Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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“Efeito Heisenberg” e esquizofrenia midiática derrubam a Seleção

A mídia parece ter um discurso pronto para cada traumática desclassificação nas Copas, em um movimento semioticamente pendular: ora diz que falta “modernidade”, ora defende “tradição” ao futebol brasileiro. Mas dessa vez, nada explica a anomalia de um 7 X 1. Pelo menos os comentários da imprensa especializada foram unânimes: não foi placar de um jogo de futebol profissional. Quem lida com semiótica e sincromisticismo sabe que quando eventos tornam-se bizarros e anômalos deixam de ser meros acontecimentos para se converterem em sintomas. No caso dessa partida, sintoma de dois fatores extra-esportivos: o chamado “efeito Heisenberg” (a patologia de toda cobertura midiática extensiva) e a esquizofrenia de uma mídia sob o desgaste de politicamente ter que sabotar o evento e ao mesmo tempo faturar comercialmente.

Holanda 2 X Brasil 0, o jogo na Copa de 1974 que desclassificou o Brasil para as finais; Itália 3 X Brasil 2, jogo que tirou a Seleção da Copa de 1982; Holanda 2 X Brasil 1, jogo que eliminou a Seleção nas quartas na Copa da África do Sul em 2010.

É interessante perceber nesses momentos de aguda comoção nas crises da chamada “pátria de chuteiras” a construção de um script midiático para racionalizar as catástrofes. Um script pendular que vai do discurso da necessidade de “modernização” ao do “retorno às raízes”: de um lado a ideia de que o futebol brasileiro está ultrapassado diante da modernidade europeia (a revolução tática do “carrossel holandês” em 1974 ou a crítica ao futebol bonito da seleção em 1982, mas sem a eficiência e aplicação europeias) e do outro um futebol que ficara tão pragmático que teria esquecido “a arte” – como no caso da comemoração do “fim da Era Dunga” acusada de abandonar o “futebol bem jogado” em 2010. Ora a modernidade, ora a tradição.

Após o placar de 7 X 1, bizarro em se tratando de confrontos profissionais de seleções de futebol em uma semifinal, o discurso da grande mídia vai para o oposto do pêndulo, quatro anos depois do “fim da era Dunga”: a Seleção está ultrapassada, o futebol modernizou-se e o técnico Felipão vive do passado. Fala-se em contratar técnicos estrangeiros como o espanhol Pep Guardiola que teria supostamente criado uma “revolução tática” no Barcelona.

7 X 1: sintoma de um efeito midiático

Claro que esses dois momentos do movimento pendular do script semiótico da mídia são resultantes das intensas discussões táticas de escalações ideais sobre quem deveria entrar ou sair. Mas dessa vez o que ocorreu no Mineirão em BH foi para além de qualquer fórmula de explicações. Faltou meio campo? Neymar Jr. e Thiago Silva fizeram falta? Os jogadores alemães são mais frios e equilibrados? Nada explica a anomalia de um 7 X 1. Pelo menos os comentários da imprensa especializada foram unânimes: não foi placar de um jogo de futebol profissional.

Quem lida com as conexões entre semiótica e sincromisticismo sabe que quando eventos tornam-se bizarros e anômalos deixam de ser meros acontecimentos para se converterem em sintomas. No caso dessa partida, sintoma de algum fator extra-esportivo.

O enigma fisionômico do Felipão

Talvez aquela opinião dentro da imprensa especializada que mais se aproximou desse fator foi o jornalista José Trajano do canal ESPN. Em um debate ao vivo com Juca Kfouri e PVC logo após a goleada, Trajano criticou a imprensa esportiva brasileira (incluindo os próprios interlocutores que, perplexos, ouviam) de se limitar nos últimos dias a ficar discutindo o semblante do técnico Felipão – se estava tenso, calmo, como se os jornalistas tentassem, através da leitura da fisionomia, adivinhar a escalação do jogo decisivo.

E Felipão sabia disso: risinhos, ironias, respostas escorregadias, enigmáticas. O técnico, como todos os jogadores e comissão técnica, demonstravam estar conscientes e atentos aos seus rendimentos midiáticos – impacto, performance, repercussão etc.

