Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Duzentos e dezoito bilhões de reais contra a recessão, por André Araújo

Por André Araújo

O que se poderia fazer no combate à recessão com R$ 218 bilhões? Esse é o valor do prejuízo do Banco Central no 1º Semestre deste ano, cuja conta o BC gentilmente manda ao Tesouro.

Esse prejuízo não foi sequer citado por NENHUM dos comentaristas econômicos da grande imprensa. Apenas uma pequena nota, quase invisível, no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO de 15 de outubro passado (pág.B 13) dá conta desse prejuízo.

Os jornalistas econômicos não se deram ao trabalho de ao menos registrar, muito menos de analisar esse valor, mas o deficit do Orçamento, que é um número bem menor que esse, gerou a PEC 55 e mereceu quilômetros de comentários na grande imprensa, com lições moralistas sobre a necessidade de controle de gastos.

Sobre o controle de gastos do Banco Central, nenhuma palavra, mas é dinheiro tão bom quanto o dos gastos correntes.

O prejuízo do BC se deve basicamente aos custos para manter o dólar abaixo do que deveria ser e, com isso, garantir aos especuladores estrangeiros a porta de saída do capital que eles investem em títulos do Tesouro, é uma aposta contra o País e a favor dos especuladores.

Se o BC deixasse o dólar flutuar, esse custo não existiria. A anomalia existe porque APÓS o Plano Real, o Governo deu CARTA BRANCA ao Banco Central para fazer o que quisesse com a poÍitica cambial.

Não era essa a intenção dos fundadores do Banco Central do Brasil. Os pais do BC, Roberto Campos e Octavio Bulhões, este último tinha sido diretor da SUMOC, Superintendência da Moeda e do Crédito, predecessora do BC, nunca imaginaram dar ao Banco Central tal liberdade de infligir ao País qualquer prejuízo em nome de uma política cambial decidida intra-muros do próprio BC com objetivos que só o BC decidiu.

Valorizar ou desvalorizar a moeda do País é uma decisão de GOVERNO, não de Banco Central, este é apenas executor, não é formulador de política econômica.

Junto com o BC, Campos e Bulhões criaram o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, um órgão colegiado que tinha autoridade ACIMA do Banco Central e onde se decidiam as políticas monetária, cambial, de crédito, de sistema bancário.

Ao Banco Central cabia a execução do que o CMN decidisse. No CMN estavam representados a indústria, o comércio, os serviços, a agricultura.

Esse Conselho foi, na prática, extinto no Governo FHC por exigência dos “economistas do Real” para que eles pudessem operar o BC sem controle, livremente. Com isso, poderiam controlar as flutuações da moeda de dentro do BC.

Por uma incrível coincidência todos os “economistas do Real”, antes pobretões de roupa amassada, viraram banqueiros milionários. Com essa “liberdade”, dois presidentes do BC quase quebraram o Brasil e tiveram que ser demitidos quase “manu militare”, à força, tal o estrago que fizeram.

Com isso o BC pode infligir ao País prejuízos monumentais que podem quebrar o Tesouro pela decisão de uma única assinatura, a do Presidente, sem dar satisfação a ninguém. Com o prejuízo de R$ 218 bilhões, seria possível iniciar a reativação da economia no rumo da saída da recessão.

Como exemplo:

1. SEIS MIL, 6.000 obras municipais de pequeno porte até R$ 5 milhões cada uma, possível para construir creches, escolas, ambulatórios, estradas vicinais, pontes. Estou exagerando, em pequenos municípios R$5 milhões dá para fazer mais de uma obra. Total dessa verba R$30 bilhões.

