Com uma caneta na mão se prega o ódio que mata pessoas. Logo, é preciso limite

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Je ne suis pas Charlie

Por El Rafo Saldaña

No Em tom de mimimi

Em primeiro lugar, eu condeno os atentados do dia do 7 de janeiro. Apesar de muitas vezes xingar e esbravejar no meio de discussões, sou um cara pacífico. A última vez que me envolvi em uma briga foi aos 13 anos (e apanhei feito um bicho). Não acho que a violência seja a melhor solução para nada. Um dos meus lemas é a frase de John Donne: “A morte de cada homem diminui-me, pois faço parte da humanidade; eis porque nunca me pergunto por quem dobramos sinos: é por mim”. Não acho que nenhum dos cartunistas “mereceu” levar um tiro. Ninguém merece. A morte é a sentença final, não permite que o sujeito evolua, mude. Em momento nenhum, eu quis que os cartunistas da Charlie Hebdo morressem. Mas eu queria que eles evoluíssem, que mudassem.

Após o atentado, milhares de pessoas se levantaram no mundo todo para protestar contra os atentados. Eu também fiquei assustado, e comovido, com isso tudo. Na internet, surgiu o refrão para essas manifestações: Je Suis Charlie. E aí a coisa começou a me incomodar.

A Charlie Hebdo é uma revista importante na França, fundada em 1970 e identificada com a esquerda pós-68. Não vou falar de toda a trajetória do semanário. Basta dizer que é mais ou menos o que foi o nosso Pasquim. Isso lá na França. 90% do mundo (eu inclusive) só foi conhecer a Charlie Hebdo em 2006, e já de uma forma bastante negativa: a revista republicou as charges do jornal dinamarquês Jyllands-Posten (identificado como “Liberal-Conservador”, ou seja, a direita européia). E porque fez isso? Oficialmente, em nome da “Liberdade de Expressão”, mas tem mais…

O editor da revista na época era Philippe Val. O mesmo que escreveu um texto em 2000 chamando os palestinos (sim! O povo todo) de “não-civilizados” (o que gerou críticas da colega de revista Mona Chollet – críticas que foram resolvidas com a saída dela). Ele ficou no comando até 2009, quando foi substituído por Stéphane Charbonnier, conhecido só como Charb. Foi sob o comando dele que a revista intensificou suas charges relacionadas ao Islã – ainda mais após o atentado que a revista sofreu em 2011.

Uma pausa para o contexto. A França tem 6,2 milhões de muçulmanos. São, na maioria, imigrantes das ex-colônias francesas. Esses muçulmanos não estão inseridos igualmente na sociedade francesa. A grande maioria é pobre, legada à condição de “cidadão de segunda classe”. Após os atentados do World Trade Center, a situação piorou. Já ouvi de pessoas que saíram de um restaurante “com medo de atentado” só porque um árabe entrou. Lembro de ter lido uma pesquisa feita há alguns anos (desculpem, não consegui achar a fonte) em que 20 currículos iguais eram distribuídos por empresas francesas. Eles eram praticamente iguais. A única diferença era o nome dos candidatos. Dez eram de homens com sobrenomes franceses, ou outros dez eram de homens com sobrenomes árabes. O currículo do francês teve mais que o dobro de contatos positivos do que os do candidato árabe. Isso foi há alguns anos. Antes da Frente Nacional, partido de ultra-direita de Marine Le Pen, conquistar 24 cadeiras no parlamento europeu…

De volta à Charlie Hebdo: Ontém vi Ziraldo chamando os cartunistas mortos de “heróis”. O Diário do Centro do Mundo (DCM) os chamou de“gigantes do humor politicamente incorreto”. No Twitter, muitos chamaram de “mártires da liberdade de expressão”. Vou colocar na conta do momento, da emoção. As charges polêmicas do Charlie Hebdo são de péssimo gosto, mas isso não está em questão. O fato é que elas são perigosas, criminosas até, por dois motivos.

O primeiro é a intolerância. Na religião muçulmana, há um princípio que diz que o profeta Maomé não pode ser retratado, de forma alguma. (Isso gera situações interessantes, como o filme A Mensagem – Ar Risalah, de 1976 – que conta a história do profeta sem desrespeitar esse dogma – as soluções encontradas são geniais!). Esse é um preceito central da crença Islâmica, e desrespeitar isso desrespeita todos os muçulmanos. Fazendo um paralelo, é como se um pastor evangélico chutasse a estátua de Nossa Senhora para atacar os católicos. O Charlie Hebdo publicou a seguinte charge:

Qual é o objetivo disso? O próprio Charb falou: “É preciso que o Islã esteja tão banalizado quanto o catolicismo”. Ok, o catolicismo foi banalizado. Mas isso aconteceu de dentro pra fora. Não nos foi imposto externamente. Note que ele não está falando em atacar alguns indivíduos radicais, alguns pontos específicos da doutrina islâmica, ou o fanatismo religioso. O alvo é o Islã, por si só. Há décadas os culturalistas já falavam da tentativa de impor os valores ocidentais ao mundo todo. Atacar a cultura alheia sempre é um ato imperialista. Na época das primeiras publicações, diversas associações islâmicas se sentiram ofendidas e decidiram processar a revista. Os tribunais franceses – famosos há mais de um século pela xenofobia e intolerâmcia (ver Caso Dreyfus) – deram ganho de causa para a revista. Foi como um incentivo. E a Charlie Hebdo abraçou esse incentivo e intensificou as charges e textos contra o Islã.

Mas existe outro problema, ainda mais grave. A maneira como o jornal retratava os muçulmanos era sempre ofensiva. Os adeptos do Islã sempre estavam caracterizados por suas roupas típicas, e sempre portando armas ou fazendo alusões à violência (quantos trocadilhos com “matar” e “explodir”…). Alguns argumentam que o alvo era somente “os indivíduos radicais”, mas a partir do momento que somente esses indivíduos são mostrados, cria-se uma generalização. Nem sempre existe um signo claro que indique que aquele muçulmano é um desviante, já que na maioria dos casos é só o desviante que aparece. É como se fizéssemos no Brasil uma charge de um negro assaltante e disséssemos que ela não critica/estereotipa os negros, somente aqueles negros que assaltam…

E aí colocamos esse tipo de mensagem na sociedade francesa, com seus 10% de muçulmanos já marginalizados. O poeta satírico francês Jean de Santeul cunhou a frase: “Castigat ridendo mores” (costumes são corrigidos rindo-se deles). A piada tem esse poder. Se a piada é preconceituosa, ela transmite o preconceito. Se ela sempre retrata o árabe como terrorista, as pessoas começam a acreditar que todo árabe é terrorista. Se esse árabe terrorista dos quadrinhos se veste exatamente da mesma forma que seu vizinho muçulmano, a relação de identificação-projeção é criada mesmo que inconscientemente. Os quadrinhos, capas e textos da Charlie Hebdo promoviam a Islamofobia. Como toda população marginalizada, os muçulmanos franceses são alvo de ataques de grupos de extrema-direita. Esses ataques matam pessoas. Falar que “Com uma caneta eu não degolo ninguém”, como disse Charb, é hipócrita. Com uma caneta se prega o ódio que mata pessoas.

No artigo do Diário do Centro do Mundo, Paulo Nogueira diz: “Existem dois tipos de humor politicamente incorreto. Um é destemido, porque enfrenta perigos reais. O outro é covarde, porque pisa nos fracos. Os cartunistas do jornal francês Charlie Hebdo pertenciam ao primeiro grupo. Humoristas como Danilo Gentili e derivados estão no segundo.” Errado. Bater na população islâmica da França é covarde. É bater no mais fraco.

Uma das defesas comuns ao estilo do Charlie Hebdo é dizer que eles também criticavam católicos e judeus. Isso me lembra o já citado gênio do humor (sqn) Danilo Gentilli, que dizia ser alvo de racismo ao ser chamado de Palmito (por ser alto e branco). Isso é canalha. Em nossa sociedade, ser alto e branco não é visto como ofensa, pelo contrário. E – mesmo que isso fosse racismo – isso não daria direito a ele de ser racista com os outros. O fato do Charlie Hebdo desrespeitar outras religiões não é atenuante, é agravante. Se as outras religiões não reagiram a ofensa, isso é um problema delas. Ninguém é obrigado a ser ofendido calado.

“Mas isso é motivo para matarem os caras!?”. Não. Claro que não. Ninguém em sã consciência apoia os atentados. Os três atiradores representam o que há de pior na humanidade: gente incapaz de dialogar. Mas é fato que o atentado poderia ter sido evitado. Bastava que a justiça francesa tivesse punido a Charlie Hebdo no primeiro excesso. Traçasse uma linha dizendo: “Desse ponto vocês não devem passar”.

“Mas isso é censura”, alguém argumentará. E eu direi, sim, é censura. Um dos significados da palavra “Censura” é repreender. A censura já existe. Quando se decide que você não pode sair simplesmente inventando histórias caluniosas sobre outra pessoa, isso é censura. Quando se diz que determinados discursos fomentam o ódio e por isso devem ser evitados – como o racismo ou a homofobia – isso é censura. Ou mesmo situações mais banais: quando dizem que você não pode usar determinado personagem porque ele é propriedade de outra pessoa, isso também é censura. Nem toda censura é ruim.

Por coincidência, um dos assuntos mais comentados do dia 6 de janeiro – véspera dos atentados – foi a declaração do comediante Renato Aragão à revista Playboy. Ao falar das piadas preconceituosas dos anos 70 e 80, Didi disse: “Mas, naquela época, essas classes dos feios, dos negros e dos homossexuais, elas não se ofendiam.”. Errado. Muitos se ofendiam. Eles só não tinham meios de manifestar o descontentamento. Naquela época, tão cheia de censuras absurdas, essa seria uma censura positiva. Se alguém tivesse dado esse toque nOs Trapalhões lá atrás, talvez não teríamos a minha geração achando normal fazer piada com negros e gays. Perderíamos algumas risadas? Talvez (duvido, os caras não precisavam disso para serem engraçados). Mas se esse fosse o preço para se ter uma sociedade menos racista e homofóbica, eu escolheria sem dó. Renato Aragão parece ter entendido isso.

Deixo claro que não estou defendendo a censura prévia, sempre burra. Não estou dizendo que deveria ter uma lista de palavras/situações que deveriam ser banidas do humor. Estou dizendo que cada caso deveria ser julgado. Excessos devem ser punidos. Não é “Não fale”. É “Fale, mas aguente as consequências”. E é melhor que as consequências venham na forma de processos judiciais do que de balas de fuzis.

Voltando à França, hoje temos um país de luto. Porém, alguns urubus são mais espertos do que outros, e já começamos a ver no que o atentado vai dar. Em discurso, Marine Le Pen declarou: “a nação foi atacada, a nossa cultura, o nosso modo de vida. Foi a eles que a guerra foi declarada” (grifo meu). Essa fala mostra exatamente as raízes da islamofobia. Para os setores nacionalistas franceses (de direita, centro ou esquerda), é inadmissível que 10% da população do país não tenha interesse em seguir “o modo de vida francês”. Essa colônia, que não se mistura, que não abandona sua identidade, é extremamente incômoda. Contra isso, todo tipo de medida é tomada. Desde leis que proíbem imigrantes de expressar sua religião até… charges ridicularizando o estilo de vida dos muçulmanos! Muitos chargistas do mundo todo desenharam armas feitas com canetas para homenagear as vítimas. De longe, a homenagem parece válida. Quando chegam as notícias de que locais de culto islâmico na França foram atacados – um deles com granadas! – nessa madrugada, a coisa perde um pouco a beleza. É a resposta ao discurso de Le Pen, que pedia para a França declarar “guerra ao fundamentalismo” (mas que nos ouvidos dos xenófobos ecoa como “guerra aos muçulmanos” – e ela sabe disso).

Por isso tudo, apesar de lamentar e repudiar o ato bárbaro de ontem, eu não sou Charlie. No twitter, um movimento – muito menor do que o #JeSuisCharlie – começa a surgir. Ele fala do policial, muçulmano, que morreu defendendo a “liberdade de expressão” para os cartunistas do Charlie Hebdo ofenderem-no. Ele representa a enorme maioria da comunidade islâmica, que mesmo sofrendo ataques dos cartunistas franceses, mesmo sofrendo o ódio diário dos xenófobos e islamófobos, repudiaram o ataque. Je ne suis pas Charlie. Je suis Ahmed.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

70 Comentários

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  1. A morte dos cartunistas é

    A morte dos cartunistas é deplorável sob todos os aspectos e a indignação do mundo mais do que justificada. Mas onde ficou a indignação por conta dos atos dos norteamericanos agredindo povos mundo afora e matando civis inocente, inclusive mulheres e crianças, sequestrando suspeitos e torturando-os fora de seu território para burlar suas próprias leis, tudo com conhecimento de seus mais altos mandatários? E onde as passeatas  contra o engajamento de nações como a própria frança no bombardeio indiscriminado de nações que nunca lhes atacara ou praticara qualquer ato de beligerância contra franceses? Não sejamos hipócritas! O sangue francês é melhor que o dos Iraquianos, Líbios, Sírios e Palestinos? 

  2. Provoca a reflexão

    Ninguém em sã consciência apoia os atentados de Paris e também o da Nigéria, ontem. Neste, morreram cerca de 20 pessoas e se feriram outras 40 em um mercado por conta de uma bomba amarrada no corpo de uma adolescente. O fato não ganhou o mesmo realce do atentado francês. Corporativismo da mídia para encher a bola da imprensa? Talvez. Mas o texto acima, ponderado e bem escrito, suscita a reflexão sobre o poder do humor, os limites entre o humor com respeito e aquele sistemático e predatório. 

  3. Liberdade com responsabilidade

    “… Deixo claro que não estou defendendo a censura prévia, sempre burra. Não estou dizendo que deveria ter uma lista de palavras/situações que deveriam ser banidas do humor. Estou dizendo que cada caso deveria ser julgado. Excessos devem ser punidos. Não é “Não fale”. É “Fale, mas aguente as consequências”. E é melhor que as consequências venham na forma de processos judiciais do que de balas de fuzis….”

