A “Revolução dos Santos”

                      Imagem: pixabay.com

 

Enviado por Almeida

do Instituto Humanitas Unisinos

A sociedade tradicional brasileira estrebucha com a intervenção cirúrgica no mundo da política. Entrevista especial com Luiz Werneck Vianna

“O fato é que está sendo dissipado um nevoeiro e está sendo extraído um véu que encobria as relações espúrias entre o público e o privado”, afirma o sociólogo.

“Eu tenho medo de que se perca o que há de ‘revolução verdadeira’ nesse processo, e de que a velha política, o que há de pior na tradição republicana brasileira, reencontre o seu lugar. Nesse momento em que você me telefona (11-03-2016), o que está em curso é isso: a tentativa de desautorização, desmoralização e desqualificação do papel desses reformadores da vida republicana brasileira”.

A declaração é do sociólogo Luiz Werneck Vianna, em entrevista à IHU On-Line, concedida por telefone na última sexta-feira, ao comentar os fatos envolvendo as ações do Ministério Público e da Operação Lava Jato, que investiga as relações de corrupção entre o Estado e as grandes empreiteiras.

Apesar da crise política que se estende pelo país, com disputas de todos os lados, “as instituições estão funcionando, sim”, e no “Brasil há uma ‘revolução dos santos’”, aos moldes da que foi implementada no mundo anglo-saxão, conduzida por “homens irmanados em torno de princípios, da crença forte no sistema das leis, de valores éticos, como se fossem portadores de uma missão: a de renovar os fundamentos da cultura brasileira, especialmente da cultura política brasileira”, afirma o sociólogo.

Na entrevista a seguir, Werneck Vianna lembra que, ao longo da história do Brasil, a magistratura foi responsável por “articular” as relações entre o Estado e o setor privado. Contudo, pontua, a Constituição de 88 “releu e interpretou essa história, expurgou-a de seus elementos caracteristicamente autoritários e deu projeção e imprimiu uma leitura democrática a essas instituições. Mais que isso: inovou criando essa figura inédita no Direito comparado, que é o Ministério Público, para agir junto à sociedade, em defesa dela”.
Segundo ele, para entender o que acontece hoje no país, é preciso perceber que à medida que essas instituições “se robusteciam, a política institucional foi se enfraquecendo e se deteriorando até o ponto de que hoje boa parte dos representantes do povo está com a vida comprometida num inquérito policial”. Assim, hoje a “sociedade tradicional brasileira estrebucha com essa intervenção, porque essa é uma intervenção cirúrgica no mundo da política e especialmente na relação entre política e economia, entre os poderes políticos e econômicos; basta ver a relação dos partidos com as empreiteiras, por onde passa esse segredo de uma relação de contubérnio [convivência] entre a esfera pública e a esfera privada no Brasil”.

A dificuldade neste momento, adverte, é que “apenas com o Direito não será possível mudar o Brasil. A meu ver, a ilusão das instituições é a de que isso é possível somente se apoiando na Constituição e nos textos legais, mas isso não basta; é preciso que a política entre em cena também. Mas está difícil de a política entrar em cena do jeito que os partidos estão”. E conclui: “Temos que procurar salvar a política, porque, do contrário, a ‘revolução dos santos’ poderá ficar inconclusa e poderá ser uma página frustrada na política brasileira se ela não for completada pela ação política”.

Luiz Werneck Vianna (foto abaixo) é professor-pesquisador na Pontifícia Universidade Católica – PUC-Rio. Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo, é autor de, entre outras obras, A revolução passiva: iberismo e americanismo no Brasil (Rio de Janeiro: Revan, 1997); A judicialização da política e das relações sociais no Brasil (Rio de Janeiro: Revan, 1999); e Democracia e os três poderes no Brasil (Belo Horizonte: UFMG, 2002). Sobre seu pensamento, leia a obra Uma sociologia indignada. Diálogos com Luiz Werneck Vianna, organizada por Rubem Barboza Filho e Fernando Perlatto (Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2012).

Confira a entrevista.

Foto: Acervo IHU

IHU On-Line – Como o senhor está acompanhando os acontecimentos dos últimos dias?

Luiz Werneck Vianna – Parece muito difícil a recomposição desse governo, dada a crise econômica, a crise política, a crise moral. O tema da imprevisibilidade é o que parece ser o dominante: para onde vamos?

IHU On-Line – Nas últimas entrevistas que nos concedeu sobre a crise política, o senhor sempre sinalizou a importância de observar o bom funcionamento das instituições no Brasil nos últimos anos, chamando atenção, especialmente, para a atuação do Ministério Público. As investigações do MP acerca da relação entre o Estado e o setor privado e da Lava Jato reforçam sua tese anterior ou não?

Luiz Werneck Vianna – As instituições estão funcionando, sim. No Brasil há uma “revolução dos santos”, algo assemelhado à revolução que ocorreu no mundo anglo-saxão com o advento do protestantismo, tanto na banda europeia e inglesa quanto na banda americana que foi formada a partir dessa matriz.

IHU On-Line – Pode explicar o que é a “revolução dos santos”?

Luiz Werneck Vianna – Vou tentar. Trata-se da ação de homens irmanados em torno de princípios, da crença forte no sistema das leis, de valores éticos, como se fossem portadores de uma missão: a de renovar os fundamentos da cultura brasileira, especialmente da cultura política brasileira. Não à toa, algumas das principais personalidades desse movimento que quer, pelo Direito e suas instituições, salvar o Brasil, são praticantes de religiões protestantes.

