Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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A grande mídia ameaça: meu ódio será a sua herança, por Wilson Ferreira

Tal qual uma serpente, um muro cinza escuro serpenteia o Brasil dividindo o País do Acre ao litoral. É com essa sinistra animação que o infográfico do site da “Folha de São Paulo” chamado “Folhacóptero” explica o cenário eleitoral brasileiro, em um previsível silogismo cuja conclusão é a de que somente os pobres e ignorantes mantêm a candidata Dilma Rousseff na frente das pesquisas eleitorais. Divisão e Muro são as metáforas que a grande mídia sistematicamente vem utilizando para explicar o cenário político. Enquanto publicações estrangeiras como a “The Economist” usam infográficos mais neutros e elegantes para explicar as desigualdades históricas do Brasil, nossa grande mídia usa a imagem do muro, simbolicamente carregada de ódio e separatismo. A grande mídia sabe que vive o fim do seu poder político-financeiro e parece querer deixar para a História o ódio como a sua única herança.

Quem não se lembra do filme clássico do mestre da violência, Sam Peckimpah, Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch, 1969)? Considerado o sexto melhor western de todos os tempos pela American Film Institute (AFI). O filme é um hino ao crepúsculo da era do Velho Oeste e da figura mítica do cowboy, com um general mexicano aparecendo em um carro vermelho no lugar do cavalo e metralhadoras e pistolas automáticas substituindo o tradicional revólver de seis tiros.

O mau presságio para os protagonistas do filme começa com a célebre cena quando entram em uma cidade e avistam um grupo de crianças que empurram dois escorpiões para um formigueiro para se divertirem com a imagem da violência no meio natural.

Em muitos aspectos nessa reta final das eleições a grande mídia não só se comporta como as crianças do filme de Peckimpah como também vive o crepúsculo de uma era com a crescente concorrência da Internet, a ruína financeira e a perspectiva de uma nova regulamentação com a Lei dos Meios. A grande mídia responde a tudo isso com o ódio, ao criar a percepção de um país dividido e intolerante à beira de uma guerra de secessão.

O muro do “Folhacóptero”

Um muro serpenteia o Brasil

Um sintoma de como a grande mídia parece se divertir como as crianças de Peckimpah é o infográfico animado da Folha de São Paulo “Folhacóptero mostra ‘muro’ que divide o país em duas realidades” – clique aqui  ou veja o vídeo anexo. A palavra “muro” é colocada entre aspas, mas na animação ela deixa de ser uma metáfora para se transformar em uma imagem de uma divisão real :

“O folhacóptero sobrevoa com você alguns mapas que ajudam a explicar a divisão do país no primeiro turno das eleições. As desigualdades econômicas criaram um muro invisível separando o Brasil em dois. Ele correria por 8 mil kms (…)”.

O mapa sobre o qual o “folhacóptero” sobrevoa sob uma didática e amigável voz feminina é simbolicamente insólito: um muro é como que desenrolado, dividindo estados como Tocantins e Minas Gerais, começando no Acre e terminando no litoral brasileiro. Um muro cinza escuro que separaria o Brasil mais rico do mais pobre (com destaque para São Paulo, reproduzindo o mito da locomotiva que impulsiona o “Brasil rico”). Ao sul “mais renda, saúde e educação… e do OUTRO lado do muro municípios com renda, IDH e educação abaixo da média do País, e por isso suas famílias foram as mais atendidas pelo programas sociais do governo”.

A conclusão óbvia do silogismo da animação é que Dilma mantem-se no poder graças ao populismo e a exploração da pobreza e o baixo nível intelectual daqueles que estão do OUTRO lado do muro.

Alegorias e metáforas da divisão

As desigualdades brasileiras já foram representadas de formas mais irônicas e elegantes, sem o ranço do ódio que a insólita animação da Folha alimenta.