  4. Sou contra e abomino esses

    Sou contra e abomino esses ataques “terroristas”…porém, nada disso está fora de sintonia com algumas políticas de estado de certos países. O modo operativo dos “terroristas” e de certa agência de inteligência lá do norte…são distintos…mas a dita agência é muito mais letal…e afeta a tudo e a todos…nem por isso é capa de revista nem notícia de primeira página. Liberdade de imprensa é uma coisa. Tentar desestabilizar toda uma crença que é base de sustentação …é outra. Não existe “ponto sem nó”. A gente sabe o que certa agência faz quando quer “detonar” algum país…Começa pela cultura…crenças…e vai por aí. Então…essas  charges tem um objetivo: destruir .

  5. “Guerra entre fundamentalismos”

    Folha

     

    TARIQ ALI

    TENDÊNCIAS/DEBATES

    Guerra entre fundamentalismos

    Sacralizar um jornal satírico que dirige ataques a vítimas da islamofobia é quase tão tolo quanto justificar os atos de terror contra a publicação

    Foi um acontecimento terrível. Foi repudiado em muitas partes do mundo e de maneira mais veemente por cartunistas de países árabes e de outros lugares. Os arquitetos dessa atrocidade escolheram seus alvos com bastante cuidado. Eles sabiam muito bem que tal ato criaria o maior dos horrores.

    Foi a qualidade, não a quantidade que eles procuravam. Eles não dão a mínima para o mundo dos incrédulos. Como Kirilov em “Os Demônios”, romance de Dostoiévski, eles pensam que “se Deus não existisse, tudo seria permitido”.

    Ao contrário dos inquisidores medievais da Sorbonne, eles não têm a autoridade legal e teológica para assediar livreiros ou donos de gráficas, proibir livros ou torturar escritores, de modo que se sentem livres para dar um passo além.

    E os soldados de infantaria? As circunstâncias que atraem homens e mulheres jovens para esses grupos não são escolhidas por eles, mas pelo mundo ocidental no qual vivem –ele próprio é resultado de longos anos de domínio colonial.

    Os terroristas que realizaram o massacre no semanário satírico “Charlie Hebdo”, em Paris, na quarta-feira (7), gritavam “Deus é grande”. Não faço ideia se eles acreditavam que tinham sido acolhidos por Deus ou que estavam a mando dele, mas o que sabemos é que os dois irmãos parisienses –Chérif e Said Kouachi– eram maconheiros cabeludos que viram imagens da Guerra do Iraque, em 2003, e, em particular, das torturas na prisão de Abu Ghraib e dos assassinatos a sangue frio de iraquianos em Fallujah.

    Esses rapazes buscaram conforto na mesquita. Foram recrutados por radicais islâmicos que viram na “guerra ao terror” do Ocidente uma oportunidade de ouro para recrutar jovens tanto no mundo muçulmano como nos guetos da Europa e da América do Norte.

    Enviados primeiro ao Iraque para matar americanos e, mais recentemente, à Síria (com a conivência do Estado francês?) a fim de derrubar Bashar al-Assad, eles foram ensinados a utilizar armamentos de forma eficaz. De volta à Europa, colocaram em prática os seus conhecimentos. Eram perseguidos e o semanário representava seus perseguidores. Deixar o horror nos cegar para essa realidade seria miopia.

    O “Charlie Hebdo” nunca escondeu o fato de que continuaria provocando os muçulmanos com blasfêmias ao profeta. A maior parte dos muçulmanos estava com raiva, mas ignorou os insultos.

    Para a publicação, era uma defesa dos valores seculares republicanos contra todas as religiões. O semanário atacava ocasionalmente o catolicismo, dificilmente –ou nunca– o fazia contra o judaísmo, mas concentrou sua ira sobre o islã.

    A secularidade francesa de hoje significa, essencialmente, qualquer coisa que não é islâmica. Defender o direito de publicar o que quiserem, independentemente das consequências, é uma coisa, mas sacralizar um jornal satírico que dirige ataques regulares àqueles que já são vítimas de uma islamofobia desenfreada nos EUA e na Europa é quase tão tolo quanto justificar os atos de terror contra a publicação.

    A França tem leis para restringir liberdades se há alguma suspeita de que elas possam causar agitação social ou violência. Até agora elas têm sido usadas para proibir apenas as aparições públicas do comediante francês Dieudonne por causa de piadas antissemitas e proibir manifestações pró-palestinos.

    Mas isso não é visto como algo problemático por uma maioria de franceses que chia bem alto. Também não houve vigílias pela Europa quando se soube há alguns meses que foi utilizada tortura contra prisioneiros muçulmanos entregues à CIA por países europeus.

    Há um pouco mais que sátira em jogo. O que estamos testemunhando é um conflito entre fundamentalismos rivais, cada um mascarado por diferentes ideologias.

    A economia política da Europa está confusa e, na ausência de uma alternativa real ao capitalismo (não apenas ao neoliberalismo), o vácuo político vai crescer e novas forças emergem na luta pelo poder.

    A extrema direita está em ascensão na França. Marine Le Pen está na vanguarda, liderando as pesquisas para a próxima eleição presidencial, sempre relacionando os recentes acontecimentos à imigração desenfreada e dizendo que ela sempre havia alertado para isso.

    Que pena que o filme de Gilli Pontecorvo “A Batalha de Argel” (1966) ainda tenha que ser visto em Marselha. Algumas liberdades são claramente mais preciosa que outras.

    TARIQ ALI, 71, escritor paquistanês, é autor de “O Poder das Barricadas” (Boitempo), dos romances que formam a coleção Quinteto Islâmico (Record), entre outros livros. É membro do conselho editorial da revista britânica “New Left Review”

  6. Parei no “Em primeiro lugar,

    Parei no “Em primeiro lugar, eu condeno os atentados do dia do 7 de janeiro”…..

    Nem sei se o cara realmente tá pregando mesmo que a Liberdade de expressão não seja tããããããããão liberdade assim. Sabe como é….

    O que me incomodou foi o cara abrir o texto dessa forma que me remeteu ao “Eu já votei no Lula no passado mas…….”

    E olhando as chages da Charlie pq esse povo seleciona só as referentes ao Islâ??

    Sempre achei as melhores aquelas que eles falam da zona do euro e da politica francesa. (especialmente das taras sexuais dos últimos presidentes).

    Só um adendo que quase ninguém falou (acho). A direita do Islã sempre ajudou a direita européia. Ambas se retroalimentam. Terroristas religiosos de um lado, xenófobos e racistas do outro.

    Quem paga com sangue sempre é a esquerda. Da França e do Islã.

    Me lembrei disso ao ver agora o presidente de Israel (que não ouso citar o nome)  na passeata em homenagem ao Charlie e contra o terrorismo. Uma piada tão imunda que nem o mais insano dos charlies poderia pensar…

    .

    “eu marcho, mas estou consciente da confusão e hipocrisia da situação”

    1. Também achei estranha a

      Também achei estranha a presença do Bibi. Até porque, parece que os charlies pouco, ou nunca, o homenagearam com suas charges.

  7. O clichê ” eu condeno o

    O clichê ” eu condeno o ataque ” e infalivel quando o sujeito quer relativizar algo inegociavel e justificar algo injustiicavel

    Mais um texto que temos que aturar,  afinal ele tem o direito de falar bobagens  e pode ficar tranquilho pois  ninguem vai mata-lo por isso…rs

    1. pois é, leonidas…

      se algo não pode ser resolvido, como nunca foi, e há séculos, não há como separar um ponto ou ato específicos, como um todo, para se condenar ou até mesmo aceitar como o certo

      cada um que faça isso dentro do seu grupo, mas sem ultrapassar os limites que não tenham sido resolvidos, como aceitos ou toleráveis ou justificáveis, a nível mundial

      tens razão, da forma que entendi:

      ninguém pode condenar o que é aceito por outros só para justificar o que considera ser o certo

  8. Um monte de bobagens está

    Um monte de bobagens está sendo dita por milhões de novos especialistas da Charlie Hebdo mundo afora.

    Aqui mesmo neste blog e em outros sites, acusações absurdas provenientes da mesma velha direita de sempre ou de carolas,  (ás vezes travestidos de esquerda), inundam a web com denúncias falsas e ofensas aos chargistas da revista. Até mesmo o Nassif, com toda a sua experiência, caiu nessa.

    Bora botar alguns pontos nos is….

    O Charlie Hebdo era racista?

    DCM

    je-ne-suis-pas-charlie

     

    O mundo inteiro ganhou, em dois dias, milhões de especialistas instantâneos na história do Charlie Hebdo. Juntamente com o movimento “Je Suis Charlie”, veio a negação “Je Ne Suis Pas Charlie” (“Eu Não Sou Charlie”).

    No meio deste grupo, surgiu uma onda apressando-se em justificar, de alguma maneira, o massacre dos cartunistas com base no clássico “quem mandou?”

    Os artistas seriam racistas. Para provar, ilustrações do DH estão sendo compartilhadas. Duas delas estão circulando intensamente entre os campeões desta tese.

    Uma mostra uma negra como uma macaca. A segunda, um negro com, perdoe meu francês, uma banana no rabo. Há outros desenhos, igualmente pinçados sem critério algum e sem contexto.

    A negra é a ministra Christiane Taubira. Em 2013, ela foi chamada de macaca por uma política da direitista Frente Nacional. O Charlie Hebdo fez uma denúncia disso. A bandeirinha no canto direito é uma referência à FN. Não é um endosso. Taubira ficou grata.

    Pouco depois da tragédia, Taubira deu uma entrevista a uma rádio, em frente ao CH, dizendo que era preciso que os franceses se organizassem para que a próxima edição saísse. “Nós não podemos admitir que o Charlie Hebdo desapareça”, afirmou.

     

    taubira - charlie

     

    O homem da outra charge é o comediante francês Dieudonné, autor do gesto da “quenelle”, uma espécie de “banana”, imitado por jogadores de futebol como Anelka. Dieudonné é amigo e aliado de Jean Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional, de extrema direita, fortemente antiimigração. O humorista tornou-se também revisionista do Holocausto.

    A estranha necessidade de enxovalhar a reputação dos jornalistas nasce também da noção de que apenas vítimas perfeitas merecem justiça. O que não é o caso dos criadores do CH — um jornal feito para a polêmica, absolutamente anárquico, ultrajante e eventualmente de mau gosto.

    Uma leitora francesa deixou um comentário aqui no DCM. Publico alguns trechos:

    “Não sei se devo rir ou chorar. Sou francesa e quando estou lendo que ‘tratar como heróis cartunistas alinhados à visão imperial de seu país é e sempre será um erro’ ou ‘será que ao retratar sempre os árabes com bombas e espadas a revista não estava também estimulando o que existe de pior em seu público?’ só quero dizer que vocês nunca entenderam as criticas que fazia Charlie Hebdo…

    Esse jornal, apoiando a visão imperialista da França na África? Apoiando essas políticas de exclusão dos jovens de origem árabe, que não encontram trabalho na França?

    Mas isso é tudo o que Charlie Hebdo estava denunciando. As caricaturas desrespeitosas tinham o objetivo de denunciar todos esses fenômenos de extremismo religioso, como o terrorismo, que não tem nada a ver com os muçulmanos. (…)

    Se vocês não percebem a sátira dos desenhos, ou se vocês não gostam, tudo bem. Mas, por favor, nesse clima duro que a França está atravessando, seria de bom tom não pegar atalhos e espalhar desinformação, ou pior, bobagens, sobre as mensagens políticas do jornal.”

    dieudonné

     

    Em 2013, Stephane Charbonnier, o Charb, falou das acusações de racismo. Charb foi um dos chacinados:

    “O Charlie Hebdo está se sentindo decididamente doente. Porque uma mentira inacreditável está sendo dita: o Charlie Hebdo tornou-se um panfleto racista.

    Estamos quase com vergonha de lembrar que o anti-racismo e uma paixão pela igualdade entre todas as pessoas são e continuam a ser os princípios fundadores do Charlie Hebdo.

    (…)

    Charlie Hebdo é filho de maio de 68, do espírito de liberdade e insolência. O Charlie Hebdo da década de 1970 ajudou a formar o espírito crítico de uma geração. Zombando dos poderes e dos poderosos. Por rir, às vezes escandalosamente, dos males do mundo. E sempre, sempre, sempre defendendo os valores universais do indivíduo.

    Por que essa idéia ridícula se espalha como uma doença contagiosa? Somos islamofóbicos, afirmam aqueles que nos difamam. O que significa, em sua própria novilíngua, que somos racistas.

    Quarenta anos atrás, era considerado obrigatório zombar da religião. Qualquer um que começou a perceber para onde o mundo estava indo não poderia deixar de criticar o grande poder dos maiores organismos clericais. Mas de acordo com algumas pessoas, na verdade, mais e mais pessoas, atualmente você tem que calar a boca.

    O Charlie ainda dedica muitas de suas capas a ilustrações papistas. Mas a religião muçulmana, imposta a inúmeras pessoas em todo o planeta, deve ser de alguma forma poupada.

    Por que diabos? Qual é a relação, a menos que seja apenas ideológica, entre o fato de ser árabe, por exemplo, e pertencer ao Islã? (…)

    Nós nos recusamos a fugir de nossas responsabilidades. Mesmo que isso não seja tão fácil como em 1970, nós vamos continuar a rir dos padres, dos rabinos e dos imãs – quer isso os agrade ou não. Somos minoria nisso? Talvez, mas ainda assim estamos orgulhosos. E aqueles que pensam que o Charlie é racista deveriam, pelo menos, ter a coragem de dizer isso em alto e bom som. Nós saberemos como responder a eles.”

     

    A ministra Christiane Taubira chega ao local da chacina em Paris

    A ministra Christiane Taubira chega ao local da chacina em Paris

     

    1. sintoma de decadência cultural.