O script midiático começou a ser desenhado durante a semana: de um lado a cobertura jornalística da seleção alemã destacando o planejamento, matéria especial sobre um software que estava sendo usado de forma experimental pela comissão técnica, jogadores tranquilos caminhando pelas areias da praia de Santa Cruz Cabrália (BA) e interagindo com nativos etc. Signos da modernidade e da “germanidade” – frieza, cálculo etc.

Mídia destaca software exclusivo da Alemanha:
o script do “germanismo”

Ao contrário, do lado brasileiro tensão, passionalidade, comoção e homenagens emocionadas a Neymar Jr. Somado aos hinos nacionais cantados à capela, close up nos olhos marejados de lágrimas dos jogadores e micronarrativas de morte e ressurreição (Thiago Silva desenganado por médicos no passado e agora capitão do time e a redenção do goleiro Júlio César após o fracasso na Copa anterior), temos a finalização do discurso do “moderno versus antigo”, agora usado para racionalizar a derrota acachapante.

Efeito Heisenberg

Quanto mais a mídia elaborava seu trabalho semiótico, mais a Seleção correspondia a essa construção estereotipada, criando aquilo que Neal Glaber chamou de “efeito Heisenberg”, um efeito secundário produzido pelas coberturas midiáticas: se o principal efeito da onipresença midiática é transformar quase tudo que era noticiado em entretenimento, o efeito secundário é forçar quase tudo a se transformar em entretenimento para atrair a atenção da mídia – sobre isso clique aqui.

O termo “efeito Heisenberg” é uma referência ao princípio da incerteza da mecânica quântica de Werner Heisenberg (1901-1976): quando se tenta estudar uma partícula atômica, a medição da posição necessariamente perturba o momentum de uma partícula. Em outras palavras, Heisenberg queria dizer que você não pode observar uma coisa sem influenciá-la.

Granja Comary: um estúdio de TV
 a céu aberto

Desde o início da Copa esse discurso já estava em desenvolvimento, mas seu desdobramento foi acelerado às vésperas do jogo contra a Alemanha com o drama de Neymar Jr. Com o circo midiático 24 horas em volta da Granja Comary, a concentração acabou se tornando um gigantesco estúdio a céu aberto com personagens que respondiam prontamente às câmeras e jornalistas: jogadores cantando o hino segurando a camisa de Neymar Jr., o apresentador global Luciano Huck interrompendo treinamento para realizar um sonho de um deficiente físico e fazer jogadores chorarem entre outros episódios.

Chegou-se ao momento paradoxal que a mídia pautou acontecimentos que ela própria criou: questionou-se um suposto desequilíbrio emocional de um time que chora antes de decisões, como se tudo isso já não fosse um “efeito Heisenberg” em que os próprios jogadores entraram de cabeça – como da mesma forma falavam de uma “Copa surpreendente” depois deles próprios terem “previsto” que o evento seria um caos.

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Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

23 Comentários

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  1. Análise interessante

    O texto deixa a impressão de que estaremos sempre num big brother, ora com um script, ora com outro. Me lembrei do Dunga e da tentativa dele de cortar o cordão umbilical que existe entre a Globo e a cobertura da seleção: foi crucificado por sua atitude. Dá raiva em saber que o autor da obra Sociedade do Espetáculo (Guy Debord), estava tão certo que suas teses se aplicam até no universo esportivo. Mas não é de se estranhar: onde há dinheiro graúdo, lá estará o capitalismo em sua forma mais refinada.

  2. Mais simples

    Sem grandes teorias e análises complicadas sobre o acontecido, para mim a atuação da seleção brasileira que destoou como a água do vinho para a organização da Copa, tem um diagnóstico “simples”. A intromissão total da Rede Globo nos destinos do futebol brasileiro há muito tempo. o excessivo merchadising de jogadores, como Neymar e Cia, que inclusive após sua contusão, em sua casa trocando mensagens com seus companheiros na granja Comary, via twitter, usaram @jogapramim que está associado a Sadia que patrocinava nossos “herois”, até nisso levaram uma graninha a mais!

