Está na hora da oposição aceitar os fatos, por Marcos Coimbra

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Geraldo Magela/ Agência Senado –  Aécio: O ano de 2014 está terminando

da Carta Capítal

Aceitar os fatos, por Marcos Coimbra

Mais cedo ou mais tarde a oposição vai acordar e descobrir a vitória de Dilma Rousseff

Há fatos de todos os tipos, dos imperceptíveis àqueles impossíveis de ignorar. Também na política existem os irrelevantes e os acachapantes.

O ano de 2014 está prestes a terminar e só não vê quem não quer o fato político mais acachapante do ano: Dilma Rousseff ganhou a eleição. Com a vitória, o PT garantiu a permanência no poder por mais um período, o que significa 16 anos seguidos no comando do País.

Como o futuro a Deus pertence, mas suas mais prováveis configurações podem ser estimadas, é possível dizer que nunca um partido esteve tão perto de realizar o sonho acalentado por todos: completar 20 anos no poder. Não é um aniversário tão extraordinário, mas encanta as legendas.

Todos os vencedores das eleições realizadas desde a redemocratização tinham planos de celebrá-lo. O projeto de Fernando Collor logo ficou pelo caminho. Ele nem sequer terminou o terceiro ano no poder. O do PSDB, com Fernando Henrique Cardoso, chegou apenas ao oitavo, para decepção do próprio e dos companheiros, que tinham certeza de que nunca seriam derrotados. Só falta uma vitória para o PT atingir a marca e está em seus quadros o favorito da eleição de 2018.

A renovação do mandato da presidenta é a prova de que a maioria da sociedade brasileira está basicamente satisfeita com o que seu antecessor e ela fizeram à frente do governo a partir de 2003. As pesquisas realizadas daí em diante mostram serem poucos aqueles que consideram que, nos últimos 12 anos, tudo sempre correu às mil maravilhas, mas são unânimes ao apontar o entendimento da maioria de que o caminho trilhado pelos governos petistas foi fundamentalmente correto.

Contra o fato da reeleição de Dilma pode haver esperneio, muxoxo e tentativa de desqualificação. Nada muda, porém, a realidade. Será ela a ocupante daquela cadeira no Palácio do Planalto até 31 de dezembro de 2018. Salvo, é claro, para quem não tem o menor apreço pela democracia e passa os dias a arquitetar uma maneira de impedi-la de tomar posse ou de derrubá-la via golpe de Estado.

Curiosa a parcela golpista de nossa elite. Acha-se cosmopolita e moderna, mas é fascinada pelas aventuras antidemocráticas mais atrasadas e bregas. Adoraria fazer uma quartelada venezuelana ou uma encenação paraguaia.

Quem, nas oposições à direita, fez cálculos de que Dilma não conseguirá governar no segundo mandato não a conhece. E ilude-se ao acreditar que o Congresso atravessará quatro anos em rebelião contra o governo. A vasta maioria dos deputados e senadores é sensível aos argumentos de quem cuida da chave do cofre.

A suposição do “derretimento” de Dilma deve ter origem no acontecido a Fernando Henrique Cardoso entre 1999 a 2002. De fato, o tucano fez um segundo mandato tão ruim que o PSDB nunca mais se recuperou. De trambolhão em trambolhão, chegou ao fim do governo com 15% de avaliação positiva.

Além de ser mais competente que o tucano, a presidenta é realista. Sabe que o Brasil precisa crescer para garantir a oferta de empregos e assegurar a arrecadação necessária ao custeio dos investimentos e dos programas sociais. E reconhece que a maioria do empresariado nacional não queria sua vitória. Fez a coisa mais inteligente: nomeou, para os ministérios econômicos, nomes para ajudá-la a vencer a resistência de quem decide a respeito dos investimentos privados.