      Você pode estar completamente certo. Mas não se luta contra um inimigo com suas armas. O charlie fez alguma caricatura de Marine Le pain? como? qual? se alguém sober me informe. Vamos falar sério: as caricaturas são no mínimo de péssimo gosto. O catolicismo se esvaziou na Europa e especialmente na França não com caricaturas de Jesus com o c… para o alto. Foi com o argumento racional, muitas vezes com a ironia refinada. O que aconteceu com o bom gosto e a racionalidade dos franceses?? morreu nas barricadas de 1968??? Ver caricaturas desse quilate no país de Descartes, Voltaire e Rosseau só é mais um sinal da decadência cultural da França.
       

  9. Simplesmente vítimas do processo do qual participavam
    Gostei muito do texto acima, segue mais um que não é Charlie. Faz dois dias que quero reagir de uma forma ou outra para gozar deste valor fundamental e precioso que é a livre expressão e escrever: “Não sou Charlie” Seria simplesmente satírico no extremo, do jeito que eles gostavam, não é? Além disso, tenho também meus problemas com a França… Todavia, gritar essas três palavras é bem complicado. Morreu muita gente, de um jeito ridículo e horroroso. Não conheço bem a obra dos tais de Charlies, mas é óbvio que os dois doentes mentais que atiraram neles apagaram ao mesmo tempo muito talento. Também destruíram muitas famílias, o que é ainda mais grave. Nem se fala da pressão sobre o cidadão francês que tem um nome e um sobrenome árabe, e que realmente não precisava disso. Conheço o assunto, testemunhei o drama do racismo durante muitos anos. E o desrespeito ao profeta? Mereciam levar uns tiros para isso? Sou totalmente contra o que eles fizeram, mas era o trampo deles, eram ateus (citando Cabu e Wolinsky), e atacavam todo mundo. Porém, em alguns casos, a liberdade de expressão tem limites, como no caso dos ataques à religião muçulmana no contexto francês. O Muçulmano (me desculpem a generalização, sei muito bem da diversidade) tem sido estigmatizado de um jeito vergonhoso, especialmente desde a queda do “inimigo” soviético. (recomendo a leitura de Edward Saïd). Nada justifica esses crimes, mas Charlie Hebdo participou indiretamente de um mecanismo extremamente perigoso e acabou pagando o preço alto. A França foi quem começou mais cedo, e o caso da guerra da Argélia não foi resolvido até hoje (apesar de uns pequenos sinais de progresso). As raízes do racismo do estado francês vêm de seu passado colonial, que o apartheid em vigor na Argélia (considerada território francês pleno) até 1962 tornou ainda mais complexo. No papel, a República diz que todo mundo e igual, mas na prática não é o caso. O estado é o grande responsável para isso, pois não aceita que depois de centenas de anos de colonialismo, um Francês pode ser de todas as cores, de todas as religiões. Hoje, se não tivesse uma segregação espacial e socioeconômica muito forte, tudo iria ficar bem tranqüilo. Teria alguns problemas, sempre tem, mas a coisa toda iria evoluir do jeito certo. Só seria uma questão de tempo. O que o estado francês não entende e que essa diversidade e uma vantagem, e que gostando ou não, ela É a França. É este ponto que Charlie Hebdo tinha que respeitar e entender melhor. O racismo do estado francês, principalmente contra os “Árabes”, é um drama para MUITAS famílias. Drama ainda maior são os armamentos ocidentais e suas tropas de elite (inclusivo francesas) que mataram e estão matando MILHARES de civis nos países muçulmanos há muitos anos. Tem outros alvos? Tem. Mas os muçulmanos são os principais em termo de ação internacional conjunta (estado, mídia e militares). A ferramenta para justificar essas ações tem sido estigmatizar uma religião – racismo escondido atrás de um laicismo alterado que permite atingir o povo considerado “DIFERENTE”. As provocações de Charlie Hebdo participavam deste processo, intencionalmente ou não. A ironia maléfica é que quem voltou para eles foi exatamente o extremismo, muitas vezes financiado por grandes potências (e “aliados”) que alimentam o mecanismo permitindo esta estigmatização chamada hoje de ISLAMOFOBIA. Quem os matou não foi o religioso, nem moderado, nem fanático. Foram as bombas, o racismo e a precariedade: fatores que produzem pessoas ideais para se tornarem extremistas e garantem a continuidade do mecanismo cujo gasolina e existência do terror. Não sou Charlie porque não aceito este processo de Islamofobia. Mas não deixo de ter respeito para eles porque que arriscaram a vida em nome do ideal deles. Tem que respeitar também os policiais que morreram. A cara deles foi bem menos divulgada. E meus últimos pensamentos vão para os reféns que não tinha nada a ver com isso, que estavam no lugar errado na hora errada e cruzaram o caminho de um psicopata.

  10. Os mortos enterrando os seus mortos( Jesus).

      O chargista( jornalista) degola,estupra,mata, incentiva a violência e denigre reputações e culturas . Temos aqui exemplos aos montes; Reinaldo Azevedo, Catanhede,Sheherazade. Só para citar alguns. O que assistimos são exemplos de como fundamentalistas religiosos reagem a fundamentalistas religiosos. A guerra ¨eterna¨, da extrema Ignorância .Quando os fundamentalistas carregam os seus mártires em ruidoso cortejo fúnebre, em nada difere do cortejo de Paris.

     

         

       

  11. para se viver tranquilamente nesse mundo…

    os limites da lberdade de expressão e da liberdade religiosa precisam ser os do mundo, e não apenas os determinados por cada grupo ou sociedade localizada

    imprensa que não tem limites ou que se julga no direito de não respeitar os limites do mundo, é tão perigosa, tirânica e opressora quanto os caras que praticaram esta barbárie

    tudo o que não pode ser resolvido com uma simples gozação, aí reside o limite que a imprensa deve respeitar

    ultrapassado este limite ou os limites de cada grupo, tudo o que acontecer de ruim é por culpa de todos

  12. Je ne suis pas Charlie

    Demorei uma pouco para me posicionar sobre tudo isto, talvez eu esperasse quando a hipocrisia iria vencer o luto. Hoje uma manifestação com mais de 50 chefes de estado acontece na França. E entre os chefes de estado lá na frente, está Benjamin Netaniahu, um genocida de árabes. Esta é a cereja no bolo mal feito que se tornou o Je suis Charlie. Não vou avançar sobre os conceitos de humor, vou me ater a uma caracteristica comum a todas as culturas. Humor causa riso, e riso é uma forma civilizada de rosnar para o outro. Rir, é rir do outro mesmo que este outro seja o outro que somos nós. Desse modo os Charlies estavam rindo do OUTRO MUÇULMANO. Um ato covarde pois ri dos oprimidos em suas nações e nas nações dos outros. Que é roubado em sua nação e na dos outros. A violencia também é uma forma de expressão que em nossos dias e em muitos momentos da humanidade é usada com validade em casos que a civilização suas instituições e sua justiça não resolvem os conflitos e pior que isto, escolhem um lado para ter legitimidade de ser violento e incivilizado. Alguns podem dizer que incito a violencia, mas eu acho que Locke queria dizer exatamente isto. Se os vencedores da revolução francesa tivessem perdido eles seriam considerados terroristas. Creio que pelo andar da manifestação de hoje, os hipocritas vão liderar e fazer mais do mesmo. Massacrar os muculmanos de todas as maneiras possiveis, de papel e caneta passados. Alguém aqui disse que não leu e não gostou, é o império da mediocridade e adubo da hipocrisia. abs

    1.  O presidente da Autoridade

       O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Abbas, também estava na manifestação, ao lado de Netaniahu, bem como outras lideranças políticas árabes. Na cerimônia na Sinagoga, estavam as principais líderes religiosos muçulmanos da França. Quanto à referência à Revolução Francesa, nela houve perdedores, como você deve saber: vários revolucionários do chamado Terror foram guilhotinados…

      1. Quem ganhou com isto foi

        Quem ganhou com isto foi Israel . . . . . O irmão do policial morto disse que os assassinos nao eram nem árabes e nem muçulmanos . . . . os assassinos nao eram suicidas, tinham certeza de que conseguiriam escapar, pois usavam mascaras e até luvas para nao deixar impressão digital . . . . correram para escapar em um lugar de nogocios judeu, mas os caras então fecharam a porta e um terceiro membro jogou passaporte dentro do carro . . . . ou seja, fecharam a porta e botaram uma etiqueta nos caras . . . . pra mim é o mesmo caminho que foi usado no caso Kenedy, treinam um cara, levam o cara para o desfecho, e logo após tiram a escada para justificar apagar o sujeito . . . . Repito, o unico que ganha com isto tudo é o Estado de Israel e seu chefe de bando Benjamin Netanyahu.

  13. é muito fácil fazer graça com os problemas dos outros…

     e que a depender do grupo não são problemas, mas sim tradição

    entendê-los como merecedores de respeito é que são elas, quase ninguém faz

  14. se bem que, acredito…

    temos política de dominação dos dois lados

    de um lado a ciência pega o nada e transforma em maravilhas a serem vendidas

    e do outro pegam a tradição, o descohecido, e transformam em algo para impôr respeito

    um quer vender e o outro, que não quer comprar, quer que respeitem e valorizem o que se tem

     

    no meio desses dois, a humanidade ainda terá muito com o que se estrepar e sofrer horrores

  15. O lápis contra a metralhadora

    Essa discussão, no que tange à Charlie Hebdo e o Islã, está vencida e é inadequada, se é que estamos discutindo se o humor tem que ter limites e não algum outro ponto ainda oculto e dissimulado.

    A discussão começou a acabar a partir da declaração de Imãs, de muitos muçulmanos mundo afora, de que aquilo não foi feito em seus nomes. Um Imã francês (que aliás está nesse momento na Grande Sinagoga de Paris, onde está sendo realizada uma cerimônia em homenagem às vítimas) perguntou, no dia seguinte ao ataque: “Vingou o profeta? Que profeta? O profeta deles era Satã?”.

    Esse debate – repito, no que diz respeito à Charlie Hebdo e seu relacionamento com os muçulmanos – foi soterrado de vez com o discurso de sexta-feira do líder do Hezbollah, quando disse que ações desse tipo fazem muito mais mal ao Islã que um livro, um filme, um desenho.

    Não dá mais para, honestamente, atribuir aquelas ações a muçulmanos revoltados. Não eram muçulmanos. 

    Eram simplesmente canalhas.

    Agora, seguindo avante, se for para discutir se o humor tem que ter limites, a pergunta é: o critério será respeitar as sensibilidades humanas? Cada um ferve em temperatura diferente. Conheço militantes políticos, de esquerda, com postura emocional semelhante à dos missionários evangélicos. Seu partido é pra eles o que a religião é para os fiéis. E aí, essas sensibilidades não têm que ser respeitadas? Por que não? Se sim, por que sim?

    Há necessidade de se discutir se o humor tem que ter limites? Por que? Para não ferir sensibilidades ou para evitar ações de canalhas? Se for por este último motivo, é perda de tempo, os canalhas agirão com ou sem pretensos motivos.

     

    1. Se não eram muçulmanos, eram

      Se não eram muçulmanos, eram o que então ? Testemunhas de Jeová ? Ubandistas ? Mórmons ? Ou, quem sabe, vieram de marte ?…

      1. Já respondi esse mesmo

        Já respondi esse mesmo comentário aí em cima, respondo novamente, de outro jeito.

        O sujeito é católico. Comete um crime. Alguém dirá: “o católico cometeu o crime”? Ninguém dirá isso, porque na hora do crime ele não era católico. Ele era só um criminoso. E pouco importa a religião que ele acha que ele tem.

        A partir do momento que os dois assassinos começaram a planejar o massacre, não eram mais muçulmanos (se é que algum dia o foram).

        Destacar que “os dois muçulmanos mataram”, “o muçulmano matou”, é divulgar a idéia de que os muçulmanos são assim, todos violentos, loucos.

        Falso. Mentira.

        Eram só dois canalhas.

    2. Se não eram muçulmanos, eram

      Se não eram muçulmanos, eram o que então ? Testemunhas de Jeová ? Ubandistas ? Mórmons ? Ou, quem sabe, vieram de marte ?…

      1. Muçulmanos franceses assim o

        Muçulmanos franceses assim o disseram.

        Não sei o que caracteriza um muçulmano. Presumo que lideranças muçulmanas o saibam.

        Assisti na tv um Imã francês, no dia do atentado ou no dia seguinte, dizer: ” Eles disseram que vingaram o profeta. Que profeta é esse? Quem é o profeta deles? É Satã?”.

        Lideranças muçulmanas do mundo inteiro, inclusive aqui do Brasil, declararam que aquilo não tem nada a ver com a religião muçulmana.

        Na mercearia judaica, no atentado da sexta-feira, um muçulmano salvou a vida de judeus, inclusive um bebê, escondendo.-os num compartimento da mercearia.

        Repetindo, nada sei sobre essa religião, mas mesmo a mim parece evidente que o verdadeiro religioso é esse que salvou, não o assassino.

        1. Jura ? Ah, que bom então !

          Jura ? Ah, que bom então ! Mas eles se apresentam como guerreiros islâmicos, matam em nome do Islã, morrem por Maomé e agora querem me dizer que não são muçulmanos ? Assim é fácil não ? Fica combinado assim então, o Islã é a religião do amor e da paz, a comunidade não tem responsabilidade nenhuma nisso, essas pessoas não saíram de lá, não tinham pais, tios e avós ali, de lá não receberam nenhum apoio, enfim, mais uma vez, “NÓS NÃO SABÍAMOS !”  

          Ora, é evidente que a imensa maioria dos muçulmanos é pacífica e contra o terrorismo, ninguém de boa fé duvida disso mas o que acontece é que essa maioria tem que assumir a sua parte na solução do problema, pois se quiserem podem sim resolver o problema, ou, no mínimo, denunciar os radicais. Mas a eles, nada é  cobrado, são inatacáveis, acima de qualquer crítica, sempre inocentes, sempre vítimas do preconcetio..; Por que será hein ? Mas uma coisa é certa, as 4 milhões de pessoas nas rua ontem foram uma mensagem muito clara para todos os islãmicos na Europa. Diante da covardia dos políticos, o povo começa a falar.