    A Globo montou uma sucursal na Granja Comary, helicóptero descendo no gramado parando o treino para a figura do Luciano Huck fazer entrevistas exclusivas e apelações “mondo cane” com pessoas deficientes. Essa emissora que detem os direitos do campeonato Brasileiro, detém os jogos da seleção, que manda nos horários de transmissão das partidas do campeonato nacional a seu bel prazer, que atendendo aos seus desejos financeiros, age de forma descaradamente escrota com entrevistas exclusivas mostrando a intimidade dos jogadores, o lado humano dos super heróis, carta de mamães dos jogadores piegas e emocionais que tem uma mensagem da meritocracia barata, “vejam, nasceu pobre, sofreu, batalhou e Venceu”. Criaram monstrinhos, apoiam de forma velada Marin e Cia faturnado bilhões de reais com suas ações.

    O Bom Censo, Romário e Cia tem é que bater forte nessa intromissão nefasta da Rede Globo Midas, se conseguirem isso 90% da reestruturação do futebol já estará sendo realizada, o restante vem de roldão.

    1. Matou a pau,

      Matou a pau, Sabóia.

      Resumindo:

      – organização da Copa: Governo Brasileiro (PT) —-> sucesso total

      – organização da seleção brasileira: Rede Globo (PSDB) —–> fracasso total (7 x 1).

      Alías, onde a Globo meteu o dedo, ela estragou o produto, um Midas às avessas:

      – futebol

      – carnaval

      – fórmula 1

      – música brasileira

      – literatura (ABL)

      – etc etc etc…

    2. Perfeito

      Perfeito, Perfeito,acrescento,pagodadas,brincos,cortes de cabelos tinturas ridiculas,camaros amarelos,coraçoeszinhos 

       

      galera,sertanojos lepo lepo selfies e muita grana deu no que deu Mas a Copa foi uma Maravilha

       

      Me acordem em 2018  melhor  ver as peladas de rua mais saudaveis

  3. Mais uma excelente analise do

    Mais uma excelente analise do Wilson Ferreira, acrescentaria que Dunga foi tornado maldito não tanto pelo desempenho do seu escrete mas pelo fato de ter tirado da Globo os privilégios de que sempre gozou, outros técnicos já protagonizaram fracassos na nossa seleção mas passado o momento de catarse eram reabsorvidos e seguiam a vida inclusive em alguns casos voltando ao comando da seleção, mas no caso do Dunga não se seguiu essa escrita, ele é mantido como um espantalho vivo para que ninguém mais ouse afrontar da mesma maneira a dona do futebol tupiniquim.

      1. bundão

        vcs lembram do “bundão”, disparado contra um dos jornalistas covardes da globo numa coletiva?

        dunga era um dos únicos caras sérios daquela seleção.

        por isso é odiado.

  4. lula

    lula, do santos f.c., foi o maior técnico da história do futebol brasileiro.

    não era um mero distribuidor de camisas que os jornalistas do eixo (os nazi-fascistas do eixo rio-saopaulo) insistem em rotular.

    pelé não seria pelé se não jogasse com zito, mengálvio, pepe e outros que formaram a mais completa equipe de futebol, seja clube, seja seleção da história do esporte.

    o santos de 62 era superior a seleção brasileira de 62.

    onde entra pepe guardiola nessa história?

    foi assistente do pepe, o canhão da vila, quando este treinou a arabia saudita, se não me engano.

    guardiola descobriu com “pepé” (era assim que os jornais parisienses se referiam a ele) que o fundamental naquele time imbatível do santos era valorizar a posse de bola.

    até hoje, passados quase 50 anos, é antológica a expressão “uma tabela pelé-coutinho” como símbolo de perfeição e excelência em parcerias; de sintonia dentro de uma equipe.

    era como o santos dos anos 60 jogava: toque de bola entre os melhores jogadores, todos muito bem pagos, tanto que nenhum time do mundo conseguia tira-los da vila famosa.

    e não ficavam escondidos em “parques” do tipo são jorge ou antártica da vida: arrebentavam em paris; milão; roma etc a ponto do real madrid ‘fugir’ da participação de torneio (e devolver adiantamento recebido) em nova iorque quando soube que o santos também disputaria-o. 

    quanto ao resto: essa seleção da mídia; dos patrocinadores, além de não representar o futebol brasileiro porque é formada por gente que não milita aqui, teve o resultado que mereceu: foi muito funk e pagode para nada de futebol.

    não aprenderam a lição de 82: “voa canarinho, voa” termina em vôo de galinha.

    bem feito!

