Ion de Andrade
Médico epidemiologista e professor universitário
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Cinco hipóteses para a Intervenção Militar no Rio, por Ion de Andrade

Cinco hipóteses para a Intervenção Militar no Rio

por Ion de Andrade

O tabuleiro da política nacional após o golpe e após a maldição do pré-sal é extremamente complexo. O Rio de Janeiro é a um só tempo a sede da Rede Globo, a sede operacional do Pré-Sal e a cidade potencialmente mais explosiva do Brasil pois ali as assimetrias sociais se assentam sobre uma geografia onde as periferias cercam as elites.

Sem mais delongas, penso haver cinco hipóteses válidas para explicar a intervenção militar no Rio de Janeiro. Os próximos dias serão decisivos para irmos entendendo o que ocorreu com mais profundidade.

  1. A Intervenção como cortina de fumaça para um recuo na Reforma da Previdência

Essa hipótese não exige maiores explicações. Derrotado na Reforma da Previdência o governo criaria um factoide capaz de, por si só, justificar a impossibilidade de levar a matéria a votação, pois, sob intervenção federal a Constituição não pode ser modificada, como a Reforma da Previdência é uma PEC, estaria sacrificada e o governo não figuraria como derrotado.

  1. A intervenção como uma ocupação da cidade potencialmente mais explosiva do Brasil diante de uma Reforma da Previdência líquida e certa.

Nesse caso, a intervenção teria sido disparada assim que o governo fechou o quantitativo suficiente de votos para a aprovação da Reforma. Nesse caso a presença do exército seria o posicionamento prévio de forças militares para conter a fúria previsível do povo numa cidade em que alguns alvos óbvios poderiam ser pesadamente atingidos. Esse cenário exigirá do Exército a repressão de um povo coberto de razão. Aqui a ideia da “suspensão” da intervenção para votar a Reforma da Previdência ganha total sentido.

  1.  A intervenção como preparo para a militarização do golpe

A ocupação do Rio seria um exercício e o preparo de uma militarização geral do Regime, fortalecendo o protagonismo dos militares e aplicando o ideário bolsonariano sob a batuta de Temer.

  1. A intervenção como cartada eleitoral

Nesse caso, após a clareza meridiana de sua tremenda impopularidade, demonstrada por ocasião do carnaval o presidente ilegítimo estaria criando alguma iniciativa política em relação a um dos principais problemas nacionais, a Segurança Pública. A ideia é que tendo sucesso poderia ganhar viabilidade eleitoral.

  1. Libanização da província petroleira

Muitas supostas “blitzkrieg” se tornaram crônicas devido a surpresas que prolongaram o conflito. A ideia aqui é que o imperialismo, interessado em enfraquecer de forma irreversível a governança brasileira sobre o Petróleo criasse no Rio de Janeiro ambiente de caos comparável ao que foi criado no Líbano, no Iraque ou na Líbia. Nesse caso os seus agentes a um só tempo teriam estimulado a intervenção militar no estado e já teriam armado o crime organizado para que tenha poder de fogo suficiente para produzir baixas e perdas ao Exército, perenizando o conflito com o propósito de ajoelhar a cidade.

Cada um desses cenários privilegia a ação de um protagonista ou de um interesse e me parece que até aqui nenhum deles pode a priori ser descartado. O Exército deve estar muito atento para não estar sendo instrumentalizado para fins escusos ou para cenários onde seja jogado contra o povo ou contra um poder criminoso aliado aos inimigos do país e interessado apenas em alimentar o caos.

Os próximos dias dirão para onde caminhamos.

 

Ion de Andrade

Médico epidemiologista e professor universitário

16 Comentários

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  1. Estarrecedor. O personagem
    Estarrecedor. O personagem Vampirão expressa isso muito bem: desde o primeiro momento vi a morte em sua vibração de voz… senti que a morte estava à espreita…estamos sendo governados pela morte…Temer tem cheiro de morte…Carmem Lúcia tem um aspecto mortiço…Deus Salve a América do Sul

    1. ETs

      aparencia de morte: os humanos respectivos foram abduzidos e substituidos por ETs que vieram colonizar a raça humana. Estando o exército captado bye bye qualquer resistencia.

      Breve descem naves gigantescas para levar as abundantes riquezas naturais da América do Sul.

      1. Desde sempre
        Por mais de 500 anos somos surrupiados. O golpe deseja apenas perpetuar o processo “que foi questionado ” devido apenas a algumas idéias de soberania nacional.

  2. Mais uma hipótese: a Tuiuti

    Mais uma hipótese: a Tuiuti cantou o conceito da escravidão social.

    Disse que a Lei Áurea acabou com a escravidão individual, mas que a escravidão social continua.

    E mostrou que somos manipulados para não ver isso.

    Manipulação sob a forma de discussão interminável sobre corrupção,

    focada só nas forçaas populares.

    O tema da corrupção dá sinal de esgotamento.

    O tema da escravidão é inadmissível.

    Entra a segurança pública.

    Sempre funciona.

  3. Se Temer consegue o mesmo em
    Se Temer consegue o mesmo em SP, ES e MG (este último muito improvável pq ainda tem Pimentel), a geopolítica de uma “república reformada” está posta. Adicione aí o PR.