2. MIL E QUINHENTAS , 1.500 obras municipais e estaduais de médio porte, R$20 milhões cada uma, dá para fazer conjuntos habitacionais, redes de saneamento e esgotos, parques esportivos, mercados municipais, hospitais, dá para fazer um conjunto dessas obras em cada cidade. Total dessa verba  R$30 bilhões

3.OITOCENTAS, 800 obras estaduais até R$50 milhões – Dá para fazer estradas de rodagem, pontes, viadutos, conjuntos hospitalares, escolas do ciclo médio, estações de captação de água, estações de saneamento, divididas pelos Estados mais pobres (20) dá 40 obras por Estado, um belo conjunto de obras de médio porte, inclusive conjuntos habitacionais. Total dessa verba R$ 40 bilhões

4. TREZENTAS, 300 grandes obras de saneamento de custo até R$150 milhões cada uma, para cidades médias, zonas litorâneas, consórcios de cidades menores, há enorme carência de obras de captação, canalização, tratamento de esgotos, usinas de lixo. Total dessa verba R$ 45 bilhões

5.DUZENTOS E CINQUENTA, 250 grandes conjuntos habitacionais nas regiões metropolitanas a custo de R$200 milhões cada um, o que daria para no total 1.250.000 moradias  Total dessa verba R$50 bilhões

6. MIL, 1.000 obras em parques e museus nacionais, ao custo de R$8 milhões cada obra, daria para recuperar grande número de museus, parques e monumentos nacionais, boa parte necessitando de conservação – Total dessa verba R$8 bilhões

Emprego: estimando que a participação de mão de obra nessas obras corresponda a 25% do custo, serão R$52 bilhões, a R$52 mil por ano por operário seriam criados UM MILHÃO DE EMPREGOS nesse conjunto de obras. Em vez disso essa verba garante o emprego do Sr. Ilan Goldfajn e nada mais.

 

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

40 Comentários

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  1. Muito bom

    O André, além de um excelente comentarista é corajoso e diz as coisas como elas são.

    Este post cita o fato e mostra os seus desdobramentos. Isso é mais do que matar a cobra e mostrar o pau..

    Parabéns André!!

  2. É provável que todos aqueles

    É provável que todos aqueles que já notaram minha existência nesse mundo, via GGN, estejam de saco cheio, mas lá vou eu de novo:

    O Banco Central do Brasil, autarquia do governo federal, é, na prática, uma entidade privada.

    Não trabalha para buscar ou promover o bem público.

    Trabalha para promover os interesses da banca privada.

    Desculpem a encheção de saco.

    1. O BCB, segundo informa o AA

      O BCB, segundo informa o AA neste excelente artigo, não foi concebido assim. Tinha um CMN a subordiná-lo, conselho composto por ministros de estado e representantes da sociedade. Até que os “goldens boys” do Plano Real, ora milionários, conveceram o então presidente FHC a deixar tudo sob o controle do BCB que sequer votava nas decisões do CMN (não era assim, André?), apenas secretariava as reuniões. Daí, tal qual já ocorria nos demais países,  o nosso BC tornou-se independente do governo, embora administrativamente subordinado ao Ministério da Fazenfa.

      1. Você está certa.
        Mas o que o

        Você está certa.

        Mas o que o BC foi, até o período FHC, já não afeta em nada nossos vidas.

        O que o BC se tornou, pós-FHC, é o que nos submete a essa fraude.

        E o que ele se tornou, foi isso: uma instituição privada.

  3. Se a midia fosse realmente

    Se a midia fosse realmente isenta,

     

    muitos “analistas economicos” estariam, em praça publica, pendurados em postes; e não com sorrisos cheios de dentes nas telinhas da tv….. ao lado desses alguns “patriotas”………

  4. Jornalista econômico na

    Jornalista econômico na grande imprensa não existe… só tem golpistas ditadores da máfia fhc clinton disfarçados de jornalistas que só analisam, oportunamente, assuntos que alimentem algum tipo de golpe.

  5. naturalizado

    Andre,

    Notícias como esta, corretamente analisada, somente são possíveis de ler na internet.

    Não poderia ser diferente, quando se coloca um banqueiro privado na condução do BC. Quem indicou, quem foi o responsável pela ida do brasileiro naturalizado Ilan Goldfajn para aquele trono supremo ?

    1. O outro também

      O outro cotado para o lugar de Meireles também tem cidadania americana.