    1. Eram salários da fome.

      Concordo que o Santos em 1962 era o maior time do mundo e nenhum Barcelona, Real Madrid, Chelsea, Bayern, etc., de hoje chega-lhe aos pés. Mas há incorreções e lacunas. Lula foi o maior técnico da História do futebol brasileiro, duas vezes campeão do mundo, vencendo o Milan em melhor de 3, uns 9 campeonatos paulistas, Pelé foi artilheiro desse campeonato por 11 vezes, sendo 9 seguidas. Santos não conseguiu mais títulos mundiais porque prezava os amistosos internacionais que lhe rendiam dinheiro e desprezava a Libertadores de América (era o nome original). Mas Pelé & Cia. não eram muito bem pagos. Pelé só comprou um fusca em 1962, quando já era bicampeão mundial de futebol. Morava em uma pensão e todo o elenco alvinegro andava de ônibus. Romário, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, e outros ganharam em um ano aquilo que Pelé não recebeu a vida inteira como jogador profissional no Brasil. Hoje, qualquer becão do Palmeiras, Vasco, Flamento, Grêmio, etc., ganha em um mês mais do que o Pelé ganhava o ano todo, entre salários e “bichos”. Não havia direitos de imagem.

  5. Só o horário

    Para começar a arrumar o futebol há que se fazer uma Lei determinando que os jogos não podem ser iniciados após as 20 horas durante os dias de semana e, sábados e/ou domingos, às 17 horas. 

  6. Excelente análise! Se possa

    Excelente análise! Se possa culpar alguém e será sem dúvida nenhuma a Rede Globo, que está atrelada nas transmissões do evento chamado Copa do Mundo no Brasil. O circo televisivo Big Brother, com o apogeu da vidraça do envidraçamento da área de ginástica em contraste com a localização que ficaram os jogadores alemães, num ponto desértico, paradisíaco localizado na Bahia.

  7. O autor nao perde a viagem,

    O autor nao perde a viagem, enrolou daqui e dali para tentar provar que a imprensa eh a culpada. Como se a imprensa argentina por exemplo fosse desapaixonada. Ou como  a italiana, espanhola, enfim, todas. Ateh a imprensa germanica foi criticada pela sua selecao. Concluo que o artigo todo estah  eivado de vicios e que portanto nada vale. O culpado eh o Felipe Scolari e quem o escolheu.Simples assim.

  8. Maldição do Dunga…

    Faço outra análise.

    Na Copa de 2010 o Técnico dunga fez o contrário. A seleção foi eliminada por detalhes, depois de fazer o melhor primeiro tempo de todos seus jogos durante a Copa. O Dunga foi rechaçado pela imprensa e a CBF criticada pela falta de contato da Seleção com o povo (imprensa).

    Desde então a Seleção Brasileira de Futebol vive a “Maldição do Dunga”. Durante os três anos seguintes o técnico Mano, este não conseguiu emplacar a Seleção. Esta derrota deveria ter acontecido na Copa das Confederações, mas de forma surreal o Felipão conseguiu fazer sucesso nesta competição. Mas a maldição estava em dormência. 

    A pane no Felipão foi anunciada no jogo contra o Chile. Ele já havia anunciado que tinha receio desta seleção, não sei porquê este receio, mas o fez.

    A pane técnica chegou ao climax no jogo contra a Colômbia. E terminou na escalação mal feita no jogo contra a Alemanha. Porque fazer substituições no primeiro tempo é queimar o jogador de futebol.

    A Maldição do Dunga vai continuar até a Copa da Rússia. Fora isto estes jogadores não terão condições psicológicas para enfrentar outra Copa do Mundo. Quatro anos é pouco tempo para cicatrizar este fracasso.

  9. Na môsca…………….

    Análise perfeita,a meu ver, do Wuilson!

    Disse tudo, e como se não bastasse, acrescenta  ao final do texto de maneira ímpar : “… como se tudo isso já não fosse um “efeito Heisenberg” em que os próprios jogadores entraram de cabeça – como da mesma forma falavam de uma “Copa surpreendente” depois deles próprios terem “previsto” que o evento seria um caos”.

