Foi a Dilma, estúpido!, por Ricardo Cavalcanti-Schiel

Foi a Dilma, estúpido!

por Ricardo Cavalcanti-Schiel

O choque neoliberal causou a maior crise da história

Pelo Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp (Cecon), na Carta Capital

O Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp (Cecon) inicia neste mês de maio a publicação de uma série de notas de conjuntura. A primeira, “Choque recessivo e a maior crise da história: A economia brasileira em marcha ré” , de autoria de Pedro Rossi e Guilherme Mello, discute as causas da atual crise econômica brasileira e apresenta um diagnóstico segundo o qual o choque recessivo de 2015 foi o seu principal fator explicativo.

A nota técnica de cinco páginas começa caracterizando essa crise como a maior da história brasileira documentada nas estatísticas, considerando a queda do PIB e o aumento do desemprego. E mostra que a duração da atual crise também deve ser inédita, pois, mesmo em um cenário otimista, o patamar do PIB de 2014 não será retomado antes de 2020 (figura abaixo).

Segundo os autores, os fatores que explicam a crise em 2015 têm natureza distinta daqueles que explicam a desaceleração ocorrida no ano anterior, quando houve uma forte contração do investimento, mas o consumo das famílias continuava a contribuir positivamente para o crescimento, mesmo que a taxas decrescentes. O mesmo não ocorreu no ano seguinte.

Em 2015, o governo optou por um choque recessivo ou, em outras palavras, lançou mão de um conjunto de políticas de austeridade econômica. Esse choque recessivo foi composto de: i) um choque fiscal (com a queda das despesas públicas em termos reais); ii) um choque de preços administrados (em especial combustíveis e energia);  iii) um choque cambial (com desvalorização de 50% da moeda brasileira em relação ao dólar ao longo de 2015); e iv) um choque monetário, com o aumento da taxas de juros para operações de crédito.

Também a partir de 2015 há uma mudança profunda no mercado de trabalho, com rápido aumento da taxa de desemprego. Além disso, ocorre uma modificação importante na dinâmica dos componentes da demanda agregada. Em 2014, a variável de demanda que puxa a desaceleração era o investimento, enquanto que o consumo das famílias continua a contribuir positivamente para o PIB.

O consumo das famílias foi símbolo do padrão de crescimento dos governos Lula, no qual o dinamismo do mercado interno tinha um importante papel indutor do investimento e do crescimento. Entre 2004 e 2010, o consumo das famílias cresceu em média 5,3% ao ano. No primeiro governo Dilma Rousseff, o consumo das famílias cresce em média 3,5%, em um claro movimento de desaceleração.

No primeiro trimestre de 2015, há uma quebra estrutural no comportamento dessa última variável, encerrando um longo ciclo de crescimento no qual o consumo das famílias, e o mercado interno, assumiram um papel de destaque. A desaceleração de 2014 não explica essa quebra estrutural observada nessa série. Tampouco parece razoável atribui-la aos efeitos defasados de políticas anteriores. Surgem claramente fatores exógenos ao ciclo econômico que explicam essa quebra estrutural. No caso, o fator explicativo é o choque recessivo.

Em 2016, com a mudança de governo, ocorre uma mudança na estratégia econômica, que passa a privilegiar as reformas estruturais liberalizantes em detrimento do ajuste de curto prazo. As expectativas de retomada do crescimento com a adoção do ajuste recessivo e a implementação de reformas têm se provado frustradas, fazendo com que a economia brasileira ande por mais de dois anos em marcha a ré.
 

Redação

38 Comentários

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  1. O satanista Temer representa
    O satanista Temer representa desmonte do Estado e tudo o que diga respeito a bem estar social. Nao da pra comparar com Dilma por mais erros ela tenha cometido na tentativa de angariar governabilidade o que nao foi possivel pq a burguesia ja havia rompido e decidido pelo golpe em 2013.

      1. O melhor da postagem que você

        O melhor da postagem que você citou são os comentários.

        Sumiram todos os que critiracam. Deve ser por vergonha do que defendiam.

  2. A eleição de Dilma foi um

    A eleição de Dilma foi um erro histórico até o TEMER foi seu vice. { A prova da burrice da Dilma }

    Se fosse o Aécio ou Marina o Brasil,também estária numa pior,mas não nesta situação.

    1. Fala sério

      Essa situação decorre justamente de se aplicar o programa de Aécio-Marina-Fiesp-Itaú-Globo e com Aècio e Marina não estaríamos nessa situação? Coerência não é o seu forte.

    2. Fala sério

      Essa situação decorre justamente de se aplicar o programa de Aécio-Marina-Fiesp-Itaú-Globo e com Aècio e Marina não estaríamos nessa situação? Coerência não é o seu forte.

    3. Se o nariz de Cleópatra fosse menor, o mundo seria diferente

      Eleitores, porque vocês elegeram na Dilma e não Aécio ou a Marina, hein?

      Se seu pai não tivesse conhecido sua mãe, você não estaria pior, pois não teria nascido prá ver o Aécio e a Marina perderem prá Dilma.

