A economia e as rupturas no Brasil, por Diogo Costa

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por Diogo Costa

Como diria James Carville, assessor de Bill Clinton na campanha vitoriosa dos Democratas em 1992: “É a economia, estúpido!”

Ontem o IBGE confirmou a queda de 3,6% do PIB em 2016. Em 2015 o PIB já havia caído 3,8% e o resultado acumulado, tendo como base o ano de 2014, é de queda de 7,2% do PIB brasileiro.

Para que o país voltasse a ter a economia que tinha em 2014 seria preciso que o PIB crescesse 7,9% neste ano de 2017 – o que evidentemente não irá acontecer de jeito nenhum.

No caso brasileiro é interessante notar que nas quatro principais crises econômicas dos últimos 100 anos houve mudanças governamentais durante ou logo após o processo.

As quatro maiores crises econômicas do Brasil nos últimos 100 anos foram as seguintes (fonte IBGE e IPEA):

1. Crise 2015/2016: -3,8% do PIB em 2015 e -3,6% do PIB em 2016. No acumulado queda de -7,2% em relação a 2014.

2. Crise 1981/1983: -4,3% do PIB em 1981, ligeira recuperação de 0,8% do PIB em 1982 e queda de -2,9% do PIB em 1983. No acumulado queda de -6,3% em relação a 1980.

3. Crise 1930/1931: -2,1% do PIB em 1930 e -3,3% do PIB em 1931. No acumulado queda de -5,3% em relação a 1929.

4. Crise 1990/1992: -4,3% do PIB em 1990, ligeira recuperação de 1% do PIB em 1991 e queda de -0,5% do PIB em 1992. No acumulado queda de -3,8% em relação a 1989.

Na crise econômica atual – 2015 e 2016 – tivemos o golpe de estado que derrubou a legítima presidenta Dilma Rousseff.

Na crise de 1981/1983 tivemos o início do movimento pelas “Diretas Já”, que embora tenha fracassado no seu propósito de trazer eleições direitas para presidente, marcou o ocaso do regime militar.

Na crise de 1930/1931, decorrência do Crash de outubro de 1929, tivemos a Revolução de 30 chefiada por Getúlio Vargas – candidato derrotado por Júlio Prestes no pleito de março de 1930.

Na crise de 1990/1992 tivemos a deposição do ex presidente Fernando Collor de Mello, que ao final do processo não tinha mais nem o apoio dos próprios familiares (com exceção dos filhos).

O Brasil historicamente lida mal com severas crises econômicas e quando elas surgem se pode contar que algo fora do script irá acontecer – seja um golpe de estado, o fim de uma ditadura, etc.

O assessor de Clinton tinha razão ao falar a frase em 1992. Ele a dizia para afirmar que Clinton poderia vencer a eleição presidencial contra o Republicano George Bush (apesar da vitória dele na Guerra do Golfo).

E podia por uma razão bem simples: em que pese a vitória na guerra a economia dos EUA ia mal das pernas. Ou seja, repetindo o mantra lançado por ele: “É a economia, estúpido!”

Ao fim e ao cabo, com raras exceções, sempre é.

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Redação

5 Comentários

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  1. Essa correlação é inevitável

    Essa correlação é inevitável porque a Economia efetivamente é o principal termômetro para a aquilatar uma gestão governamental. Não há exemplos contrários na História. Aprofundando mais a tese,  afirmaria que por trás de todos os retrocessos ou avanços da Humanidade está o fator econômico. Afinal, somos seres biológicos e o bem-estar físico e suas injunções  é fundamental por esse aspecto. 

    Hoje mesmo as Organizações Globo deram o ponta pé inicial para a campanha de 2018 via editorial no O GLOBO no qual elucubram a “tese” mirabolante de que a recessão deita suas raízes no segundo governo Lula. Sim, segundo governo Lula, aquele em que o país crescia à taxas robustas, vigia o pleno emprego, havia sucessivos e lustrosos superávits fiscais, os indicadores sociais em constante melhoria, e por aí vai. 

    Sabem eles que destruir Lula como ser humano, tarefa a que se propuseram alegremente desde que este surgiu no proscênio, é tarefa árdua. O danado tem o couro grosso. Assim, a tática agora é desmerecê-lo como governante. 

    1. o reconhecimento da crise e a mudança

      Você está absolutamente certo. Nunca houve, nem haverá como sustentar uma candidatura embalada em recessão e desemprego. Assim, resta apenas detonar as candidaturas que se contraponham ao golpe, a começar pela candidatura natural e franca favorita de Lula.

      A Globo tem know-how e experiência. Quem não lembra ou não ouviu da campanha de Leonel Brizola ao governo do RJ, de 1982? Da campanha de Lula à Presidência de 1989? É previsível que a desconstrução da reputação, da história e da figura pública de Luis Inácio da Silva se acentue e cresça na mesma proporção em que cresce a preferência popular registrada em pesquisas. Lula é massa de pão, quando mais sova mais cresce. A Globo, como todos, sabe disso. Sua intenção não é abater essa preferência, é dar argumento para justificar a sentença condenatória que virá pelas mão de Moro, El Gran Inquisidor.

       

  2. Há alguns elementos que

    Há alguns elementos que distinguem esta crise das demais. Parte da crise foi fabricada pelos golpistas ( Eduardo Cunha ). A crise foi ampliada após o golpe e se estenderá por muito tempo. A casta do judiciário controla o poder em nome da plutocracia, com o suporte da Mídia. O patrimônio público está sendo dilapidado. A política externa está sendo ditada do exterior. A atual crise não tem paralelo na história do Brasil.

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