Um personagem muito em evidência – não vou citar o nome – tem feito, inclusive, conferências em templos batistas. Ele é hoje um jovem, uma personalidade em evidência nesse processo, mas não está sozinho nisso. Além dessa adesão religiosa, eles são jovens: em geral homens que recém chegaram aos 40 anos e estão animados por esse espírito de salvação e missão. Basta ver a coragem com que se portam e a audácia com que agem, como que indiferentes ao contexto político, indiferentes a opiniões, se agradam ou não. A decisão do Ministério Público de São Paulo é clara em relação a isso: fizeram uma intervenção que ignora o contexto político e social e apenas se aferra a princípios e esses princípios devem ser estabelecidos por uma elite salvífica.

A novidade do quadro é que essas instituições nasceram da luta pela democratização do país. O Ministério Público vem direto da Carta de 88.

“O tema da imprevisibilidade é o que parece ser o dominante: para onde vamos?

IHU On-Line – Que princípios sustentam a atuação do Ministério Público e dessas instituições?

Luiz Werneck Vianna – A lei acima de tudo e o exercício do Direito como religião de salvação.

IHU On-Line – O senhor pode nos dar um panorama histórico de como, desde as origens do Brasil, houve uma relação direta entre setores do Direito, o Estado e setor privado, e como, a partir da Constituição de 88, a relação entre essas instituições começou a se romper? Como o Ministério Público e as instituições vêm atuando no país desde 88, até que se chegasse a esse momento?

Luiz Werneck Vianna – Essa explicação vai longe. A instituição Ministério Público só existe no Brasil, enquanto defensor da sociedade e não como peça instrumental do Estado. Basta ver a decisão recente do Supremo Tribunal Federal – STF, que lendo a Constituição Federal declarou ser inconstitucional que um membro do Ministério Público ocupe funções e exerça papéis no Poder Executivo.

A função constitucional desse Ministério Público é defender as instituições, o Direito e, nesse sentido, aos poucos ele foi se tornando um personagem institucional altamente influente na vida social, no meio ambiente, na saúde. Não se pode entender o tema do meio ambiente hoje, neste país, sem o papel de protagonismo que o Ministério Público vem exercendo nessa questão. Na saúde e nas questões sociais em geral, o MP vem atuando e está aí esse personagem que passou a atrair a atenção dos jovens postulantes a uma vida dedicada ao Direito. Uma multidão concorre a uma vaga no Ministério Público.

Uma nação concebida por uma teoria política

Nós, brasileiros, não somos filhos de uma revolução nacional libertadora; nós nascemos a partir de uma “revolução pelo alto”. O primeiro chefe de Estado que tivemos foi um herdeiro da Casa Real: Dom Pedro I, filho de Dom João VI e, com isso, as instituições foram montadas “por cima”, de “cima para baixo”.

Euclides da Cunha disse, caracterizando a revolução nacional brasileira, que se tratava de uma “revolução por cima”, em que uma teoria política concebida e admitida pelas elites, ia forjar de “cima para baixo” uma nação. Ele disse quase textualmente: “O Brasil é um caso singular de uma nação formada por uma teoria política”. Como essa nação foi formada? Por uma elite vigilante, com um papel dirigido para o exercício de uma pedagogia cívica, que fez de um povo invertebrado e desarticulado, uma nação.

Não à toa, depois das crises da Regência, a ordem imperial fez da magistratura um dos seus principais instrumentos para levar a ordem, tal como era concebida pelas suas elites. Foi essa a teoria política fundadora do Brasil, para levar essa ideologia, essas visões e esses valores para a população. Vai ser o juiz neste país, o magistrado, que vai articular o Estado aos rincões. Isso está muito claro na obra do grande estadista que foi Visconde de Uruguai, que foi Ministro da Justiça e escreveu a obra fundamental chamada O direito administrativo. O direito administrativo nesse sentido é o instrumento organizador da nossa vida, e não o direito civil. E o direito administrativo é o direito do Estado. Com isso, nós criamos essa forma singular de relação entre poder e Direito.

O Ministério da Revolução

Agora vamos virar a página e ir do Império para a República. Como realizar a modernização do país? Esse é o tema que se impõe com a Revolução de 1930. Dos ministérios criados pela Revolução de 30, qual deles é caracterizado como o “Ministério da Revolução”, nas palavras do dirigente da época, Getúlio Vargas? É o Ministério do Trabalho, “o Ministério da Revolução”. Qual foi a tarefa do Ministério do Trabalho? A criação de uma legislação social, de instituições que zelassem pela harmonia entre capital e trabalho, e mais, que zelassem pelo mercado de trabalho no Brasil. Tendo também – e nesse sentido sendo contínua à tradição que vinha do Império – um elemento de pedagogia cívica muito forte: educar os trabalhadores para a vida cívica e para os valores do patriotismo, ou seja, abriu-se a Constituição de 37.

Mas o fundamental é que essas instituições estão aí até hoje: a Justiça do Trabalho tem uma presença capilar imensa em qualquer lugar, porque em qualquer Comarca existe uma Justiça do Trabalho. O Direito, com isso, adquiriu um papel central na estruturação do capitalismo brasileiro, na modernização burguesa do país.