  3. Ai ai essa turma do Fora Todos

    Ai ai essa turma do Fora Todos a la PSTU cansa a minha beleza….apoiaram o golpe de Estado e agora vem com convesinha..parece que nem perceberam ainda que os cientistas ligados ao partido estão perdendo até o direito de estudar pq o Temer está acabando com tudo, inclusive com a ciencia…..me poupe mr. Shell…

    Sobre o PT, a esquerda e as massas
    Enviado por luisnassif, qui, 01/08/2013 – 11:31
    Por Diogo Costa
    SOBRE O PARTIDO DOS TRABALHADORES, A ESQUERDA E AS MASSAS – Volta e meia surgem vozes do senso comum a dizer que o PT se “divorciou” dos movimentos sociais, estudantis, dos sindicatos, das ruas e das massas, etc. É mesmo? Vejamos.

    -O PSTU existe há vinte anos, disputou três eleições presidenciais e na última, em 2010, fez 0,08% dos votos.
    -O PCO existe há dezoito anos, disputou três eleições presidenciais e na última, em 2010, fez 0,01% dos votos.
    -O PSOL existe há oito anos, disputou duas eleições presidenciais e na última, em 2010, fez 0,87% dos votos.
    -O PCB existe há noventa e um anos, depois da briga com o oportunista, renegado e quinta-coluna Roberto Freire (PPS), nos anos 90, disputou uma única eleição presidencial, em 2010. Fez 0,04% dos votos.

    O PSTU, o PCO e o PCB até hoje não conseguiram eleger um mísero deputado federal sequer. O PSOL hoje conta com a “imensa” bancada de três deputados federais… É o PT que se “divorciou” das ruas ou são os outros partidos de esquerda aqui citados que infelizmente só convencem as paredes de seus próprios quartos?

    Quem está dissociado das massas populares, é o PT? Não foi por acaso o PT que fez em 16% dos votos no primeiro turno da disputa em 1989? E 24% em 1994, e 32% em 1998, bem como conseguiu fazer 46% em 2002, 48% em 2006 e 47% em 2010? E uns e outros ainda tem coragem de dizer que o Partido dos Trabalhadores “se afastou das massas”!Quem sabe vamos lutar para eleger o Zé Maria do PSTU, em 2014, e cobrar dele que faça todas as reformas que a esquerda defende desde sempre! Não seria uma beleza? Lembro apenas que o PSTU não tem um único parlamentar no Congresso Nacional, talvez consiga fazer as reformas com uma varinha mágica de condão!

    O PT (que alguns pensam equivocadamente ter a força do PSUV), infelizmente não tem sequer 1/6 dos parlamentares no Congresso Nacional! Como não ter um governo de coalizão dentro deste cenário?

    Esse é o dilema!

    Quando o PSOL, o PSTU, o PCO e o PCB elegerem uns 20 ou 25 deputados federais cada um, aí a correlação de forças no parlamento começará a mudar… Aliás:

    -Porque cargas d’água o PSTU, que existe há 20 anos, não consegue eleger um único deputado federal?
    -Porque cargas d’água o PCO, que existe há 18 anos, não consegue eleger um único deputado federal?
    -Porque cargas d’água o PCB, que existe há 91 anos, não consegue eleger um único deputado federal?
    -Porque cargas d’água o PSOL, que existe há 08 anos, não consegue eleger mais do que a “imensa” bancada de 03 deputados federais?
    -Porque estes partidos de esquerda não conseguem se aproximar das massas?

    Lamentavelmente, urge constatar que tirando o PT, que é um partido de massas, os outros partidos de esquerda no Brasil infelizmente não falam às massas, não alcançam as massas e não tem base social real. Somados, são menores do que o PT era em 1982, há incríveis 31 anos já passados!

    Sabendo que o PT tem apenas 1/6 do parlamento, forçosamente isso quer dizer que os outros 5/6 do parlamento estariam, em tese, em disputa para os outros partidos de esquerda. No entanto, esses partidos não conseguem aumentar a sua base social e, somados, elegem apenas 03 deputados federais. Isso é um sintoma incontestável de que a tática e o discurso desses partidos culmina, ao fim e ao cabo, em sectarismo e principismo, logo, não dialogam com a vida real do povo brasileiro.

    Na prática, vislumbra-se o quão equivocada é a tática atual do PSOL, do PSTU, do PCO e do PCB. Essa tática de bater violentamente no PT, para tentar ficar com nacos de suas bases, é contraproducente e infantil. Primeiro, porque com essa tática não disputam os já famosos 5/6 dos votos que os brasileiros não conferem ao PT para o parlamento. Segundo, porque obviamente essa tática apenas fraciona (ou tenta fracionar) os já parcos 1/6 de votos parlamentares que o PT tem.

    O problema das esquerdas em Pindorama, infelizmente, segue sendo o sectarismo pueril. O PSOL chama o PT de traidor. O PSTU chama o PSOL de pelego. O PCO chama o PSTU de renegado. E o PCB diz que todos esses são burgueses e que somente ele é que representa a vanguarda do proletariado! Enquanto isso, o PT segue sendo o único partido de esquerda de massas no Brasil e os outros continuam brigando entre si, sem base social real e cada vez mais principistas, dogmáticos e sectários!

    Enquanto ficarem só na crítica e elegerem, em conjunto, a “imensa” bancada de três deputados federais, pouca coisa vai avançar! Esses partidos não são a ‘vanguarda’ da classe operária no Brasil? Porque em 2010, somados, fizeram somente 01% dos votos na eleição presidencial?

    Enfim, lamento ter que repetir isso pela milésima vez. Muitos certamente não irão gostar. Paciência… O Partido dos Trabalhadores é o único partido de massas no Brasil atual, gostem ou não os seus habituais detratores!