Infográfico da “The Economist”:
neutralidade

Por exemplo, a expressão “Belíndia”: país fictício e contraditório criado pelo economista Edmar Bacha em 1974 no texto “O Rei da Belíndia – uma fábula para tecnocratas” para demonstrar que o regime militar criava um país dividido entre pessoas que moravam em condições similares à Bélgica e aqueles que tinham um padrão de vida semelhante à Índia.

Já a publicação inglesa The Economist recupera essa alegoria para falar das mudanças ocorridas no País. Segundo a publicação, o Brasil lembraria uma “Italordânia”, com estados onde o PIB per capita equivale a Itália, enquanto outros com renda próxima da Jordânia – clique aqui e leia a reportagem.

A reportagem da The Economist é ilustrada por um infográfico (veja ao lado) bem mais neutro e elegante do que o retoricamente agressivo e apocalíptico da Folha.

 

Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

25 Comentários

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  1. Tudo como antes…

    Nas quatro eleições vencidas pelo PT a votação foi assim. E por enquanto vai continuar a mesma coisa, nada mudará, não teremos Lei de Medios, plebicito para reforma política, os estados continuarão a ser desgovernados, etc…

    O governo do PT agita o povo, coisa que o povo brasileiro médio abomina.

  2. Só se encontram os resultados

    Só se encontram os resultados em votos válidos. Onde raios de lugar acho os resultados completos?

    Agora, é de espantar: se a gente olhar os estados onde Aécio ganhou e verificar quem foram os governadores eleitos, vamos constatar o ponto de perfeição a que a lavagem cerebral da mídia atingiu. SP, GO, RS, PR, por exemplo. Vejam o que os eleitorados destes estados escolheu para governa-los. E boa parte dos povos destes estados diz que os nordestinos é que são ignorantes e propõem até criar um Muro de Berlin no meio do Brasil… Talvez aqueles comentaristas que “levam jeito” com estatísticas deveriam fazer um cruzamento de dados entre quantidade de TVs, assinaturas de revistas e jornais entre os estados pra entender o poder da mídia sobre o voto dos brasileiros “esclarecidos”. O pior cego é aquele que ve a globo e le a veja.

  3. Ressaca!
    PIG está procurando respostas pela incompetência da eleição.
    Não são ainda capazes de admitir que seus candidatos são fracos diante da realidade. No menor ataque, recorrem à outros ataques do PiG.
    O terceiro turno ja começou e o unico partido é o PT.
    O resto são os ávidos PiG.
    Não sei se e do direito deles, que seja. Mas certeza é o adiamento das suas falências e absolutamente o atraso do país.

    1. Talvez não. Mas todos teremos

      Talvez não. Mas todos teremos que usar uma estrela costurada em nossas roupas. Peraí! Onde foi que eu já vi isso antes?

  4. A grande mídia

     

    “A grande mídia sabe que vive o fim do seu poder político-financeiro e parece querer deixar para a História o ódio como a sua única herança.”

    Ainda bem que isso aí acima é mais uma lenda do que algo que estaríamos na iminência de vivenciar porque não iriam conseguir. Daqui pra frente nada será igual. Espero que tenham ouvido o que Dilma não repetiu de seu equivocado discurso de 2010, que era “sempre preferível o ruído, o barulho da imprensa livre…”

    Quem quer ouvir ruído e barulho é cabeça de baseado e imprensa livre, mas não bandida, produz é notícia responsável.

     

  5. Discordo quando falam em

    Discordo quando falam em governo do PT – com seus cerca de 1 milhão e 700 mil filiados pois, desconsideram a coalisão em nível federal e a pouca representatividade nos estados e municípios onde os governantes pertencem aos demais partidos. Alguns fazendo parte da coalisão. O fato de alguns petistas ocuparem cargos, não significa que detém o poder que continua nas mãos de quem sempre o deteve. Foi permitido ao PT entrar pelo portão da cerca e do muro, mas o deixam do lado de fora, sem entrar na casa. Mas, todos os dias apanha pelo que os donos das casas fazem ou fizeram. Os aeroportos clandestinos – que não foram construídos pelo PT – são exemplos. O sumiço do helicóptero, sua carga, relações e implicações mostram que, além de outras ocorrências semelhantes pelo País, o poder de elucidar e coibir passa ao largo de quem está esperando no portal de entrada do poder. Herdaram servidores públicos corruptos? Claro que sim e a prefeitura de São dá mostras do que já deviam ter feito em outros níveis. Só que nesses outros níveis há uma máquina seletiva que não tem interesse em ser republicana. Apenas seletiva. Mesmo do lado de fora, pegue essa máquina podre que finge auditar e controlar e jogue nas costas de seus donos. Acorda PT pois vocês estão sobrevivendo com os votos dos não filiados. Peçam ajuda em público e não se deixe mais enredar pelo “você é nosso é nós somos seus”.