“Houve uma mudança de geração, uma mudança de bibliografia. As faculdades de Direito não são mais as que foram nos anos 30, 40, 50

Constituição de 88: o expurgamento

O que fez a Carta de 88? Releu e interpretou essa história, expurgou-a de seus elementos caracteristicamente autoritários e deu projeção e imprimiu uma leitura democrática a essas instituições. Mais que isso: inovou criando essa figura inédita no Direito comparado, que é o Ministério Público, para agir junto à sociedade, em defesa dela.

Vamos virar a próxima página da história brasileira: nesse meio tempo, houve uma mudança de geração, uma mudança de bibliografia. As faculdades de Direito não são mais as que foram nos anos 30, 40, 50; elas estão baseadas em outra bibliografia, a partir da qual o papel do Direito é visto numa dimensão transformadora da vida social. Esses jovens são descendentes disso, e não apenas disso, porque são filhos de outras mudanças e, inclusive, de visões de mundo religiosas. E sem controle político, garantido pela Constituição, firmaram esse papel de salvação.

A contraface: a política se enfraqueceu

Agora, qual foi a contraface disso? Ao mesmo tempo em que essas instituições se robusteciam, a política institucional foi se enfraquecendo e se deteriorando até o ponto de que hoje boa parte dos representantes do povo está com a vida comprometida num inquérito policial.

Os partidos não construíram identidades, se tornaram entidades passivas à manipulação do Poder Executivo via presidencialismo de coalizão – esse é um velho tema que discuto e que já foi tema de várias entrevistas que concedi a vocês. E diante dessa debilidade dos partidos e da política em geral, a emergência dessas instituições do Direito teve uma ampliação do poder irrestrita e ilimitada. Esse é o quadro de operações que está aí.

IHU On-Line – Como analisa, em contrapartida, as críticas feitas ao Ministério Público e à Operação Lava Jato? Muitos afirmam que as ações dessas instituições são abusivas e que há um “estado de exceção” no país. Concorda com esse tipo de avaliação?

Luiz Werneck Vianna – A sociedade tradicional brasileira estrebucha com essa intervenção, porque essa é uma intervenção cirúrgica no mundo da política e especialmente na relação entre política e economia, entre os poderes políticos e econômicos; basta ver a relação dos partidos com as empreiteiras, por onde passa esse segredo de uma relação de contubérnio [convivência] entre a esfera pública e a esfera privada no Brasil.

Uma das formas fortes de ação desses novos protagonistas, desses “santos” na vida republicana brasileira de agora, tem como fulcro exatamente a relação entre a esfera pública e a esfera privada no sentido de separá-las, dissociá-las pela pureza republicana. Então, a “revolução dos santos” clássica no mundo anglo-saxão também foi animada por ideais republicanos como esses que animam hoje esses jovens procuradores e juízes no Brasil. Se você for ler os trabalhos que Sérgio Moro publicou antes de ser juiz, vai notar muito claramente a influência do Direito anglo-saxão na obra dele. Agora, há mais que isso, porque o Direito e suas instituições têm, na história do nosso país, um papel fundamental e esse é um assunto muito complexo.

IHU On-Line – O senhor chama atenção para a desvinculação das instituições jurídicas do Poder Executivo a partir da Carta de 88. Apesar disso, como analisa as discussões que questionam a natureza da Operação Lava Jato, entre aqueles que, de um lado, defendem a sua natureza republicana e, de outro, aqueles que afirmam que o Ministério Público e a Polícia Federal estão sendo usados pela política para derrubar apenas alguns políticos e partidos?

Luiz Werneck Vianna – A natureza da Lava Jato é republicana e sua função é denunciar o contubérnio entre a esfera pública e a esfera privada brasileira.

IHU On-Line – O senhor não vê essa “confusão” e “obscuridade” acerca da natureza da Operação Lava Jato?

Luiz Werneck Vianna – Não, isso é miopia, são pequenos interesses contrariados, é paixão ideológica; não tem análise verdadeira nisso. A relação espúria entre o público e o privado chegou num ponto tal que clamou aos céus uma intervenção.

“A relação espúria entre o público e o privado chegou num ponto tal que clamou aos céus uma intervenção

IHU On-Line – Há uma confusão de sentimentos, pelo menos à medida que, ao mesmo tempo em que existe esse clamor por justiça, há reações de medo de que as ações do Ministério Público possam significar um golpe?

Luiz Werneck Vianna – Os pequenos interesses vão ficar fazendo essas confabulações sobre golpe e não há como essa névoa se dissipar, a não ser com o tempo. O fato é que está sendo dissipado um nevoeiro e está sendo extraído um véu que encobria as relações espúrias entre o público e o privado. Essas confabulações cegam, inclusive, os interesses políticos constituídos agora.

É evidente que esse é um assunto muito complexo e não dá para falar de uma maneira desgovernada sobre tudo isso. O fato é que apenas com o Direito não será possível mudar o Brasil. A meu ver, a ilusão das instituições é a de que isso é possível somente se apoiando na Constituição e nos textos legais, mas isso não basta; é preciso que a política entre em cena também. Mas está difícil de a política entrar em cena do jeito que os partidos estão. Então, temos que procurar salvar a política, porque, do contrário, a “revolução dos santos” poderá ficar inconclusa e poderá ser uma página frustrada na política brasileira se ela não for completada pela ação política.