    Entendem agora o porquê da luta inglória do PT contra as forças que sempre dominaram este país? Onde está a esquerda que “não se divorciou” das massas para ajudar o PT a fazer as transformações sociais? A verdade nua e crua é que temos partidos de esquerda que não alcançam a grande massa da população brasileira, eles é que precisam encontrar e convencer a massa, não o PT!

    Quanto ao PT, segue a sua luta desigual, onde tem apenas 1/6 dos parlamentares no Congresso Nacional. Onde é a cabeça de um governo de coalizão, eivado de contradições, justamente porque a esquerda que se pretende revolucionária elege, em conjunto, a “imensa” bancada de três deputados federais…

    Finalmente, constata-se que entre o sonho e a realidade vai um longo caminho a ser percorrido. Espero que os protestos do mês de junho de 2013 se traduzam em algo de concreto para 2014, no que tange ao parlamento nacional.

    As ruas são importantíssimas, mas, para desespero de alguns, ainda continuam sendo necessários os votos de 50% dos deputados e senadores para se aprovar um simples projeto de lei. E 60% de votos no Congresso Nacional para se aprovar Emendas Constitucionais.

    http://advivo.com.br/node/1458780

    1. Fanatismo

      Para os religiosos petistas parece que a culpa sempre é dos outros.

      Agora querem para Judas algum espantalho cômodo (de preferência alguma coisa caricaturizada como nanica…).

      Desse jeito, vão tomar uma rasteira da história da qual não vão se recobrar jamais.

      1. Desonestidade intelectual?

        Agora me parece que você está sendo desonesto, Ricardo.

        Em nenhuma linha do texto o comentarista lançou aos partidos nanicos a pecha de judas expiatório. Ao contrário, lançou mão de argumentos racionais (não religiosos, e sem qualquer fanatismo), que poderiam ter sido contestados um a um por algum direitista “racional”.

        Os Petistas estão acomodados (ou medrosos) demais, e é a coisa mais rara ver algum deles botando a culpa em alguém, isto quando nós, não-petistas mas também não-antipetistas, sabemos perfeitamente de quem é a culpa (e não é dos tais ridículos partidos nanicos, todos a soldo ou cooptados pela Internacional Capitalista), uma longa série de fatores, aparentemente complexa demais para análise de economistas curitibanos:

        1- A tal desproporção entre votação majoritário de um partido e a sua votação proporcional. É que o sistema garante que as eleições proporcionais sejam compradas pelo poder econômico. Quanto mais poder, mais votos de um povo incauto (não por ser burro, mas porque não foi devidamente instruido pela chamada Justiça Eleitoral). Devíamos copiar a Grécia pelo menos nesse ponto: lá, o partido vencedor na eleição majoritária ganha automaticamente 30 por cento das cadeiras do parlamento (comparem com os 15 por cento conquistados pelo PT). Isto garante um mínimo de equilíbrio entre a pobre Democracia e a Plutocracia internacional.

        2. O Capitalismo Internacional tem o controle quase completo de todo o extrato administrativo brasileiro (e latinoamericano), através de várias mágicas e feitiçarias (estou sendo irônico e metafórico, e não literal). Um aparelhamento quase invencível. E foi esse Capitalismo que promoveu a “primavera brasileira”, com mbl, passe livre, blackblocs, redebobo, espionagem e sabotagens, não contra o PT, mas contra o Brasil; não contra os culpados de corrupção, mas contra a vítima da corrupção (Petrobrás).

        Esclareço que já votei várias vezes contra o Lula (mas nunca na Tartaruga-sem-casco). Mas a perseguição que os verdadeiros poderosos vêm fazendo a esse lider me mostraram de qual lado da equação ficava o Brasil, e de qual outro lado ficavam os parasitas que se julgam donos do mundo. E minhas posições não estão engessadas à Esquerda: sou contra o MST (a serviço, ao meu ver, das multinacionais de tecnologia agrícola), ativismo gay (não contra os gays, que espero vivam livres e felizes), contra o aumento real sistemático do salário mínimo. Mas voto eventualmente em partidos de esquerda (e gostaria que aparecessem motivos para eu votar à direita, como atualmente faria se fosse francês).

  4. Plimpig

    A Dilma gostava de novelas e assistia a globo…..Acabou entrando na conversa do Levy.

    Acreditava no inimigo plimplim que, aos poucos, conseguiu arregimentar um exército de paneleiros.

    O Brasil é governado pela globo e seus miquinhos amestrados.

    O pior é aturar essa gente dizendo que a culpa foi minha que votei na Dilma e no fora temer.  

  5. Perfeito

    Melhor análise disparada já publicada, o pior é que até agora a Dilma não entendeu. Agora toda esquerda culpa os subsídios!

  6. Não Foi, É O Golpe, “Ceteris Paribus”!

    O que mais admiro em nós economistas é a capacidade em isolar ou abduzir “fatores não econômicos” para dar maior exatidão a uma ciência inexata, afastando-a mais da realidade.

    Em relação ao texto, estúpido que sou, procuro e não encontro nada sobre o fator Lava Jato, em dobradinha com a mídia, a expansão da crise política e as consequentes “pautas bomba” do arsenal de Eduardo Cunha, para anabolizar a crise econômica e pavimentar as condições ao golpe, através da piora da economia e queda na aprovação do governo junto a sociedade.

