Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
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A patocracia sob zelo e assistência do juiz-espetáculo da vez, por Armando Coelho Neto

por Armando Rodrigues Coelho Neto

A patocracia sob zelo e assistência do juiz-espetáculo da vez

Ontem, exatamente há quatro anos, a página do UOL ostentava a seguinte manchete: “Dilma é aprovada por 79% e supera Lula e FHC, diz CNI/Ibope”. Em junho do mesmo ano, quando as forças ocultas acenderam o estopim do golpe em curso, a mesma página divulgou, no dia 29, a seguinte manchete: “Aprovação a governo Dilma Rousseff cai 27 pontos em três semanas”.  A queda em si tinha explicação por força das tais “jornadas de junho”, que por sua vez não encontravam explicação. Afinal, 79% de aprovação tinha por base um conjunto de fatores positivos em relação ao governo.

Aquela falta de explicação para o grau dos protestos contra o governo, no qual havia até faixa contra o “Rebaixamento de Plutão” e pela volta do “Seriado Bonanza”, hoje encontra razão de ser no golpe de 2016, que ali já dava seus primeiros e pavorosos sinais. Era golpe mesmo e alguém chegou a alertar a recente vinda de Liliana Ayaldeda, embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, que estaria trazendo para cá o “know how” do golpe aplicado no Paraguai. A autora da denúncia, cujo nome nos foge a lembrança, chegou a ser qualificada como adepta da teoria da conspiração, ao mostrar por A + B que a democracia no Brasil estava correndo sérios riscos. E aquilo deu nisso.

Nessas reminiscências do golpe, escrevo sob impacto da operação “Carne Fraca” (PF), que na prática é mais um barulho da operação “Abafa”. Esta, por sua vez, é a legítima sucessora da Farsa Jato, que curiosamente aniversariou em março deste ano, a exemplo do golpe de 1964. Ao comemorar seus números, a Farsa Jato ignora os prejuízos causados à Nação. Se, na Alemanha pós-2ª Guerra a corrupção foi combatida sem quebrar empresas, no Brasil, empresas são quebradas enquanto se finge combater a corrupção. E é aí que a Operação “Carne Fraca” aparece no fator quebradeira, o que torna obrigatória a leitura da matéria assinada por Luís Nassif sábado passado (“Xadrez para entender a operação Carne Fraca”).

Antes da Farsa Jato, tanto a Petrobrás quanto as construtoras nacionais davam lucro e tinham credibilidade internacional. Num passo de mágica, assim como a Presidenta Dilma Rousseff, o grau de confiança naquelas empresas despencou, ficando clara a cínica artificialidade de números, fatos e circunstâncias. Desse modo, tudo é passível de desconfiança diante do obscurantismo e irresponsabilidade com que questões nacionais estão sendo tratadas. A essa altura, é como se fatos ou factoides fossem propositadamente lançados para desviar a atenção do golpe ou de algo que está sendo urdido intramuros para a consolidação da ruptura democrática.

O caos ou a política da terra arrasada são necessários para o golpe. Com o pretenso combate à corrupção em voga, ela em si passa a explicar tudo. Ela é a causa da crise e os corruptos estão sendo seletivamente apontados. É preciso quebrar mais o país e mostrar aos incautos brasileiros a necessidade de medidas inaceitáveis. Ainda que para isso seja necessário mostrar que a iniciativa privada não é tão eficiente assim. Aliás, no Brasil, a livre iniciativa macunaíma nem capitalista é, pois precisa de suporte do governo para viver e não falir (haja Proer!). É simplesmente oportunista, corrupta por excelência, e completamente integrada à cultura vigente no Poder Judiciário, que hoje faz jogo de cena para patocratas.

A cada dia que passa fica mais claro que alguns cheques para pagamento do golpe estão voltando sem fundos. Os rachas estão evidentes entre parlamentares golpistas; no staff do impostor Temer; nas futricas entre Joyces e Reinaldos; na disputa entre candidatos a chefetes na Polícia Federal. Tudo calha a mostrar que para derrubar Dilma Rousseff ocorreram espúrias alianças. Quantos não foram “Somos todos Cunha”, seja por calhordice, burrice, conveniência ou ignorância. Tudo transparece em clima de fogo fátuo, bolhas de sabão lançadas para que se corram atrás. Eis a ficha que vem custando a cair na cabeça dos patos da Fiesp.

Nada inspira credibilidade e a forma como verdades escondem mentiras tornam a busca por notícias um exercício insuportável e nossa indignação mais ridícula. É como se no jogo de números ilusórios da patocracia, tudo não passasse de ilusionismo. Quanto mais destroçado o pais, mais barato poderá ser vendido. Quanto mais aberta ficar a ferida, mais fácil e dócil estará o paciente para aceitar um tratamento amargo e dolorido.

O grande mistério é que antes só a imagem de Dilma Rousseff era afetada por escândalos e que hoje, só a imagem das empresas e suas ações caiam. Pelo silêncio midiático, a imagem de um governo cujo ministério se afigura predominantemente corrupto e com uma base aliada igualmente rapina deve ser muito boa no cenário internacional. Enquanto uma mão nos distrai a outra surrupia. E aí fico a imaginar se a cada escândalo divulgado, o Data Folha saísse para pesquisar a imagem do impostor Temer e a Globo fosse consultar agências de avaliações internacionais sobre o grau de confiança no Brasil.

Eis o retrato de nossa patocracia, sob o zelo e assistência do juiz-espetáculo da vez…

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

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Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

10 Comentários

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  1. Uns sentem o golpe, outros

    Uns sentem o golpe, outros assimilam… É só uma questão de origem de cada um. A partir do momento em que ajustaram um anormal e ilusório combate a corrupção, não com os normais e reais mecanismos administrativos, mas sim por mãos de juízes e polícias federais os tops nascedouros das corrupções, óbviamente que o país foi jogado às mérdas pelas mãos de verdadeiros bóstas. Os piores golpistas são os mercenários ou incautos que embaçam a visibilidade daqueles valorosos cidadãos de bem que poderiam estar enxergando alguma coisa. São aqueles que espalham matérias sôbre salsichas ao invés de espalharem idéias sôbre como restaurarmos o nosso projeto de democracia e a devolução do poder federal a quem de direito. Estamos sendo ferrados por todos os lados. Tanto pela gangue de bandidos golpistas ditadores que tomaram o poder e seus seguidores, quanto pelos que se dizem contrário a tudo o que está acontecendo mas na verdade colabora para a continuidade do andamento do golpe que está rolando livre e solto sem que ninguem sequer lance esboços de formas de combate. O país está tomado por bandidos mafiósos! São verdadeiras gangues que se uniram como nunca para dar um golpe de estado e decretar uma ditadura / estado de exceção violento. Estamos sendo destruídos pela poderosa gangue mafiósa de fernando henrique clinto e seus demotucanos peemedebistas altamente remunerados para devastar o Brasil e seu povo. E viva a salsicha! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  2. Paródia de pássaro cativo de Olavo Bilac…por um amigo

    Coxa Enclausurado

     

    Armas, numa rede de telecomunicações, a televisão…

    E, em breve, uma coxinha descuidada,

    Batendo as panelas cai na servidão!

    Dás-lhe então, por conduta ilibada,

    A redenção desbridada.

     

    Dás-lhe simpatia, compaixão, amor e tudo.

    – Por que é que, tendo tudo, há de ficar

    O coxinha mudo,

    Eriçado e triste, sem batucar?

     

    É que, petralha, os coxinhas não conversam:

    Reclamando apenas, seus julgamentos arbitram,

    Sem que os mortadelas possam se defender…

    Se os coxinhas explicassem,

    Talvez os teus sentimentos liberassem

    Este coxa enclausurado dizer:

     

    “Não quero a tua compreensão!

    Gosto mais da informação, que ouço

    Na televisão aberta em que a assistir me viste;

    Tenho notícia viesada num aparelho marouço

    Do meio em que cresci;

    Tenho debates e argumentos.

    Sem precisar consultar a ti;

    Não quero o teu generoso indulto:

    Pois nenhum argumento sepulto

    Por ter acreditado naquilo que cri!

    Prefiro o jornal putrefato, arquitetado

    De notícias vãs, desvairado e manietado

    Entre as instituições falidas.”

     

    Solta-me! Quero o crisol,

    Quero o sinal livre e a doçura podre da mídia!

    Com que direito à livre visão me diriges?!

    Quero, a corrupção da televisão proboscídea!

    Quero bater panelas as pompas do jornal nacional!

     

    Quero, ao cair da noite,

    Libertar minhas felicíssimas melancolias!

    Por que me enches? Liberta-me, esquerdista!

    Não me cerceies a minha capacidade:

    A direita me deu por claustro a “infinitesidade”!

    Quero panelas bater! bater!…”

     

    Essas coisas o coxinha diria,

    Se pudessem os coxinhas falar…

    A tua mente, petralha, perceberia

    Essa imensa escuridão:

    E a tua bondade, incomensurável, lhe mostraria

    A verdade de uma autêntica informação…

     

    Daniel Furtado Ferreira (1965–) parafraseando Olavo Bilac

  3. Paródia de pássaro cativo de Olavo Bilac…por um conhecido do..

    Coxa Enclausurado

     

    Armas, numa rede de telecomunicações, a televisão…

    E, em breve, uma coxinha descuidada,

    Batendo as panelas cai na servidão!

    Dás-lhe então, por conduta ilibada,

    A redenção desbridada.

     

    Dás-lhe simpatia, compaixão, amor e tudo.

    – Por que é que, tendo tudo, há de ficar

    O coxinha mudo,

    Eriçado e triste, sem batucar?

     

    É que, petralha, os coxinhas não conversam:

    Reclamando apenas, seus julgamentos arbitram,

    Sem que os mortadelas possam se defender…

    Se os coxinhas explicassem,

    Talvez os teus sentimentos liberassem

    Este coxa enclausurado dizer:

     

    “Não quero a tua compreensão!

    Gosto mais da informação, que ouço

    Na televisão aberta em que a assistir me viste;

    Tenho notícia viesada num aparelho marouço

    Do meio em que cresci;

    Tenho debates e argumentos.

    Sem precisar consultar a ti;

    Não quero o teu generoso indulto:

    Pois nenhum argumento sepulto

    Por ter acreditado naquilo que cri!

    Prefiro o jornal putrefato, arquitetado

    De notícias vãs, desvairado e manietado

    Entre as instituições falidas.”

     

    Solta-me! Quero o crisol,

    Quero o sinal livre e a doçura podre da mídia!

    Com que direito à livre visão me diriges?!

    Quero, a corrupção da televisão proboscídea!

    Quero bater panelas as pompas do jornal nacional!

     

    Quero, ao cair da noite,

    Libertar minhas felicíssimas melancolias!

    Por que me enches? Liberta-me, esquerdista!

    Não me cerceies a minha capacidade:

    A direita me deu por claustro a “infinitesidade”!

    Quero panelas bater! bater!…”

     

    Essas coisas o coxinha diria,

    Se pudessem os coxinhas falar…

    A tua mente, petralha, perceberia

    Essa imensa escuridão:

    E a tua bondade, incomensurável, lhe mostraria

    A verdade de uma autêntica informação…

     

    Daniel Furtado Ferreira (1965–) parafraseando Olavo Bilac

  4. Teoria da Conspiração

    Para aliviar a culpa da prática de um esporte nacional, a fraude em produtos, flagrados empresários e servidores públicos em tramóias, divulgados à opinião pública, condoídos egos nacionalistas, busca-se elementos paranóicos de defesa.

    Ah, Brasil…

    Formol no leite e solvente na gasolina…

    Amido em nugets, ou semente seca de mamão na pimenta do reino…

    Chuchu na goiabada ou bananada…

    melaço no mel de abelha…

    parafina na cera de carnaúba.

    a culpa é da Polícia Federal, ou do FBI, a mando dos Estados Unidos

    Não, a culpa é de toda uma sociedade que pratica a fraude – até a intelectual – em ações diante de misturadores em frigórificos, passando por processos de araque de impeachment e até versando adaptações legais para o errado na na  Suprema Corte.

     O Brasil inteiro é uma fraude só.

    1.  
      Bendegó, vosmecê esqueceu

       

      Bendegó, vosmecê esqueceu de colocar nas costas dos brasileiros, a bandalheira que a VW do honesto povo alemão praticou, ao colocar um dispositivo nos motores Diesel de sua farbicação, para fraudar a exigencia que os europeos fazem para reduzir os níveis de poluição. Não falo aqui das pequenas picaretagem do dia a dia, na Alemanha, França, Inglaterra e dos caralhos à quatro.

      Temos também o exemplo das honestíssimas autoridades do Pentágono. Que por acaso, é uma entidade mantida com recursos do povo norte-americano, sendo esta, dado o imenso portifólio de falcatruas e de superfaturamento em contratos com a indústria bélica daquela nação. Nem vou abordar a falcatrua monumental da “Bolha Imobiliária.” Bandidagem do sistema financeiro pilotado por Wall Street, Distrito Financeiro da cidade de Nova Iorque. Nossos corruptos, se confrontados com a expertise e a performace de meritocráticos ladrões seniors desse porte. Coitados dos nossos Marcelo Odebrecht.

      Abraços.

      Orlando

       

       

    2. Pensando ou cumprindo a sua tarefa?

      Se o Bendengó estivesse expressando apenas as limitações de sua capacidade de percepção, e não cumprindo uma tarefa assumida, de mercenário a serviço de interesses espúrios, poderia ser apropriado oferecer argumentos confrontando ou apoiando as suas afirmações. Afinal muitos são os que aderem a essa forma fantasiosa de simplificação da interpretação das realidades, em que os grupos humanos são divididos em dois grupos, onde, de um lado, estão os que, como nós, aderimos e apoiamos as práticas de conduta corrupta de qualquer natureza, em qualquer atividade. Do outro lado, estão pessoas honestas como esse palhaço, que não aceitam “qualquer tipo de corrupção, por menor que seja”, como conclama a PROPAGANDA ELEITORAL do PMPF, o Partido do Ministério Público Federal, em campanha veiculada em radios, TVs e sites da Internet, paga com o nosso dinheiro, sem a nossa autorização.

      http://combateacorrupcao.mpf.mp.br/tipos-de-corrupcao

      Interessante ressaltar que, pelas suas ações na manipulação de processos e denúncias, abafando algumas e VAZANDO outras, o PGR Janot, caberia perfeitamente posicionado naquela bola central do quadro descritivo da organização da criminalidade.

      Mas, ainda assim, vale oferecer ao manifestante o benefício da dúvida, em relação às suas reais motivações. Então, cabe esclarecer que uma investigação desse tipo pode ser conduzida com toda a cautela e sigilo, apurando responsabilidades e denunciando ilicitudes, afastando os responsáveis de suas funções e resolvendo o problema, saneando todo o sistema em que ocorreram os fatos investigados. Ou podem ser armazenados os fatos e provas colhidos durante um longo tempo, e respectivas responsabilidades, para serem divulgados em momento oportuno, em que possa causar o maior escândalo e estragos possíveis, com resultados desastrosos para a economia do país, embora produzam resultados positivos para atender a determinados interesses espúrios. Esse moleque, o delegado de puliça, Moscardi Grillo, e sua gangue, optaram pela segunda forma de proceder para produzir um desastre, em vez de resultados sintonizados com o interesse público, que ele está obrigado por LEI, a respeitar e perseguir. Esse cafajeste, com certeza, não merece o benefício da dúvida, em relação às suas reais intenções ao conduzir-se como fez e produzir os resultados catastróficos que alcançou. Um “CRIME DE LESA PÁTRIA”, como bem disse a Senadora Katia Abreu.

      http://combateacorrupcao.mpf.mp.br/tipos-de-corrupcao

      Embora esse seja um CRIME DE LESA PÁTRIA bem menor do que aqueles praticados pelas gangues de Curitiba, com a anuência do STF, consistentes da destruição do PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO, da quebra da capacidade operacional e estabilidade econômica da Petrobras, a destruição das maiores empresas de construção do país e, em decorrência, a destrução de milhões de empregos estáveis, da economia e de todas as instituições do país, pilares de sustentação do que era o Estado Brasileiro.

       

       

       

       

       

  5. Triste Brasil atual

    Sera que a ficha de que deram um golpe na democracia brasileira caiu? Reinaldo Azevedo começou a atacar duramente a Lava Jato e publico dele (uma mistura de fascistas, coxinhas-tolos e oportunistas) caiu de pau. Acho que a maioria ainda não entendeu nada do que aconteceu e esta acontecendo no Brasil (e no mundo) porque continua odiando tudo o que representa o PT e vai na onda da Globo, suportando o governo atual e minimizando todo o desastre que vem pela frente.

  6. Desculpa aí, hein?

    Quem disse que não houve quem colocasse em dúvida aqueles atos, ou que não eram conhecidos aqueles que assim procediam?

    Ué, procurem nos posts da época neste blog. Por exemplo.

    As análises triufalistas se sobrepunham às análises que solicitavam todo o cuidado.

    Primeiro, esse desprezo da população quase ao escárnio ao Legislativo, que levou à eleição de bancadas retrógradas (que levaram ao desejo daquele Mineiro Multidelatado Plurimpune de sangrar o Governo). Segundo, essa fixação nacional em torno do Executivo, como se ele governasse sozinho (gosto de um líder salvador como complemento, exemplo a ser seguido e quetais). Terceiro, aquela convicção naquilo que pensa e não naquilo que está acontecendo (não sei como se faz análise social de qualquer espécie numa situação destas). Quarto, não menos irrelevante, que trato como hipótese, de que o governo se deixou sangrar pois há algo mais que o Zé tinha que fazer à PF e não fez.

    A molecada da “horizontalidade anarquista”, sem análise de conjuntura, nem nada, batendo em governo trabalhista pois o governo do Santo – como aparece na planilha – manda bater e não tá nem aí. Isso mesmo. Deu espaço pra direita crescer, se crescer. Os PSTUs da vida, presos à ideia de que crises causariam a derrocada do “sistema vigente”, também soltaram seus rojões; só esqueceram de dizer que as causas das crises são jogadas para alguém ou em algum lugar e no momento certo. Essa molecada, miudinha, tá nas Universidades, middle class, sem cara de povo, “discutindo política”, de memória curta seletiva; podem colocar nos currículos “Agente Provocador” ou “Arrogante Útil”.

    O texto do Armando é uma análise, mas também é um comentário. Mas quem tem moral, coragem ou caráter de dizer e assumir que esse governo plutocrata é tudo o que se quis? Sabe, aquela angústia dessa elite brasileira cafona e sem cultura, que descobriu de repente que voar de avião não é um privilégio, mas um consumo como outro qualquer (seus símbolos de status começam a ruir quando o capitalismo de massa, “global”, que tanto apreciam, busca seus meios de reprodução e novos consumidores; Starbucks é privilégio para os imbecis). Ela se sabe periferia, tola e inculta; na Universidade, mesmo quando se faz pesquisa, aproxima-se do livro a metro; só que pesquisa séria não é selfie no Facebook, tá em revista especializada, de vez em quando em jornal. Não se tem, enfim, muita certeza de sua importância, seu valor. O negócio é tripudiar a patuléia, pra que assimile esses valores horrendos.  

    Um psiquiatrra alemão, analisando o processo de desnazificação da Alemanha, apontou o comportamento coletivo de “colocar uma pedra em cima do assunto”, pois todo mundo tava em poleiro sujo, seja mandando, seja obedecendo, seja dormindo. Eichmann era um burocrata medíocre e serviu de espetáculo e sofreu pena capital; Klaus Barbie chegou a fazer uns servicinhos para a CIA na América Latina e demorou pra ir em cana. O primeiro é mais próximo da população alemã; o segundo, dos plutocratas. Mas o que tem a ver com nossa situação, por analogia? Pouca gente se mexe (talvez em resposta àquilo que o PHA perguntou, por qual motivo trabalhador não vai às ruas) pois em muito com o governo se parece.

    Por fim, não nego que sejam palavras de alguém em profundo ressentimento. Mas como negar o inverno do nosso descontentamento? Bom, se for cada um com seus problemas, então, o problema é você.

     

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