IHU On-Line – Por que a política não conseguiu acompanhar esse mesmo movimento da Justiça, do Ministério Público e das outras instituições?

Luiz Werneck Vianna – Porque ela estava comprometida com esse Estado que está aí, e a esquerda estava comprometida com esses movimentos sociais carimbados. Como uma ONG cooptada pelo poder público vai ter independência diante do Estado?

IHU On-Line – O que sugere em termos políticos? Movimentos devem se distanciar do Estado?

Luiz Werneck Vianna – Total não, mas o que não pode é se sujeitar ao Estado. Movimentos sociais não podem ser um braço do Estado nem estar a serviço do Estado. Vai ser muito difícil mudar isso.

Eu tenho medo de que se perca o que há de “revolução verdadeira” nesse processo e de que a velha política, o que há de pior na tradição republicana brasileira, reencontre o seu lugar. Nesse momento em que você me telefona (11-03-2015), o que está em curso é isso: a tentativa de desautorização, desmoralização e desqualificação do papel desses reformadores da vida republicana brasileira.

Entretanto, esses reformadores cometem um erro grave: o de não reconhecer a dimensão da política como uma dimensão a ser trabalhada. Por exemplo, foi um erro político a condução coercitiva do ex-presidente Lula; não jurídico. Agora, por que eles o fizeram? Porque eles são ausentes dessa questão política e eles não vão conseguir avançar no sentido de fazer com que tudo que estão trazendo de novo perdure e persista, se eles não se abrirem para a dimensão da vida política. Sem essa dimensão política, os nossos “santos” serão derrotados.

“A brecha para a ‘revolução dos santos’ foi dada pela falência do sistema político

IHU On-Line – O que o senhor quer dizer com isso claramente? Eles pertencem à dimensão da Justiça e não à da política. Por que e em que sentido devem ter essa dimensão política presente?

Luiz Werneck Vianna – É uma relação muito complexa. A caracterização geral para mim é essa: a “revolução dos santos” está sendo eficiente, mas enquanto todo esse processo ficar envolvendo apenas os atores vindos do mundo do Direito, isso será insuficiente e poderá se perder.

IHU On-Line – Vê possibilidades de mudança na política?

Luiz Werneck Vianna – Temos que fazer reformas políticas, criar novos partidos, animar novos partidos – também não precisa existir tantos como hoje -, mas para isso tem que expurgar os que estão aí.

IHU On-Line – O que o senhor tem pensado sobre a democracia e a crise de representação política nos últimos dias?

Luiz Werneck Vianna – Que os políticos que estão aí não têm condições de reprodução; o sistema tem que passar por uma reforma.

IHU On-Line – O senhor aponta a constituição de novos partidos como uma alternativa a ser buscada. Como constituí-los nesse momento?

Luiz Werneck Vianna – Sem dúvida. Estão aparecendo novos partidos relevantes por aí. Agora, é preciso uma legislação eleitoral que defenda a vida política partidária. Quanta coisa já se disse e se escreveu sobre isso. Não há mais nada a dizer, agora temos que fazer. A brecha para a “revolução dos santos” foi dada pela falência do sistema político.

IHU On-Line – Quais são os novos partidos que vê por aí?

Luiz Werneck Vianna – Não quero nomear novos partidos, mas há coisas novas, sim. 

Por Patricia Fachin

Redação

22 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. sociologo “dos santos”

    Leiam bem, o soiologo fala que o Moro, o Kirchner,o Ailton Benedito,  a Janaina Possessa, o Janot, gilmar, Cunha,e

    centenas  de ladroes  posseidos de “justiceiros”, como um exercito “dos santinhos”.  Se ele é sociologo…é pegadinha:

     

         

    IHU On-Line – Pode explicar o que é a “revolução dos santos”?

    Luiz Werneck Vianna – Vou tentar. Trata-se da ação de homens irmanados em torno de princípios, da crença forte no sistema das leis, de valores éticos, como se fossem portadores de uma missão: a de renovar os fundamentos da cultura brasileira, especialmente da cultura política brasileira. Não à toa, algumas das principais personalidades desse movimento que quer, pelo Direito e suas instituições, salvar o Brasil, são praticantes de religiões protestantes.

     

    1. Releia.

      Minha primeira impressão sobre o texto foi semelhante a sua. Ele não está santificando ninguém, mas falando do comportamento da turma quase apolítico, no sentido de ignorar a política, que adota o princípio “A lei acima de tudo e o exercício do Direito como religião de salvação”.

      Mais adiante ele cita o exemplo: “A decisão do Ministério Público de São Paulo é clara em relação a isso: fizeram uma intervenção que ignora o contexto político e social e apenas se aferra a princípios e esses princípios devem ser estabelecidos por uma elite salvífica”.

      Lembre-se, Weber correlacionou a ética protestante ao espírito do capitalismo e é considerado um dos fundadores da sociologia. Você considera que a obra de Weber… “é pegadinha”?

      1. Prezado Almeida
        Eu reli.

        Ressalvo que não sou sociólogo nem filósofo, muito menos cientista político. Então é só opinião sem qualquer base conceitual mais profunda.

        Direito e Sociologia deixo para quem entende…

        Confesso que me espantei de ter sido publicado sem ao menos um preâmbulo, sem ressalvas e sem um comentário mais explicativo do ponto levantado pelo GGN com o artigo, que neste momento é, convenhamos um tanto provocativo.