  6. Tá na hora de acabar com as verbas publicitárias.

    E abrir o mercado de mídia para o exterior. Por que se a mídia prega abertura economica no Brasil, para a mídia continua um monopólio?

  7. A presidente Dilma venceu as

    A presidente Dilma venceu as eleições por 3 milhões e 400 mil votos de diferença.

    Ela teve 8 milhões de votos em São Paulo. Sem estes votos, ela não teria sido eleita (obrigado, companheiros de São Paulo que mantiveram a resistência, em condições muito mais difíceis que as de quaisquer outros brasileiros).

    O “muro” portanto perpassa todos os estados e todas as cidades do Brasil, e é o muro que separa aqueles que têm condições de vida minimamente dignas daqueles que não têm. O muro que, dentro do estado de São Paulo, por exemplo, separa aqueles que são ou serão brutalmente atingidos pela falta dágua resultante da desídia do governo estadual daqueles que conseguirão dar um jeitinho.

    É um muro que vem sendo sistematicamente derrubado pelas ações do governo federal nos últimos dez anos.

    E é por que esse muro vem sendo derrubado que se trata de substituí-lo pelas milícias do fundamentalismo e do apartheid. Onde o muro cai, é preciso defender com tropas de carne e osso o atraso e a indigência moral. A esse papel se prestam a imprensa e a oposição brasileiras, ávidas do voto e da militância dos novos-pobres, aqueles que foram despojados das suas empregadas domésticas, dos seus aeroportos despovoados e das suas estradas vazias.

    1. Não sou de doirar a pilula. O

      Não sou de doirar a pilula. O PT deixou a desejar em termos de governabilidade O LUla foi eleito por duas vezes e a Dilma uma vez, o que acontece é que a proposta de  ser diferente daquilo que existia antes do PT não se realizou e o PT em muita ocasião passou a aser mais catolico que o Papa.

      Dai nasceu e cresceu a insatisafação popular com tudo que lembrasse classe politica e governo.

      Nesta eleição votei novamente no menos pior.

      A bem da verdade se não fosse este blog, sinceramente não sei se teria descido do muro, faço parte dos 33% que não participam mais politicamente por considerarem que os partidos politicos, os governos e os politicos em particular são muito semelhantes.

      Influenciado pelas informações deste blog e constatar o crescimento pernicioso da ignorancia e do preconceito da militancia da direita resolvi me manifestar, afinal uma andorinha só não faz verão.

      Coitados deste pessoal que descarregou verborragia sem conteudo tentando justificar porque votava no candidato da direita, contraditoriamente acusam os que votaram na esquerda de ignorantes…

      É de dar dó.

      Qualquer radicalismo é pernicioso, o que mais se nota qdo um radical tenta explicar sua condição é a baba que escorre pelos labios apertados.

      A propria natureza parece estar desvavoravel com o povo de São Paulo. Tudo leva a crer que a seca que aflinge a região não é passageira, viver em São Paulo hoje ja não é mais sinonimo de inteligencia e sim o contrario, não existe qualidade alguma de vida, particularmente não compreendo como aqueles que tem possibilidade de sair daqui não o faz. Parece masoquismo, O Brasil é um Pais continental, com tanta região maravilhosa viver neste caldeirão de loucura só pode ser insanidade. Eu particularmente só não saio no momento por falta de possibilidade.