          1. Não é verdade.
            A frase

            Não é verdade.

            A frase marcante que está sendo proferida por lideranças muçulmanas do mundo inteiro, e que foi destaque ontem na manifestação de Paris, “Não em nosso nome”, é uma, apenas mais uma, prova disso.

            Não enxergar os muçulmanos presentes, lideranças à frente, ontem, no ato em Paris, é não querer enxergar. Estavam escancaradamente à vista.

            A Europa começará, começa, começou a varrer Marinne Le Pen e seus correlatos europeus para a lata de lixo da História. Não há espaço para ela continuar com suas idéias – odeia o próximo como te amas a ti mesmo – numa sociedade que pretende ser civilizada.

        2. Quanto ao atentado, não há dúvidas.

          Caro Mauro.

          Quanto ao atentado não há dúvidas e nenhuma pessoa razoável de esquerda, de centro ou de direita, apoiam o atentado.

          O que se fala é sobre a origem do atentado, primeiro a quem interessa e segundo qual o resultado prático que o Charlie Hebdo teve com sua campanha sistemática contra os muçulmanos, e digo claramente, campanha sistemática contra todos os muçulmanos.

          Podem escrever um milhão de vezes que as charges eram contra os radicais da Al-Qaeda ou do EIIS, porém para qualquer muçulmano quando se publica uma charge do Profeta numa situação injuriosa, está se ofendendo TODOS e não os radicais.

          Aí vem a pergunta, o corpo editorial do Charlie Hebdo não era composto de idiotas e imbecis que não sabiam disto, eles sabiam perfeitamente que quesenhar uma charge do Profeta ofenderia toda a comunidade muçulmana além de estigmatiza-la.

          A questão básica que foi levantada foi a campanha “Je suis Charlie”, e aí que começa a discussão. A frase implícitamente coloca quem a subscreve como alguém que aceita as publicações do Charlie Hebdo, e quem escreve que não é Charlie não quer dizer implicitamente que esteja apoiando o assassinato dos jornalistas. Eu por exemplo participaria de qualquer ato que abominasse toda e qualquer selvageria terrorista de QUALQUER grupo, religioso, político ou mesmo mercenário, porém entre negar atos brutais e inumanos e aderir a uma linha editorial de uma revista qualquer, é outra coisa.

          Vamos exemplificar melhor, por exemplo se surja um grupo radical qualquer no Brasil, religioso ou político, que não satisfeito com a linha editorial de Veja ou da Globo, pratique um atentado contra qualquer pessoa que presida ou trabalhe nestes grupos, certamente 99,99% das pessoas que criticam estas empresas (o 0,01% ficam para os loucos e imbecis) nem de perto apoiarão este ato. O que significa isto, é que estes 99,99% vão sair no outro dia com um cartaz “Eu sou Veja”, não as pessoas vão sair com cartazes contra qualquer violência contra estes órgãos de imprensa, mesmo que esta violência só tenha atingido a unha do pé do diretor da empresa.

          Uma coisa é o respeito a vida, outra coisa é o apoio a linha editorial.

          Volto a repetir para que fique bem claro, apoio a vida das pessoas, ou mesmo só a sua integridade física parcial é algo inquestionável e indescutível, mas a forma com que se leva uma linha editorial de um órgão de Imprensa é e deve ser discutida, isto não é censura.

          .

          Logo que fique claro mais uma vez, eu sou pela vida de qualquer ser humano, Francês, Muçulmano, Israelense, Nigeriano, Norte-americano,….mas não sou pela linha editorial de qualquer órgão de imprensa.

          1. Perfeito Rdmaestri!  E

            Perfeito Rdmaestri!  E destaco do teu comentário (o grifo é meu):

            “Eu por exemplo participaria de qualquer ato que abominasse toda e qualquer selvageria terrorista de QUALQUER grupo, religioso, político ou mesmo mercenário, porém entre negar atos brutais e inumanos e aderir a uma linha editorial de uma revista qualquer, é outra coisa.

            Uma coisa é o respeito a vida, outra coisa é o apoio a linha editorial.”

          2. Rdmaestri,
             
            O grito,

            Rdmaestri,

             

            O grito, desabafo, afirmação serena, “Je suis Charlie”, não tem motivação única. Só a partir do momento em que quem se diz Charlie explicita seus motivos é que podemos, primeiro, tomar conhecimento, depois, procurar entender e, daí então, avaliar.

            Idem com o movimento “Je ne suis pas Charlie”, não tem motivação única. Acho que estamos todos de acordo sobre isso. Ninguém em sã consciência poderia considerar que Leonardo Boff e Jean-Marie Le Pen, que são os mais famosos extremos de que me lembro agora e que expressamente vieram a público para dizer que não são Charlie, não o sejam pelos mesmos motivos.

            Para continuarmos, há que forçosamente ter cuidado com uma coisa que é fundamental. Charlie Hebdo, entre tantos outros combates que sempre travou e trava, combate todas as religiões, convencida que está que todas as religiões impedem a humanidade de progredir. Combate a religião judaica, não o povo judeu. Combate o cristianismo, não os povos cristãos. Combate a religião muçulmana, mas não os povos que abraçaram esta fé. Não combate os povos e muito menos cada indivíduo.

            A demissão do Sinet, que tem gente abordando por aí e também aqui, foi exatamente por isso.  O editor de então, Philippe Val, considerou os comentários de Sinet sobre a iminente conversão do filho do Sarkozy ao judaīsmo, publicados por Charlie Hebdo, uma intolerável intromissão na vida particular de um cidadão. Sinet saiu do jornal, dizendo que foi demitido. Philippe Val ainda hoje afirma alto e bom som que no ocorrido o Sinet, instado por Val a pedir desculpas ao filho do Sarkozy, preferiu se demitir.  Depois, veio a público dizer que foi demitido, foi à justiça, ganhou em primeira instância, ganhou na segunda, a conta até a última vez que acompanhei o caso estava em quase cem mil euro, não sei em que pé está o processo agora, se já terminou, enfim, não importa.

            Não há a menor possibilidade de uma revista com essa posição política e postura ética mover uma campanha sistemática contra os muçulmanos, como voce afirma. Repetindo, contra a religião, sim, contra os povos seguidores, de jeito nenhum. NInguém, podem vasculhar as edições do jornal, encontrará prova do contrário.

            É importante ter claro mais um ponto para não cometermos erros de avaliação. Não se iluda. Mesmo se a Al Qaeda e o ISIS vierem a acabar, Charlie Hebdo continuará a criticar a religião muçulmana. Voce deve saber que a Charlie pega pesado também com Israel. Mesmo, imaginemos para efeito apenas de debate, que surja uma paz verdadeira no Oriente Médio. Palestina e Israel em paz, ótimos vizinhos, etc…etc… Nesse cenário imaginado, Charlie Hebdo continuará a criticar o judaìsmo.

            É sua posição política. Além disso, está convencida que se não o fizer, se deixar de externar essa posição, é a capitulação. Por medo. Não fez e não fará.

            É extremamente doloroso ver alguém ser acusado de algo que voce sabe que a pessoa não fez, quando esse alguém não está vivo para se defender. Charb, em uma de suas entrevistas, demonstrou seu espanto e mágoa quando, não me lembro agora quando foi o caso e a troco de quê, corria na França, à boca pequena, que Charlie Hebdo era racista. Pediu, venham nos acusar diretamente, sabemos nos defender.

            Isto posto, prosseguindo, pegando o exemplo que voce trouxe, que considero bom, peço licença para fazer uma alteracão importante, a saber, substituir “Veja” por Danilio Gentili e Rafinha Bastos, tão insuportáveis quanto, o exemplo não perderá qualidade. Queria fazer essa alteração para ressaltar a importància do humor e seu poder corrosivo.

            Se, Deus os livre, Gentili e Rafinha sofressem algo semelhante ao ocorrido, por causa de alguma das bobagens que eles falam, eu usaria uma camiseta “Sou Gentili e Rafinha”. Evidentemente, voce já deve ter percebido, não sou Gentili e Rafinha. Nem sei se ainda continuam os idiotas que eram, aliás. Usaria a camiseta, nesse caso, pra dizer que na minha cabeça quem se julgar ofendido por quem quer que seja, pelo que quer que seja, vai à justiça. Faz manifestação. Convida outros pra manifestações. Se foi vítima de piadas cretinas dos dois tontos em pauta, faça uma piada melhor. Ou, se humor não for seu forte, divulgue uma carta aberta em tom sério desmontando e desmistificando as bobagens ofensivas.

            Esse meu motivo seria a defesa do estado de direito. Não teria problema alguma em marchar na Paulista ao lado do, digamos, Reinaldo Azevedo. A motivação dele seria diferente. Só tomaria o cuidado pra levar algum cartaz que nos diferenciasse.

            Foi isso que foi visto ontem em Paris. Havia alguns cartazes de quem procurou destacar porque era Charlie.

            Por fim, liberdade de expressão, pra mim, tem que ser igual o direito de greve deveria ser: existe o direito de greve. Ponto.

            Só que no caso da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa, é indispensável o direito de resposta. E, claro, quem mente, descaradamente ou não, ou calunia, ou difama, como tantas vezes vemos na “grande mídia” brasileira, tem que responder na Justiça. E sofrer esculachos pacīficos, seja nas ruas, seja virtualmente, como quando por exemplo saiu na internet a satirização da capa criminosa de Veja da véspera do segundo turno das eleições do ano passado.

             

             

             

             

             

             

             

             

             

          3. Ninguém combate feras famintas dando-lhes alimento.

            Caro Mauro.

            Ninguém trava combate a um bando de animais ferozes e famintos alimentando-os regularmente todos os dias. Esta contradição que me faz pensar quem a linha editorial do Charlie Hebdo ultrapassa em muito o mero discurso formal de combater as religiões porque as mesmas impedem o progresso da humanidade.

            Qualquer reflexão mais profunda desfaz este mito de combate através da ridicularizarão de todas as grandes religiões monoteístas, primeiro porque este raciocínio das religiões impedirem o progresso da humanidade está perfeitamente em contraposição de um ateísmo ou mesmo um agnosticismo.

            Quem tem uma visão histórica das religiões sabe muito bem que o “homem cria deus conforme a sua imagem” e não ao contrário, logo para combater o atraso que pode significar uma religião a última coisa que se pode ter como partida é o conceito que a religião é um produto da existência de deuses ou um deus autônomo da mente humana.

            Partindo deste princípio o combate de efeitos danosos que alguma religião possa contrapor a evolução humana deve ser feito não pelo combate das religiões, mas sim pelo combate em pró da própria evolução humana.

            Eu tenho a firme convicção que pessoas que procuram “combater as religiões” como pessoas que não tem algo bem resolvido na sua evolução na direção do agnosticismo ou ateísmo, pois não entende que a religiosidade provém não só da “revelação” individual dos fiéis, mas sim da necessidade de alguma muleta de apoio a aqueles que por um motivo ou outro não confiam na própria evolução da sociedade. A religião muitas vezes para comunidades mais desprotegidas é uma forma de recuperar o seu protagonismo onde eles são minoritários, logo a agressão, a humilhação e a ridicularização são mais um alimento aos que ja se sentem excluídos do que uma forma de integrá-los. Daí vem a origem do primeiro parágrafo.

            Podem-se exemplificar os parágrafos anteriores com o caso da atual Rússia, onde década a fio as religiões foram combatidas e quando a perda do referencial social criado pela queda da União Soviética, fez com que uma religiosidade fundamentalista tenha voltado para cristãos ortodoxos como para muçulmanos.

            Quanto ao viés racista do Charlie Hebdo nunca eu esperaria ser discutido em público no passado e muito menos no futuro, pois seria difícil para os caluniados não fanáticos reconhecer que eles se identificavam com as figuras grotescas dos desenhos do Charlie Hebdo, simplesmente porque estas pessoas passaram duas gerações tentando demonstrar que eram franceses, apesar de não serem reconhecidos como tal por parte de população francesa. Morei três anos e meio na França, numa época em que o Front Nacional ainda não era levado a sério, mas na ausência de pessoas de origem magrebina pequenas piadas de extremo mau gosto eram correntes em qualquer meio. E importante, eu convivia com o meio Universitário onde teoricamente o chauvinismo e intolerância deveriam ser menores.

            Imaginem todos, uma grande parte da população de um país que tem uma origem étnica diferente passou décadas a tentar provar que eles não eram diferentes, inclusive negando a religião de seus pais, no momento em que vem este esforço de identificação nacional ser frustrado pela permanente pressão da identificação por sangue se dá o movimento exato no sentido contrário, eles deixam de procurar a identidade nacional do país que estão para buscar em suas origens um apoio ao seu ego.

            A postura ética e política do jornal tem-se que procurar no passado para justificar os seus feitos do presente, pois após as torres de NY a visão do Charlie Hebdo era uma visão de guerra de culturas, visão esta criada e alimentada pelo grande capital.

            Eu jamais vestiria uma camiseta do tipo “Eu sou Veja” ou “Globo” caso uma barbaridade ou uma fúria primitiva e deplorável ocorresse com um desses órgãos de imprensa, pois por mais que defenda a integridade física de qualquer ser humano, jamais me declararia conivente com uma linha editorial que ultrapassasse um honesto debate de ideias sem preconceitos e sem mentiras.

            Como um resumo final diria, o combate de ideias deve ser feito de forma dura e sem descanso, mas este deve ser feito sem que nos colocassem ao mesmo nível daqueles que combatemos, sem truculências, sem homicídios e sem intolerância étnica.

          4. Rdmaestri,
             
            Para não

            Rdmaestri,

             

            Para não esquecer o ponto de origem de nossa conversa, reli o que ambos escrevemos. Notei que cometi uma omissão importante, não tratando da questão que voce levantou: a quem interessa o atentado? Pretendo fazê-lo nesta oportunidade, mais adiante.