        Lamento, mas fazer uma leitura da atuação dessa “turma” como apolítica fica parecendo mesmo pegadinha. Usar Weber para “santificar” a atuação dos moços?

        Não há, a meu ver, um eivo, um cheiro, um traço sequer “doutrinário ” na condução deste processo. A própria escolha dos investigados e indiciados mostra isso. Quem é “santo” não discrimina – investiga, acusa e condena a TODOS. Quem escolhe a vítima não está sendo apolítico. Está declarando uma opção em detrimento de outra.

        A leitura remete a um grupo de vestais incompreendidas que querem salvar o país e estão sendo perseguidas. Claro que quem não entendeu foi a plebe ignara…

        Me lembrou um pouco uma entrevista desta semana no “Palavras Cruzadas” com o Rezek, em que ele disse que a coercitiva de Lula foi apropriada e que o juiz Mouro é um grande juiz. O Markum e a Cruvinel ficaram atônitos. Eu também. Juiz em Haia.

        Sinceramente, difícil.

        1. Prezado Edu,

          Fico grato pela leitura. Não acho que o texto seja de apologia a golpes.

          Eu reproduzi a entrevista na seção Fora de Pauta para debate, abstive-me de fazer um prólogo com comentário. Achei a introdução feita pelo próprio IHU elucidativa. A entrevista é polêmica, levanta aspectos para serem cuidadosamente pensados, para não cairmos em análises simplistas com teses de ações conspiratórias, e o objetivo da seção é esse mesmo, provocar o debate para além das análises simplificadoras. Vamos a alguns trechos introdutórios:

          “O fato é que está sendo dissipado um nevoeiro e está sendo extraído um véu que encobria as relações espúrias entre o público e o privado”

          Veja bem, isso é mérito de governos que não criaram a figura do Engavetador Geral da República.

          “Eu tenho medo de que se perca o que há de ‘revolução verdadeira’ nesse processo, e de que a velha política, o que há de pior na tradição republicana brasileira, reencontre o seu lugar”.

          Vou comentar isso mais adiante, entendo que a manobra do impeachment vai no sentido do reeencontro com “o que há de pior na tradição republicana brasileira”.

          “[a Constituição de 88]… inovou criando essa figura inédita no Direito comparado, que é o Ministério Público, para agir junto à sociedade, em defesa dela”.

          Ele entende que o Ministério Público é uma conquista, um avanço. Eu também acho, mas as classes dominantes o entendem como um estorvo; usam-no agora de forma oportunista, mas quando no poder fazem de tudo para preenchê-lo com engavetadores gerais; se o golpe passar, vão partir para esvaziá-lo por completo, pois já viram o perigo que representa aos seus interesses.

          Sem dúvida há manipulações dos fatos, por parte dos meios de comunicação, com quem “os santos” se alinharam, e os partidos da velha ordem; essas duas forças manipulam pelo impeachment, como epílogo da operação que querem ver encerrada, pois ela traz perigos. Em suas manobras, eles deixam as forças democráticas e progressistas, as que estão à favor do estado de direito, parecerem para vasto setor da opinião pública que se manifestam nas ruas, como favoráveis à… corrupção. Quando na verfdade, são eles os favoráveis a que não se apure nada até as últimas consequências. O impeachment oferece a cortina de fumaça para o encerramento das investigações. Comentei em outra postagem:

          “A “Revolução dos Santos”.

          A política não é o forte dessa turma, “os santos”. Sobra messianismo, salvacionismo e até exorcismos. Estão entregues às próprias vaidades, megalomanias e, em alguns casos, a outras patologias. Falam em “acabar” com a corrupção e em “refundar” a república atuando apenas no campo do Direito. A atuação política se resume a colaboração com os meios de comunicação, no propósito destes de atingir o governo…

          … Os “santos” são manipulados em suas fragilidades políticas. As elites procuram aplacar a ira dos “santos” com o golpe do impeachment. Seria uma forma de abreviar a catarse coletiva promovida pela infindável operação Lava a Jato. Com o impeachment, haveria esvaziamento natural das ruas, as inúmeras fases da operação terão os holofotes desligados nos meios de comunicação, que com o objetivo alcançado, passarão a vender o peixe que a república estará “refundada”  e a corrupção “eliminada” no governo dos “probos”, a aliança PMDB-PSDB com a bancada BBB (boi, bíblia e bala). Se o golpe passa, a primeira iniciativa dos golpistas será neutralizar os “santos”, promover a volta dos engavetadores gerais e o sumiço das denúncias de corrupção nos meios corporativos de comunicação”.

          Ouça o que diz Ciro Gomes na entrevista a seguir, a partir de 12:15, sobre o propósito de destruir a Lava a Jato implícito na proposta do impeachment.

          [video:https://www.youtube.com/watch?v=dwFKkIW2GkQ%5D

          O comentário a seguir, que tomo a liberdade de reproduzir, feito por outro participante do blogue, na mesma postagem onde fiz o meu comentário acima, vai no mesmo sentido  e reforça o que digo. (os grifos são meus)

          “Não são traidores

          Os nobres moleques concursados de altos salarios e vantagens, membros dos infinitos “Ministérios Publicos” ( Federais, Estaduais e Municipais ), não são “traidores”, criminosos de lesa patria, nem são burros, são apenas ignorantes que não conseguem enxergar um palmo a frente de seus nobres narizes, crédulos adolescentes que creem estar manipulando a midia, mas na realidade por ela e seus interesses de base, são manipulados, embevecidos por um Poder que acham que possuem, acham-se protagonistas do jogo, quando na real estão a cada dia mais expostos, pois os que hj. os incensam, lhes dão espaço, os protegem, já perceberam o perigo que eles representam.