    A partir de janeiro de 2015, Dilma, mesmo com desastradas medidas anunciadas e implementadas, perde a capacidade do controle e ajustes, pois não mais governa, em função de não mais existir a decantada e necessária “governabilidade” no congresso e na sequência, também na sociedade.  

    Se Dilma tem alguma culpa maior, é política, por ter deixado seu governo tornar-se ingovernável a partir de péssimas escolhas, vencido Aécio, em outubro de 2014.  

    Não foi, é o golpe, “Ceteris Paribus”. Erraram à mão e à avaliação do efeito na sociedade e, simples assim: “Aquilo deu nisso”. 

    1. Foi o Pré-Sal!! Estúpido!!!!

      Economistas não se fazem diferentes da maioria tecnocrática medíocre, ao tentar interpretar as realidades sob o ponto de vista dos limitados alcances da ciência que estudaram.

      A contribuição da fragilidade e incoerências do Governo Dilma para geração da crise foi por efeito e não a causa da crise.

      Só para citar algumas efemérides realmente determinantes, que podem ajudar a abrir a capacidade de percepção dos incautos cientistas, segue uma breve reminiscência do passado recente:

      – Em 2003 o Governo Lula iniciou um plano de reesstruturação e capacitação da Petrobras.

      – Em 2007 a Petrobras divulgou as jazidas do Pré-Sal.

      – Em 2009 o Departamento de Estado dos Eua ofereceu “cursos” para “Promotores e Juízes”.

      https://jornalggn.com.br/noticia/documentos-mostram-detalhes-de-curso-dos-eua-para-juizes-no-brasil

       – Em 2012 Agencias de Inteligencia dos EUA espionaram a Petrobras, a Presidencia da República do Brasil e cooptaram (ou compraram, dá no mesmo) todos os integrantes do Pleno do STF para produzir sentenças condenatórias encomendadas, ao arrepio da LEI, fundamentadas na “…literatura do Direito…” da Ministra Rosa Weber, para destruir as principais lideranças políticas do partido inimigo do Mercado.

       – Em 2013 o Governo Dilma baixou as taxas de juros do BB e da CEF, forçando os bancos privados, rentistas agiotas, a praticarem taxas de juros menos escorchantes. 

       – Em 15 de julho de 2014 foi fundado o Banco dos BRICS, com sede em Xangai, na China.

       

      É TUDO CULPA DO GOVERNO LULA!! ESTÚPIDO!!!

       

  7. Pequenas conclusões

    Uma pequena camundonga surpreendentemente se vê eleita chefa do lixão. Para governar, tem que selecionar um ministério de gatos malvados, todos famintos pelos ratos da comunidade.

    No primeiro mandato, a chefa camundonga triplica a quantidade de leite para os gatos para que eles aceitem que os ratos recebam dez por cento a mais de queijo. A pequena porção a mais de queijo faz com que os ratos engordem. A visão dos ratos gordos faz com que os gatos salivem, cheios de apetite.

    Querendo comer os ratos, e não conseguindo, porque são protegidos pela chefa camundonga, o gato Fedécio Neves se candidata a chefe do lixão, mas não consegue obter os votos necessários. A pequena camundonga ganha um segundo mandato para liderar o lixão. Com raiva, e apoiado pelos demais gatos, jura que a chefa camundonga não mais conseguirá dar a cota extra de queijo para os ratos e não chegará ao fim do mandato.

    Tentando não prejudicar os ratos, a chefa camundonga faz um acordo com os gatos malvados, liderados por Fedécio, para reduzir a distribuição de queijo. Com menos queijo distribuído, muitos ratos adoecem e morrem. Acusada de ser a responsável pelas mortes, a chefa camundonga é retirada do poder.

    Outros gatos, que usam fantasia de rato mas que são cientistas sociais supercapacitados, analisam detida e inteligentemente todo o caso e concluem que o motivo de todo o desastre foi a decisão da chefa camundonga de reduzir a distribuição de queijo e, então, concluem sabiamente: a culpa é da chefa camundonga.

    O gato Fedécio, ao saber da conclusão dos sábios cientistas sociais, não consegue deixar escapar uma gargalhada sarcástica.

    1. pequenas…..

      Sobre profetizar o fim de um ciclo no governo Dilma, eu já sabia disto há 20 anos. Cachorro atrás do rabo. Nossa história a cada 30 anos. E eu não passo de um semianalfabeto. É só ver a História Politica Brasileira, principalmente esta da redemocratização. Fomos trocando este por aquele outro, variando nomes e siglas até terminarem as possibilidades. Entraram todos no poder com a mesma ladainha de sempre. E de todos. “O outro era corrupto, eu não sou e não tenho nenhuma proposta de país . Projetio algum. Anticapitalismo de todos, abarrotando bolsos com os cofres públicos. Algumas perfumarias para se diferenciarem dos outros. Acabaram os “santos”. Mamaram todos (re)democratas. De Brizola a FHC. De Montoro a Lula. De Campos a Amazonino. De Covas a Teotonio. Mas sabemos o porque de tamanha medíocridade nacional. A culpa é sempre do capital e dos outros… O Brasil se explica.   