    Na môsca!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  10.  Entendi. A goleada então não

     Entendi. A goleada então não foi em função do futebol jogado pelos alemães Kroos, Hummels, Lahn e Muller. Foi graças a outro alemão, Heisenberg, que a esta altura deve estar chutando a tampa do caixão ao ver seu Princípio da Incerteza (aplicado no comportamento de partículas subatômicas) ampliado para justificar o fiasco da Seleção Brasileira.

    Como cereja do bolo, a conclusão de que a culpa da goleada é da mídia – constatação esta embasada em uma inovadora relação entre a Mecânica Quântica e Luciano Huck.

    Tenha dó. 

  11. Ocorre que normalmente todas

    Ocorre que normalmente todas as instituições fazem parte e participam de eventos, principalmente os de grande porte. Cabe aos individuos duma instituição e do seu comandante, perceberem até que ponto dá para interagir com as demais instituições sem prejuízo à sua.  

  12. APAGÃO DA SELEÇÃO

    “No caso dessa partida, sintoma de algum  fator extra-esportivo.”

    Náo sou petista,  mas acho muito estranho esta campanha midiática, diuturna,  contra o Governo e  o PT. Desde sempre existiu uma oposição raivosa, mas, na forma dos dias atuais, nunca foram vistas na história desta nação….

    Hoje há uma unanimidade de críticos. Vejo e ouço críticas o dia todo, passando pela TV aberta e fechada, TV cultura (ou tv do PSDB), os Jornalões e jornalinhos, Radios (o que aconteceu com a Jovem Pan? – tá dando nojo….) chegando  até aos locutores das rádios locais.

    Está unanimidade está cheirando burrice ou manipulação, ou os dois….

    Como não reconhecer benefícios adivndos de programas como o Bolsa Família (o dinheiro vai todo para o consumo, cara pálida!), PAC (o Prefeito da minha cidade está recapeando a cidade inteira), PROUNI (Ciências Sem Fronteiras e expansão das Universidades e Técnicas), Minha Casa Minha Vida e outros.

    Vamos jogar o BEBÊ (BB?) , junto com a água do banho???

    É claro, o #naovaitercopa e o #naovaiterpetrobras também faz parte desta campanha.

    Não sei não, esta campanha raivosa, ano de eleição e apagão da Seleção, tudo isto esta “cheirando” manipulação…….

    É, quem sabe um novo Snowden poderá lançar luz neste lamaçal. Depois não vale pedir desculpas…..(mostra o DARF, ajuda nóis aí, ó meu!)

     

  13. desta vez eu vou de trivial

    Sou critico contumaz da mídia mas desta vez não há explicações transcendentais. Felipão marcou touca, bobeou ,escalou mal e subestimou o adversário. Simples assim.

  14. Alguns comentários sobre o efeito Heisemberg

    “Em outras palavras, Heisenberg queria dizer que você não pode observar uma coisa sem influenciá-la.”

    Na verdade essa acertiva tem validade geral. Se Heisemberg tivesse dito apenas isso nem seria levado à sério..

    O ato de medir qualquer parâmetro influencia a própria medida! Isso nunca chegou a ser novidade… Se você medir, por exemplo, a temperatura de um líquido contido num recipiente, o ato de introduzir um termômetro irá mudar ligeiramente o valor da temperatura.

    Então que novidade trouxe a mecânica quântica? E por que esse pessoal ta falando tanto de Heisemberg? Há d ter alguma novidade no que se convencionou chamar Princípio da incerteza.

    A novidade trazida pela mecânica quântica é um pouco mais profunda do que dito acima no texto.

    A novidade trazida pela física quântica é que existem variáveis (parâmetros físicos) que estão correlacionadas de um modo muito peculiar.

    Vou tentar explicar, sem usar o jargão técnico da física (adianto que não entendo lhufas de física). Também vou evitar um tratamento formal do problema (que é possível com análise matemática oriunda das transformadas de Fourier de distribuições que estão  valoradas em um espaço vetorial.. blablablá… Não vem ao caso).

    Vou me ater a uma situação bem simples. Uma partícula com massa m possui duas quantidades que podem ser medidas: sua posição e sua velocidade. Pense num pequeno objeto se movendo. É simples, em princípio, medir simultaneamente a sua posição e velocidade.

