Brasil sofreu 2 impeachments e se a esquerda não se unir, vai perder a eleição

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Ricardo Stuckert
 
Jornal GGN – A prisão de Lula foi o segundo impeachment que o PT sofreu indevidamente nos últimos anos e se a esquerda não se unir em torno de uma candidatura única, vai assistir à direita e a extrema-direita disputarem o segundo turno. Essa é a avaliação do mestre e doutor em ciência política Renato Lessa, em entrevista divulgada pela Folha de S. Paulo nesta segunda (9).
 
Lessa é categórico ao analisar que a Lava Jato impulsionou a neutralização da esquerda quando ajudou a deslocar um governo eleito do poder. A troca do grupo que comanda o destino do País é concluída com a prisão de Lula. E que não se enganem: o ex-presidente não será candidato em 2018. Era parte do plano. 
 
“São dois impeachments”, disse Lessa. “Esse processo começou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff e termina com o impeachment preventivo de Lula. Quebrou o vínculo da esquerda com sua base eleitoral, popular, tirando o principal líder de cena, Lula.”
 
Para Lessa, os processo de neutralização da esquerda vai ser bem sucedido a depender de como esse segmento vai reagir. O ideal era que, “configurada a impossibilidade prática da candidatura de Lula e, para mim, já está configurada, é preciso trabalhar com o modelo que os uruguaios têm há bastante tempo, uma Frente Ampla de recomposição da democracia.”
 
Neste cenário, o analista recomenda que “Ciro Gomes conversasse com o Fernando Haddad, a Manuela D’Ávila, e alguém um pouco mais para o centro.”
 
A unificação das forças à esquerda devem criar “uma frente ampla voltada para a recuperação do ambiente democrático e sinalizando pautas de igualdade social”, sem marginalizar a pauta das reformas e da “segurança para a economia”. O papel de Lula é o de deixar uma mensagem de “convergência”.
 
Lessa indica que o PT precisa abrir mão da cabeça de chapa. “(…) em algum momento, essa visão de curto prazo vai ter que ceder lugar para uma conversa estratégica, ou então teremos a perspectiva real de 35% da opinião política não ter expressão nas eleições de 2018, o que é ruim para a democracia.”
 
Leia a entrevista completa aqui.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. Todos os ~lúcidos ~enxergam isso

    A lista está crescendo, Bresser-Pereira, Luís Nassif, um professor/cientista político cujo nome me foge agora, Renato Lessa , tem mais, e a lista vai ser engrossada nos próximos dias. Essas pessoas estão apreensivas, para dizer o mínimo e ser bondoso, com o rumo dos acontecimentos. Primeiro a insanidade da candidatura Lula, em seguida o suicídio com Boulos e Manu. (Gezuis).

    É preciso ir além da paixão, da passionalidade, que são péssimos conselheiros políticos. 

    [ relembrando: quando começou o governo Lula, a petezada começou a reclamar dos rumos do governo, que não era de esquerda. Zé Dirceu mandou recado: quer dizer que o governo não é de esquerda? Vocês já esqueceram o que é um governo de direita?] Ain, porque o Ciro num é de esquerda, buáááááá´. Legal, estamos com a merda no nariz, respirando de canudinho e estão querendo um candidato alto, louro, 1,90, olhos azuis. O que mais? Ah, de esquerda. Chegam ao desplante do delírio alucinógeno de jogar Ciro na mesma vala de Alckmin e quetais, dizendo que não faz diferença um João Amoedo ou coisa parecida. Gezuis 2. 

    Ciro quer distância mesmo do PT por um singelo motivo. Sabe da brutal rejeição do partido, para quem esqueceu Haddad teve 16% e Raul Pont, em Porto Alegre teve os mesmos 16%. Ciro quer ganhar a eleição, e não “perder bonito”.Querem porque querem que ele fique a reboque do PT, abanando o rabinho. Ciro cuida da sua candidatura. Ponto. 

    Vai chegar a hora da verdade e a razão vai se impor naturalmente, até por desespero: Ciro/Haddad. A militância vai trincar os dentes e engolir o choro, e vamos reunir as melhores forças para mandar o Ciro para o segundo turno. Estou preparado para votar no Ciro desde 27.10.2014, porque enxerguei lá atrás que o desfecho dramático do segundo turno apontava sim senhor para o fim do ciclo do PT no governo. Quando começou, logo em seguida, a artilharia pesada para cima do governo infantil e pueril da Dilma, a certeza virou convicção. 

    Sim, claro, vamos para o segundo turno com a Manu ou o Boulos E a Terra é plana. Vai lá tirar carteirinha de terraplanista. 

