Fatores endógenos e exógenos do golpe, por Marcos Gomes

 
Por Marcos Gomes
 
Comentário ao post “Xadrez da delação do fim do mundo em uma 4a feira cinza
 
Fatores Endógenos
 
É verdade que ao ganhar quatro eleições seguidas e a possibilidade de um retorno do Lula para comandar o Brasil por mais 2 mandatos, tornou o PT um alvo de diversos grupos políticos e econômicos. Já que cada vez esses grupos estavam se afastando do poder, por exemplo PSDB, DEM, Itaú e Fiesp. Há ainda questões de indicações para órgãos importantes, tanto nacionais quanto internacionais, tribunais e Mp´s. Portanto, é verdade que  existiam motivações internas para tomada de decisões mais drásticas. Além disso, a perda das eleições de forma traumática, já na prorrogação, deixou esses grupos baratinados. Uma vez que houve uma esforço abissal na desconstrução econômica e política do governo Dilma.  

 
Fatores exógenos
 
No entanto, analisar o que houve no Brasil sem incluir questões externas, parece-me um equívoco. É inegável que durante o governo Lula o país quis alcançar vôos mais altos e seguir uma política internacional mais independente dos EUA e até mesmo da Europa. O país visava se tornar um peça importante em questão de geopolítica, a partir de uma liderança na América do Sul. A construção do Brics, do qual o Brasil participou ativamente, desagradou esses dois poderes centrais já constituídos, pois a tendência, a partir da influênncia do Brasil,  seria levar todo o Mercosul e ampliar ainda mais o Brics. Além disso, o país quis mais independência em áreas sensíveis no tabuleiro global, tais como defesa (caças e submarinos) e produção industrial (Construção civil, Indústria naval e óleo e gás – pré-sal).
 
Quem nasceu primeiro o Ovo ou galinha?
 
isso é uma pergunta que será respondida no futuro. Mas temos outras: Foram os EUA que procuraram agentes internos para dar o golpe ou foram os agentes internos que procuraram os EUA para ajudar no golpe? Como a lava jato (PF, MPF e moro) conseguiu toda essa expertise de grampos, chantagens e operações intermináveis e bem cronometradas?  Por que a questão da fifa não deu fruto no Brasil e questão da Petrobras foi para frente?
 
“Na política, a verdade deve esperar o momento em que todos precisem dela.”
 
Redação

8 Comentários

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  1. O envolvimento do império

    O envolvimento do império estadunidense no golpe é visível. Resta a questão de saber se, com o governo de Trump, a situação geopolítica será modificada. É fato que os golpistas esperavam por H. Clinton e não gostaram nada da eleição do novo presidente. Ou seja, o golpe estava todo amarradinho com obama e hilary.

  2. Curto e direto.

    Análise sucinta e precisa. Não esqueceu nem do Partido que está por trás de tudo, o partido avarento rentista (Itau) que compra e controla a todos. Não é por acaso que organizaram-se em forma de quadrilha para cometer crimes atentes corruptos do judiciário e seus comparsas do sistema Globo/Mossack-Fonseca.

  3. Outros fatores…ou a fome e a vontade de comer…

    O autor do texto faz uma lúcida análise sobre o tema: golpe, mas como deveria ser, é incompleta, até porque ninguém vai dominar essa narrativa com tão pouco distanciamento histórico, ou seja, enquanto os dados ainda estão rolando…

    Gostaria de pontuar algumas questões colocadas pelo Nassif, quando emprestou as teses para construir mais um Xadrez…o que está epígrafe…

    Nassif insiste, erroneamente, ao meu ver (a não ser que disponha de informações privilegiadas que, por algum motivo, não publica, logo, não ajuda ao debate) em colocar uma fragilidade em política econômica e de âmbito do capital político de Dilma que não existe, ou ao menos, não ao ponto de sacrificar o seu governo…

    Fragilidades, inconsistências, movimentos pendulares são típicos de governos com base de apoio de pouca densidade, principalmente em presidencialismo de coalizão, como é o nosso caso sui generis…

    Como o autor desse texto elevado a comentário coloca, não foram os erros de Dilma que a levaram ao cadafalso parlamentar golpista, mas sim as suas tentativas de acerto…

    Agora, se ela dimensionou mal seu capital político para tocar em frente seu projeto é outra coisa…

    Fica parecendo, embora eu tema incorrer em um erro teleológico, que Dilma cairia de qualquer modo, porque o sucesso de Dilma seria a volta de Lula…e a consolidação de um  projeto de poder que desafiava, ainda que timidamente e por tabela, a hegemonia do eixo EUA-Europa!

    Olhemos o que de mais importante foi aprovado nesse tempo de sangramento de Dilma e de esvaziamento do Poder Exceutivo:

    Fim da reeleição e uma série de regras restritivas de viés casuístico que miravam prioritariamente no novo arranjo de poder que Lula inaugurou…É certo que os arranjos de Lula passavam pelo apoio e compadrio com grandes e estratégicas empresas (assim como se deu nos EUA desde sempre, e muito mais no pós 29 e II Guerra)…

    O grande alerta foi acionado não quando Lula ganhou eleições, ou implementou algumas medidas de inclusão baseadas na ampliação das faixas de consumidores…

    O perigo se mostrou às elites quando grandes empresas começaram a enxergar uma alternativa capitalista que subsistisse sem o apadrinhamento dos EUA…

    Lula ou Dilma nunca estiveram sequer próximos de ameaçar o capitalismo ou o interesse das mega-empresas ou mega-bancos, nada disso!