            Rdmaestri, te convido a ler a entrevista, traduzida em espanhol, que Charb, o editor, concedeu em 2012, onde trata de religião, islamofobia, racismo, e que está em:

            http://www.africafundacion.org/spip.php?article19270

            e ver a entrevista, também de 2012, dos dois que surgirão na página é o vídeo que está embaixo, está em inglês, que está em:

            http://www.democraticunderground.com/1017236614

            As duas se completam. Não tenho e acho que ninguém mais tem a capacidade de responder a todas as acusações que Charlie Hebdo vêm sofrendo do que o próprio Charb nestas duas entrevistas. Qualquer argumento que eu venha a acrescentar me parece que seria repetitivo.

            Vale muito, muito mesmo, o esfôrço de quem porventura não domine o espanhol e o inglês, que aliás é meu caso, de compreender o que Charb diz, para compreender o que Charlie Hebdo foi, é, e oxalá continuará sendo, por muito tempo.

            Sobre a quem interessa o atentado, penso que neste momento, pelo menos, só nos interessa examinar o assunto sob o ângulo de procurar a quem interessa tanto seus resultados que seria capaz de planejá-lo e executá-lo. Porque se ficarmos apenas nos perguntando quem está se beneficiando, não chegaremos a lugar nenhum, o espectro político de quem está se aproveitando do que houve pra vender seu peixe é muito amplo, é irracional considerar a hipótese, por exemplo, que se juntaram os USA, o Front National, o Estado Islâmico, a Al-Qaeda, o gabinete do Cameron, o François Hollande, sei lá mais quem, e urdiram esse plano.

            O máximo que qualquer um de nós pode fazer, agora e por um bom tempo, é especular. Ninguém com honestidade intelectual pode assegurar nada.

            Não sejamos ingênuos além da conta. Há também quem se aproveita do ocorrido, além dos mencionados acima, para obscenamente atualizar sua agenda política, jogando farofa de receita especial em ventilador de longo alcance.

            Te digo que, particularmente, por considerar muito doloroso o que houve, por motivos pessoais que a ninguém mais interessa nem deve interessar, me preocupei nestes dias mais em prantear do que ir atrás de culpados.

            Bom, a partir de ontem comecei a pesquisar nesta seara e encontrei algumas coisas interessantes, que por responsabilidade deixo de divulgar neste momento, por ainda não ter certeza de que representam a verdade factual, não tive tempo de refletir como se deve e escrutinar o cabível no caso.

            Pra terminar, acho que concluímos ambos que chegamos a um ponto onde discordamos. Voce considera que dizer “Je suis Charlie” é concordar com a linha editorial do jornal. Eu, assim como pessoas que dizem “Je suis Charlie” e que falaram sobre este exato ponto mundo afora, considero que não significa necessariamente concordar com a linha editorial do jornal. Ponto. Sigamos em frente.

            Por fim, pra ficar bem claro, Je suis Charlie também por concordar com a linha editorial do jornal.

            Sincero abraço. 

          5. Quem nao quer entender nao entende mesmo

            “Podem escrever um milhão de vezes que as charges eram contra os radicais da Al-Qaeda ou do EIIS, porém para qualquer muçulmano quando se publica uma charge do Profeta numa situação injuriosa, está se ofendendo TODOS e não os radicais.”

            A questao nao é essa. Se ofende a todos os muçulmanos porque esses achem que os princípios deles devem valer para todos, entao que sejam ofendidos com o que nao foi dirigido como ofensa a eles. É só o que faltava voltarmos à Idade Média e à proibiçao do “crime” de blasfêmia. Nao há motivo algum para que um cartunista francês, na França, que é uma sociedade laica, tenha que obedecer a proibiçoes do Corao! a

             

          6. Que raciocínio tortuoso.

            Se alguém faz uma charge que é um escárnio aos princípios de qualquer pessoa, esta pessoa não precisa que uma pequena, média, ou grande parte da população seja ofendida, para que ela se sinta ofendida, não há uma lei que proiba a indignação.

            Agora o que os muçulmanos querem não é a obdiência as regras do Corão, nunca vi nenhum protesto contra a venda de carne de porco em países com governos não religiosos (e mesmo em a maioria dos países religiosos).

            Ofender sistematicamente uma parte da população que geralmente tem uma determinada origem étnica, para mim é uma forma de racismo, velada e dissimulada, mas racista.

          7. Nao se trata de “proibir a indignaçao”

            Se trata de que, se alguém fica “indignado” com alguma coisa que os outros TÊM DIREITO de fazer, que engula a indignaçao, tome um calmante. Os conservadores brasileiros ficam indignados com manifestaçoes homossexuais, entao os gays nao podem ter gestos de afetos que os hetero podem? Ora, ora

            Os desenhistas de Charlie eram desenhistas, nao comedores de carne de porco. Nao eram obrigados a respeitar a proibiçao do Corao de nao representar Maomé. Ponto.

  16. Quanta desinformação e

    Quanta desinformação e ignorância nesse texto

    Desafio a uma pessoa  a ir à França e achar um francês (muçulmano ou nao) que diga que o Charlie era racista, não era de esquerda ou algo que o valha.

    Um jornal que carreou o espírito do 68 por décadas, ajudou a firjar toda uma cultura política da esquerda libertária não so na França, aqui no Brasil é vilipendia por pura ignorância.

    Procurem saber sobre a cultura francesa do humor, contextualizem, entendam a linha e  a história do jornal antes de julgarem os cadáveres ainda quentes daqueles que preferiram morrer em pé a viver ajoelhados em nome de ideiasi libertários caros a tanta gente.

    “Um dos principais símbolos da esquerda francesa, após ser literalmente massacrado por terroristas, é verbalmente massacrado pela esquerda brasileira. E a gente pensando que já viu de tudo, né?” (Jader)

  17. Meu desespero

    Meu desespero é ver pessoas que tinha em boa consideração se lançarem nesta abominável relativização do terrorismo.

    Vamos ser claros: estes terroristas tem como inimigo  todas as pessoas de caráter liberal – no sentido que americanos dão a este termo, e que aqui seria algo como “do centro para a esquerda”.  Estes sujeitos não atacaram símbolos do reacionarismo racista frances – como o FN – e sim símbolos da tolerância, da liberdade, do respeito aos direitos humanos, do laiciscismo. Atacaram àqueles que usam do humor – este mesmo que poucos aqui – no blog e no Brasil –  entendem.  Eles atacam a mim e a vocês. A maioria que aqui escreve dizendo que -“bem, não precisava matar, mas bem que les pediram”,  como o post, de todo lamentável – ignóbil mesmo – que aqui comento, vocês todos, não mereceriam por parte de pessoas envolvidas na jihad qualquer tipo de consideração: são vistos como vidas descartáveis, não-pessoas, não-crentes em Maomé que podem morrer sem que isso seja recriminável, ao contrário, até desejável.

    Leio o Charlie Hebdo cada vez que ponho os pés na França. E vejo que aqui há uma confusão lastimável sobre o que é este jornal.  Acusam-nos de ismalofobia. Que ridículo. São anti-clericais. Fazem troça de toda religião, sobretudo do cristianismo. E põe em ridículo todo político empolado, todo aparato de poder ostentatório. Afirmam o seu libertarismo  transgredindo tabus.  Foram sempre defendores da comunidade de ascendência árabe na França. Colocaram-se sempre – sempre mesmo – a favor das causas dos desmunidos.  

    Acho ímpio que se relacione o Charlie Hebdo com a questão da regulação da midia. Coisa abstrusa, um questão de dominação econômica, gente de extrema direita comparada ao Charlie. Algo que me deixa siderado, algo completamente sem pé nem cabeça.

    Foram dias de grandes decepções pelas posições assumidas por petsonalidades públicas. Não posso aqui deixar de mencionar a maior delas: Leonardo Boff. Nunca o imaginei defendendo terroristas ( mesmo que ele o negue, ele o fez). Realmente, a religião faz muito mal à alma.

    Je suis Charlie.

  18. Dá um desânimo ler esses textos q condenam as vítimas

    E para começar MENTEM sobre o teor das charges de Charlie Hebdo, que NAO ERA RACISTA NEM ISLAMOFÓBICA, apenas muito radical em suas críticas às religioes — todas — e aos valores dominantes. É só o que faltava a volta do crime de “blasfêmia”. Vamos voltar à Idade Média? 

    E quero deixar claro que nao considero que o direito à liberdade de expressao seja absoluto. Fabricar ficha falsa de uma presidenta é abominável, assim como distorcer notícias, tentar interferir em eleiçoes etc. E fazer humor preconceituoso com minorias também é abominável. Mas NAO ERA ISSO O QUE O CHARLIE HEBDO FAZIA, e sim uma luta contra IDEIAS, nao contra pessoas. Feria sentimento de pessoas? Provavelmente. Mas qualquer crítica a um partido, a uma escola de samba ou mais ainda um time fere sentimentos de pessoas. até uma velha ir à praia de biquini fere o sentimento de algumas pessoas, somos obrigados todos a respeitar isso? Ou as religioes devem ser postas acima de tudo, serem consideradas sagradas mesmo em estados laicos? Absurdo isso. 

    1. Por favor, releia o texto.

      Por favor, releia o texto. Nele há argumentos a favor da tese de que o humor da Charlie Hebdo é racista e islamofóbica. Se você acha que não, apresente argumentos contrários. Bater o pezinho e dizer que não porque não é um comportamento infantil.

      Note que em nenhum momento o autor defende os atentados e seus perpetradores. Não está condenando as vítimas por serem vítimas, mas por agredirem toda uma população marginalizada com o mesmo tipo de “humor” do Danilo Gentili. Não confunda as coisas. O autor jamais falou na justiça de vingar blasfêmias ou defendeu qualquer tipo de fanatismo medieval.

      Do meu ponto de vista, é um texto extremamente lúcido

      1. Já postei vários textos mostrando o contrário

        Veja no Clipping de hoje. E comparar Charlie com Gentili é um ultraje. 

        E conheço bem a revista, posso formar minha própria opiniao. 

    2. Anarquista, poderia por

      Anarquista, poderia por favor, citar alguma charge do CH q critique tão acidamente a religião judaica? Procurei e não achei, mas deve ser pq agora os bots do Google colocam lá em cima os posts populares. De qqr forma, como vc parece conhecer o Charlie Hebdo, se puder postar alguma charge em q apareça um rabino em uma posição tão desfavoravel quanto as usadas para criticar o islamismo, eu agradeço.

      1. Há muitas, tanto contra o

        Há muitas, tanto contra o judaísmo, como contra Israël, o cristianismo, o nacionalismo francês, a extrema-direita, etc.

         

        Sendo um semanário satírico de esquerda, o Charlie Hebdo tinha o hábito de não poupar ninguém.

    3. coerência anarquista (sic!)

      Voce defenderia a liberdade de expressão de nazistas e fascistas? e do extremismo católico, porque não??? Os religiosos não poderiam ter liberdade de expressão??? eles não podem ter o direito de atacar ideias libertárias, emancipatórias, anarquistas fazendo charges de no mínimo mau gosto? retratando por exemplo, judeus comendo criancinhas?? Você defende a tolerancia com os intolerantes? Realemnte anarquismo é muito libertário: vale tudo, desde que eu concorde! E anarquismo que defende o governo no poder para mim é anarquismo de butique!

      1. Religiosos podem e tem liberdade de expressao

        Apenas essa liberdade deve ser contraditada quando tentam enfiar os dogmas deles para cima dos outros. Contraditada, nao proibida. Defesa de nazismo é outra coisa, até porque é contra a lei e é incitaçao a crimes. Charlie nao fazia nada disso, apenas debochava das religioes. 

        E nao me interessa a mínima o que você pensa ou deixa de pensar sobre o anarquismo nem sobre mim, Você nem cadastrado é, surgiu aqui agora, para mim até prova em contrário é um ninguém. Passe bem. 

        1. Seus sentimentos realmente

          Seus sentimentos realmente ficaram feridos. Usa argumento de autoridade: ‘você é um ninguém”. Me desculpe mas eu não vou mostra o meu curriculo para você, nem dizer em que e se eu milito; nem em que cidade eu moro, quem são meus amigos. Sabe porque? porque independente do meu curriculo eu como socialista democratico, como verdadeiro comunista, acho que todos são ‘ninguém’, pois nenhuma pessoa é ‘melhor’ que outra (“eu sou cadastrada você não é”),cadastrada ou não, com nível superior ou não, militante ou não. Ah e da mesma forma que você quer manter a sua identidade offline, colocando uma foto de Lous Andreas Salomé no seu perfil eu também quero manter a minha. Tenho o mesmo direito que você, embora eu não deva nada a ninguém, não tenha medo de ninguém, seja anarquista, comunista, nazista ou neoliberal. Aliás, para que você quer saber quem eu sou? porque isso te interessa? Porque foi procurar ver se era cadastrado ou não??

    4. Minha querida

      Há dez anos ou mais que a revista vinha estigmatizando o islâmicos e potencializando a islamofobia na França.