  2. O judiciário, os políticos, a

    O judiciário, os políticos, a elite não buscariam um desgaste monumental para depois entregar o governo novamente para o povo!

    Quem acreditar nisso, acredita em papai noel…

  3. Esqueçam eleições. Se eles

    Esqueçam eleições. Se eles são capazes de prender o maior presidente da história do país do jeito qe prenderam, o que nos faria acreditar que eles estariam dispostos a correr o risco de devolver o poder à centro-esquerda? Agora só mobilização dura para tentar resolver. 

    1. E quem disse que esse risco existe?

      O 2º colocado nas pesquisas é o Bolsonaro. A 3ª é a Marina. Risco da centro-esquerda ganhar algo neste momento é zero. A não ser que a candidatura Ciro cresça, o poder continuará com a Direita, seja ela explícita (Bolsonaro) ou disfarçada (Marina). 

  4. Chapa Manu/Boulos

    Acredito que o Lula indicará a chapa Manuela/Boulos (PCdoB/PSOL) e não alguém dentro do partido, e muito menos Ciro Gomes. São razões simples, uma vez que ambos estão firmes combatendo o discurso de ódio disfarçado de combate à corrupção de nome Lava Jato. Ademais, Manuela e Boulos estão firmes na defesa do ex-presidente Lula, diferentemente de Ciro Gomes. 

    Importante ressaltar que, a chapa seria a quebraria qualquer expectativa. Com o apoio de Lula a esta eventual chapa, haveria acréscimos de votos para ambos. E por quais razões o Lula não apoiaria Ciro Gomes? Ora, este decidiu se manter distante de qualquer vinculação dos últimos acontecimentos. A ausência do candidato Ciro, bem como as últimas farpas trocadas entre ele e o Lula, demonstram que o ex-presidente não tem intenção de chancelar o candidato que se intitula como nacionalista. Ora, o momento pede resistência, e o Ciro decidiu se afastar da atual situação. Para um candidato que possui receio de ser comprar a briga pela defesa do ex-presidente, não merece receber o apoio que tanto almeja. Destaco também que o próprio PDT, partido de Ciro Gomes, não foi fiel durante a votação do Impeachment da presidenta Dilma, havendo inclusive expulsão dos deputados federais, demonstrando pouco controle sobre o próprio partido, e o presente momento precisamos de pessoas que resistam aos últimos as arbitrariedades do poder estatal.

    Em relação a Manuela D’Avila (PCdoB), temos um diferencial ao candidato Ciro no que tange a popularidade. Em que pese ela apresentar um índice pequeno de intenção de votos, ela é pouca conhecida, conforme a última pesquisa da Data Folha, apresentando um índice de rejeição em 13%, sendo índice idêntico ao candidato Boulos (PSOL). Isto significa pouco, todavia, nas eleições de 2010, a então ex-presidenta Dilma Rousseff apresentava índice de intenção de votos bem similares ao da candidata do PCdoB, e isto com maior exposição ante ao cargo que ela exercia nos governos Lula.

    Devemos lembrar que o PCdoB é um partido que sempre foi um aliado histórico do Partido dos Trabalhadores (PT). Ainda, ao acabar com a hegemonia dos governos Sarney no estado do Maranhão (MA), o Governador Flávio Dino (PCdoB), atual postulante a reeleição ao cargo do executivo estadual, demonstrou que é possível um governo dito “comunista” seja capaz de aumentar o PIB do estado em plena crise econômica, possibilitando utilizar o estado como modelo para um eventual governo a nível federal.

    O candidato Guilherme Boulos (PSOL), apresenta os índices de rejeição idênticos ao da Manuela, contudo, falta ao partido a militância do primeiro. Sendo ungido ao postulante pelo partido, por intervenção do Freixo, não faltaram críticas ao não respeito as regras do partido. A medida foi necessária para atrair uma militância ao próprio partido – que é considerado elitizado -, já que Boulous teria a força do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), sendo inclusive considerado como um “novo Lula”.

    Uma aliança de ambos os partidos, com a Manuela na cabeça de chapa – para quebrar questões misóginas inclusive -, e Boulos na vice presidência, com o apoio de Lula, teríamos chances reais de irmos ao segundo turno, deixando para trás candidatos como Geraldo Alckmin (PSDB) e Michel Temer (MDB) fora da disputa. Caberia até uma aproximação com o PDT de Ciro, oferecendo a este o cargo de Ministro da Economia e ao PT, cargos em outros MInistérios, como a Casa Civil aos comandos do Haddad (PT).