    Mas a julgar pelos volumes movimentados pela Odebrecht, inclusive junto a outros países, demonstram que ela tinha chegado a uma escala que a tornava um alvo internacional, isso sem contar as outras empresas arrasadas pelo juizeco de Curitiba…

    A Petrobras, como vinha se consolidando nos governos Lula e Dilma, é um fator de desequilíbrio no já conturbado mundo do petróleo, era preciso dizimá-la… 

    Ao mesmo tempo, o processo de hipertrofia dos poderes do mp foi coroado com a PEC 37 arquivada, justamente a medida que colocaria controles ao cruzados do mp e imporia um poder-dever, ao contrário do que existe hoje…

    Naquele momento crucial, havia condições para esse debate, que depois ficou refém do oba-oba midiático powerpontiano, e das tentativas grotescas de aprovação de uma lei contra abusos que era alimentada por quem apenas queria impunidade…

    Nesse sentido, a redução da taxa de juros no biênio 2010/2011 (que provocou  perdas da ordem de U$ 80/90 bi) trouxe uma simbologia, uma sinalização perigosa à banca que desde 1994 lucrara horrores com nossa ortodoxia monetária…Talvez tenha sido um inédito período (não analisei os dados) onde a banca tenha perdido grana…

    A gritaria dos tomates e do repiques inflacionários foram o pano de fundo para trazer Dilma de volta ao curral dos juros, e muita gente boa, inclusive o Nassif bateu tambor contra o Mantega, o que resultou no retorno dos falcões do mercado…

    Outra sinalização grave foi a ideia de uma cesta de moedas para substituir o dólar como moeda-referência…Essa aqui, talvez, a mais ousada e perigosa, porque economistas do calibre de um Nouriel Roubini (A Economia das Crises) já aventavam em 2010, assim como tantos outros, a possibiildade de que o mundo não resista a outro ciclo expansão-retração patrocinado pelos EUA, que se endividam com a mesma moeda que emitem…

    Outros eventos menores, mas não menos simbólicos, como a negativa de Dilma em visitar Obama por causa dos grampos da NSA em suas comunicações, contribuíram decisivamente na formação de um consenso interno-externo para derrubar a Presidenta, tipo assim, juntando a fome com a vontade de comer…

     

     

  4. Fifa deu em nada prq a rede Globo faz parte do sistema do DoS…

    Ou alguém acha que instituições do grande irmão, que se espalham pelo mundo e são soberanas aqui neste Brazil DiMierda (Brasil é outra coisa) iriam atacar seu principal e mais eficaz agente?!

    A menos que queiramos acreditar que os Marine Bros sejam “tudo isso” (e não são, apenas marionetes de luxo), não deveria haver surpresa alguma nisso.

  5. Perfeito.

    É o que eu e outros comentadores do blog temos dito insistentemente desde o início, ainda que não com essa clareza meridiana.

    Acerca da pergunta final, “Por que a questão da fifa não deu fruto no Brasil e a questão da Petrobras foi para frente?”, eu acrescento um grão de sal: sendo a FIFA Suiça, qual a relação com o fato de ao país ter enviado dados bancários, dados bancários do Eduardo Cunha ao passo que niguém da Globo tomou uma “chamada” lá nos EEUU?

  6. A meu ver no início do

    A meu ver no início do referido “Xadrez” ficou faltando um expressão. Diz assim:

    …”uma frente composta pelo PSDB, Lava Jato, Poder Judiciário e mídia, visando o impeachment da chapa Dilma-Temer”…

    O certo seria:

    …”uma frente composta pelo PSDB, Lava Jato, Poder Judiciário e mídia, em que cada um desses membros alimenta relações anti-patrióticas com o Brasil e subserviência aos EUA, visando o impeachment da chapa Dilma-Temer”

    A presença dos EUA em nosso país como sabotador de nossas tentativas de independência, soberania e prosperidade não é de hoje, foi estabelecida no século 19. E os agentes do Golpe dos Corruptos já não são a favor do próprio país desde que nasceram, isso vem de seus pais, avós, das escolas que frequentaram, do meio social que frequentam. A cultura do viralatismo está estabelecida entre a classe média faz uns 200, 250 anos, e veio suprir, quando da tentativa de estabelecermo-nos como país, a falta de “pedigree” decorrente de sermos colônia.

    “Mas os EUA também são colônia.”

    E também sofrem horrores com a falta que sentem de “pedigree”. Sua classe média vive fazendo brazões de família naqueles sites vulgares que colam espadas, um leão, uma águia, escudos e blá-blá-blá e vendem esses brazões. Já viu a preocupação de estadunidenses com a ascendência de suas celebridades? “Julia Roberts é descendente de irlandeses, alemães, escocesses, finlandeses, italianos…” postam na Wikipedia.