       

       

      Cher Charb, cher Fabrice Nicolino, « Et que ceux qui prétendent et prétendront demain que “Charlie” est raciste aient au moins le courage de le dire à voix haute, et sous leur nom. Nous saurons quoi leur répondre. » En lisant cette rodomontade à la fin de votre tribune dans Le Monde1, façon « viens nous le dire en face si t’es un homme », j’ai senti monter comme une envie de rejoindre mon poste de combat dans la cour de récré. La sommation ne m’était pourtant pas destinée. Quelles bonnes âmes vous espérez convaincre, d’ailleurs, mystère. Cela fait belle lurette que quantité de gens disent à « voix haute » et « sous leur nom » ce qu’ils pensent de votre journal et du fonds de sauce qui s’en écoule, sans que personne chez vous ne se soit soucié de leur répondre ou d’agiter ses petits poings. Ainsi donc Le Monde vous a charitablement ouvert son rayon blanchisserie, pour un repassage express de votre honneur tout chiffonné. À vous entendre, il y avait urgence : même plus moyen de sortir dans Paris sans qu’un chauffeur de taxi vous traite de racistes et vous abandonne les bras ballants sur le bord du trottoir. On comprend la vexation, mais pourquoi ce besoin d’aller vous refaire une beauté dans un autre journal que le vôtre ? Charlie Hebdo, son site internet et sa maison d’édition ne vous offrent donc pas un espace d’expression à la hauteur ? Vous invoquez le glorieux héritage du « Charlie » des années 1960 et 70, quand c’était la censure du pouvoir politique et non la hantise du discrédit qui donnait du fil à retordre au journal. Mais je doute qu’à l’époque un Cavanna ou un Choron eussent quémandé l’aide de la presse en redingote pour se façonner une respectabilité. S’il m’est arrivé à moi aussi, par le passé, de griffonner quelques lignes fumasses en réaction à tel ou tel de vos exploits, je ne me suis jamais appesanti sur le sujet. Sans doute n’avais-je ni la patience ni le cœur assez bien accroché pour suivre semaine après semaine la navrante mutation qui s’est opérée dans votre équipe après le tournant du 11 septembre 2001. Je ne faisais déjà plus partie de Charlie Hebdo quand les avions suicide ont percuté votre ligne éditoriale, mais la névrose islamophobe qui s’est peu à peu emparée de vos pages à compter de ce jour-là m’affectait personnellement, car elle salopait le souvenir des bons moments que j’avais passés dans ce journal au cours des années 1990. Le rire dévastateur du « Charlie » que j’avais aimé sonnait désormais à mes oreilles comme le rire de l’imbécile heureux qui se déboutonne au comptoir du commerce, ou du cochon qui se roule dans sa merde. Pour autant je n’ai jamais qualifié votre journal de raciste. Mais puisque aujourd’hui vous proclamez haut et fort votre antiracisme inoxydable et sans reproches, le moment est peut-être venu de considérer sérieusement la question. Raciste, Charlie Hebdo ne l’était assurément pas du temps où j’y ai travaillé. En tout cas, l’idée qu’un jour le canard s’exposerait à pareil soupçon ne m’a jamais effleuré. Il y a avait bien quelques franchouillardises et les éditos de Philippe Val, sujets à une fixette inquiétante et s’aggravant au fil des ans sur le « monde arabo-musulman », considéré comme un océan de barbarie menaçant de submerger à tout instant cet îlot de haute culture et de raffinement démocratique qu’était pour lui Israël. Mais les délires du taulier restaient confinés à sa page 3 et ne débordaient que rarement sur le cœur du journal qui, dans ces années-là, me semblait-il, battait d’un sang plutôt bien oxygéné. À peine avais-je pris mes cliques et mes claques, lassé par la conduite despotique et l’affairisme ascensionnel du patron, que les tours jumelles s’effondrèrent et que Caroline Fourest débarqua dans votre rédaction. Cette double catastrophe mit en branle un processus de reformatage idéologique qui allait faire fuir vos anciens lecteurs et vous en attirer d’autres, plus propres sur eux, et plus sensibles à la « war on terror » version Rires & Chansons qu’à l’anarchie douce d’un Gébé. Petit à petit, la dénonciation en vrac des « barbus », des femmes voilées et de leurs complices imaginaires s’imposa comme un axe central de votre production journalistique et satirique. Des « enquêtes » se mirent à fleurir qui accréditaient les rumeurs les plus extravagantes, comme la prétendue infiltration de la Ligue des droits de l’homme (LDH) ou du Forum social européen (FSE) par une horde de salafistes assoiffés de sang2. Le nouveau tropisme en vigueur imposa d’abjurer le tempérament indocile qui structurait le journal jusqu’alors et de nouer des alliances avec les figures les plus corrompues de la jet-set intellectuelle, telles que Bernard-Henri Lévy ou Antoine Sfeir, cosignataires dans Charlie Hebdo d’un guignolesque « Manifeste des douze contre le nouveau totalitarisme islamique3 ». Quiconque ne se reconnaissait pas dans une lecture du monde opposant les civilisés (européens) aux obscurantistes (musulmans) se voyait illico presto renvoyé dans les cordes des « idiots utiles » ou des « islamo-gauchistes ». JPEG – 512.1 koÀ Charlie Hebdo, il a toujours été de bon ton de railler les « gros cons » qui aiment le foot et regardent TF1. Pente glissante. La conviction d’être d’une essence supérieure, habilitée à regarder de très haut le commun des mortels, constitue le plus sûr moyen de saboter ses propres défenses intellectuelles et de les laisser bailler au moindre courant d’air. Les vôtres, pourtant arrimées à une bonne éducation, à des revenus confortables et à l’entre-soi gratifiant de la « bande à Charlie », ont dégringolé à une vitesse ahurissante. Je me souviens de cette pleine page de Caroline Fourest parue le 11 juin 2008. Elle y racontait son amicale rencontre avec le dessinateur néerlandais Gregorius Nekschot, qui s’était attiré quelques ennuis pour avoir représenté ses concitoyens musulmans sous un jour particulièrement drolatique. Qu’on en juge : un imam habillé en Père Noël en train d’enculer une chèvre, avec pour légende : « Il faut savoir partager les traditions ». Ou un Arabe affalé sur un pouf et perdu dans ses pensées : « Le Coran ne dit pas s’il faut faire quelque chose pour avoir trente ans de chômage et d’allocs ». Ou encore ce « monument à l’esclavage du contribuable autochtone blanc » : un Néerlandais, chaînes au pied, portant sur son dos un Noir, bras croisés et tétine à la bouche. Racisme fétide ? Allons donc, liberté d’expression ! Certes, concède Fourest, l’humour un peu corsé de son ami « ne voyage pas toujours bien », mais il doit être compris « dans un contexte néerlandais ultratolérant, voire angélique, envers l’intégrisme ». La faute à qui si les musulmans prêtent le flanc à des gags difficilement exportables ? Aux musulmans eux-mêmes et à leurs alliés trop angéliques, ça va de soi. Comme l’enseigne Nekschot aux lecteurs de Charlie Hebdo, « les musulmans doivent comprendre que l’humour fait partie de nos traditions depuis des siècles ». Personne chez vous n’a claqué sa démission après cette page insuffisamment remarquée, qui après tout ne faisait que consacrer le processus entamé six ou sept ans plus tôt. Vos sortes de tolérances vous regardent. Mais quand je lis dans votre tribune du Monde : « Nous avons presque honte de rappeler que l’antiracisme et la passion de l’égalité entre tous les humains sont et resteront le pacte fondateur de Charlie Hebdo », la seule information que je retiens, c’est que votre équipe ne serait donc pas totalement inaccessible à la honte. Vraiment ? Après le départ en 2009 de Val et de Fourest, appelés à de plus hautes destinées, l’un à la tête d’une radio publique, l’autre sur les podiums de l’antiracisme gouvernemental, on se demandait si vous continueriez à faire du Val sans lui et de la Fourest sans elle. Le moins que l’on puisse dire, c’est que vous êtes restés fidèles à la ligne. Imprégnés jusqu’au trognon, faut croire. Aujourd’hui, les mouches qu’un Tignous n’omet jamais de faire tourner autour de la tête de ses « barbus » se collent plus que jamais à votre imaginaire dès que vous « riez » des musulmans. Dans une vidéo postée fin 2011 sur le site de Charlie Hebdo, on te voyait, Charb, imiter l’appel du muezzin sous les hoquets hilares de tes petits camarades. Tordant, le numéro de la psalmodie coranique à l’heure du bouclage, Michel Leeb n’aurait pas fait mieux. Dans quelle marinade collective faut-il macérer pour en arriver là ? Dans quelles crevasses psychologiques puisez-vous matière à « rire » d’un dessin représentant des femmes voilées qui exhibent leurs fesses pendant qu’elles font leur prière à la « mère Mecquerelle » ? Minable vanne même pas honteuse, embarrassante d’imbécilité avant même que d’être révélatrice d’un état d’esprit, d’une vision du monde. JPEG – 133.8 koC’est ce dessin de Catherine qui me vient à l’esprit, mais je pourrais en citer tant d’autres parmi les épanchements de gaudriole islamophobe que vous autres, fabricants d’humour gonflé aux vents du temps, dégazez à longueur de semaines. Ce dessin-là accompagnait une pseudo-enquête sur les « djihadistes du sexe » en Syrie4. Un « scoop » dont on apprenait peu de temps après – il est vrai qu’on s’en doutait un peu à la lecture – que c’était un tissu d’âneries bidonné à des fins de propagande5. À noter que vous n’avez même pas retiré cette daube de votre site web : apparemment, certains sujets se prêtent mieux que d’autres au relâchement. Quand on rigole avec la femme voilée, on peut bien se laisser aller, s’autoriser un peu de confusion entre info croustillante en papier mâché et poilade de salle de garde. Mais je ne vous écris pas pour vous parler de bon goût, plutôt de ce pays que vous avez contribué à rendre plus insalubre. Un pays qui désormais interdit à une femme de travailler dans une crèche au motif que le bout de tissu qu’elle porte sur la tête traumatiserait les bambins. Où une élève de troisième coiffée d’un bandana jugé trop large se fait exclure de son collège avec la bénédiction d’un maire UMP, du ministre socialiste de l’Éducation nationale et de la presse écumante6. Où l’on peine à trouver un comptoir de bistrot ou une table de fins lettrés sans qu’à un moment ne se déverse le genre de blagues qui, à « Charlie », vous font péter les boyaux le jour du bouclage. Où l’on considère comme une avant-garde de la cinquième colonne toute femme qui se couvre les cheveux, au point qu’on lui interdit de participer à une sortie scolaire ou de faire du bénévolat aux Restos du cœur7. Je sais qu’à vos yeux ces vigoureuses dispositions sont cruciales pour la survie de la république et de la laïcité. Récemment, vous avez jugé utile de publier une interview de votre avocat, Richard Malka, le valeureux défenseur de Clearstream, de DSK et de l’esprit des Lumières. « Le voile, c’est l’anéantissement, l’ensevelissement du triptyque républicain “Liberté, Égalité, Fraternité”8 », pérorait votre bavard comme à un concours d’éloquence pour vendeurs d’aspirateurs9. Faudrait déjà qu’il nous explique en quoi ce fameux triptyque a une existence concrète et au bénéfice de qui, mais passons. Ce qu’il enfonce dans la tête de vos lecteurs, pourtant déjà abondamment instruits en la matière, c’est que quelques centimètres carrés de coton éventuellement mêlé de polyester menacent de répandre la peste sur notre beau pays. Que ce voile est si dangereusement infecté qu’il ne serait pas sage de prêter attention à l’individu qui le porte. Je dois préciser à ce stade que, personnellement, je n’ai aucun « problème » avec le bonnet de ma tante ou les dreadlocks de mon cousin, et que je n’en ai pas davantage avec le voile de ma voisine. Si cette dernière me confiait qu’elle le porte contre son gré, j’aurais certainement le réflexe de l’encourager à trouver les moyens de vivre comme elle l’entend. Je réagirais de même si on l’obligeait à porter des bas résille ou le kilt écossais. En dehors d’un tel scénario, qu’une femme décide ou non de porter telle ou telle liquette ne me regarde pas. Que ce soit pour des motifs personnels, religieux, esthétiques ou autres, c’est son affaire. Étonnante, cette manie qu’ont les gens dans ce pays de projeter leurs fantasmes sur un carré d’étoffe, qui l’aliénation de la femme, qui la peur de l’invasion islamique, qui la défense du droit masculin à la drague capillaire, etc. Peu m’importent le voile, les talons hauts ou même le t-shirt Camaïeu made in Bangladesh, du moment que la personne dessous, dessus ou dedans mérite le respect. Où en sommes-nous rendus pour qu’il faille réhabiliter un principe aussi évident ? Essayez-le, vous verrez : c’est le meilleur préventif contre l’ulcère à l’estomac et la sauce blanche dans la tête. JPEG – 69.1 koLe pilonnage obsessionnel des musulmans auquel votre hebdomadaire se livre depuis une grosse dizaine d’années a des effets tout à fait concrets. Il a puissamment contribué à répandre dans l’opinion « de gauche » l’idée que l’islam est un « problème » majeur de la société française. Que rabaisser les musulmans n’est plus un privilège de l’extrême droite, mais un droit à l’impertinence sanctifié par la laïcité, la république, le « vivre ensemble ». Et même, ne soyons pas pingres sur les alibis, par le droit des femmes – étant largement admis aujourd’hui que l’exclusion d’une gamine voilée relève non d’une discrimination stupide, mais d’un féminisme de bon aloi consistant à s’acharner sur celle que l’on prétend libérer. Drapés dans ces nobles intentions qui flattent leur ignorance et les exonèrent de tout scrupule, voilà que des gens qui nous étaient proches et que l’on croyait sains d’esprit se mettent brusquement à débonder des crétineries racistes. À chacun sa référence : La journée de la jupe, Elisabeth Badinter, Alain Finkielkraut, Caroline Fourest, Pascal Bruckner, Manuel Valls, Marine Le Pen ou combien d’autres, il y en a pour tous les goûts et toutes les « sensibilités ». Mais il est rare que Charlie Hebdo ne soit pas cité à l’appui de la règle d’or qui autorise à dégueuler sur les musulmans. Et comme vos disciples ont bien retenu la leçon, ils ne manquent jamais de se récrier quand on les chope en flag’ : mais enfin, on a bien le droit de se moquer des religions ! Pas d’amalgame entre la critique légitime de l’islam et le racisme anti-arabe ! C’est évidemment ce même sillon que vous labourez dans votre tribune du Monde. « Passe encore, vous lamentez-vous, que Charlie consacre tant de ses dessins de couverture aux papistes. Mais la religion musulmane, drapeau imposé à d’innombrables peuples de la planète, jusqu’en Indonésie, devrait, elle, être épargnée. Pourquoi diable ? Quel est le rapport, autre qu’idéologique, essentialiste au fond, entre le fait d’être arabe par exemple et l’appartenance à l’islam ? » Je veux bien tâcher d’éclairer vos lanternes sur ce point, mais permettez-moi d’abord d’apprécier la vicieuse petite incise dans laquelle vous resservez en loucedé le vieux plat sur l’islam-religion-conquérante qui fait rien qu’à croquer la planète. L’islamisation de l’archipel indonésien a commencé au XIIIe siècle, quand des princes de Sumatra se sont convertis à la religion des marchands perses et indiens qui faisaient bombance dans leurs ports – non sous la contrainte, mais par désir d’intégrer un réseau commercial prospère. Plus tard, au XVIIIe siècle, ce sont les colons hollandais, chrétiens irréprochables, qui se sont arrangés pour imposer l’islam à Java, en vue de soustraire sa population à l’influence séditieuse des Balinais hindouistes. On est loin de l’imagerie du farouche bédouin réduisant à sa merci des peuples exotiques, à laquelle se résume apparemment votre