      No fundo tenho dó destas pessoas que se declararam nesta eleição, inclusive meu irmão que é ferrenho defensor ou melhor é feroz adversario da esquerda representada pelo PT. São alienados, coitados, não possuem condições filosoficas nem informações economicas e politicas mais complexas que os ajudasse a ter uma melhor compreensão da realidade.

      São dignos de dó. Espero que o novo governo aja em direçãoa conciliação e se esforce em patocinar com as reformas que a Nação almeja, e exigiu desde o ano passado, atraves das ruas e na internet.

       

       

       

  8. Simples se o Pt tivesse só o

    Simples se o Pt tivesse só o voto do meu nordeste perdia, eu moro em sp e votei na Dilma e assim pessoas que nem adeptas do PT por conta do candodato tucano, a dificuldade de aceitaremk a derrota é grande, a magoa maior é pela perda do poder de influencia já que a midia se jogou loucamente nesta eleição, apostou alto e perdeu, se o PT vai amenizar não sei, o certo é que a midia não vai desistir, bastava ver alguns deles falando em impedimento crise institucional entre outras barbaridades, para mim vão ficar mais raivosos.

  9. Luto

    Onde vc, parasita, vê um muro eu enxergo o meu país.
    A terra que vc, genocida, despreza é o estuário da minha nação.
    O irmão a quem vc, como Caim, ergue o punhal assassino,
    É minha mãe, meu filho, minha vida e meu sangue.

    São Paulo, lugar onde nasci e vivo, enche minha alma de dor.

    1. Nasci no interior de São

      Nasci no interior de São Paulo, mas vivo há muitos anos no Rio de Janeiro. Como você, São Paulo enche minha alma de dor e de vergonha!

  10. A direita fútil e decadente

    A direita fútil e decadente ignora certos dados recentes.. ou talvez este ódio seja justamente por isso:

    – o PIB per capita do Rio de Janeiro ultrapassou o de São Paulo. O Rio é o estado mais rico do país.

    – São Paulo, há vários anos, vem decaindo seu crescimento (de mais de 45% para menos de 35%) em relação à grande maioria do país, de norte a sul.

    – Bahia e Pernambuco estão num rítmo de crescimento que em breve, ultrapassarão em PIB per capta o Estado de São Paulo.

    – os migrantes nordestinos e nortistas estão dando meia-volta e voltando para as suas terras.

    – A mudança, já em operação, do eixo de exportação de comodities do centro oeste, nordeste e região central para os portos do norte e nordeste do país, com ferrovias, hidrovias e rodovias, é um enorme desafio para o crescimento do sudeste e do sul, onde até agora operam com os portos de Santos e Paranaguá (ficarão às moscas? Claro, isto é um exagero e uma gozação). A logística de Mariel e do novo canal ligando os oceanos Atlântico e Pacífico em construção pela China avulta esta dinâmica na mudança do eixo da riquesa.

    – enfim, que difícil é ficar sem empregadas domésticas…

    1. Sum Paulo perde importância

      Sum Paulo perde importância justamente porque os governos do PT fazem aquilo muitos tentaram desde a décida de 1960, de Jango aos militares – desenvolver o NE. Até alguns anos SP tinha 40% do PIB nacional; tem menos, e vai cair mais. E isso é bom. Que BA, PE, CE e todos os outros cresçam acima da média, até termos um pais mais equilibrado. SP não precisa parar de crescer; mas os mais pobres até ontem tem que crescer acima da média.

      O resto é choro…

       

    2. O interessante é que pouca

      O interessante é que pouca gente conseguiu ver, neste país, o impacto a ser causado pela construção pela China com a proteção militar garantida pela Rússia, do canal da Nicarágua. Com certeza, parte da sabotagem praticada em nossas recentes eleições deve-se a futura perda de controle, por parte dos EUA, sobre as rotas de navegação e o abastecimento da Ásia. A América do Sul cumpre importatíssimo papel no abastecimento de comida e energia do continente asiático e quem gosta de geopolítica entende rapidamente porque os chineses estão construindo esta rota independente de navegação, justamente ali.