  8. De todos os equívocos dá
    De todos os equívocos dá matéria o maior é falar que a Dilma optou em 2015 por uma política de austeridade. Não houve opção. O dinheiro acabou, e ponto final. A economia já não suportava tanta maquiagem para esconder a real situação​ do país, assim como fracassou o movimento intervencionista dá Dilma. Afinal é preciso mais do que voluntarismo para governar um país complexo como o Brasil. Quando vejo análise s como a dá matéria tenho a impressão que a pessoa não acompanhou os fatos econômicos dos governos do PT. Ou então buscam doutrinar incautos, arrumando justificativas para um modelo que pode ter sido bom para um determinado momento do país, mas que se esgotou e persistir nele nos transformaria no que hoje é a Venezuela.

    1. Tadeu, a sua análise é bem tabajara. Vou provar o tabajarismo

       

       

      Karl Marx constatou que;

      “O mais a produção capitalista se desenvolve, o mais ela tem que produzir numa escala que não tem nada ver com a demanda imediata mas que depende duma expansão constante do mercado mundial. Ricardo utiliza a afirmação de Say segundo a qual as capitalistas não produzem para o lucro, para a mais-valia, mas que produzem valores de uso diretamente para o consumo – para seu próprio consumo. Ele não toma em conta o fato que as mercadorias devem ser convertidas em dinheiro. O consumo dos operários não basta, porque o lucro provem precisamente do fato que o consumo dos operários é inferior ao valor do seu produto e que ele (o lucro) é tão grande quanto o consumo é relativamente pequeno. O consumo dos próprios capitalistas também é insuficiente.”

      Como vimos, quanto maior o consumo dos trabalhadores, menor o lucro dos capitalistas, pois se os trabalhadores consumirem tudo o que produzirem, os capitalistas não se apropriam de qualquer excedente da produção. O consumo dos trabalhadores brasileiros estava muito elevado, e esse fato reduziu a margem de lucro dos capitalistas. Então a saída era desvalorizar os salários, piorar as condições de trabalho e desempregar trabalhadores para maximar os lucros. Você sabe que quanto maior o número de trabahadores empregados, menor a oferta de trabalhadores e, portanto, maiores os salários. O desemprego aumenta a oferta de mão-de-obra e achata os salários. Foi isso que a classe parasita fez, com o apoio da mídia golpista, com o apoio do judiciário e do parlamento, com isso eles jogaram o Brasil na vala comum da miséria social, do desemprego, dos baixos salários.

      A atual crise não teve nada a ver com falta de dinheiro, ela foi causada para aumentar a taxa de lucro e, portanto, para baixar os salários. Você deve ter a memória curta, mas eu vou refrescá-la.

      Veja o que o Aécio prometia para a população, caso tivesse sido eleito:

      “Eu conversava com o Armínio e ele me perguntou: ‘Mas é para [num eventual governo] fazer tudo o que precisa ser feito? No primeiro ano?’. E eu disse: ‘Se der, no primeiro dia’. Eu estou preparado para tomar as decisões necessárias, por mais que elas sejam impopulares. Se o preço [das medidas] for ficar quatro anos com [índices de] impopularidade, pagarei esse preço. Que venha outro [presidente] depois de mim”.

      E o Arminio Fraga, Tucano que seria Ministro do Aécio, caso esse político não tivesse sido derrotado pela Dilma, o dizia sobre o salário mínimo?

      Veja com seus próprios olhos:

       

      “É outro tema que precisa ser discutido. O salário mínimo cresceu muito ao longo dos anos. É uma questão de fazer conta. Mesmo as grandes lideranças sindicais reconhecem que, não apenas o salário mínimo, mas o salário em geral, precisa guardar alguma proporção com a produtividade, sob pena de, em algum momento, engessar o mercado de trabalho”.

      Como visto o problema não foi falta de dinheiro, mas a melhor distribuição de riqueza que fez os parasitas sociais do Brasil reagirem, fazendo o Brasil recuar para tempos passados, acabando com o mercado interno, com a previdencia, com as leis trabalhistas, implantando terceirização, com os investimentos públoicos. O Arminio Fraga não estava nem um pouco preocupado com o engessamento do mercado de trabalho. Ele queria na verdade era engessar tal mercado, apesar de tentar passar a mensagem contrária.

       

       

       

    2. Doutrinar?

      O pessoal da fadinha da confiança deve estar sofrendo de dissonância cognitiva agora. Não veio crescimento, não veio confiança.

      Estamos dois anos praticando o receituário neoliberal, promovendo o corte de gastos e, cada vez mais, a economia entra numa espiral de queda.

      O que o governo faz é só uma tentativa de manter a estabilidade da moeda, de forma artificial claro,  a qualquer custo, mesmo que quebre todo o setor produtivo e desde que o mercado finaceiro possa ostentar lucros e mais lucros. Assim, seus operadores podem continuar a cheirar cocaína em cima de prostitutas e a ditar o rumo da vida de milhões de pessoas.

      Vamos falar de voluntarismo então, mais um termo que aparece para desqualificar qualquer ação estatal para legitimar o mercado.

      O governo não pode fazer dívida para investir em obras de infraestrutura, por exemplo, mas o pode fazê-lo quando intevem no câmbio ou no juros, mesmo que eleve a dívida a patamares altos. Isso não é uma forma de voluntarismo? Claro que não, pois está de acordo com uma doutrina imposta que só beneficia a poucos, não é mesmo.

      O PT cometeu erros e acertos, mas não mudou a essência do modelo econômico, pois continuou o mesmo dos governo FHC, superátiv primário, meta de inflação, juros altos e câmbio apreciado.

      O fracasso das políticas econômicas do PT é o fracasso do neoliberalismo.