          Portanto a doce primavera dos MPs, está com seus dias contados, qualquer governo que futuramente se estabeleça no País, com apoio da midia de massa, dos empresários comprometidos ( externos e internos ), irão “tirar a escada” destes varões de Plutarco, ficarão lá no alto, com a brocha na mão, a queda será bem  rapida, mas bem silenciosa, ninguem irá perceber que eles “cairam”, como qualquer tarefeiro, funcionário terceirizado, foram uteis em certo momento, no “depois” são dispensaveis.

          Existe gente importante, empresas relevantes, orgãos da sociedade civil, estados externos, que estão pensando nosso futuro, do qual o “aggiornamento” dos MPs, será “corrigido”, na real : cerceado”.

          Um abraço.

           

          1. Prezado Almeida,
            Não havia necessidade de tamanho empenho. Este é um momento de muito alarido e vozes dissonantes, e o próprio artigo, douto, nos trouxe bastante informação.
            Mas como a parcimônia não está sendo observada, vou me estender e ampliar o alarido.
            Há quem queira que este momento transcorra em silêncio, mas para os que tem algo a perder, decerto esta não é uma opção.
            A teoria neste momento grave torna-se um instrumento inócuo de defesa do indefensável.
            Louvo tua genuína boa intenção de esclarecimento e disseminação de conhecimento tão fundamentado e tão extenso, mas bem sabemos, as palavras podem ser, quando sob domínio dos bons, usadas para este ou aquele convencimento a depender do que desejamos conquistar. O autor do artigo me parece se enquadra bem neste cenário. Como de resto vários outros.
            Louvo também a tua paciência neste momento barulhento e agradeço a atenção.
            De qualquer forma, a mim, leigo, pouco instruído em tais questões, resta repetir: breve apologia aos golpistas.
            Neste momento, a realidade é o algoz dos menos favorecidos. Palavras, escolhas doutrinárias são aceitáveis aos que não estão sob ataque. Creio ser o caso do ilustre sociólogo, autor do texto.
            Obrigada.

    2. recado pra Almeida

      Eu entedi mas quem nao va entender é o leitor que nao conhece o Weber.

      Weber para situaçao atual “nao vem a o caso” 

      Os evangelicos  na moda USA nao sao os mesmos que os protestantes europeios.

      A lista de malandros nao tem nada de apoliticos nem religiosos, todos sabem que sao fascistas.

    3. recado pra Almeida

      Eu entedi mas quem nao va entender é o leitor que nao conhece o Weber.

      Weber para situaçao atual “nao vem a o caso” 

      Os evangelicos  na moda USA nao sao os mesmos que os protestantes europeios.

      A lista de malandros nao tem nada de apoliticos nem religiosos, todos sabem que sao fascistas.

      1. Não sei de quem você é o leva e trás recados, mas dispenso.

        Apenas deixo a informação sobre quem você não reconhece como sociólogo: https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_Werneck_Vianna

        Você não reconhece, mas a UERJ, a UFRJ, a USP, a UFJF, a PUC-Rio, a UNICAMP, o IUPERJ, a Anpocs, a Sociedade Brasileira de Sociologia e a Biblioteca Nacional, todos o reconhecem, pelo seu mais de meio século de atuação em sociologia.

        Eu trouxe para o debate, assim como o IHU foi entrevistá-lo, por enxergar nele um fonte qualificada de opinião, não um sociólogo de botequim qualquer.

         

  2. Que delírio. Então a lavajato
    Que delírio. Então a lavajato são os novos cruzados. Gente de princípios morais ferreos, incorruptíveis e apoliticos e antipoliticos. Pra ele Dalagnol é o novo Oliver Cromwell, pronto para cortar cabeças na sua cruzada purificadora. É uma visão Poliana da vida social.

  3. Vamos “mudar”! Arena, PDS, PFL, DEM: tous la même merde!

    Quando é que o Brasil vai entender que as leis, as instituições e tudo o mais são feitas e exercidas por PESSOAS?

    Que não adianta mudar leis, instituições, sistemas e o pênis a quatro, se não se mudam … as PESSOAS!

    Vamos mudar partidos, com as mesma pessoas? A PF, com as mesmas pessoas? O MPF, com as mesmas pessoas? A Justiça, com as mesmas pessoas? O Legislativo, com as mesmas pessoas? A informação de míRdia, com as mesmas pessoas? A única coisa que muda nesta merda são as corruptas e históricas gerações de … pessoas.

    O que o miRdiaticamente famigerado “nove dedos” promoveu foi … a evolução das pessoas…milhões delas!

