constituinte não passou de uma estratégia para burlar a derrota eleitoral e representa um golpe à democracia! Será?

     

    Primeiro, temos que considerar que é legítimo a um governo tomar todas as decisões permitidas pela ordem constitucional a que se submete. Segundo, temos que verificar se a convocação da constituinte está de acordo com a respectiva Constituição da Venezuela. No caso, a resposta às duas questões são positivas,  pois tanto  o  governo respeitou a ordem coonstitucional vigente quanto essa permite a convocação da constituinte. Se se quiser questionar, questione a própria Constituição Bolivariana, a qual foi elaborada por um soberano e inquestionável poder constituinte e aprovada posteriormente por um referendo popular. Para  que cada um tire suas conclusões, seguem adiante os dispositivos constitucionais avocados pelo governo de Maduro para convocar a constituinte.

     

    De la Asamblea Nacional Constituyente

     

    Artículo 347. El pueblo de Venezuela es el depositario del poder constituyente originario. En ejercicio de dicho poder, puede convocar una Asamblea Nacional Constituyente con el objeto de transformar el Estado, crear un nuevo ordenamiento jurídico y redactar una nueva Constitución.

     

    Artículo 348. La iniciativa de convocatoria a la Asamblea Nacional Constituyente podrán tomarla el Presidente o Presidenta de la República en Consejo de Ministros; la Asamblea Nacional, mediante acuerdo de la dos terceras partes de sus integrantes; los Consejos Municipales en cabildo, mediante el voto de las dos terceras partes de los mismos; o el quince por ciento de los electores inscritos y electoras inscritas en el registro civil y electoral.

     

    Artículo 349. El Presidente o Presidenta de la República no podrá objetar la nueva Constitución.

     

    Los poderes constituidos no podrán en forma alguna impedir las decisiones de la Asamblea Nacional Constituyente.

  14. A melhor comparação é com as eleições indiretas dos militares

    A melhor comparação não é com Dilma, mas com as eleições no Brasil do tempo dos militares, quando foram criados os chamados, na época, “casuísmos”, deformações da lei eleitoral para garantir sempre a vitória do partido do governo: maior representatividade para o interior e menos para as capitais, sublegendas, senadores “biônicos”, eleição indireta para as capitais, municípios de “segurança nacional”, e é claro, para presidente. A Venezuela adota a mesma fórmula. Ao substituir o sufrágio universal por grupos controlados pelos chavistas, se está criando, na prática, o mesmo mecanismo das eleições indiretas e da indicação dos senadores biônicos que vigorou no Brasil. Lembro que muitos na época juravam de pés juntos que o sistema indireto era tão democrático quanto o direto. O mundo dá voltas…

    A constituinte assim eleita provavelmente reformará todo o sistema eleitorial, tornando indiretas as eleições em todos os níveis, mais ou menos como o sistema cubano, onde a participação do eleitorado se limita a votar em delegados previamente escolhidos pelo partido único, e depois cessa totalmente.

  15. acho que a ideia do PT, que
    acho que a ideia do PT, que julgo ser correta (e surpreendente), é defender um dos parcos governos de esquerda que sobraram na América do Sul. apesar da incompetência administrativa e do autoritarismo do PSUV-Maduro, se colocar contra eles não seria estar ao lado de um movimento progressista que pudesse promover reformas, mas sim da direita entreguista – o que é mais desmoralizante para um partido que acabou de sofrer um golpe parlamentar.

  16. MADURO ditador e golpista

    A oposiçâo venezuelana pode ser golpista, mas e  quem nâo reconhece a vitória legítima nas urnas  da oposição  nas eleições parlamentares de 2015  é o que ? Não-golpista ?   Maduro se comporta como Aécio, ambos  golpistas. Obama governou até o fim com um Congresso dominado por republicanos boicotando-o. Sem golpe. Maduro pratica um AI-5, dissolvendo um Legislstivo legítimo eleito pelo povo e coloca sté a mulher e filha na “Cobstituinte” ! E adia  eleições presudenciais pela certeza que vai perder. Além de ditador golpista, péssimo gestor com inflação de 1000 %. Deixa o povo morrer a míngua e não importa medicamentos para não ficar ibadimplente. Venezuelanos se refugiando no Brasil e países vizinhos para não morrerem de fome.