      Como eu já disse em outra oportunidade: o controle sobre o suprimento vital dos países é uma arma de chantagem econômica eficiente. Sanções econômicas erguidas em cima de pseudo justificativas servem para dobrar nações. Se as nações “sancionadas” não possuirem alternativas de comércio podem facilmente apelar para a violência. Se estas são armadas nuclearmente…  

  11. e a locomotiva sem água vê

    e a locomotiva sem água vê seus vagões(industria) diminuirem cada vez mais, estes mesmos que chiam quanto ao governo Dilma estão na selic e pouco se lixam com o País. esta locomotiva hoje não tem maquinista e os privatistas venderam seus trilhos, já desgovernada encaminha para um descarrilhamento.

  12. SEPARATISMO TOSCO

    Bem,

    Na verdade, já estão incentivando o separatismo.

    Mas só se esqueceram de colocar um muro ao sul, pois o RS votou na Dilma.

    RS é um estado pobre ?

  13. Minoria

    Não sei se sou otimista demais, porém vejo isso como a expressão de uma mídia/classe dominante mais rasteira mesquinha, cretina, egoista, que nunca aceitou o fim do modelo colonial escravista. Que existe há muito tempo, mas se convence boa parte do sul/sudeste, é por conta das redes sociais, vendendo a imagem para playboys que a pobreza atrapalha a mordomia dos riquinhos, e que o melhor seria colocar a mesma num gueto. Mas não são todos. Já somaram os milhões de votos que Dilma teve no Sul e Sudeste ?

  14. O faroeste é muito bom para

    O faroeste é muito bom para retratar as disputas áridas num ambiente refratário às leis, onde tudo é resolvido na bala. Não sei por que e, inconscientemente sei,  elegi o Texas/USA para simbolizar a intolerância segregacionista do sul dos EUA e do mundo. De lá do Sul dos gringos, o filme MIssissipi em Chamas é um retrato fiel do separatismo. Infelizmente ou felizmente, pensando bem,  as zonas da intolerância  não podem ser reduzidas e delimitadas por espaços geográficos. Eles são apenas símbolos da demarcação palpável, concreta das diferenças sociais. Quem, das velhas gerações não lembra do filme “O sol é para todos”? Descendo ao campo objetivo, basta ver a votação maciça de Bolsonaro e Feliciano no Rio e em São Paulo. Por essas razões, acho que a grande saída política está numa educação que envolva conhecimentos básicos de direitos civis, a filosofia do direito e a sociologia do direito. Atenção, não é moral e cívica dos tempos da ditadura. Lembro de ter ouvido falar de um projeto da UnB chamado O Direito achado nas ruas. O direito tem que ser achado em todas as esferas de nossa vida, em todas as disciplinas das escolas, em todos os níveis de nossa existência. Até para cumprir meus deveres de cidadã, tenho que saber os limites do Estado ao me exigir nessa tarefa. O voto para mim é sagrado porque sei o custo que ele teve na nossa história e na história dos homens e mulheres em geral. Nunca abri mão de uma conquista.  No último ano de 2012 vimos, com espanto, não um julgamento, mas um linchamento de pessoas na pior manifestação de setores que deveriam zelar e garantir o mínimo de lisura num processo legal. Foi uma vergonha e isso deve ser rechaçado de todas as maneiras. Para o meu bem, para o bem do outro, para o bem das instituições sociais. O bem significa direito a alguma coisa, representa a garantia do acesso a essa coisa. 

  15. Mas nem pra fazer muro

    Mas nem pra fazer muro dividindo o país a FSP faz direito. Tinha que botar na zona do bem o Acre e colocar no lado do mal Triângulo Mineiro e Rio de Janeiro.

    Materiazinha já pronta, nem esperaram o resultado final pra confirmarem seus preconceitos.

  16. a divisão não é

    a divisão não é geográfica,

    é social. é entr dois modelos claros –

    o da inclusão, do pt, lula-dilma.

    e o da exclusão, tucanato, etc

    o resto é chororô

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