Greves podem sinalizar abertura de nova fase, por Janio de Freitas

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Foto: Ricardo Stuckert
 
Jornal GGN – As reformas propostas pelo governo de Michel Temer são um combinação de medidas que restabelecem e ampliam os privilégios da classe dominante exclusivista, seguindo o roteiro de um país que sempre manteve privilégios, desde os períodos coloniais.
 
A opinião é de Janio de Freitas, que afirma, em sua coluna de hoje (30) na Folha de S. Paulo, que afirmam que as greves e protestos contra as reformas “não são sem sentido”. Ele também ressalta que o presidente peemedebista já está há um ano na Presidência sem realizar “uma só melhoria, de qualquer tipo, nas condições de vida da maioria da população”. 

 
Leia mais abaixo: 
 
Da Folha
 
Greves não são sem sentido e talvez sinalizem abertura de nova fase
 
Janio de Freitas

“O Brasil está podre” –escrita e falada, publicada e em conversas, essa frase é o lugar-comum dominante quando o tema é nossa atualidade. Ela própria, no entanto, em graus variados conforme as épocas, um lugar-comum na lerda passagem brasileira pelo tempo.

A frase tem um sentido inadequado de novidade nacional: o que se vê é o estado de “podridão” a que o país chegou. O país, porém, não chegou a esse estado. O que está dado como podridão, se assim for a classificação apropriada, na verdade é a revelação das condições dominadoras da vida brasileira há dezenas sucessivas de anos. Hoje ouve-se o que foram o ontem, o anteontem, os anos recentes, os anos distantes, tantas décadas. Os séculos.

Mais do que resultante de acasos e similares, como aconteceu a muitos países, o Brasil é produto de uma obra. Em sua primeira parte, feita à medida e semelhança do colonizador. Depois, conduzida pela classe dominante dele herdeira, no melhor e sobretudo no pior da herança. O sistema aí nascente projetou-se na história como um processo sem interrupção, sem sequer solavancos. Escravocrata por tanto tempo, fez a abolição mais conveniente à classe dominante, não aos ex-escravizados. A República trouxe recusas superficiais ao Império, ficando a expansão republicana do poder e dos direitos reduzida, no máximo, a farsas, a começar do método fraudador das “eleições a bico de pena”.

A ditadura de Getúlio foi uma composição de interesses sem arranhar a classe dominante; a ditadura militar foi uma providência contra o risco de que a classe dominante tivesse que dividir alguns gramas da sua posse do país. Lula foi bem sucedido como governo conciliatório porque, mais do que preservar condições ótimas para a classe dominante, aumentou-as como promotor de crescimento e de projeção do país, em troca de pequenas concessões à maioria da população.

E estão explicados os dias hoje. Seja nas revelações que repugnam, de pequena parte dos procedimentos lógicos em um sistema de domínio multissecular. Seja na situação política.

As “reformas” de Temer –terceirização, direitos trabalhistas e arrocho previdenciário– combinam medidas ampliadoras e restabelecedoras de privilégios típicos de classe dominante exclusivista. A nossa, pois, desde sempre. Note-se que Temer completa um ano de presença na Presidência sem emissão de uma só melhoria, de qualquer tipo, nas condições de vida da maioria da população.

Diante disso, as greves e protestos não são sem sentido. Nem mesmo sem inovação: a par da reaproximação de correntes sindicalistas, partidos políticos foram deixados à margem. Do saldo do movimento decorre, agora, a expectativa quanto à sua natureza apenas momentânea ou de preliminar de desdobramentos dinâmicos e influentes. Abertura, talvez, de nova fase.

Fato a ser considerado: na ocasião mesma em que movimentos de protesto popular se lançavam à ação, “dezenas de pessoas de diferentes matizes” lançavam um manifesto apartidário, no qual “intelectuais, artistas, empresários, cientistas”, profissionais variados, e outros, contestam as linhas do governo e “conclamam ao debate para formulação de um projeto de nação com autonomia e inclusão” (texto em www.bresserpereira.org.br ).

Para não ficar alheio ao momento de novidades, Temer & cia. trouxeram a sua: enquanto diziam que o país já retoma o crescimento da atividade econômica, no primeiro trimestre registrava-se um recorde: o desemprego elevado a 13,7%, o maior em toda a história da medição. 