  17. VENEZUELA

    É ingenuidade ou má fé, comparar a situação de Maduro com os golpistas daqui. Maduro não tem saída, ou radicaliza ou cai. E mesmo radicalizando periga cair. Ele luta contra o “dono do mundo” e, por azar, tem muito petróleo. A Bolívia não tem nada atraente para o “dono do mundo”. Por isto está em paz. Por quê fustigar a Bolívia? Seria sem sentido.

    Análises que não levam em consideração  a realidade, fica sem sentido.

    ~E como a prisão do Lula. É sem sentido, mas vai acontecer…As nossas intituiçoes “estão funcionando” Acreditam?

  18. Era Só O Que Faltava: ‘Perdoa-me Por Me Traíres’

    Na Venezuela é tal qual no Brasil ou melhor, anterior, o desejo e as tentativas de derrubarem o governo democráticamente eleito. A premissa básica é que Maduro não quer derrubar ninguém, eles que querem derrubar Maduro, como derrubaram Dilma, antes do fim de seu mandato, antes da eleição. O resto é dissimulação e desinformação, ignorar que a Arabia Saudita derrubou o preço do petróleo para afetar a Russia, Irã e Venezuela.  Por que(m) será, né?  

    Aquele país que não corre risco de golpe, por não possuir no território a sua embaixada, atuou e continua atuando em relação, tanto ao Brasil, quanto a Venezuela, para derrubar os respectivos governos, eleitos pela MAIORIA EM ELEIÇÕES DEMOCRÁTICAS, conforme escancarado e confesso, através de fatos e situações.  

    A diferença é que aqui o governo cumpriu o roteiro por eles, os golpistas, traçado e deixou-se condenar sem qualquer reação senão dentro do estreito jogo normativo-judicial, adredemente preparado para derrota-lo, com ilações, convicções e outras chicanitas, seletividades e dominios de fatos, mais, sendo o judiciário, a mídia e as instituições militares, ‘ligados’ a classe dominante, que juridicamente jamais viria ao caso e caso viesse, como veio, o jogo seria estancado, como sendo está.

    Já na Venezuela, o governo reagiu com os instrumentos jurídicos e políticos disponíveis, quando a assembléia, também democraticamente eleita pelo povo, quis normativamente derrubar o governo antes das eleições de 19, com as mesmas ilações, convicções e outras chicanitas mais, sem contar com a justiça seletiva e afeita a domínios de fato, sob seu comando, como no Brasil, pois lá, judiciário e instituições militares estão a favor do povo da Venezuela e não da classe dominante (a Venezuela, como o Brasil, tem a infelicidade de não possuir elite, apenas a classe financeira dominante, daí a dificuldade de deixar o atraso para traz e constituir-se como nação).

    O resto é jogo político e desinformação, cabendo a nós defendermos os nossos, já que os deles sempre defenderão, a qualquer preço, com as devidas explicações quando Inês já é morta e objetivo alcançado.   

  19. Achei superficial a análise
    Com todo respeito ao professor, é preciso ir ao centro da política. Democracia não existe em abstrato. Correto e corajoso o posicionamento do PT, do ponto de vista da luta de classes. Um dos poucos de sua história recente, inclusive.

  20. Antes a Dilma e o PT tivessem

    Antes a Dilma e o PT tivessem tido a coragem de fazer aqui o que Maduro está fazendo na Venezuela. O PT precisa aprender que NINGUEM  respeita frouxo! Haja vista a surra que o ministro Gilmar mendes está aplicando em praça pública na vovó Naná da PGR, Rodrigo Janot. Não que Gilmar Mendes valha alguma coisa, mas Janot igualmente vale coisa alguma, e mais: revelou-se um pusilânime dos piores! Entre dois desqualificados, ninguém ficará ao lado do desqualificado e frouxo, arrogante com os fracos e uma mocinha frente aos realmente poderosos!

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