A mídia conservadora reagiu com a costumeira hipocrisia: cobrou “coerência” da presidenta, como se ela estivesse obrigada a agir assim ou assado, em razão de algum dever ideológico. Esqueceu-se do fato relevante. Dilma ganhou a eleição e pode montar o ministério que considerar adequado. Escolhê-lo é prerrogativa presidencial e é ela a chefe de governo.

Quem também, ao que parece, não se deu conta do fato de termos uma presidenta reeleita é o senador Aécio Neves. Acontece com ele o inverso do sistema político: quanto mais no passado fica a eleição, mais ele teima em permanecer no palanque.

Em Minas Gerais, há quem desconfie de seu recente radicalismo. Seria quiçá uma estratégia de defesa, de atacar para se proteger. Quem mais conhece os intestinos das empresas públicas mineiras nos últimos 12 anos? Quem mais tem motivos para temer o que podem revelar as auditorias que o governador eleito deve realizar?

Talvez seja assim mesmo. Até os fatos acachapantes precisam de tempo para ser percebidos. Mais dia, menos dia, as oposições vão acordar e descobrir que Dilma Rousseff ganhou a eleição e governará pelos próximos quatro anos.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. NADA DE ANISTIA

    Espero que a experiência da anistia dada no governo federal aos esqueletos tucanos e falta de qualquer recíproca faça com que todos os “armários” sejam abertos em MG e os erros sejam expostos. Republicanamente!

  2. Boa lembrança.

    Aécio deve estar aplicando uma vacina. O PT de Lula esqueceu das maracutais do malaco FFHH quando assumiu o Poder Central. Achava que teria paz pra governar se deixasse tudo como estava. Ledo engano. O PT não era o partido do status quo, como é o PSDB, o PMDB, o DEM.

    E a gratidão do PSDB pelos bons comportamentos do PT foi o mensalão, a pecha de um partido de quadrilheiros. O PT se apropriou de Marcos Valério – cria de Minas Gerais – como Marcos Valério fosse um deles. E os tucanos, originários nas maracutais do mensalão, ficam bem na foto.

    O PT deve expor as maracutais da COPASA, da CEMIG, as coisas de Minas Gerais, de modo republicano. Não há  mais espaço para acordões.

  3. Esse olho arregalado do Aécio…

    O que faz a pessoa ter esse olhar de cachorro doido?

    Algo que viu, algo que comeu, ou será algum cheiro ruim que sentiu?

    1. Esse olhar é de quem não tem

      Esse olhar é de quem não tem a mínima idéia do que vem pela frente, pois quem “mandava” lá era a irmã…

       

  4. Pobre Brasil

    Vao acordar em 2017 e ai perguntar quem sera o nosso candidato? o vampiro, ex-Mooca, o chuchu ou o alucinado ? Isso que é quadro, hein? Olhando o nivel do “primeito time” do PSDB (incluindo ai Alvaro Dias, Aloysio Nunes e mais uns que eles tentam colocar pra baixo do tapete, como o de Goias), é sintomatico dos tempos em que vivemos. 

  5. Eu entendi como uma ironia.A

    Eu entendi como uma ironia.

    A oposição já aprendeu que, na falta de propostas, não pode dar trégua se quiser ter algum resultado eleitoral. Depois de tantas derrotas – principalmente a reeleição de Lula e a primeira eleição de Dilma – eles aprenderam que se emprego e o salário estão mais ou menos bem a oposição não tem chance. É claro que podiam ter aprendido com a derrota em 2002, mas demoraram.

    Hoje sabem, no entanto; hoje sabem que a propaganda negativa sobre a economia e a política – especialmente em relação ao pt – não pode parar.

    Enfim, já passaram do ponto de retorno e não têm mais coragem necessária para serem civilizados. Sobretudo o aécio que não tem mais o aparelho de minas e ainda corre o risco de que os podres dele não continuem debaixo do tapete.

  6. Os olhos arregalados do doido

    Os olhos arregalados do doido ai não é só pelo cheiro de mofo-pó que inunda o senado, mas o cheiro dos esqueletos que ele deixou nos armários de MG e que começam a rondá-lo.

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