    Mas há alguns milhares que não vêem vantagem nisso. E resistem! Com todas as suas armas, poderes e…

    MeRdiocridade…

     

    1. Não há santificação de nada.

      Ao ver a crença quase religiosa que não enxerga, “que apenas com o Direito não será possível mudar o Brasil”; que se verifica que “a ilusão das instituições é a de que isso é possível somente se apoiando na Constituição e nos textos legais, mas isso não basta; é preciso que a política entre em cena também”; e se observa que “está difícil de a política entrar em cena do jeito que os partidos estão. Então, temos que procurar salvar a política, porque, do contrário, a “revolução dos santos” poderá ficar inconclusa e poderá ser uma página frustrada na política brasileira se ela não for completada pela ação política”; o autor aponta para o pavimento do caminho do inferno, o bando de “bem intencionados”, “os santos”, que irão sucumbir quando “a velha política, o que há de pior na tradição republicana brasileira, reencontre o seu lugar”.

      O reencontro está sendo conduzido no golpe do impeachment, nele o que há de pior na república se rearticula, “os santos” já começaram a perder a utilidade para eles, até porque representam perigo para os golpistas, por isso as fragilidades dos “santos” começam a serem expostas.  Os verdadeiros artífices do golpe querem precipitar de imediato o impeachment, para iniciar o abafo da operação Lava a Jato, antes que não seja mais possível econder todos os implicados nela.

      Repare numa coisa, o motivo alegado no impeachment, pedalada fiscal, nada tem a ver com a Lava a Jato. A operação está sendo usada para criar o “clima”.

      Os golpistas inflaram egos, vaidades e manias dos “santos”, o que demostra que não muito santos, deixaram eles com a certeza de que poderiam agir em defesa da lei, mas se colocando muito acima e além desta, deixaram inebriados “os santos” com o fervor “revolucionário” e, como se sabe, revoluções trazem desatinos.

      Todas as recentes cagadas dos “santos” vêm da arrogância de alguns, do cinismo de outros, de megalomanias, de oportunismo, de analfabetismo político, de destrambelhos e psicopatias diversas; tudo dado pela suposição ofertada de que eram “heróis”, “justiceiros” acima do bem e do mal. Eles pisaram, cheios de fervor “revolucionário” messiânico e salvacionista, na casca de banana cuidadosamente deixada no caminho, atropelaram a lei em várias fases do processo, deixando expostas as mazelas de sua condução. Tudo o que os golpistas agora precisam é de um rito sumário de impeachment; com este esperam aplacar as mobilizações que promoveram nas ruas por um lado e assegurar do poder por outro; com as mazelas reveladas da Lava a Jato, eles vão dar o término, implodir a operação e controlar o MP para que novos escândalos sejam engavetados na origem.

      Anote aí, com o golpe, Janot parece reunir as ferramentas necessárias para ser promovido a Engavetador Geral da República. Já tem em sua gaveta uma lista de contas da plutocracia na Suíça, que não vaza, como vazou durante toda as fases da operação Lava a Jato.

  4. Ah, tanto esforço para dizer
    Ah, tanto esforço para dizer nada.Mas algumas passagens são mais saborosas. Vejamos.1. Somos informados, pelo notável “cientista”, que os santos procuradores, então, são jovens protestantes. Nao diga! O notável cientista politico, já que entra nessa seara, já estudou qual tipo de protestantismo é esse e em quais notaveis exemplos se inspira (e se alimenta)? Que tal uma passagem pela volumosa literatura norte-americana sobre esse movimento? Um cientista social pode nao falar sobre isso. Mas se falar tem que ter algum conhecimento. Pelo menos algum. 2. Ah, as vocações sacedortais atraidas pelo MP. Multidoes de jovens procuram os concursos, movidos por essas crenças? Vida dedicada ao Direito? Ja conversou com eles, meu caro? Uma curiosa interpretação de dados (dados? quais?) sobre as motivações dos concurseiros. Nao é pelo emprego, gente, não é pela “farda”, não é pelo poder, é pela vida dedicada ao Direito. São os santos. Ah, tá. 3. “A relação espúria entre o publico e o privado chegou num ponto tal que clamou aos céus uma intervenção”. Quer dizer então que temos mesmo um superlativo dessas relações espúrias. Eramos tão contidos sob os militares! A relação entre empreiteiras e o governo era menos espúria com Andreazza, o bom. Foi tão contida essa relação nos anos 90, com as privatizações – um exemplo de moderação. Dai chegou o Bolsa-Familia, o PAC, etc e corremperam toda a ‘normalidade corrupta” transformando-a em algo que “clama aos céus”.4. Os nossos santos procuradores e juizes nao reconhecem a dimensao politica e nao a “trabalham”, diz o professor. Por isso fazem erros como a condução coercitiva. Faça-me o favor.Uma caoisa que essses procuradores fazem mais é justamente trabalhar a dimensão politica, mediatico-politica, com evidente minimização do aspecto juridico.O “cientista” é mesmo uma pândega. Mas não é de hoje… 

  5. Parei de ler nesse trecho,

    Parei de ler nesse trecho, perdeu toda credibilidade aí.

     

    IHU On-Line – O senhor chama atenção para a desvinculação das instituições jurídicas do Poder Executivo a partir da Carta de 88. Apesar disso, como analisa as discussões que questionam a natureza da Operação Lava Jato, entre aqueles que, de um lado, defendem a sua natureza republicana e, de outro, aqueles que afirmam que o Ministério Público e a Polícia Federal estão sendo usados pela política para derrubar apenas alguns políticos e partidos?

    Luiz Werneck Vianna – A natureza da Lava Jato é republicana e sua função é denunciar o contubérnio entre a esfera pública e a esfera privada brasileira.

    IHU On-Line – O senhor não vê essa “confusão” e “obscuridade” acerca da natureza da Operação Lava Jato?