       

      http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc22029906.htm

      Fraga diz ter dupla nacionalidade

       

      “Um parente de Fraga informou que ele ganhou passaporte americano aos dois anos de idade.
      A secretária de Justiça do Ministério da Justiça, Sandra Valle, disse que Fraga não está impedido de assumir a presidência do BC por ter dupla nacionalidade.
      Segundo ela, uma emenda constitucional reconheceu em 1994 o princípio da dupla nacionalidade, suprimindo dispositivo do artigo 12 da Constituição que exigia a nacionalidade única.”

       

  6. Ótimo.

    Muito bom André.

    De qualquer forma, para os 14 bancos que operam o câmbio (dealers), “quanto pior, melhor”, né. Lembrando que entre os 14, apenas 3 são brasileiros (supostamente brasileiros).

    E, como se não bastasse, temos um norte-americano como ministro da fazenda e um judeu como chefe do BC.

    Lendo seu artigo, lembrei da famosa frase atribuída a Amschel Rothschild: 

    “Deixe-me emitir e controlar o dinheiro de uma nação e não me importa quem faz suas leis.”

  7. Há algum jeito de ressussitar

    Há algum jeito de ressussitar Roosevelt e Church e juntar os dois num só? (rs) – pois acho que só um líder com a soma do melhor dos que mencionei pra tirar o país desse ponto que estamos. Um país com tanto ainda a fazer e sendo dia a dia desfeito por uma das elites mais míopes do ocidente. É deprimente. 

  8. Ouro dia elogiei uma postagem

    Ouro dia elogiei uma postagem do AA sobre as despesas do BC.

    É salutar que ele tenha acordado para o tema, mesmo que tardiamente. Só falta agora perder as ilusões em relação aos “comentaristas econômicos da granda imprensa”.

     

    1. Minha cara, sou critico do BC

      Minha cara, sou critico do BC desde o Plano Real, de tudo no BC, até da seção WORKING PAPERS do site do BC

      onde seus economistas escrevem trabalhos em INGLES somente, introduzido ao tempo de Arminio Fraga.

      A politica cambial de um Pais define seu rumo economico, as decisões sobre a desvalorização do yuan na China são tomadas pelo Politburo do Comité Central do Partido Comunista Chines, no Japão quem decide o rumo do yen é o Primeiro Ministro, o banco central EXECUTA a politica cambial que é sempre do Governo e nunca do BC, aqui nosso BC, desde o Plano Real, SOZINHO DECIDE  qual é a politica cambial. uma completa aberrção, porque em uma politica cambial há PERDEDORES e GANHADORES e a arbitragem dessas perdas e ganhos e POLITICA e não economica.

      1. Sim, bom dia.
        Falta agora

        Sim, bom dia.

        Falta agora abandonar as ilusões em relaçao aos “comentaristas econômicos da grande imprensa”. Poderia tê-lo feito desde antes do plano real.

  9. Prejuizo do bacen

    Não se deve esquecer que ano passado o resultado foi positivo e serviu para quitar as “pedaladas.”

    Se o resultado for sempre em uma direção, deve se observado com atenção. 

    Se o o Bacen não atuasse no câmbio, este impactaria muito mais fortemente na inflação o que provavelmente exigiria uma ação em termos de juros. Dizer que não existiria custo é meio forte.

    Quanto a mudez da imprensa, faz parte….

     

     

  10. André Araújo

    Bom dia, desculpem minha ignorância. Gostaria de maiores explicações sobre o porquê em manter valor dólar baixo para saída dos lucros dos rentistas, gerando essa dívida do BC. ARtigo bastante interessante. Sempre defendo a ideia de que com pequenas ações poderíamos retornar o crescimento global do País sem necessidade de megaconstrucoes. Começando pela infraestrutura e moradia daríamos condições dignas ao povo e emprego!

    1. Conta simples
      Em janeiro, o câmbio estava mais ou menos US$ 1 = R$ 4.

      Digamos que você tinha US$ 1.000,00, trocou por R$ 4.000,00 e colocou embaixo do colchão.

