Fernando Horta
Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.
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Entre facadas e fraquejadas, por Fernando Horta

Entre facadas e fraquejadas, por Fernando Horta

Jair Bolsonaro, apelidado de “o coiso”, é responsável pela maior rejeição da história brasileira entre as mulheres. Nem mesmo o vice-golpista, cuja esposa é “bela, recatada e do lar”, tira do ex-capitão o título de “besouro rola-bosta 2018”. Depois da imensa manifestação das mulheres com a hashtag “#eleNão”, hackers apoiadores do fascismo passaram a atacar a comunidade, que já chegava a impressionantes 2,3 milhões de mulheres. Até a noite do dia 16, eram contados cerca de cinco ataques cibernéticos, o que já motivava DELEGADAS da polícia civil a organizarem um grupo de investigação de crimes virtuais para encontrarem e punirem os responsáveis.

Enquanto os fascistas se escondem no anonimato, suas ações incendeiam ainda mais a repulsa e ojeriza ao ex-capitão acusado de terrorismo enquanto ainda militar. Como abelhas quando atacadas, as mulheres da comunidade zuniam de indignação e percebiam – ao menos com as quais falei – que era chegada a hora de saírem das redes e irem para as ruas, em atos nacionais. Uma das participantes me disse “vamos ver eles hackearem o c% de raiva quando colocarmos um milhão de mulheres na paulista e mais dois milhões pelo Brasil inteiro”.

Temos nomes poéticos para movimentos assim na História, como a Primavera dos Povos, em 1848 ou as “Revoluções Coloridas” no século XXI. Não me atrevo a nomear o movimento das brasileiras, mas imagino que o movimento delas, em 2018, entrará para a História.

Quanto ao “coiso”, o sentimento dele é apenas frustração. Afastado do exército em situação, no mínimo, estranha. Com inúmeros relatórios internos chamando à atenção para a baixa inteligência, a soberba e o pedantismo e a incapacidade de obedecer ordens e seguir linhas de comando, o ex-capitão escolhe para vice um militar orgânico. General. Nunca um general vai se submeter ao um capitão. A quebra de hierarquia é simplesmente inaceitável. E o fascista talvez seja expulso da própria chapa. Mourão, ainda que esteja entre os generais menos capazes intelectualmente, tem contatos e uma imensa rede de apoiadores nas mais diversas funções.

Me atrevo a dizer que o silêncio sobre o atentado ao fascista trará, em alguns anos, a descoberta que a faca era verde-oliva. Temporariamente fora da disputa eleitoral, Bolsonaro não se afunda nas próprias asneiras e imbecilidades. Seu carisma aumenta usando a bata branca que descobre a bunda. A situação é “perfeita” para a tomada militar. Se Jair morre, aposta-se numa comoção nacional e Mourão se imagina “nos braços do povo” apoiado por tanques e coturnos a trilhar o caminho à presidência. Se Jair não morre, ficará fora tempo suficiente para que Mourão – assim ele pensa – possa “dar direção correta” para a chapa eleitoral. É claro que o general se acha superior – em todos os quesitos – ao “saliente” ex-capitão. A vaidade de Mourão é seu túmulo, mas talvez ele leve o ex-capitão consigo.

Não me surpreenderia se nos ataques de hackers à comunidade de mulheres não esteja a nata da “inteligência” do exército. Incapazes de defender o Brasil da guerra híbrida, talvez se sintam úteis atacando movimentos democráticos, livres e de mulheres que denunciam suas ideias. É comum na hierarquia a militar passar o recalque adiante. O general caga na cabeça do coronel, que caga no major, que faz o mesmo no capitão e assim vai até o pobre soldado que não caga em ninguém. Esta longa cadeia de recalque pode terminar em movimentos sociais e democráticos, por que não?

A verdade é que Bolsonaro falhou miseravelmente em tudo o que tentou na vida. Viveu por um código militar que o expulsou. Escondeu-se nas sombras da câmara por anos, no meio do baixo claro, a bostejar idiotias e disparates, acreditando no ressurgimento do fascismo. E quando finalmente ele parecia estar conseguindo algo na vida, fraquejou. Convidou um general para vice de sua chapa e terminou esfaqueado e sendo chamado de “vitimista” pelo próprio colega que pede ao TSE para substituir Bolsonaro “em tudo”, sem sequer consultar os filhos do ex-capitão.

É verdade que a consulta pouco adiantaria, pois a prole é tão mentacapta quanto a figura original. De certo Mourão, que se acha superior ao titular, nem se importou em conversar com as figuras-filho que vivem dando atestado de incapacidade nas redes sociais. O que impressiona, contudo, é a traição. Deve ser terrível sentir o vento na bunda, dores abdominais absurdas e ficar pensando que tudo isto pode ter sido causado pelas mesmas pessoas para as quais o ex-capitão hipotecou sua vida. O brado “Brasil acima de tudo” enfim mostra que pode ser mais amplo do que o fascista jamais pensou. Um governo de general é muito melhor que um de ex-capitão, aos olhos das nossas “fofas amadas”, tomando emprestada a expressão do professor Antonio Celso Ferreira.

