A crescente desqualificação do jornalismo nas folhas e telas, por Rui Daher

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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do Terra Magazinhe

As primárias entrevistas da Globo com os candidatos a presidente

Por Rui Daher

As entrevistas de 15 minutos com os candidatos à eleição presidencial, feitas peloJornal Nacional da TV Globo, foram extremamente elucidativas.
 
Ficou clara, na forma e no conteúdo como foram concebidas e conduzidas, a crescente desqualificação do jornalismo nas folhas e telas cotidianas nacionais.
 
Nenhum dos três entrevistados foi poupado dessa primariedade. Eles e seus assessores não precisariam ter perdido mais do que alguns segundos para imaginar os temas que viriam à baila. Batata! Aeroporto, nepotismo, corrupção. Na ordem.
 
Diz-se que logo virá Marina Silva. É justo. Como é certo que, furiosos, perguntarão como fará para adequar crescimento econômico e preservação ambiental, ao que ela responderá, com equilíbrio, que não há incompatibilidade de gênios nisso.
 
Nada se tirou dali. Nem se tirará nas conversas com os candidatos a governador em cada Estado. Resultado zero. 

 
Dos presidenciáveis, o realce ficou na postura dos apresentadores, patéticos ao mostrarem uma agressividade inócua, aniquiladora de qualquer compreensão para o público.
 
Mesmo um viés da boa e velha preferência política, sempre pouco disfarçada pela Rede Globo, pareceria mais competente. Essa neutralidade enganosa e imbecil, típica jabuticaba brasileira.
 
Melhor do que um nada. Melhor do que limitar o tempo e fazer perguntas mais longas do que o permitido para as respostas. Melhor deixar-nos entrever alguma pegada de raposas felpudas da política, como sempre foram.
 
Alguém da direção deve ter dito: “William, Patrícia, não deem moleza! Aqui ninguém foge da resposta”.
 
E veio, então, aquele ar de “agora-te-peguei”. Lembrei-me dos severos olhares, quando preocupados com tomates e feijões que destroçavam a economia brasileira.
 
Talvez, mais tarde, no espelho, a impaciência de um e o dedo em riste da outra para com a “candidata”, embora também presidente da República, tenham-lhes trazido a imagem de um Stephen Sackur, do HARDtalk, da BBC, ou de Christiane Amanpour, na CNN.
 
Na imagem, apenas o escárnio da Rainha Má: “os dois são mais belos do que eu, porém menos competentes”.
 
Imagem de Amostra do You Tube

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

19 Comentários

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  1. “Diz-se que logo virá Marina

    “Diz-se que logo virá Marina Silva. É justo. Como é certo que, furiosos, perguntarão como fará para adequar crescimento econômico e preservação ambiental, ao que ela responderá, com equilíbrio, que não há incompatibilidade de gênios nisso”:

    Nope.  O trabalho global de desqualificar Marina se tornou importantissimo agora que Aecio esta perigando.

    Nao vai dar outra…

  2. Essas pseudo-entrevistas de

    Essas pseudo-entrevistas de 15 minutos, dentro de uma edição diária de um telejornal com duração limitadíssima, só aconteceram dessa forma porque a Globo simplesmente não tem absolutamente nenhum programa sério de entrevistas ou debate político que preste. A programação voltada ao Homer Simpson só tem espaço para novelas, BBB, Zorra Total e coisas do tipo. Praticamente as únicas coisas que ainda prestam na Rede Globo são o Globo Rural e Pequenas Empresas, Grande Negócios.

    Programas que poderiam realizar as entrevistas de forma correta, com o tempo e formato adequados, só existem (resistem?) na Globo News/GNT, e lá, o resultado acaba também sendo bastante prejudicado pelo viés claramente ideológico da emissora, adotado em relação aos convidados, temas e entrevistadores.

  3. Aos totalitarios interessa

    Aos totalitarios interessa muito uma imprensa serviu, quem não se alinha é colocado na linha , primeiro pela ameça de cortes de orçamento, depois pela perda da concessão, por ultimo a prisão.

    1. “uma imprensa serviu” ???

      “uma imprensa serviu” ???  claro… ela sempre serviu aos interesses que é conveniente á ela… nisso você está certo, cavalgadura de quinta categoria !

       

      agora vamos coroar esse comentário para não ser esquecido:

       

       

    2. Servil pra alguma coisa…

      Esse é proficcional (com “cc” revisor e som de “quici”) !

       

      Oh, senhor serviu! Isso servil pra uma coisa : mal exemplo!

       

      Sua posição deixou clara esta luta do bem contra o mau!

       

      Em tempo:

      Imprensa independente é aquela que não vai investigar aeroporto de quintal construído com dinheiro público?  Fosse o Brasil um país sério, Aécio já teria renunciado à sua candidatura!

      Imprensa independente é o que chama o racionamento de água em São Paulo de “diminuição da pressão”?

      Imprensa independente é o que chama corrupção do metrô de São Paulo de “cartel”?

      Isso é imprensa independente pra você? Aquela que fala mal do partido que você não gosta e esconde a podridão do partido que você gosta?

      Imprensa legal é aquela que aparece no Manchetômetro?

       

      Dispenso esses “heróis”!

      1. “que não vai investigar

        “que não vai investigar aeroporto de quintal construído com dinheiro público?”

        Imprensa não é policia.

        Manchetômetro não conta a propaganda oficial, 2.3 bilhões em reais com propaganda.

        1. Quando conveniente

          A imprensa é polícia quando é conveniente para certos grupos.

          O Judiciário pode abrir processo como promotores quando é conveniente.

          Tudo é questão de conveniência… quando é conveniente, a imprensa investiga, julga e condena.

    3. Para quem se orgulha de ter

      Para quem se orgulha de ter um presidente que falava menas laranja, ou hoje um que diz confrito.

      O bom é que não necessito de corretor ortográfico tem sempre um fiscal militante a meu serviço.

       

  4. Praticamente uma

    Praticamente uma anti-entrevista. Nem arremedo de Hardtalk da BBC conseguiu ser. Pois deste, só teve a agressividade do entrevistador. Que no caso inglês não é ofensivo do ponto de vista pessoal, mas sim direcionado aos pontos fracos da figura pública. Mas isso, o Bonner e a Poeta não tem capacidade de entender.

    Além de não ter entendido a “agressividade” do programa britânico, passaram batido pelo principal. O entrevistador da BBC faz o dever de casa, e muito bem feito. Soube do “engavetador-da-república” do FHC, o que desorientou o sociólogo.

    A dupla global não sabe nada do governo Dilma, nem sequer dos defeitos reais. Só dos clichês anti-PT. Como disse o Nassif, de Hommer Simpson para Hommer Simpson

  5. Não foi o mesmo

    A Dilma foi atropelada pelos inquisidores.

    Já ontem, com o Pastor Everaldo, faltou apenas oferecer um cafezinho, principalmente quando falou que privatizaria tudo, até a Petrobras.

  6. Discordo em desqualificar o

    Discordo em desqualificar o “jornalismo” ou suas medíocres ferramentas.

    Foram extremamente hábeis no objetivo de criminalizar a política; TODA política. Desmoralizam partidos, movimentos e expoentes que elejam a política como instrumento essencial da atividade social.

    Afinal, na ausência da dominação política… Sobram ELES!

  7. Platitudes são no horário eleitoral!

    Debates e entrevistas têm que ser assim! São a única coisa que ainda não foi emasculada pela lei eleitoral.

    Prá quem acompanhou debates com Covas, Jânio Quadros, Brizola e outros, pelo menos mata um pouquinho a saudade….

  8. Sei não Ivan…

    Não à toa, ela colocou os números 40 (PSB) e 45 (PSDB), há meses no título de uma de suas novelas que se arrastará até as eleições. 

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