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Redação

6 Comentários

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  1. DITADURA NORTE AMERICANA JURÍDICA MIDIÁTICA 2016

    Só se for a abertura do seu rabo seu bósta! kkkkkkkkkk! a folha é um panfleto de ditadores bancado pela elite retrógrada do Brasil. Mas, ainda temos uma parte da elite que não é retrógrada e que ainda nos dá a esperança de uma retomada dos nossos projetos democráticos que nos roubaram com o golpe de estado de 2016. O panfleto “folha de Sao Paulo” é da família “frias”, bandidos, assassinos e criminosos hediondos sem escrúpulos, que assassinaram milhares de brasileiros democráticos no golpe de estado de 1964 em parceria com os militares desajustados mentais assassinos! Entre esses milhares de assassinados, estava o grande Vladimir Herzog, carinhosamente chamado por Vlad. Nós acreditamos que os assassinos da família “frias” um dia serão enforcados como fizeram com o Vlad, com a diferença que o Vlad está no céu e os frias vão pros inférnos por não existir lugar piór ainda catalogado.  ABAIXO TODOS OS DITADORES JURÍDICOS MIDIÁTICOS PARLAMENTARES QUE ESTÃO ARRASANDO O PAÍS! NÃO ENTENDEMOS COMO NÃO ESTÃO PRENDENDO OS VERDADEIROS BANDIDOS ASSASSINOS DITADORES QUE TOMARAM CONTA DO NOSSO PAÍS!

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  2. Um grupo de grevista postou

    Um grupo de grevista postou uma foto com uma faixa onde estava escrito: Se correr , o bicho pega. Se ficar, o bicho come. Se unir, o bicho foge. Esse é o espírito.

  3. Jânio, como sempre vai na

    Jânio, como sempre vai na veia. Lúcido, no meio daquilo que se diz imprensa que não informa, só manipula de acordo com quem está no governo  que mais lhe convém. Infelizmente essa é a imprensa brasileira. Com raras exceções, ainda conseguimos obter informações relevantes, graças a alguns “Jornalistas”. 

  4. A repeito de getulio voce

    A repeito de getulio voce deveria citar tudo o que ele fez:

     

    Vargas criou a  Justiça do Trabalho (1939), instituiu o salário mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT. Os direitos trabalhistas também são frutos de seu governo: carteira profissional, semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas. 
     

    GV investiu muito na área de infraestrutura, criando a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Vale do Rio Doce (1942), e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945). Em 1938, criou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Saiu do governo em 1945, após um golpe militar.

     

     

     

    Em 1950, Vargas voltou ao poder através de eleições democráticas. Neste governo continuou com uma política nacionalista. Criou a campanha do “Petróleo é Nosso” que resultaria na criação da Petrobrás. 

     

     

     

  5. Me sinto regojizado e
    Me sinto regojizado e feliz.Nenhum outro comentarista daqui,falou tanto sobre a “podridão do País”,como o acima assinado.Bato nessa tecla há pelos menos quatro meses,sendo que a última delas foi um comentário que fiz elogiando o artigo do Moreno de Poços de Caldas sobre a PGR e seu mentor atual,Rodrigo Janot.Quando uma das lendas do jornalismo consolidado pátrio,Janio de Freitas,trata do tema depois de mim,as estrelas já não são mais necessárias.

  6. Jânio

     Nem sempre gosto de sua reflexão, embora tenha respeito pelo jornalista, ( coisa difícil ultimamente).  Mas nesta em particular, me parece que simplifica demais e deixa a história apenas para os governantes. Me incomoda, como se recria a história o tempo inteiro. Simplificado Getulio, simplificado o governo Lula  parece que o país foi e continua sendo apenas dos de sempre. Quem viu o movimento do ABC, quem viu a criação de um partido como PT,   quem viu toda a luta  e cada passo dessa luta ao longo da história não pode  cair nessas simplificações. O governo de Getulio é bem mais complexo do que isto, os esquecidos Jango e Juscelino também tiveram seu papel nesta história.  E o governo Lula definitivamente não é apenas o que Janio descreve. E bem mais complexo do que isto. E nem mesmo neste momento onde apos um ataque insano, da imprensa, do judiciário, e do mercado, ainda assim   parece que não mataram o que ocorreu durante o governo Lula. Não foi a revolução  sonhada, mas foi bem mais do que os séculos de idiotices que por um lapso de tempo tem dominado este país.

    Os simplismos de sempre só ajudam a superficialidade que grassa   

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