      Aí você acorda hoje, pega os reais e resolve comprar dólares, cotação de hoje: US$ 1 = R$ 3,40. Hoje, com R$ 4.000,00, você compra US$ 1.176,47, ou seja, você teve um lucro de quase 18% sem fazer absolutamente NADA, com o Banco Central trabalhando e arcando com todos os riscos e efeitos colaterais no seu lugar!

      Imagine se, em vez de colocar o dinheiro embaixo do colchão, você tivesse comprado títulos do governo, que pagam a SELIC…

  11. Economista?

    Haveria algo mais cretino que os tais economistas. Vivem de criticar ou apoiar o cambio ou a contenção de gastos com base no chefinho que têm.

    Jornalista já é um desastre, com poucas exceções, mas economista é ainda pior.

  12. posso postar em meu blog?

    Puxa, excelente analise André. Teria que repercutir mais. Posso reproduzi-lo no meu blog com a citação da fonte, evidente?

  13. Vc teria que propor então

    Vc teria que propor então acabar com as reservas internacionais, o verdadeiro motivo da perda recorde do BC.
    E veja que essa perda pela desvalorização da reserva internacional é apenas contábil.
    Agora, se o BC impedir a valorização do dólar daqui pra frente, (valorização que faz com que o BC recupere o que perdeu), ai sim poderemos falar que o BC estaria agindo contra a economia brasileira.
    “Em relação ao resultado negativo de R$ 184,6 bilhões na conta cambial, a queda de 17,8% da moeda norte-americana no primeiro semestre reduziu, em reais, o valor das reservas internacionais. O BC perdeu R$ 263,3 bilhões com a desvalorização das reservas externas.
    A perda no valor das reservas internacionais foi parcialmente compensada pelo ganho de R$ 78,7 bilhões com as operações de swap. Isso ocorreu porque a queda do dólar fez o BC ter lucro com as vendas de dólares no mercado futuro. Quando a moeda norte-americana cai, o prejuízo fica com os investidores que compraram esse tipo de contrato, não com a instituição financeira.”…Mais informações no site abaixo

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2016-08/queda-do-dolar-faz-banco-central-ter-prejuizo-recorde-no-primeiro-semestre

    1. Tanto não é “somente

      Tanto não é “somente contabil” que o BC solicitou credito do Tesouro para a perda (ESTADÃO,  15/10/2016, pg;B-13.

      Sou contra a intervenção do BC no mercado de cambio, raiz das perdas.  Considero a politica cambial suicida porque toda ela visa a garantir a entrada e saida de capital especulativo, esse é seu unico objetivo. Se fosse só pela flutuação do contravalor em Reais das reservas internacionais ai sim o valor da perda ou ganho seria meramente contabil. Mas não é isso. O hisrtorico das operações com swaps cambiais é todo ele altamente discutivel para a economia produtiva, é

      um conjunto de operações que atende basicamente ao mercado financeiro de renda fixa, derivativos com indices e juros.

      A perda vem da indenização que o BC paga a quem compra seguro cambial que na pratica tem como cliente o investidor de curto prazo, o seguro funciona para prazos curtos, quem tem divida a pagar daqui a dez anos não compra seguro cambial.

      O swap cambial visa a garantir quem traz por exemplo US$1.000.000, aplicados no mercado de renda fixa a 13,5% e retorna

      com os mesmos dolares, ai ele precisa de seguro que é dedudizo dos juros em Reais. Para que o BC faz isso?

      Para garantir o fluxo de capital especulativo, algo que julgo prejudicial e DESNECESSARIO ao Pais.

       

  14. caro André Araújo, perfeita

    caro André Araújo, perfeita perfeita a análise, por um único senão, esse montante na verdade é  ilusório, parte se recupera no movimento contrário do dólar. Forte abraço.

  15. Se o Banco do Brasil fizesse a sua parte

    O BB possui 5.430 agências. Imaginemos um universo de 4 mil Gerentes de Contas Pessoa Jurídica (são mais), e deles fosse cobrado entregar, todo mês, uma aplicação mínima de insignificantes R$ 500 mil na linha de investimento do Proger Urbano Empresarial, destinado ao segmento MPE. Óbvio que para cidades dos confins das regiões Norte e Nordeste 400 mil mensais podem ser muito, mas estamos tratando de média nacional. 4.000 x 500.000,00 x 12 = R$ 30 bilhões ano, para acionar toda a cadeia produtiva industrial brasileira, de A a Z, pois o Proger financia de tudo. O FAT (funding da linha de crédito) não tem esse recurso todo? O BNDES complementa, estamos tratando de ativar a economia e tirar o País da recessão, certo? 

    Se o Banco do Brasil fizesse a sua parte, cumprisse com a finalidade para o qual foi criado em 1808, não seria difícil tirar o País do atoleiro. E a Caixa, o Basa, o BNB. Mas, não. Na contramão do que seria o interesse naconal, com a reestruturação em andamento dentro do BB, foram cortados cargos de Gecontas PJ, e os que sobraram foram transferidos para o BB Digital. Imagine-se um imenso salão com dezenas de baias. em cada uma delas, um gerente de contas pessoa jurídica com um fone no ouvido, prestando atendimento das 08:00 às 22 horas, em dois turnos, a 500 (quinhentas) empresas. Quando estava na agência, no atendimento físico, o limite eram 150 clientes por gerente.Não há contato físico com o cliente (MPE), apenas por telefone, email, WhatsApp e o chat, onde o cliente conversa com o banco teclando o computador. Documentos necessários são escaneados e mandados por email ou outra forma, por isso o nome BB Digital. Aliás, é proibido manter contato físico com o cliente, pegar o caro e ir visitar a empresa. Para isso, acabou de ser criado o Gerente de Serviços, cuja única finalidade é ir verificar se a empresa existe, função negocial zero. E essa pessoa vai cuidar de 2 mil empresas, ou 5 mil, salvo engano. O Gerente de contas vai se relacionar com uma pequena empresa por 5 anos sem jamais ver a cara do dono, um café, um almoço, nada. Não é mais Banco do Brasil, vamos chamar pelo nome certo, qual seja, Central de Telemarketing. 

    O recado é claro, o BB retirou-se de qualquer linha de longo prazo (investimento), vai limitar-se aos 12 meses (e olhe lá) do capital de giro. Investimento dá muito trabalho, risco alto, consumo de mão de obra, retorno incerto, enfim, um transtorno, assim pensam os atuais administradores de uma empresa com 208 anos de vida. Desidrataram ao máximo as agências de varejo, retirando cargos, dotação de pessoal, e carteiras de clientes para levar para o BB digital, sobrou uma estrutura mínima para atender os clientes considerados do “Carteirão”, mas que no jargão interno são chamados de “Lixão”. O Banco do Brasil decretou que, de Norte a Sul, o País é homogêneo, todos os clientes são digitais/informatizados, 2.0, possuem internet em casa, sabem operar todos os aplicativos, escanear documentos, possuem scanner em casa, operam sozinhos as máquinas do auto-atendimento. Quando estava na região Norte, a colega entregou o cartão magnético a um velhinho do INSS e recomendou que tomasse muito cuidado. Ele cumpriu à risca o conselho, saiu do Banco, entrou na papelaria e mandou plastificar o cartão. No mês seguinte foi receber o “aposento”, e enfiou o cartão plastificado na máquina. Claro que não entrou. Eu vi, ninguém me contou. Ribeirinhos da Amazônia morrem aos 80 anos sem nunca ter visto uma escada rolante na vida ou entrado dentro de um elevador, mas terão que se acostumar em chegar na agência do BB e não encontrar quem os auxilie a operar a máquina do auto-atendimento. Não é mais Banco do Brasil, vamos chamar pelo nome certo, qual seja, Lotéricas de Luxo. 

  16. caro André Araújo, so mais um

    caro André Araújo, so mais um adendo, o câmbio é uma varíavel econômica exógenao governo não tem controle. Por mais que governos tentem, o câmbio sempre volta ao seu valor de equilíbrio, determinado pelo arranjo industrial, educacional e cultural de um país, além do arranjo econômico externo (imagine um mundo sem a China, o câmbio relativo entre os países seria beeem outro. Imagine uma desvalorização que tire 30% do salário do trabalhador, será que a sociedade aceitaria? Acredite, uma canetada em nada muda valor real do câmbio de um país (política de longo prazo e mudanças estruturais sim). Acredite. Forte abraço.

  17. A geração X do pós-Plano Real

    A legião pós-Plano Real, formados em cursos de negócios, engenharia e economia, tem uma difuculdade imensa em absorver perspectivas que não aquelas estabelecidas pelo papas do plano Real. Em qualquer faculdade da chamada “primeira linha” aqui no Brasil, os jovens ainda são instigados a seguir os dogmas e os mantras estabelecidos pelos cardeais do ortodoxismo jurista. Na busca por empregos, a grande maioria prefere galgar posições em bancos e gestoras de assets, locus operativo de tal perspectiva, relegando, em segundo plano, o dito setor produtivo. Mesmo aqueles que ingressam neste, tiveram o seu pé batizado no chamado “mercado financeiro”. 

    Trata-se de uma perspectiva acadêmica que já deveria ser passado a cabo, na medida em que, nem as Ivy(s) americanas e quanto as grandes economics colleges nos Estados Unidos advogam, cegamente, uma só perspectiva. Há uns dois ou três anos, estudantes de graduação de Economia em Harvard insulflaram contra Gregory Mankiw, conhecidíssimo professor de “Introdução à Economia” e autor de célebre livro-manual de em cursos de graduação mundo afora, inclusive no Brasil. 

    Vejo jovens astutos em modelagens analíticas e econométricas, mas zero em análise política da economia. No máximo, cantarolam dizeres desses Ricardos Amorins, Tecos, Empiricus da vida, além de toda a fauna de “economistas-chefes” que turbinam os jornais econômicos.

    1. Bem observado. O mundo

      Bem observado. O mundo acadêmico brasileiro cresceu em tamanho e diminuiu em criatividade e autodeterminação. Pelo menos na área de economia.

      Já faz um tempo que tive a informação que os melhores formandos do ITA seguiam carreira no mercado financeiro em SP e não construindo aviões em SJC. Isso no início do séc. XXI. Ou seja, a tragédia dos idiotas apoliticos vem de longa data.

       

  18. Uma salada de sentimentos

    Uma salada de sentimentos ruins assoma nossas mentes quando lemos algo do tipo. É devastador para a nossa temperança ter que suportar ultimamente tantos absurdos nesta República que caminha de forma açodada para o brejo.

    A revolta, um desses sentimentos,.é maior porque as dificuldades enormes que enfrentamos foi uma tragédia anunciada. Nós quase que auspiciamos chegar a esse ponto. Tudo por conta da intolerância política e o ódio ideológico mesclados com os interesses econômicos e políticos rasteiros. Transformamos contingências em fatalidades. 

    Construir um projeto de Nação é uma árdua tarefa. Já destruir é uma tarefa bem mais fácil. 

  19. Tem jeito não! Caminhamos
    Tem jeito não! Caminhamos rapidamente para o modelo de governo perfeito para pilantras e manés a seus serviços: o modelo 3M ou MMM, “Mercado, Mídia e Militares”.A DITADURA PERFEITA, porque a política será gerida pela mídia, sob comando geral do Mercado (agiotagem) e reforço do braço “da Lei”, os militares.

     

  20. Enxugadores de gelo

    A economia ficou refém de uma das piores tiranias possíveis, a tirania da ” dependencia do emprego ” no mercado financeiro. Todo mundo que trabalha na área precisa pedir benção para o sistema financeiro.

    Acontece que o sistema financeiro, endeusou FHC, o plano Real e a versão da mídia ( que na época era paga para falar bem do FHC ) virou uma bíblia inconteste para eles, um dogma fanático e ai daquele que ousar duvidar, será tachado de petralha ou coisa pior.