    Por outro lado, em toda medição há sempre alguma incerteza. Correto? Sim, pense bem. O instrumento de medida tem suas limitações e existem fatores aleatórios que podem influir na leitura da medida efetuada.

    Aqui precisamos avaliar a origem dessas duas incertezas. As incertezas devidas as limitações dos instrumentos de medida podem ser, em princípio, minimizadas progressivamente (de fato, é perfeitamente crível que, com mais tecnologia e mais meticulosidade, sempre conseguiremos mais precisão nas medidas). As incertezas provenientes de fatores aleatórios e imprevisíveis não podem ser minimizadas. Mas há uma boa notícia, embora impossíveis de serem evitadas as incertezas aleatórias podem ser identificadas e retiradas das medidas com adequado tratamento estatístico (é por isso que os cientistas nunca fazem umas poucas medições, mas um número suficientemente grande para que as técnicas estatísticas possam delinear os limites das medidas).

    Chato, né ? rsr Mas sem explicar cada uma dessas coisinhas, o efeito heisemberg pode ser mal compreendido.

    Então, com ou sem mecânica quântica (e simplificando extremamente as coisas), uma medida da velocidade num dado instante, por exemplo, aparece como v + dv. Onde dv significa a incerteza da medida. Como vimos, é possível tornar dv cada vez menor. Mas nunca conseguimos um dv nulo. Vale observar que se as incertezas são muito grandes as medidas perdem o sentido. Por exemplo, se v = 10 e dv = 1000, a medida perde todo o sentido, afinal o que adianta medir uma velocidade de 10 se podemos estar errado por mil? Isso, é claro, parece ridículo no mundo macroscópico dos objetos, coisas, planetas, etc que observamos

    Vamos supor agora, que estamos medindo a posição e a velocidade de uma partícula muito pequena, um nêutron, por exemplo. E vamos evitar descrever todo aparato capaz de fazer essa proeza (mas acreditem, existe). Agora estamos nos domínios da mecânica quântica (também não me perguntem por que a mecânica quântica vale para coisas pequenas e não verificamos os efeitos quânticos numa bola de futebol… É um tema difícil e ainda em aberto. Os físicos ainda não sabem explicar isso muito bem) e com os aparelhos adequados medimos a posição x  e a velocidade v de um nêutron. Obtemos então x+dx e v+dv

    Estamos chegando ao efeito Heisenberg. Antes da mecânica quântica, acreditávamos que dx e dv poderiam ser tornadas progressivamente menores, desde que tomássemos providencias para tal.

    Heisemberg estabeleceu que as variáveis canônicas (isso é outro buraco, não dá pra explicar aqui) possuem incertezas correlacionadas de um modo peculiar. Em algumas situações bastante gerais, x e v são variáveis canônicas e ficou estabelecido que:

    dv.dx > h, (o produto das incertezas dv por dx é sempre maior(simplificando) que uma certa quantidade h. h é a constante de Planck e é um número muito pequeno, mas muito pequeno mesmo. Mas, embora pequeno, é fixo )

    Ora, isso implica uma coisa bem nova, e aí está a grande novidade. Há certas variáveis que são correlacionadas dessa forma. Outras não!

    se dv.dx > h isso significa que se tornarmos a incerteza dx da medida da posição do nêutron muito pequena, então a incerteza da velocidade dv ficará gigante e vice-versa. Ora, isso tudo significa que no mundo microscópico dos eletrons, nêutrons e tal, não temos a noção de trajetória como temos na vida cotidiana,

     ideia aqui é que se tentamos medir a velocidade com alta precisão nosperdemos da posição do nêutron, e se tentarmos medir a posição com uma incerteza muito pequena, nada poderemos dizer com certeza sobre sua velocidade…

    Então as pessoas devem se atentar que o efeito Heisemberg não é de influenciar um sistema quando medimos (isso já era conhecido desde a antiga Grécia). A novidade é essa, a existência de quantidades amarradas dessa forma bizarra. mas nem toda quantidade observável está correlacionada dessa maneira.. Há observáveis que podem ser sim medidos com alta precisão simultaneamente.

    Eu acho que o o efeito heisemberg midiático é de fato um pouco diferente, embora tenha realmente alguma semelhança.

     

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