    Luiz Werneck Vianna – Não, isso é miopia, são pequenos interesses contrariados, é paixão ideológica; não tem análise verdadeira nisso. A relação espúria entre o público e o privado chegou num ponto tal que clamou aos céus uma intervenção.

    1. Pergunto:

      Você é à favor do “contubérnio entre a esfera pública e a esfera privada brasileira”?

      Percebe a armadilha que as manobras que a imprensa oferece da operação?

      As forças democráticas e progressistas são apresentadas para numeroso público, como abafadores da operação, como aqueles que não desejam que tudo, realmente TUDO, seja apurado até o final. Essa é uma posição, digamos apenas o mínimo, desconfortavel. O pior é que parte dessas forças está na torcida disso mesmo, de que a operação seja abafada, quando deveria estar pela apuração ampla, geral e irrestrita, doa a quem doer. Até porque vai doer mais nos golpistas.

      Na imprensa funciona a Lei de Ricúpero: “Eu não tenho escrúpulos; o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”.

      Para isso ele elegeram o bode expiatório de todo o processo, com o qual esperam faturar, enquanto escondem aqueles que são ruim para eles que apareçam. Eles querem faturar o PT e as forças democráticas e progressitas, enquanto escondem seus aliados golpistas.

  6. Li com impaciência. tz nao tenha entendido; mas, se entendi…

    Ele está caduco. Só pode ser. Nao é mais o Werneck Viana sociólogo de respeito.

    1. Convenhamos, para um caduco, a entrevista está bem articulada

      Ele não está caduco, vejo lucidez no texto. Li a entrevista faz vinte dias. Tive a mesma reação de impaciência parecida com a sua, não assimilei bem, rejeitei na hora e, no mesmo dia, li uma outra entrevista na página do IHU, que me pareceu mais interessante e resolvi colocar no Fora de Pauta.

      Mas a pulga ficou atrás da orelha, os fatos foram se sucedendo e com estes, alguns sentidos lampejavam em reflexo, quando batiam na minha memória da entrevista; fatos que iam desde o “desembarque” do PMDB, entre aspas porque nunca foram de largar o osso, até coisas como o transe da jabaina passional; dela também ouvi a defesa que fez do procurador em Brasília, embora discorde de toda sua “tese”, ela faz uma descrição do rapaz que demonstra bem, os tipos de pessoas que estão sendo manipulados neste processo, ela inclusive. Ele não merece ser massacrado, porém não reúne condições de equilíbrio e maturidade para exercer o cargo, mas isto é outra conversa

      Aí o Nassif fez uma postagem abordando a (nenhuma) formação política da atual geração de procuradores penais: O Brasil visto pela ótica penal. Então, a entrevista ganhou todo sentido na memória e resolvi voltar a ela. Não podemos cair em simplismo na análise do processo, devemos separar o imediato do longo prazo, senão corremos o risco de despejar a criança com a água suja da bacia. A criança aí é o Ministério Público, devemos separá-lo das águas sujas das golpistas que o estão manobrando.

      Barrar o golpe do impeachment é obrigação de todas as forças democráticas e progressistas, mas também é exigir que TODOS os citados e implicados sejam IGUALMENTE investigados e levados a julgamento na forma da lei. Ninguém quer barrar a Lava a Jato, o que se quer é a sua IMARCIALIDADE e sua TOTAL transparência. Já que até o momento houve vazamento seletivo, sem que houvesse apuração de quem vazou, que se escancare o resto.

      Um abraço.

      1. É, Almeida, mas nao estamos na Dinamarca

        Nao adianta raciocinar em termos do Ideal, do Correto; nem do Longo Prazo. Eu mesma cometi uma ingenuidade dessas há pouco tempo, quando aprovei a consideraçao de culpabilidade após o segundo julgamento. Aqui as regras só valem quando nos prejudicam, quando é para enquadrar os de sempre mudam. E a gente nao pode deixar de lutar contra medidas que sao feitas sob medida para nos f*oder, porque elas seriam “corretas” em termos ideais. Nao se esqueça de que o ideal nao é real, rs. Nao é à toa que a reinvindicaçao que o Jabor colocou na boca dos manifestantes de 2013 foi exatamente essa força dada ao MP. Será que fizeram isso por desejo de correçao? Nao sejamos ingênuos. Se o lado de lá conseguir o impedimento da Dilma, de preferência conseguindo prender Lula ou proibindo sua candidatura e declarando a extinçao do PT, a primeira coisa que farao será dar um basta na Lava Jato e voltar à “normalidade” de antes.

        1. Pois é, suave amiga, até no reino da Dinamarca há algo de podre.

          Imagina nestas terras debaixo do Equador, onde não existe o pecado.

          Há uma condição de diálogo enorme, com a parcela igualmente enorme, da população que não se manifesta em nenhum dos atos convocados pela polaridade estabelecida. Também há, do outro lado, frações que protestam com quem se pode dialogar.

          O que não se pode fazer é propor para essas duas correntes, um projeto para que se continue as coisas como estão.

          1. Com isso concordo. Mas…

            Sem idealizaçao nenhuma do MPF, desses procuradorezinhos parciais, metidos a justiceiros. Com esses atores, nenhum movimento real pela normalizaçao democrática pode ser feito, eles só estao interessados em investigar e punir os adversários.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador