A questão salarial, o câmbio e a ortodoxia no Brasil

Por shekarchi

Comentário ao post “Conceição: o fim do desenvolvimentismo e a democracia social

Nassif,
 
Com todo respeito à Professora Conceição, mas ficaram algumas dúvidas em relação às suas idéias.
 
1. Ela, parece-me, aceita o pensamento liberal, similar a vantagens comparativas quando sentencia que nossa indústria nunca irá competir com os asiáticos, mesmo sem considerar que os asiáticos têm estabilidade macroeconômica e os brasileiros, não.
 
2. Na parte de salários, ninguém quer cortar salário mínimo ou mesmo arrochar. O que se deseja é eliminar a distorção que valoriza os salários artificialmente pela via do câmbio e perseguir sempre a eficiência do Estado. Os gastos do governo, fora juros (que devem cair prioritariamente), têm espaço sim, para serem cortados, via eliminação de ineficiências e desperdícios (estes apontados por você numa coluna de domingo, creio eu).

 
2. Quando chega no assunto câmbio, tem uma reação que remete aos próprios liberais. Rejeita prontamente uma “maxi” por medo da inflação, como se nosso câmbio estivesse onde deve estar. Mas o Brasil nem precisa de uma “maxi”; o que precisamos é de uma reversão a valorização artificial que a nossa moeda sofre cronicamente desde 95 e da neutralização da doença holandesa. Note que esses são fatores internos, não vêm da Ásia. A inflação que daí viria é temporária, somente para acomodar a mudança nos preços relativos tradables/non tradables. 
 
3. A parte de controle de capitais me pareceu correta, mas sozinha, sem câmbio no lugar certo (ligeiro superávit em conta corrente), sem o diferencial de juros ajustado, viraria uma corrida de gato e rato, na qual, o governo se desdobraria para coibir entradas de capital e saída de remessas enquanto o grande capital sempre se empenharia em dar nós para escapar das medidas de controle, já que câmbio e juros estariam favorecendo o contrário do que deseja o controle de capital.
 
De maneira resumida, por essas questões, parece que a Professora critica a ortodoxia mas não quer mudar a estrutura ortodoxa perversa vigente no Brasil, que segue semi-estagnado por falta de investimento. Quer continuar crescendo em cima dela, como vem já fazendo Dilma, sem sucesso. Quer lançar um foguete de uma plataforma abalada.
Redação

2 Comentários

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  1. discordo

    o que a professora conceiçao quis dizer na minha opiniao foi:se nao for para ganhar nao entre na guerra(sun tzu).

    vamos disputar as guerras nas quais somos fortes.nao quer dizer que nao podemos aprimorar em outros.o problema

    é que estamos em uma guerra civil(midia,empresario e classemedia alta).

  2. a professora defendeu

    a professora defendeu claramwente o modelo atual em função do quie propõe  a opsição que defende até o aumento do desemprego, veja só que absurdo.

    então, é óbvio que o modelo atual, que defende o pleno emprego existente e o aumento de salários consistntes nestes últimos doze anos, é o que interessa, pelo menos pra quem é trabalhador e está distante da financeirização da economia pretendida pelos tucanos.  

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