connaissance du monde musulman. Mais revenons à la question du « rapport » entre Arabes et musulmans, racisme et islamophobie. La démarcation que vous tracez avec une belle assurance entre les deux catégories est-elle vraiment si claire dans vos esprits ? À lire le début de votre tribune, il est permis d’en douter. L’édifiante anecdote du « chauffeur de taxi arabe », qui refuse de conduire à bon port un collaborateur du journal « au motif de dessins moquant la religion musulmane », révèle à cet égard une certaine confusion. En quoi la qualité d’« arabe » prêtée au chauffeur – qui d’après vous ne saurait donc être simplement français – nous renseigne-t-elle sur l’affront subi par votre infortuné collègue ? Croyez-vous qu’il faille être « arabe » pour froncer le nez devant vos beaufitudes de fin de banquet ? Moi qui ne suis ni arabe ni chauffeur de taxi, pas sûr que je dépannerais votre collaborateur d’un ticket de métro. J’espère néanmoins qu’il aura surmonté son choc des civilisations en se dégotant un chauffeur blanc qui l’accepte sur sa banquette arrière. Vous avez raison, arabe et musulman, ce n’est pas la même chose. Mais vous savez quoi ? Musulman et musulman, ce n’est pas pareil non plus. Sachez qu’il y en a de toutes sortes, riches ou pauvres, petits ou grands, sympathiques ou revêches, généreux ou rapiats, désireux d’un monde meilleur, réactionnaires ou même, oui, intégristes. Or, dans Charlie Hebdo, rien ne ressemble davantage à un musulman qu’un autre musulman. Toujours représenté sous les traits d’un faible d’esprit, d’un fanatique, d’un terroriste, d’un assisté. La musulmane ? Toujours une pauvre cloche réductible à son foulard, et qui n’a d’autre fonction sociale que d’émoustiller la libido de vos humoristes. Parlant de cela, il y aurait beaucoup à dire sur la composante graveleuse de votre inspiration. L’euphorie avec laquelle Charlie Hebdo a acclamé les militantes topless des Femen suggère que le graillon islamophobe s’agrège parfaitement aux éclaboussures de testostérone. L’ode de Bernard Maris à Amina Sboui, une Femen tunisienne qui avait posé torse nu sur Internet, offre un bon échantillon de la mayonnaise hormonale qui colle à vos pages : « Montre tes seins, Amina, montre ton sexe à tous les crétins barbus habitués des sites pornos, à tous les cochons du désert qui prêchent la morale à domicile et se payent des escorts dans les palaces étrangers, et rêvent de te voir lapidée après t’avoir outragée… Ton corps nu est d’une pureté absolue en face des djellabas et des niqabs répugnants10. » Allo, docteur ? JPEG – 24.9 koVous avez le toupet d’accuser vos détracteurs d’« essentialisme », et sans doute les bulbes congestionnés qui vous vénèrent applaudiront-ils l’acrobatie. Mais on n’est pas au cirque. L’essentialisme, vous vous y vautrez chaque semaine ou presque en racialisant le musulman sous les traits d’une créature constamment grotesque ou hideuse. Ce qui définit la vision dominante du « racialisé », « c’est qu’il est tout entier contenu dans ce qui le racialise ; sa culture, sa religion, sa couleur de peau. Il serait comme incapable de s’en sortir, incapable de voir plus loin que son taux de mélanine ou le tissu qu’il porte sur la tête, observe sur son blog Valérie CG, une féministe pas très intéressante puisqu’elle ne vous a pas montré ses seins. Musulman devient une sorte de nouvelle couleur de peau dont il est impossible de se détacher11. » Cette remarque judicieuse se rapportait aux élucubrations de la « pédopsychiatre » Caroline Eliacheff, qui, dans le magazine Elle, venait de justifier ainsi le licenciement d’une puéricultrice voilée par la crèche Baby-Loup : « On peut s’interroger sur les conséquences pour un nourrisson de ne voir que le visage de face, une tête amputée des oreilles, des cheveux et du cou12. » Le voile est une arme de destruction massive, il ensevelit la république aussi sûrement qu’il ampute des organes vitaux. Inutile de préciser que Caroline Eliacheff, tout comme vous, « lutte contre le racisme », c’est en tout cas ce qu’elle déclare dans son interview. Pour professer des inepties, et justifier le renvoi brutal d’une employée reconnue comme compétente et que personne n’a vu appeler les petits chéris au djihad, on n’est jamais aussi confortablement juché qu’au plus haut sommet des vertus civilisées. Mais votre trône surplombe un marécage. Toi, Charb, pour lequel j’ai jadis éprouvé de l’estime, et toi, Fabrice, dont j’appréciais la rigueur intellectuelle13, je vous tiens, vous et vos collègues, pour coresponsables du pourrissement ambiant. Après le 11-Septembre, Charlie Hebdo a été parmi les premiers, dans la presse dite de gauche, à enfourcher le cheval du péril islamique. Ne vous privez donc pas de ramasser votre part du crottin au moment où le nombre d’actes islamophobes bat des records : + 11,3 % sur les neuf premiers mois de 2013 par rapport à la même période de 2012, selon l’Observatoire national de l’islamophobie. Lequel s’inquiète d’un « nouveau phénomène » de violence, marqué par au moins quatorze agressions de femmes voilées depuis le début de l’année. JPEG – 127.2 koRassurez-vous, je ne dis pas que la lecture de Charlie Hebdo déclenche mécaniquement l’envie de badigeonner une mosquée avec du sang de porc ou d’arracher son voile à une cliente de supermarché, comme cela se produit ici et là. Vous avez désigné les cibles, mais vous ne voulez pas qu’un pauvre type s’attaque à elles pour de vrai, car vous êtes contre la violence et contre le racisme. Vos lecteurs aussi, très certainement. Ils n’ont aucun préjugé contre les musulmans, c’est juste qu’ils s’esclaffent de bon cœur sur ce dessin de Charb où l’on voit un Arabe à grosse moustache en arrêt devant une prostituée, tandis qu’un prédicateur à barbe le sermonne : « Mon frère ! Tu vas pas payer 40 euros une passe alors que pour le même prix tu peux acheter une épouse ! » Dans les années trente, le même gag avec des juifs à la place des musulmans aurait fait un tabac, sauf qu’à l’époque son auteur n’aurait sans doute pas eu l’idée de venir brandir un brevet d’antiracisme. Le dessin en question illustrait un article démasquant les sombres desseins d’un petit groupe de salafistes à Bruxelles. Le sous-titre résumait bien l’idée : « Les frites seront-elles bientôt toutes halal en Belgique ? Quelques barbus s’y activent, et combattent la démocratie qui leur permet d’exister14. » Quoi ? Islamisation des frites, démocratie en danger ? Dans sa tête, le lecteur commence déjà à graisser son fusil de chasse. Dans sa tête seulement, car c’est un antiraciste. À moins qu’il n’aille se déverser au bas de quelque site internet évoquant vos faits d’armes, à la manière de « lulupipistrelle », auteur de ce commentaire sur Agoravox : « Les caricatures de leur prophète ulcèrent les musulmans ? Et alors, moi j’ai envie de baffer toutes les bonnes femmes voilées que je croise, et je ne parlent [sic] pas des barbus… mais je me domine…15 » Bien sûr que Charlie Hebdo ne se limite pas à cela, qu’on y écrit et dessine sur bien d’autres sujets. On veut bien croire que nombre de lecteurs vous achètent par attachement à la cause des animaux, ou pour Cavanna, ou pour Nicolino, ou pour les dessins drôles, ou pour congratuler Bernard Maris après sa nomination au conseil général de la Banque de France, autre repaire de joyeux drilles. Mais je doute qu’il y en ait beaucoup qui ne trouvent leur petit plaisir sale dans le ressassement de vos obsessions islamophobes – sans quoi le journal leur tomberait des mains. Il en est même, vous ne pouvez l’ignorer, qui l’achètent principalement pour ça : pour voir ce que « Charlie » va encore leur mettre dans les dents cette semaine. Faut avouer, c’est une bonne affaire. Depuis l’épisode des caricatures danoises et votre héroïque montée des marches en costumes de pingouins au festival de Cannes, bras dessus bras dessous avec Philippe Val, Daniel Leconte et BHL (mais hélas sans Carla Bruni, pourtant annoncée), le « muslim bashing » ripoliné en « défense intransigeante de la liberté d’expression » est devenu votre tête de gondole, que vous prenez soin de réapprovisionner régulièrement. Vous pouvez toujours certifier que les sans-papiers sont vos amis ou critiquer Manuel Valls pour ses rafles de Roms, c’est l’islamophobie votre marronnier, votre ligne de front. Vous me direz que vous n’êtes pas les seuls. Votre positionnement sur ce terrain est en effet assez largement partagé par vos confrères de la presse écrite, de L’Express à Valeurs Actuelles en passant par Le Point, Marianne, Le Nouvel Observateur ou Le Figaro, pour s’en tenir aux plus enthousiastes. Et je ne parle même pas des télés et des radios. Le marché médiatique de l’islam « sans-gêne », « qui fait peur » et « qui dérange » rapporte gros, même s’il est quelque peu saturé. Toutefois, au sein de cette saine et fraternelle concurrence, votre canard parvient à se distinguer par des produits qui n’ont leur équivalent nulle part ailleurs, et qui vous permettent d’occuper un segment non négligeable de l’opinion islamophobe décomplexée de gauche. Vous connaissant, je m’interroge cependant : c’est quoi, au juste, votre problème avec les musulmans de ce pays ? Dans votre texte du Monde, vous invoquez la salutaire remise en cause des « si grands pouvoirs des principaux clergés », mais sans préciser en quoi l’islam – qui n’a pas de clergé, mais on ne peut pas tout savoir, hein – exerce en France un « si grand pouvoir ». Hors de la version hardcore qu’en donnent quelques furieux, la religion musulmane ne me paraît pas revêtir chez nous des formes extraordinairement intrusives ou belliqueuses. Sur le plan politique, son influence est nulle : six millions de musulmans dans le pays, zéro représentant à l’Assemblée nationale. Pour un parlementaire, il est plus prudent de plaider la cause des avocats d’affaires et de voter des lois d’invisibilité pour les femmes voilées que de s’inquiéter de l’explosion des violences islamophobes. Pas un seul musulman non plus chez les propriétaires de médias, les directeurs d’information, les poids lourds du patronat, les grands banquiers, les gros éditeurs, les chefferies syndicales. Dans les partis politiques, de gauche comme de droite, seuls les musulmans qui savent réciter par cœur les œuvres complètes de Caroline Fourest ont une petite chance d’accéder à un strapontin. JPEG – 246.1 koJe n’ignore pas, Charb, que tu as reçu des menaces de mort et qu’il y a peut-être des dingues quelque part qui en veulent à ta peau. Cela me désole. Malgré tout ce que je vous reproche, à toi et aux autres, je ne me réjouis pas de t’imaginer avec deux flics collés en permanence à tes semelles et qui coûtent un bras à votre république chérie. Je crains aussi que tes molosses ne déteignent sur toi comme Val a déteint sur toute l’équipe. Mais si vraiment vous tremblez à l’idée que les musulmans de France se métamorphosent en serial killers de la guerre sainte, peut-être trouverez-vous un brin d’apaisement en voyant la manière placide dont les intéressés réagissent aux attaques réelles ou symboliques qui sont leur lot quotidien. Quand une mosquée est recouverte de tags racistes, croyez-vous que ses responsables ou les fidèles du coin se répandent en cris de vengeance ou en promesses de mettre l’Élysée à feu et à sang ? Non, à chaque fois ils déclarent s’en remettre tout simplement à la « justice de leur pays ». Parmi ceux que je connais, l’écume médiatique de vos prouesses ne fait qu’ajouter une petite couche supplémentaire à leur lassitude. Pas sûr que j’aurais la même patience. Bunkérisés derrière vos zygomatiques, vous revendiquez le droit sacré de « rire » pareillement des imams, des curés et des rabbins. Pourquoi pas, si encore vous appliquiez vraiment ce principe. On oublie l’épisode Siné ou il faut vous faire un dessin ? Un constat avéré d’islamophobie, et c’est l’éclat de rire. Une mensongère accusation d’antisémitisme, et c’est la porte. Cette affaire remonte aux années Val, mais la pleutre approbation que votre patron d’alors a recueilli auprès de « toute la bande », et plus particulièrement auprès de toi, Charb, démontre que le deux poids deux mesures en vigueur à cette époque n’était pas le fait d’un seul homme. La même règle a perduré. À ce jour, me dit-on, le numéro spécial « Charia Hebdo » ne s’est toujours pas dédoublé en un « Talmud Hebdo ». Croyez bien que je ne le regrette pas. Vous vous réclamez de la tradition anticléricale, mais en feignant d’ignorer en quoi elle se différencie fondamentalement de l’islamophobie : la première s’est construite au cours d’une lutte dure, longue et acharnée contre un clergé catholique effectivement redoutable de puissance, qui avait – et a encore – ses journaux, ses députés, ses lobbies, ses salons et son immense patrimoine immobilier ; la seconde s’attaque aux membres d’une confession minoritaire dépourvue de toute espèce d’influence sur les sphères de pouvoir. Elle consiste à détourner l’attention des intérêts bien nourris qui gouvernent ce pays pour exciter la meute contre des citoyens qui déjà ne sont pas à la fête, si l’on veut bien prendre la peine de considérer que, pour la plupart d’entre eux, colonisation, immigration et discrimination ne leur ont pas assigné la place la plus reluisante dans la société française. Est-ce trop demander à une équipe qui, selon vos termes, « se partage entre tenants de la gauche, de l’extrême gauche, de l’anarchie et de l’écologie », que de prendre un tantinet en compte l’histoire du pays et sa réalité sociale ? J’aime bien les bouffeurs de curés, j’ai grandi avec et ils m’ont inculqué quelques solides défenses contre les contes de fées et les abus de pouvoir. C’est en partie cet héritage-là qui me fait dresser les poils devant l’arrogante paresse intellectuelle du bouffeur de musulmans. La posture antireligieuse lui offre un moyen commode de se prélasser dans son ignorance, de faire passer pour insolents ses petits réflexes de contraction mentale. Elle donne du lustre à un manque béant d’imagination et à un conformisme corrodé par les yeux doux de l’extrême droite16. « Encoder le racisme pour le rendre imperceptible, donc socialement acceptable », c’est ainsi que Thomas Deltombe définit la fonction de l’islamophobie, décrite aussi comme une « machine à raffiner le racisme brut »17. Les deux formules vous vont comme un gant. Ne montez donc pas sur vos grands chevaux quand vos détracteurs usent de mots durs contre vous. Ces derniers jours, vous avez hurlé au scandale parce qu’un rappeur pas très futé réclamait un « autodafé pour ces chiens de Charlie Hebdo » au détour d’un titre collectif inséré dans la BO du film La Marche. Comme si votre journal n’était qu’amour et poésie, vous avez fait savoir à la terre entière que vous étiez « effarés » par tant de « violence ». Pourtant, vous ne vous êtes pas offusqués lorsque le rappeur tunisien Weld El 15 a assimilé les policiers de son pays à des « chiens bons à égorger comme des moutons ». Au contraire, vous l’avez interviewé avec tous les égards dus à un « combattant de la liberté d’expression18 ». Les violences verbales de Weld El 15 trouvent grâce à vos yeux parce qu’elles visent un régime à dominante islamiste qui veut le renvoyer en prison. Mais quand la métaphore canine se retourne contre vous, ce n’est plus du tout la même chanson. Envolée, la liberté d’expression : ralliement à la rengaine néoconservatrice sur le rap comme « appel à la haine » et « chant religieux communautariste »19. La machine à raffiner le racisme brut n’est pas seulement lucrative, elle est aussi extrêmement susceptible. Bien à vous, Olivier Cyran