    Em contrapartida, a chapa Manu/Boulos deveriam apresentar uma proposta de governo voltado aos anseios sociais, bem um acordo com os partidos de esquerda visando a construção de uma Frente de Esquerda, nos moldes do Chile e de Portugal, voltado a questões sociais do país. Para isto, a Frente abriria mão da perpetuação do poder, bem como apresentaria uma rotatividade ao cargo do Poder Executivo. Para isto, uma PEC para acabar com o fim da reeleição, inclusive aos cargos do legislativo. Esta medida acabará por atrair boa parte do eleitorado considerado de centro, uma vez que é um anseio da sociedade o fim da reeleição.

    Cabe ao Partido dos Trabalhores (PT) e ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), neste momento, unir forças para possuir mais cadeiras no legislativo, para garantir uma boa base para o futuro e auxiliar a esta eventual chapa.

     

    1. A esquerda agora tem que ser pragmática

      Manu/Boulos é derrota na certa. A mídia nem vai precisar se esforçar muito, na cabeça do povo uma chapa com uma comunista e um MST é o Satanás misturado com o Apocalipse.

      Não adianta sonhar nem querer dar murro na ponta de faca. Se a esquerda tivesse algum apelo popular o país não estaria hoje seguindo em frente após a prisão de Lula. As convulsões sociais previstas não aconteceram. Lula foi preso sem provas e nenhum colunista da mídia lembra que Aécio está solto com gravações, filmagens, delações e uma maleta de dinheiro como prova.

      Agora é hora de ser pragmático. Não é hora de sonhar. Negócio de pureza ideológica, de querer “perder bonito” como ouço alguns falando, é abrir as portas do Planalto pro Bolsonaro. 

  5. Concordo!!!

    Chapa Boulos e Manuela não é segura neste momento, idéias muito radicais num momento crítico da política brasileira.

    Chapa Ciro e Haddad a melhor condição neste momento.

  6. Ciro presidente

    Ciro é a única opção de quem se preocupa com o páis e não quer que todo o legado dos governos petistas se perca. O único nacionalista que tem procupação social e pode agregar votos da esquerda e pegar alguns votos da direita. Nessa eleição, nenhum dos dois campos  ganhará sozinho a eleição. Só ganhará quem agregar um lado e pegar alguns votos do outro. O cara para fazer isso É Ciro Gomes.

  7. Ciro presidente

    Ciro é a única opção de quem se preocupa com o páis e não quer que todo o legado dos governos petistas se perca. O único nacionalista que tem procupação social e pode agregar votos da esquerda e pegar alguns votos da direita. Nessa eleição, nenhum dos dois campos  ganhará sozinho a eleição. Só ganhará quem agregar um lado e pegar alguns votos do outro. O cara para fazer isso É Ciro Gomes.

  8. Para de ilusão. Ciro quer ser

    Para de ilusão. Ciro quer ser o candidato dos coxinhas e da Rede Globo. Ciro pisa e demoniza o PT como a imprensa demoniza o PT. e o PT tem que ficar no sim sinhô porque é Partido dos Trabalhadores? Quem disse que não era puxadinho do PT foi o Ciro e agora a culpa é do PT? 

    Agora a culpa do destino do Brasil  é do PT também? Lula registrado como candidato já. Inclusive para preservar a sua integridade física.

  9. Cenários

    Ciro Gomes quer o voto dos petistas no segundo turno e dos anti-petistas no primeiro. Ele sabe que se chegar ao segundo turno, toda a esquerda vai com ele. Isto é verdade. A questão é que ele não chegará lá sem o apoio do PT.

    Boulos prestará um imenso serviço se candidatando, a ele caberá a parte mais radical, mais ofensiva contra a direita. E não nos enganemos, Alckmin, a despeito de ser um provinciano patético, de ser um administrador lamentável, com diversos casos de corrupção engavetados, é o queridinho da mídia e tem base no estado mais populoso – por isso é o principal inimigo a ser combatido.

    Em um segundo turno, Bolsonaro se liquefaz sozinho.

    Entretanto, se o Ciro vier candidato, o PSB queimar seu tempo de campanha com uma candidatura estéril, inútil e desarrazoada como a de Joaquim Barbosa e, por fim, o PT lançar outro candidato, mais a Marina puxando a votação dos evangélicos, enfim, neste caos, o mais provável é um segundo turno entre Alckmin e Bolsonaro. Ou seja, entre a tragédia e a ruína.

    Ciro e Haddad é mais do que uma questão de lógica, é uma questão de necessidade do país.

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