    Quem, naquelas coisas “quem você foi na vida passada” acredita que é a reencaranação de um cara que viveu na Europa do século 17, não fez nada de notável e morreu, aos 35 anos, por conta de uma infecção dentária? Quem aceita ter sido uma negra africana, nscida no Congo, em 1615 e morta lá mesmo, em 1632, por um reles afogamento, um acidente num lago local?

    Não sei se essa viralatismo, complexo de tentar acreditar-se VIP, é compatilhado tanto por índio bolivianos quanto por cidadãos islandeses. Acho que nós – como a classe média russa e a estadunidense – somos muito mais afetados por essas bobagens inventadas pela propaganda ideológica-comercial.

  7. Pela ótica dos EUA, petróleo em primeiro plano
    Muito provavelmente representantes do empresariado e políticos da oposição iniciaram tratativas nos EUA e Europa no sentido de os ajudar na retirada do metalúrgico presidente.  E o motivo foi simples: A classe dominante percebeu de imediato que o PT jamais deixaria o poder caso permanecesse com as reservas de petróleo do pré-sal sob sua administração.  Tendo o petróleo como fonte de recursos e realizando projetos sociais, sempre esperados pelos menos favorecidos, é lógico que, a cada eleição, o PT seria reconduzido ao poder.  Esse, provavelmente, tenha sido um dos argumentos que empresários e políticos colocaram na mesa de negociação ao solicitarem o apoio dos EUA e outros países para a derrubada do governo progressista do PT.    Ciente de que o Brasil era possuidor de grandes reservas de petróleo, possuía tecnologia própria para sua exploração e não possuía dívida externa, os EUA, para conseguirem retirar a Petrobras do comando do pré-sal e, se possível, privatizá-la no futuro, aceitaram fazer o plano de deposição do governo progressista do PT.  Foi divulgado pela imprensa mundial que aquele país utilizou suas agências de espionagem para se inteirar dos projetos brasileiros e suas relações (diplomáticas e comerciais) com outros países, cujo objetivo era colher dados para a elaboração do plano.  Há também um outro ponto que os economistas evitam comentar.  Sabe-se, agora, que empresas multinacionais aqui instaladas, bancos, muitas empresas nacionais e alguns investidores individuais milionários tomavam empréstimos em US$ no exterior e internavam esses US$ no Brasil com o objetivo de auferirem lucros financeiros pelo diferencial entre as taxas de juros, internacionais e nacional.  Quando o governo Dilma determinou a baixa na taxa de juros, a Selic, os tomadores de empréstimos começaram a registrar os prejuízos.  Divulgou-se um número próximo a 150 bilhões de US$ de prejuízo acumulado por esses “investidores”.  Muito provavelmente, esse fato também deve ter sido levado em consideração para que apoiassem a retirada de Dilma e PT do poder.  

  8. Pela ótica dos EUA, petróleo em primeiro plano
    Muito provavelmente representantes do empresariado e políticos da oposição iniciaram tratativas nos EUA e Europa no sentido de os ajudar na retirada do metalúrgico presidente.  E o motivo foi simples: A classe dominante percebeu de imediato que o PT jamais deixaria o poder caso permanecesse com as reservas de petróleo do pré-sal sob sua administração.  Tendo o petróleo como fonte de recursos e realizando projetos sociais, sempre esperados pelos menos favorecidos, é lógico que, a cada eleição, o PT seria reconduzido ao poder.  Esse, provavelmente, tenha sido um dos argumentos que empresários e políticos colocaram na mesa de negociação ao solicitarem o apoio dos EUA e outros países para a derrubada do governo progressista do PT.    Ciente de que o Brasil era possuidor de grandes reservas de petróleo, possuía tecnologia própria para sua exploração e não possuía dívida externa, os EUA, para conseguirem retirar a Petrobras do comando do pré-sal e, se possível, privatizá-la no futuro, aceitaram fazer o plano de deposição do governo progressista do PT.  Foi divulgado pela imprensa mundial que aquele país utilizou suas agências de espionagem para se inteirar dos projetos brasileiros e suas relações (diplomáticas e comerciais) com outros países, cujo objetivo era colher dados para a elaboração do plano.  Há também um outro ponto que os economistas evitam comentar.  Sabe-se, agora, que empresas multinacionais aqui instaladas, bancos, muitas empresas nacionais e alguns investidores individuais milionários tomavam empréstimos em US$ no exterior e internavam esses US$ no Brasil com o objetivo de auferirem lucros financeiros pelo diferencial entre as taxas de juros, internacionais e nacional.  Quando o governo Dilma determinou a baixa na taxa de juros, a Selic, os tomadores de empréstimos começaram a registrar os prejuízos.  Divulgou-se um número próximo a 150 bilhões de US$ de prejuízo acumulado por esses “investidores”.  Muito provavelmente, esse fato também deve ter sido levado em consideração para que apoiassem a retirada de Dilma e PT do poder.  

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