     

    Pelo jeito vai ser mais uma edição do show circense dos ” enxugadores de gelo amestrados ” e os coxinhas nem vão saber o que está acontecendo, como sempre, pois a mídia vai ignorar por completo.

    É só  praticando uma meditação profunda  para aguentar este país.

    ———

    Síndrome de Cassandra.

    ” Saber da Verdade e nada poder fazer com ela. “

  21. O controle do BC nem foi citado nas 10 medidas contra corrupção

    Estão clamando para que o congresso reveja as alterações feitas nas ditas 10 medidas contra corrupção, mas  RALO desta magnitude e de conhecimento dos Ministérios Públicos Federal e de Contas do TCU parece ser ignorado.

    Vamos fazer passeata para conter este ralo do Banco Central.

    Vamos fazer passeata para que banqueiros não possam mais presidir e dirigir o BC.

    Vamos fazer passeata com cara pintada e bonecos de Olinda exigindo a redução da Taxa SELIC para dentro de nossa realidade econômica, ou seja, 5%.

    Vem pra rua contra estas coisas lesivas. Cadê os movimentos de panelaço? Acho que seus mentores estão entre aqueles que nas horas vagas fazem uma fezinha comprando Títulos da Divída Pública. 

    Pra estas coisas preferem deixar o povo na mais celeste ignorância.

  22. O BC está perdido,

    O BC está perdido, simplesmente não sabe o que fazer. Voltou a dançar de rostinho colado com o “mercado”, e tenta manter o passo e a sincronia com o parceiro, que sempre está alcolizado e é incapaz de dizer coisa com coisa. Para piorar o barco chacoalha para todo lado. O resultado é uma dança frenética e descompaçada, onde um se segura no outro para evitar o tombo e trocam acusações sobre o culpado da cena grotesca.

    Impossível fazer política cambial nessas circunstâncias e ainda mais com um mercado de derivativos que vende e compra dólar contratual a data futura para um prazo de no máximo um mês, quando muito, e com resultado e ajustes diários em reais como no se faz na BM&F. É o curto prazismo elevado a enésima potência. Como cego disparando a esmo num salão, os operadores de mercado a cada notícia e a cada sobressalto que salta na sua tela sai correndo igual galinha em fuga, que ora corre para um lado, ora para outro.

    Desde meados de 2014, quando a aventura golpista começava a se delinear, que a taxa de câmbio se deslocou de suas determinantes básicas relacionadas a oferta e a demanda de divisas relacionasdas aos movimentos da conta de comércio e capital. O swap cambial que infelizmente voltamos a utilizar ainda no primeiro governo Dilma (primeiro para evitar a supervalorização do real e depois a hiperdesvalorização) serviu para jogar mais combustível nesse coquetel explosivo. Nunca é demais dizer que o FMI proibiu o governo brasileiro de brincar com derivativos de câmbio depois da quebra de 1999, botou a proibição nos memorandos junto com a exigência de uma lei de “responsabilidade” fiscal (basicamente induzir a geração de superavits primários) e a adoção da política de metas de inflação, formando o tal tripé que os tucanos falam com vóz empostada e vendem como seu.

    É incrivel notar que durante todo esse período as reservas cambiais pouco ou quase nada se moveram em comparação com os mbimentos erráticos e violentos da taxa de câmbio (a tal volatilidade como emulam os jornalista utilizando a linguagem pseudo técnica dos meninos). O resultado em termo fiscal disso tudo é brutal, mas nada disso tira o sono dos nossos meninos do mercado que continuam a receber salários injustificados para gerir essa insanidade. E pouco sensibiliza nossos gestores do banco central ou qualquer outra autoridade.

    Bertrand Russel tem um artigo brilhante dos anos 30 falando sobre a irracionalidade, a ignorância e os perigos do domínio das finanças sobre a economia e a sociedade. Sempre que vejo essa situação lembro desse artigo.

     

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