        1. Minha querida

          Eu escolho quem eu quero querer.

          Eu a chamo de minha querida, como a todos, apenas porque os quero bem.

          E não me importo se isso a incomoda ou não.

          Tenho a liberdade de bem querer e de expressar meu bem querer.

          Em tempo.

          Leu o texto ?

           

          1. Mentira. Vc faz isso para agredir e provocar, como bom troll q é

            Sabe que tenho nojo de vc, e vem com esse tom condescendente me chamando de querida. Nao posso te impedir de fazer isso, claro, quer chamar chame. Dane-se. 

      1. O testemunho de Michael Löwy, marxista franco-brasileiro.

        Você já postou texto de  Löwy aqui no blogue, ele tem uma longa história de militância de esquerda, aqui e na França. Acho que você está se apegando a uma opinião de alguém, com algum ressentimento na sua passagem pela revista.

        “Infâmia. Esta é a única palavra que pode resumir o que sentimos em face do assassinato dos companheiros do Charlie Hebdo. Um crime particularmente abominável, esses camaradas artistas eram esquerdistas, anti-racistas, anti-fascistas, anti-colonialistas, simpatizantes comunistas ou anarquistas. Há pouco haviam participado de um álbum em homenaem à memória de centenas de argelinos mortos pela polícia francesa em Paris, em 17 de outubro de 1961. Sua única arma era a caneta, o humor, a irreverência, a insolência. Também contra as religiões, de acordo com a tradição anti-clerical antiga da esquerda francesa. Mas na última edição da revista, a capa era uma caricatura contra a islamofobia de Houllebeck, e continha no interior uma página de caricaturas contra a religião… católica. Lembre-se que Charb, o editor-chefe, era um desenhista de sensibilidade revolucionária, que ilustrou o livro de Daniel Bensaid, Marx, manual de instruções”.

        Fonte: http://blogs.mediapart.fr/blog/michael-lowy/080115/linfamie

    5. Mais uma resenha

      Mais uma resenha infanto-esquerdóide típica: prega o moralismo mas fecha os olhos para a vida real.

      Não sei você leu tudo, mas lendo fica claro que mexer com a referência religiosa de 10% da população francesa que é tratada diariamente como um bando de pessoas de segunda classe não difere a revista do “jeito Gentilli” de se fazer humor.

      “Ah, mas os ricos, poderosos e cheirosos também eram lembrados”… Ora, isso não quer dizer nada, o Brasil já foi colônia e monarquia e já cansou de tirar sarro de sua antiga realeza. Pois bem. É por isso que “não somos racistas”?

      Pra quem ainda não captou a mensagem, imagine na charge, no lugar da França o Brasil e no do islã as religiões africanas, e responda se isso contribui ou não contribui para a intolerância de massa e estereotipação negativa de uma parcela da sociedade.

      E o problema nem é a charge em si, mas provocar pessoas que a qualquer momento podem cair no canto da sereia do fundamentalismo extremo, financiado por monarcas lunáticos. Tudo pela internet em detalhados manuais de instruções.

      No dia em que estas pessoas tiverem uma opção mais digna de representação a coisa melhora e bem.

  19. O que diz o chargista Alexandre Albuquerque, no Super

    Hoje o cartunista Alexandre Albuquerque está no Super notícias, jornal de BH, sessão Cartum, versão impressa,  em charge com duas frases:

    Pergunta:

    Você sabe a diferença entre a profissão de cartunista e uma “folha em branco”?

    Resposta:

    A folha em branco não tem risco…

     

     

     

  20. imagine…

    Imagine que uma revista publique charges em que os franceses são sempre representados como colaboradores do nazismo. Não existe ofensa maior a um francês do que ser chamado de ‘colabo’., já um vim um francês chorar em público -algo inimiginável para um francês – ao ser chamado de ‘colabo’. Isso obviamente seria falso: uma parte dos franceses lutou heroicamente na resistência contra o nazismo. Embora também seja verdade que os franceses nunca passaram a limpo sua colaboração com o nazismo, nada disso justificaria retratar todos os franceses como nazistas!

    1. E daí? Alguém fez algo parecido? De onde vem essa comparaçao?

      Tá vendo como vc é desinformado? Charlie jamais retratou todos os árabes, ou todos os muçulmanos como nada. A revista infringia a proibiçao de nao representar Maomé, e com toda a razao, nao há nenhuma obrigatoriedade para franceses, na França, terem que obedecer princípios do islamismo. As charges ou tematizavam apenas os jihadistas ou diretamente Maomé. Inclusive às vezes em confronto, Maomé horrorizado com a conduta dos terroristas. 

    2. Lembro-me de uma charge do

      Lembro-me de uma charge do Charlie Hebdo, aonde satirizavam exatamente isto, do colaboracionismo da Alsacia Lorena (os “malgrés-nous”)…chegaram a ser processados pelo governo da província

      Durante o tempo que vivi em França, leitor assíduo do semanário, não lembro-me jamais de terem poupado quem quer que seja, francês, alemão, europeu, cristão judeu ou muçulmano…associações a figuras pouco confortáveis, retratando alemães como nazis, etc. eram muito comuns.

      Nenhum dos casos terminou em assassinato, diga-se de passagem. Nem em anti-semitismo, anti-germanismo, anti-europeismo, anti-cristianismo, ou anti-islamismo. O riso serve para ridicularizar, não para disseminar o ódio. É sua antítese.

      Portanto, aos que buscam dar à revista pecha de racista, caberia lê-la primeiro. Nada mais era que um semanário de sátiras, claramente de esquerda, libertário, debochado e anarquista. E de muito bom-gosto. O autor deste artigo parece-me ser apenas mais um da tropa do “politicamente correto”, chatos por natureza.

  21. No Brasil e no mundo a intolerancia religiosa instiga o odio

    Alguns omentarios. (1) na midia, a expressao “je suis Charles” tem tido varios significados, uma delas seria algo como “eu sou tambem livre para falar o que quiser” e nao apenas “eu apoio a revista Charles Hebdo”; (2) o lema “Je suis Ahmed” estava tambem hoje na marcha em Paris e no tweeter; (3) um programa da BBC dias apos o atentado foi dedicado ao tema “limites da liberdade de expressao” e uma reporter francesa disse que a liberdade de expressao da revista representava os valores da sociedade francesa, mas nao a revista; (4) episodio do pastor que chutou uma imagem catolica nao eh ficcao, aconteceu de verdade no Brasil; (5) um dos herois na midia eh um imigrante africano, mulcumano e negro, que trabalhava numa loja de judeus e salvou pessoas num refrigerador . Parece-me que muitas licoes podem ser tiradas desse episodio bizarro, e uma delas eh sobre o perigo da intolerancia religiosa, quer dizer, nao apenas discordar do outro, mas o nao tolerar que outro tenha ideia diferente e a todo modo tentar impeder que o outro se expresse ou mesmo que exista. Intolerancia religiosa eh o mesmo de instigar o odio, a violencia, guerra, morte. A Igreja catolica no passado queimava os hereges e os prostestantes os enforcavam, assim como Estados comunistas perseguiam as religioes – qual eh a diferenca? Essa licao precisa ser lembrada pois hoje o Brasil vive uma onda crescente de intolerancia religiosa, com muitos lideres politico-religiosos, “cristaos” zelosos, pregando o odio abertamente, um total retrocesso e um perigo real a sociedade.

  22. “Eu não sou Charlie nem Ahmed; sou Helen”

    “Eu não sou Charlie nem Ahmed;  sou Helen, mas desejaria que esses crimes não tivessem sido perpretados, e vou continuar lutando para que essa loucura acabe, seja na França, em Gaza, no Sudão, em Ayotyzinapa, em Vigário Geral… “

    Ótimo texto. Concordo com quse tudo que foi exposto, mas com ressalvas:por exemplo, todo texto em que alguém tem que começar defendendo  seu ponto de vista na primeira frase do primeiro páragrafo indica pré-justificação…

    Sou uma fã apaixonada de charges; que inveja da síntese entre imagem e ação, quase sempre menos significando muito mais… sempre procuro algo novo na rede parar rir/refletir. Mas, de fato, só passei a acompanhar o material da revista Hebdo após a polêmicas citadas no textos. Apõs alguns meses já não achava tanta graça; minha falta de tempo e ignorância da língua francesa cobravam seu preço, às vezes não conseguia mais captar o timing da piada, mas alguma eram fantásticas, outras medianas e outras, bem. 

    Se a idéia era fazer humor constrangendo, o objetivo era plenamente alcançado. Quando as piadas eram de cunho religioso, tentava me colocar no lugar, não da figura política achincalhada, nem mesmo das famílias destes: imaginava como a pessoa comum, o outro, que também é cidadão estaria se sentindo, observando algo que lhe era caro, precioso ser achincalhado… o riso foi ficando amarelo, sem som. Deletei o site dos meus preferidos e fui tocando em frente… nem tentei polemizar com a redação da revista: como já disse, analfabeta em francês, teria certeza que no momento que declina-se minha orientação religiosa (sou cristã/evangélica) toda e qualquer argumentação que apresenta-se seria desqualificada, desprovida que é de respaldo científico. Acontece o tempo todo aqui no Brasil.

    Confesso que no ínicio da escalada de terror, pensei que se tratava de uma ação do tipo falsa-bandeira, dada a conjuntura internacional… Ledo engano: eram realmente boçais que deviam ser tudo menos islâmicos, mas na realidade “lobos solitários”  treinados e comprometidos com o caos e a carnificina. Os resultados falam por si. 

    É impossível colocar as mortes de vítimas – que devem receber honras e justiça – e assassinos no mesmo patamar, mas agora todos eles já se foram. Para eles chegou a hora da partida;  para nós, os vivos, resta a permanência neste mundo caótico… ou paramos de ser hipócritas, aceitando que há outros diversos de mim, dos quais eu posso não gostar mas terei que conviver, ou a barbárie estará definitivamente instalada.

  23. Não é assim
    O cara diz: “Os conservadores brasileiros ficam indignados com manifestaçoes homossexuais, entao os gays nao podem ter gestos de afetos que os hetero podem? Ora, ora” – comparando gesto afetivo entre duas pessoas com piada da cara dos outros (pq ninguém faz piada quando toma um enquadro da polícia?!). É óbvio que o humor só serve pra desconstruir. Legal, vamos desconstruir o que acreditamos ser ruim. Só não me diga que funcionará, pois no fundo no fundo ninguém leva um palhaço a sério.
    Agora sobre o atentado, também é óbvio que foi praticado pela extrema direita. Mataram os caras que eles já não gostam e, o principal, ganharam forte argumento pra cercar seus países por muros, atribuindo o ataque a estrangeiros (até parece). Por esse segundo parágrafo, deu pra ver que a tática de resolver as coisas com piada só funciona pra quem ta do lado egocêntrico da história.

  24. Não é assim
    O cara diz: “Os conservadores brasileiros ficam indignados com manifestaçoes homossexuais, entao os gays nao podem ter gestos de afetos que os hetero podem? Ora, ora” – comparando gesto afetivo entre duas pessoas com piada da cara dos outros (pq ninguém faz piada quando toma um enquadro da polícia?!). É óbvio que o humor só serve pra desconstruir. Legal, vamos desconstruir o que acreditamos ser ruim. Só não me diga que funcionará, pois no fundo no fundo ninguém leva um palhaço a sério.
    Agora sobre o atentado, também é óbvio que foi praticado pela extrema direita. Mataram os caras que eles já não gostam e, o principal, ganharam forte argumento pra cercar seus países por muros, atribuindo o ataque a estrangeiros (até parece). Por esse segundo parágrafo, deu pra ver que a tática de resolver as coisas com piada só funciona pra quem ta do lado egocêntrico da história.

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