O problema dos falsos e dos traidores é que nunca sabem em quem podem confiar. Nunca sabem onde e quando termina a canalhice.

Que as mulheres mostrem ao Brasil que coesão e confiança são a base do empoderamento político. E que transbordem-se das redes para as ruas, mostrando que todas são muito maiores do que cada uma.

Fernando Horta

Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.

16 Comentários

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  1. Caldo de galinha, prevenção e…

    Alguns tópicos a serem considerados para baixar a euforia do Fernando Horta:

    – Somos um dos países campeões em violência doméstica, talvez o campeão absoluto, se considerarmos as subnotificações;

    – A taxa de prestação judicial (condenatória ou absolutória) nos casos de violência doméstica (considera-se desde o registro na Delegacia até a sentença final) é, com certeza, menor (bem menor) que as dedicadas aos homicídios (que já são vergonhosas). Basta uma mestranda ou doutoranda se debruçar sobre os dados, se é que alguma já não tenha feito essa pesquisa;

    – Mulheres ganham em média 30% menos para desempenho de mesma funções;

    – Sua representação política é pífia.

    Junto a tudo isso, outro problema:

    As causas identitárias são boas para coesão, mas geralmente se mostram frustrantes para  todo o resto. Olha o Jean Willys. E tantos outros mais, como a própria Marina Silva, cria da luta setorial ambientalista!

    Até porque, nesse caso, o corte feminino nos leva a enxergar a Marina Silva como legítima portadora desse anti-fascismo feminista.

    Independente de suas posições políticas (argh, esse universalismo é cretino, mas é a essência da luta identitária, sim senhor) ela é mulher, sobrevivente de uma série de injustiças, ou seja, um exemplo para o feminismo!

    Aqui no blog temos outro exemplo, o Zibell (Gunther), judeu e gay. Um desastre nas suas posições políticas!

     

    Novamente, vamos cair em outra armadilha do rentismo.

    Tudo que a campanha do mercado quer (e isso não quer dizer a campanha do coiso seja prejudicada) é essa cristalização em tema de gênero, ou a diluição desse tema em uma luta anti-fascista!

    Ora, porcaria, com exceção do coiso, que serve para isso mesmo, ser o coiso, até Amoêdo é anti-fascista!

    A gritaria (ou espetacularização da polarização, nas palavras de um ótimo texto daqui ontem, cuja autora responde com o prmeiro nome de Clarissa) contra o anti-fascimo, nessa altura do campeonato serve apenas aos que querem instalar, melhor dizendo, manter e ampliar o fascimo do mercado!

    Fica a pergunta: por que “o ele não” não surgiu antes?

    Logo agora que o candidato do Lula começa a alçar voo, vem essa fragmentação?

    Aguardemos os chiliques e ruídos que seguirão a essa mobilização!

    1. Comentário que passa fora do essencial nesse movimento

      Nao é um movimento tipicamente identitário, de temática tipicamente feminista. Embora dirigido às mulheres, é porque elas sao alvos principais de Bolsonaro. Seria ótimo se os negros fizessem o mesmo. É um movimento que identifica um perigo real e luta contra ele, fora de limites partidários — que tb dividem… Tomara que se expanda, e ajude a aumentar a rejeiçao a Bolsonaro.

      1. MMe.Z

        O que determina a natureza de um movimento é o ponto em comum (nesse caso o gênero) que lhe dá coesão e/ou seus objetivos amplos!

        Ou teremos apenas mulheres de esquerda portadoras do “não ao coiso” e excluiremos aquelas que, mesmo ofendidas, se alinhem a ele, como no clássico caso da síndrome de Estocolmo?

        Não teremos, porque o viés é identitário, e como tal, deve pretender unir todas as matizes ideológicas das feministas, que nem sempre são de esquerda!

        Esse é o problema:

        – Esse tipo de movimento é válido, mas eu chamei a atenção para sua impropriedade como ferramenta dentro da conjuntura eleitoral!!!!!

        Ou seja, não adianta usar o corte de gênero (um canivete) para cortar uma árvore, embora se tiver persistência, dentro de cinquenta ou sessenta anos talvez a árvore caia de podre!

         

        1. Claro q o movimento só agrega as mulheres contrárias ao coiso

          Mas nao só as petistas ou as que votam em Ciro. Deve agregar inclusive algumas de direita hard (adeptas, por ex., do Partido Novo), o que, no caso, É ÓTIMO! E nao sei quem é Mme Z. Trata-se de tentativa de descobrir identidade da vida online? Vc é dedo-duro? Nao imaginava isso de vc…

  2. Belo texto. Porém, a quem escrevem de fato?

    Largo da Batata. “Tradicional reduto” das manifestações em que pulula a classe média “à esquerda” (que, usando seu próprio clichê, “não me representa”). Pelo menos, é mais perto dos botecos da Vila Madalena, quando a manifestação terminar. 

    Talvez dê certo. A lógica é semelhante a da direita, que “não vem com proposta alguma”, mas vai “contra o PT”, e, nesse vácuo, aproveitaram pra se encastelar e fazer todo o tipo de atrocidade nos campos político, jurídico, econômico (concordo, eles tinham proposta sim)… Pode servir de teste. Como será  a resposta geral a um ato contra algo ou alguém, mas vinda de setores, digamos, “progressistas”?