       

  9. A política de austeridade foi efeito da crise, não a sua causa

    As crises fazem parte da natureza do sistema capitalista. Independentemente dos governos de plantão, o capitalismo entra em crise periodicamente. O início da crise não foi por causa da política econômica adotada pela Dilma, mas apesar dela.

    1. Mecânica automática?

      O problema intelectual sério desse “automatismo místico” sobre a “natureza cíclica” das crises capitalistas, é que ele abdica inteiramente de pomderar qualquer relação causal. Tudo se trata de uma mágica automática que funciona… porque sim.

      Tudo bem que tem gente que se baste com a preguiça intelectual das soluções mágicas, mas, ainda assim, as conjunturas sempre pedirão elucidação, e os contextos sempre reclamarão por especificações causais. É aí que entra a “culpa” da Dilma.

      Não é uma questão de mágica. É uma questão de entender o que efetivamente acontece e aconteceu.

      Tem gente que não gosta, mas enfim…

      1. Sempre se elege um bode expiatório

        Como diria Emma Goldman, condenar requer menos esforço mental do que pensar. Condenar a Dilma, em vez de reconhecer que o problema é o sistema, é muito mais cômodo intelectualmente.

        Digamos que você, Ricardo, seja infectado pela Ebola. Na tentativa de sobreviver ao microorganismo, você se interna. A medicina não consegue derrotar o micróbio e você morre. A culpa é do Ebola ou do Médico?

        1. Querido Rui

          Acho que você precisa de algumas lições um tanto elementares de metodologia científica, para não incidir nessa característica desonestidade intelectual de substituir a objetividade causal pela retórica dogmática e, de quebra, transformar a causalidade em caricatura igualmente retórica.

          Em primeiro lugar, nosso objeto de análise não é, abstratamente, uma “crise cíclica” produzida pelo éter capitalista, esse Leviatã imponderável. Objetivamente é: a maior crise recessiva da história da economia brasileira, que foi produzida por uma determinada política econômica, em um determinado momento e a partir de determinadas circunstâncias e inciativas. A objetividade causal é especificada pelo contexto, e não pelo “eu acho que”, pelo imponderável divino e transcendente do capitalismo.

          Em assim sendo, não se trata de buscar nenhum bode espiatório. Trata-se de especificar OBJETIVAMENTE o que é que desencadeou A MAIOR CRISE RECESSIVA DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA.

          Não me peça para desenhar para você, caso você não tenha conseguido acompanhar até agora.

          1. Infelizmente eu vou recorrer aos seus desenhos, Ricardo

            Quer dizer que se você é acometido da infecção mais intensa da sua vida e, apesar de ter acesso a tratamento médico, não consegue sobreviver. Devido ao fato daquela ter sido a mais intensa infecão da sua vida, a culpa da sua morte não é dos agentes patogênicos mas o médico. Se aquela não tivesse sido a infecção mais intensa da sua vida e mesmo assim você não tivesse sobrevivido, aí a culpa seria dos micróbios.

            Parece que você atribui a culpa à Dilma apenas pelo fato de essa ter sido A MAIOR CRISE RECESSIVA DA HISTÓRIA ECONÔMICA BRASILEIRA. O que esse fato tem a ver?

          2. Tá bom, Ricardo. Você (me) venceu

            A culpa é da Dilma. O sistema é perfeito. Quando as coisas vão mal, a culpa é das pessoas, não do sistema.

            Pode degustar suas batatas. Você fez jus a elas.

          3. Entre Ric e Rui…

            Fico com o Rui.

            Em primeiro lugar, a Dilma não foi responsável pelo waterloo da Petrobrás, que lançou à vítima, a própria Petrobrás, punições cem vezes maior, em valor, do que os assaltos que ela sofreu por parte de alguns marginais (aposto que instruídos por gente e instituições “acima de quaisquer suspeitas”). E a debacle da Petrobrás interrompeu centenas de empreendimentos e atingiu as maiores empreiteiras do país, responsáveis por milhões e milhões de empregos, agora perdidos.

            Em segundo lugar, é preciso ver se a Dilma, nas suas novas políticas adotados em 2015, tinha outras opções, contando com um exército de ratinhos para defendê-la (não confundir com o nosso Exército) e a quarta frota do Império para estilhaçá-la. Criticar a Dilma pela virada estratégica (que não deu certo), vige no mesmo erro de criticar Lula e Dilma pela má escolha dos ministros do STF. O Império, com espiões em cada esquina e debaixo de milhões de camas, sabia exatamente o “potencial” de cada candidato a ministro. Mas o PT, sem serviço secreto, e não podendo contar com o SS institucional, não sabia nada, ou só o que o Império queria que ele soubesse. E se escolhesse alguém não aprovado pelo Império, a indicação seria inutilizada no Senado (onde cada senador é mais conhecido do Império do que de si próprio). Percebe-se assim que todos os ministros, talvez com a exceção do Lewandovski, foram escolhidos, e empurrados goela abaixo, pelo Império ou por seus sátrapas. Listas tríplices também não ajudam, quando todos os três são inimigos, declarados ou enrustidos…

          4. Jarbas, agradeço-te, mas entre mim e o Ricardo, fico com este

            A causa das crises capitalistas não é a escassez, como nos modos de produção pré-capitalistas. A causa das crises capitalistas é a superprodução e a baixa taxa de lucro.

            Certamente, para o Ricardo e para os Maiorais da Unicamp a culpa do estouro da bolha imobiliária nos EUA foi do Obama, e não da super-oferta de imóveis, o que fez com que o valor de uma unidade financiada viesse a valer menos do que o valor do financiamento.

            Mas é assim mesmo. O mercado nunca falha. Quando há falhas é porque houve intervenção humana e regulação.

  10. De Fato, Foi a Dilma, Estúpido!

    O passado histórico está ai, cada vez mais fácil de ser acessado, para não esquecermos, aprendermos e, se caso, não repetirmos.

    Interessante que na América Latina as ditaduras, à mesma maneira que vicejaram solidariamente à mesma época, em todo o continente, desfizeram-se da mesma maneira, solidariamente à mesma época, em todo o continente e mais interessante ainda, sem que os golpistas e ditadores tenham sidos efetivamente derrotados. Ditaram a saída, uns inclusive sem ceder ou ser punido, por qualquer coisa, inclusive tortura.

    Também interessante a inflação, ampla, geral e irrestrita que grassou nesses mesmos países, desse mesmo continente, solidariamente à mesma época e da mesma maneira, anos após anos de planos e mais planos fracassados em elimina-la, até que como um milagre, praticamente ao mesmo tempo, erradicou-se de todo o continente, como num passe de mágica, através de plano, nada mais que mais um entre tantos outros antes tentados e fracassados, que agora em sintonia deram finalmente certos à mesma badalada do tempo, em todos os países, também de forma ampla, geral e irrestrita. Fantástico o R$ nosso de cada dia, né?

    Agora é  o tal de Snowden que não para de aporrinhar junto com, BRICS, Pre Sal, Lava Jato e a IV Frota reativada, com certeza para estudar o fluxo migratório das sardinhas no Atlântico Sul e de onde migram os tubarões que ameaçam banhistas na praia da Boa Viagem.

    Não tem como, de fato, foi a Dilma, estúpido! 

    1. De fato mesmo, Francisco!

      Tanto é que, logo depois das eleições de 2014 e do anúncio do novo ministério, não foi nada difícil até para mim, “profetizar” que a Dilma não acabaria o mandato dela.

      Naquela época, a reação dos petistas leitores deste blog foi bastante análoga a de muitos dos que agora comentam a presente matéria: enfiar a cabeça no buraco e negar as evidências:

      https://jornalggn.com.br/blog/ricardo-cavalcanti-schiel/a-presidente-em-seu-labirinto-por-ricardo-cavalcanti-schiel

  11. O relatório integral do Cecon da Unicamp

    O site Brasil Debate colocou no ar a nota completa do Cecon da Unicamp, sobre o maior choque recessivo da história da economia brasileira, desencadeado pela política econômica neoliberal do governo Dilma Roussef:

    http://brasildebate.com.br/wp-content/uploads/NotaCecon1_Choque-recessivo-2.pdf

    Como ilustração, o vídeo produzido pelo Cecon também está no Youtube:

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=-2zETfPBYzI align:center]

  12. Uma explicação subconsumista para a crise

    De acordo com o Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp (Cecon), a crise atual é explicada pelo subconsumismo.

    Marx refutou brilhantemente a teoria subconsumista. De acordo com o referido Economista:

    “É mera tautologia dizer que as crises decorrem da carência de consumo solvente ou de consumidores capazes de pagar. O sistema capitalista não conhece outra espécie de consumo além do solvente, excetuados os casos do indigente e do gatuno. Ficarem as mercadorias invendáveis significa apenas que não encontraram compradores capazes de pagar, isto é, consumidores (sejam as mercadorias compradas, em última análise, para consumo produtivo ou para consumo individual). Mas se, para dar a essa tautologia aparência de justificação mais profunda, se diz que a classe trabalhadora recebe parte demasiado pequena do próprio produto, e que o mal estar seria remediado logo que recebesse parte maior, com aumento dos salários – bastará então observar que as crises são sempre preparadas justamente por um período em que os salários geralmente sobem e a classe trabalhadora tem de maneira efetiva participação maior na fração do produto anual destinada a consumo. Esse período, de acordo com o ponto de vista desses cavalheiros do ‘simples’ bom-senso, teria, ao contrário, de afastar as crises. A produção capitalista patenteia-se, portanto, independente da boa ou má vontade dos homens, implicando condições que permitem aquela relativa prosperidade da classe trabalhadora apenas momentaneamente e como sinal prenunciador de uma crise”)”.

    Ainda, de acordo com Marx,

    “Mas a ilusão de cada capitalista privada, considerado em oposição a todos os demais, que fora de seus próprios operários a classe operaria é feita somente de consumidores e de gente que troca, de gente que dispensa dinheiro e não de operários, provem deste fato que o capitalista esquece o que diz Malthus: “A existência dum lucro realizado sobre uma mercadoria qualquer implica uma demanda outra que a do trabalhador que produziu a mercadoria” e por conseqüente, “a demanda provindo do próprio trabalhador produtivo nunca pode absorver a demanda inteira”. Pelo fato que um ramo da produção ativa um outro e ganha assim consumidores no conjunto dos operários empregados pelos demais capitalistas, cada capitalista pensa de maneira errada que toda a classe operaria, criada pela própria produção, basta para tudo. Esta demanda criada pela própria produção incita a  não fazer caso da proporção justa entre o que é preciso produzir para os operários; ela tende a ultrapassar a demanda dos operários enquanto, no mesmo tempo, a demanda das classes não operarias desaparece ou se reduz consideravelmente; É asim que o desabamento se prepara.” (Grundrisse, Capitulo do capital).

    Por fim, Marx constata que:

    “O mais a produção capitalista se desenvolve, o mais ela tem que produzir numa escala que não tem nada ver com a demanda imediata mas que depende duma expansão constante do mercado mundial. Ricardo utiliza a afirmação de Say segundo a qual as capitalistas não produzem para o lucro, para a mais-valia, mas que produzem valores de uso diretamente para o consumo – para seu próprio consumo. Ele não toma em conta o fato que as mercadorias devem ser convertidas em dinheiro. O consumo dos operários não basta, porque o lucro provem precisamente do fato que o consumo dos operários é inferior ao valor do seu produto e que ele (o lucro) é tão grande quanto o consumo é relativamente pequeno. O consumo dos próprios capitalistas também é insuficiente.”

    Foram justamente o consumo relativamente elevado da classe trabalhadora nos governos petistas, o qual reduziu a margem de lucro dos capitalistas, e a saturação da expansão dos mercados que desencadearam e intensificaram a crise.

  13. Ricardo, o seu texto não

    Ricardo, o seu texto não sustenta o seu título.

    Como você mesmo diz, o “modelo de crescimento com estímulo ao mercado interno” estava esgotado.

    Não se esgotou só no Brasil.

    Se esgotou na Argentina; a Cristina Kirchner tentou mantê-lo a qualquer custo, e perdeu a eleição.

    Se esgotou na Venezuela; o Maduro continua tentando mantê-lo a qualquer custo, e o resultado é a crise que estamos vendo.

    No Brasil, o governo tentou uma saída pela direita, mas não conseguiu impô-la: foi o período das pautas-bomba, em que o Congresso decidiu (e conseguiu) impedir o governo de governar. Então tivemos uma crise severa – que era ao mesmo tempo uma parte da crise geral do capitalismo, iniciada lá em 2008 nos EUA, e uma crise local, do que você chama “modelo de crescimento com estímulo ao mercado interno”. Ora, essa crise não é “a Dilma, estúpido”, e teria se imposto de qualquer forma, qualquer que fosse a saída que o governo tentasse.

    E aí, Ricardo, você peca não apenas por dar um título ao seu artigo que o seu artigo por toda sua lógica interna rejeita. Você peca por que você quer brincar de radical mas não tem o estofo para levar a brincadeira adiante, e pontuar a coisa de forma correta: “é o capitalismo, estúpido”. Você continua na posição “voluntarista” de achar que era possível manter o “modelo”, e que a guinada à direita do governo foi simplesmente uma “estupidez”, quando seus próprios dados apontam em outra direção: o “modelo” estava esgotado, a crise era naquela conjuntura inevitável, e o papel de um governo de esquerda teria sido o de radicalizar – não como o Maduro ou a Kirchner, insistindo num modelo que tentava obrigar o capitalista a investir, mas no sentido de educar a população para os limites que nos são impostos pela “economia de mercado”.

    1. O Ricardo parte de premissas idealistas

      Sabe-se que a política determina a economia, mas dependendo da correlação de forças das classes sociais, a determinação da economia pela política é no sentido de confirmar, politicamente, os interesses da classe economicamente privilegiada e, consequentemente, negar os interesses das classes exploradas e oprimidas. Nada obstante a interação dialética entre a política e a economia, é esta que, em última instância, determina a política. Assim, ele toma o efeito pela causa.

      Assim, para o Ricardo, o problema é político, e não econômico. O problema é a Dilma, e não o capitalismo.

  14. A culpa não é só da Dilma

    DE 2011 a 2014 o Brasil sofreu com os reflexos da crise de 2008 sobre todo o mundo, que propiciou a baixa das commodities no mundo inteiro. Já em seu primeiro governo, em 2013 os reflexos da Lava Jato sobre as grandes empresas de construção e sobre a Petrobrás fizeram com que a economia sentisse a perda de fôlego, fazendo com que grandes projetos fossem paralizados em função das investigações. De 2013 em diante a crise das construtoras e da indústria petrolífera no Brasil começou a refletir na geração de empregos, na aqsuisição de equipamentos, máquinas, cimento, aço etc., fazendo a economia crescer menos.

    Com as eleições em 2014, a oposição política a Dilma, a mídia e o empresariado fizeram pressão a manifestações contra o governo e forçaram a subida de preços no mercado consumidor, golpeando ainda mais o governo Dilma – esse fato da elevação de preços para provocar a má governança e induzir a população a se manifestar contra o governo nunca foi dito, mas quando os empresários se aderem a derrubar um governo, usam a inflação como arma, com apoio da mídia. Assim, a conjuntura econômica em 2015, com baixo crescimento, acirramento das questões políticas e o aprofundamento da justiça contra as empresas nacionais de construção civil, fizeram com que a arrecadação diminuísse e obrigasse o governo a tomar iniciativas de redução de subsídios e sugerir aumento de impostos, que afetariam o setor empresarial, colocando mais incêndio contra o governo Dilma.

    Concordo num ponto que Dilma errou: subir os juros, pois com a arrecadação em queda, o aumento do serviço da dívida interna não combinava com uma política de austeridade em relação aos gastos do governo.

    No mais, a oposição ao governo Dilma, apostando no quanto pior melhor, culminou no golpe do congresso e do judiciário contra a Democracia. 

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