A diferença entre lobos e cordeiros, segundo Malcolm X, por Rogério Mattos

O importante em todo o governo de homens brancos e liberais é manter e aprofundar a agenda econômica do também tosco Paulo Guedes

A diferença entre lobos e cordeiros, segundo Malcolm X

Por Rogério Mattos

Em certa altura do documentário Panteras Negras: todo o poder para o povo (minuto 9’40), Malcolm X fala o seguinte sobre lobos e cordeiros: “Esse presidente branco que se chama de liberal é a coisa mais perigosa de todo o Ocidente. É o mais enganador. É como uma raposa, e uma raposa é sempre mais perigosa que um lobo. Você vê o lobo chegando. Você sabe o que ele quer. Mas a raposa vem te enganar. Ela mostra os dentes como se sorrise, como um amigo.” O “presidente branco” a que Malcolm se refere, se pudesse hoje projetar sua preferência política, talvez se expressasse assim: “O importante é tirar logo Jair Bolsonaro da presidência e deixar o governo sob responsabilidade de Paulo Guedes. O lobo já se aproximou demais, todos sabem quem ele é, que não é o cachorrinho bonitinho que alguns imaginaram. Mas e o Sérgio Moro?, alguém poderia perguntar. O Moro tem que ir para a cadeia junto com o pessoal de Curitiba. Tem projeto de poder próprio e, como o outro lobo, faz ruído demais e assusta”. O importante em todo o governo de homens brancos e liberais é manter e aprofundar a agenda econômica do também tosco Paulo Guedes. Contudo, quanto maior a simulação, melhor. A grande jogada do Príncipe da Privataria foi ter “inventado o real”, ou seja, diminuído a inflação e aumentado a carestia. Uma solução tão poderosa, que veio no bojo do “triunfo” do liberalismo após a dissolução da União Soviética, não está mais à mão. Qualquer governo no Brasil que não seja um governo popular, com um projeto de poder para o povo, está fadado ao fracasso em poucos meses. As elites por aqui, como também em todo o setor transatlântico, passam por uma profunda crise de identidade. Não conseguem mais convencer de maneira tão sedutora como décadas atrás da inevitabilidade do sucesso de suas Luzes. Sobrou Barroso, Huck, Doria e Bolsonaro. Um governo de raposas, um governo da dissimulação neoliberal é o que se chama hoje de “centro”. Só que passou o tempo do nazi-fascismo, como também do neoliberalismo. Passou o tempo de Moro, como também o de Bolsonaro. A única coisa que sustenta a atual desintegração total da sociedade brasileira, o governo dos lobos, são os “presidentes [ou caciques] brancos e liberais”, como Lemann e Setubal. Por quanto tempo ainda? A atual investida contra o governo Bolsonaro não se baseia no aumento da fome, do desemprego do trabalho informal e do sub-emprego. Também não se baseia no amplo repúdio popular e nas grandes mobilizações de massa. É fruto de mais uma crise das elites, que não conseguem se legitimar perante a população que buscam controlar. Os homens cordiais tem que manter as aparências, como os velhos escravocratas amantes do liberalismo britânico do século XIX, como o barão de Cairu. A crise entre as elites converge para um governo de tipo “homem branco liberal”, seja com qual arranjo for. É preciso superar a espera por eleições,a troca de tiros dentro das instituições, e se contrapor a toda forma de governo genocida, seja através do uso violento das forças policiais ou de medidas econômicas assassinas. É preciso matar lobos e raposas. O líder popular, quando novamente se erguer, será consagrado pelo povo. Lula, Brizola, Getúlio, Juscelino foram escolhidos pela população. Tornaram-se queridos. e admirados, coisa que demagogos como Bolsonaro, Jango, FHC ou Collor nunca alcançaram. Logo, nunca se tratou de “populismo”, mas de governos populares. Em resumo, é preciso fazer o povo amar novamente. Quantas lutas ainda para voltarmos a isso, com ou sem os milicianos no Planalto?  
Redação

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