    Se pensar que a parcela que vota no Bolsonaro é, sobretudo, do Sul Maravilha, masculina, classe média e média alta, escolarizada… e gente que curte uma força e pau no lombo do pobre.

    Pensando bem, talvez o Largo da Batata seja ideal, lá na zona oeste de São Paulo.

    Cuidado para não pensar que, caso o ato junte muita gente, ela teria sido um “êxito”. Como numa tautologia pragmática… veio gente que estava disposta a vir. 

     

  3. esquerda conservadora não pode combater o fascismo

    Pelos dois comentários que li aqui uma coisa fica clara: o PT é absolutamente incapaz de conter e combater o fascismo, pelo menos pelo que vocalizam alguns de seus apoiadores. Muitos deles são tão conservadores quanto os bolsonaros – embora não possam ser classificados de fascistas, mas terminam por ser cumplices inconscientes ao criticarem em lugar de aplaudirem inciativas anti-fascistas. Parece que estão mais preocupados com o Ciro, o PSOL. os ‘progressistas’ e a esquerda do que com o fascistas bolsonaristas. Continuam agindo como cavalo de tróia da esquerda.

  4. os grandes sites ignorando o hackeamento da página!

    fazendo de conta que não foi nada, ao mesmo tempo que se dizem os combatentes das fake news.

    apesar de que nenhum deles denunciou a fake news monstro da rede lodo e o dinheiro público.

  5. Querem nos calar mas não conseguirão

    Não podemos deixar que roubem nossos direitos, que tentem nos calar. A violência contra as mulheres é extrema no país e essa atitute de hackear um grupo é prova da existencia machista que não aceita mulheres reunirem-se para manifestar o descontetamento com os rumos que a política está tomando no Brasil e tomar para si o protagonismo da vida social e politica deste pais.

  6. Em andamento mais um provável ataque

    Como se não quisessem nada, sai na pagina de destaque da UOL  Abilio Diniz, com os dizeres? Foi sequestrado mas permanece no país. Para quem não lembra, o sequestro de Abilio Diniz foi utilizado de maneira sórdida contra o PT. Quando a polícia na época de eleição, colocou camisas do PT nos sequestradores.

    Agora a lembrança de Abilio Diniz volta novamente à mídia em época eleitoral, logo após o atentado contra Bolsonaro. Me parece que a polícia e os investigadores estão preparando algo para o ínicio do primeiro turno, ou segundo turno.

    Entre facadas e fraquejadas o jogo sórdido continua.

  7. Não Fraquejam…
    Os ataques a todos os contra, mostram que a internet é o campo de batalha dos fascistoides, hoje com mais de 400 robos(sic), com apoio de hackers americanos, leia-se NSA, mantem os fascistoides no “top” da audiência digital. O problema será quando estes hackers invadirem o TSE ou mesmo serem chamados para “robotizar” as urnas. Não esqueçam que são 20 trilhões de dólares em jogo. A União das esquerdas devem está hoje de olhos super atentos junto as urnas e no sistema de apuração.

  8. Não Fraquejam…
    Os ataques a todos os contra, mostram que a internet é o campo de batalha dos fascistoides, hoje com mais de 400 robos(sic), com apoio de hackers americanos, leia-se NSA, mantem os fascistoides no “top” da audiência digital. O problema será quando estes hackers invadirem o TSE ou mesmo serem chamados para “robotizar” as urnas. Não esqueçam que são 20 trilhões de dólares em jogo. A União das esquerdas devem está hoje de olhos super atentos junto as urnas e no sistema de apuração.

  9. Não Fraquejam…
    Os ataques a todos os contra, mostram que a internet é o campo de batalha dos fascistoides, hoje com mais de 400 robos(sic), com apoio de hackers americanos, leia-se NSA, mantem os fascistoides no “top” da audiência digital. O problema será quando estes hackers invadirem o TSE ou mesmo serem chamados para “robotizar” as urnas. Não esqueçam que são 20 trilhões de dólares em jogo. A União das esquerdas devem está hoje de olhos super atentos junto as urnas e no sistema de apuração.

  10. Os ataques a todos os contra,
    Os ataques a todos os contra, mostram que a internet é o campo de batalha dos fascistoides, hoje com mais de 400 robos(sic), com apoio de hackers americanos, leia-se NSA, mantem os fascistoides no “top” da audiência digital. O problema será quando estes hackers invadirem o TSE ou mesmo serem chamados para “robotizar” as urnas. Não esqueçam que são 20 trilhões de dólares em jogo. A União das esquerdas devem está hoje de olhos super atentos junto as urnas e no sistema de apuração.

  11. As infiltradas…

    Nassif: que essa mulheres se guardem. Os verdeoliva custumam infiltrar agentes e uma CabaBruna seria de bom tamanho aos interesses da Caserna. E não são só machistas. São vingativos ferrenhos. Não duvidaria se deportassem essas mulheres para campos de concentração, tipo da Alemanha. Têm precendentes…

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