    Gerando movimentos separatistas no RS e uma grande república ruralista entre MS, MT, PA e RO.

    A abolição só foi um mito, aqui na banda oeste os coronéis escravocratas só perpetuaram seu domínio sobre o povo e meios de produção. Com a república reformada qualquer resistência nessa banda distante oeste do país será massacrada e repelida.

  4. O golpe sitiado

    O golpes está sitiado, daí esse ensaio de intervenção marota que só será possível após votada. O estado de sítio do golpe consiste em:

    1. Cerco da PF sobre temer.

    2. Pressão até da mídia golpista sobre o diretor da PF.

    3. Manifestações nos blocos. Coisa que costuma ter pouca repercussão e geralmente é ridicularizada por serem manifestações de classe média branca.

    4. O desfile da Tuiuti, que foi o decreto oficial de estado de sítio sobre o golpe e uma forte punhalada naquela parcela da classe média golpista. Estão de fato espumando de ódio mais do que nunca.

    5. O desmascaramento da justiça parcial.

    6. A perda de comando do Governo do Rio, tendo que apelar para uma saída de emergência. Vide o sorriso de alívio do Pezão ao assinar o decreto, é medo puro.

    Uma coisa chama atenção, o silêncio do judiciário antes tão boquirroto, apenas chancelando a intervenção em suas decisões. Não se sabe o que vai sair daí, coisa boa é difícil de ser.

  5. 6. A mensagem na entrada do

    6. A mensagem na entrada do morro da rocinha “STF – Se Lula for preso o morro vai descer”

    Acho que a principal preocupação é que foi no Rio de Janeiro, o único lugar que se manifestou o que vai ocorrer quando Lula for preso, então para evitar qualquer supresa vamos botar o exercito nas ruas para evitar o morro descer quando o Lula for preso.

  6. Teve ai um grande componente

    Teve ai um grande componente de MEDO, que a reapresenteção da Tuiuti, pudesse catalizar a indignação e promover protestos! A propras invasão do aeroporto mostrou isto! O momento para a intervenção foi escolhido as pressas e com certeza este componente teve peso decisivo ! Imaginem que o golpe começou com manifestações por causa de R$0,20 centavos! 

  7. Teve ai um grande componente

    Teve ai um grande componente de MEDO, que a reapresenteção da Tuiuti, pudesse catalizar a indignação e promover protestos! A propras invasão do aeroporto mostrou isto! O momento para a intervenção foi escolhido as pressas e com certeza este componente teve peso decisivo ! Imaginem que o golpe começou com manifestações por causa de R$0,20 centavos! 

  8. Regime militar=opressão+corrupção

    O PCO vem denunciando repetidamente que um golpe para a reinstituição de um regime militar no país. Isso significaria, como ocorreu em 64, repressão violenta, revogação dos direitos civilizatórios e muita corrupção. As licitações militares não resistiriam à mais superficial auditoria de um tribunal de contas (não este tcu golpista que está aí), como vimos num dos poucos casos que vieram á tona de uma licitação da Marinha onde ítens dispensáveis, de alto custo, como uísque, caviar, etc. estavam incluídos a preços muito acima do mercado.

  9. A “guerra” perdida
    Qualquer tentativa de eliminar o tráfico de drogas está fadada ao fracasso.  Não existe nenhum lugar no planeta em que esta investida tenha tido sucesso.  Nos países onde as drogas foram descriminalizadas, não só o consumo diminuiu como também a violência decorrente do tráfico ilícito foi eliminada.  Cito como exemplos, Portugal, Holanda, o vizinho Uruguai e por incrível que possa parecer, também a California, que em âmbito estadual e se contrapondo à política federal norte americana, está obtendo surpreendente resultado neste controle.  Em contrapartida, no Brasil, as autoridades governamentais em todas as esferas fazem acirrada campanha de combate aos “traficantes” – como se estes só existissem nas favelas. Ora, um poder maior  utiliza esses infelizes  como mão de obra descartável.    Uma política de descriminalização das drogas não interessa a quem tem o poder, porque muitos poderosos estão diretamente vinculados ao controle do comércio, distribuição e proteção deste lucrativo negócio.  Favelado não tem recursos materiais nem simbólicos para tocar um negócio de exportação e importação de cocaína.  Não sejamos hipócritas: é sabido que vários parlamentares, ministros e membros do judiciario, alta cúpula das forças de segurança estão envolvidos com os verdadeiros chefões desse negócio milionário. Preciso desenhar? 

  10. MISSÃO IMPOSSÍVEL – UMA CILADA

    A missão de intervenção militar para redução da bandidagem no Rio de Janeiro pode ser uma grande armação para DENEGRIR a IMAGEM das Forças Armadas. Já dá para ver pelo folheto distribuído, caso haja ações militares nas favelas a busca de bandidos e confronto armado, consequentemente mortes. Ai , ai, se isto acontecer…… Direitos Humanos (direitos dos manos), Rede Globo, OAB, ONGS VIVA RIO e demais defensores de bandidos vão cair matando sob a ação desenvolvida pelos militares.Vão desmoralizar as nossas Forças Armadas.

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