Helena Chagas: PSDB pode pagar mico enquanto PMDB racha por Lula

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
 
Jornal GGN – As previsões de FHC para a eleição de 2018 não deveriam ser tão otimistas. O tucano acredita que um mea culpa e o desembarque, em dezembro, do governo Temer, serão suficientes para reconectador o partido com os eleitores. Mas Helena Chagas vislumbra a possibilidade de os tucanos pagarem um mico sendo enxotados do governo antes de pedirem para sair.
 
Além disso, uma eventual aliança entre os PSDB e PMDB está cada vez mais distante, já que este último repete o comportamente histórico de por um pé em cada canoa e já se divide por causa de Lula.
 
Por Helena Chagas
 
Em Os Divergentes
 
PSDB e PMDB: cada um por si e o centro dividido
 
As cartas ainda não estão todas na mesa, mas o jogo de 2018 se acelerou bastante no feriadão. Num dos  movimentos mais importantes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso advertiu seu partido, em artigo publicado no domingo, que chegou a hora de decidir: “ou o PSDB desembarca do governo em dezembro ou se embaralha com o PMDB e assume de vez o posto de coadjuvante na disputa de 2018”.
 
Tudo indica que o partido seguirá o conselho de FH na convenção de dezembro – se Temer não ceder antes às pressões do Centrão e tirar os ministros tucanos da Esplanada. E aí o símbolo do PSDB teria que deixar de ser o tucano para, quem sabe, ser substituído pelo mico…
 
Mas o que se destaca nesse movimento do ex-presidente é que vão ficando remotas as possibilidades de uma chapa PSDB-PMDB para a presidência, ou mesmo uma aliança prioritária entre os dois partidos em 2018.
 
Essa hipótese parecia viável antes da votação da segunda denúncia contra Temer no plenário da Câmara, quando interlocutores dos dois lados apostavam mais fortemente numa união do centro, traduzida no apoio do presidente peemedebista ao governador Geraldo Alckmin, hoje o mais forte pré-candidato tucano.
 
Mas a aproximação não rolou onde se esperava – nos votos da bancada do PSDB de São Paulo –  e o clima esfriou.  Pode ser que, no futuro, o PMDB de Michel Temer venha a apoiar a candidatura Alckmin, mas tudo indica que não terá protagonismo nessa aliança. Impopular demais, figura tóxica num palanque.
 
O auto-lançamento de Henrique Meirelles em entrevista à Veja também ajudou a complicar tudo. Ainda que seja um movimento para marcar posição e abrir negociações em torno de uma vice, por exemplo, não pegou bem entre os tucanos e reforça a divisão centrista, além de dificultar a votação de reformas e projetos do governo a partir de agora.
 
A reforçar o bate-cabeças e a dificuldade de aglutinar as forças que apoiaram o impeachment em torno de uma única candidatura, está ainda a divisão histórica do próprio PMDB, o mais macunaímico dos partidos – no sentido de ser sem caráter mesmo. Mais uma vez, o PMDB repete a velha tática de botar um pé em cada canoa e ensaia alianças com o PT de Lula em seis estados, com a pragmática concordância e o perdão do ex-presidente aos grupos que apoiaram o impeachment.
 
E voltamos à velha moral de sempre: amigos, amigos; negócios à parte. Em política, lamentavelmente, não existem lealdades profundas. Rei morto, rei posto. Só que o PMDB pode fazer com Michel Temer o mesmo que o PT faz com Dilma.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. Perdidos e mortos

    Que o pmdb sempre foi um club de cafagestes todos nos sabemos!

    Mas o psdb não é melhor, com tantos doutores não tem ninguém que pensa no médio e longo prazo.

    Morreu o Sérgio Motta, ficou dando cabeçadas até agora.

    Acho bom que morram á mingua!

    Os mortos que enterrem seus mortos , como diria o bom e velho K.M.

  2. Lula tá certíssimo!

      Sem PMDB não se ganha eleição; se não se ganha eleição não se tem governo popular e nacionalista; se não se tem governo popular e nacionalista não se tem políticas sociais e defesa da soberania. Portanto, se o preço para se ter isso tudo é acordo com o PMDB, então, viva o acordo. Ou, então, faz-se como a Dilma: não quis sujar as mãos, não quis deixar de ser republicana, perdeu o governo e quem está pagando o pato é o Brasil e seu povo.é melhor um governo do Lula apoiado pelo PMDB que um governo do Bolsonaro apoiado pelo mesmo, pois eles vão se associar a qualquer um para se manter no poder. De quebra, uma aliança PMDB/PT ainda enfraquece o PSDB, reduto da verdadeira oposição a Lula.

  3. Viva o acordo com o PMDB!

     Lula tá certíssimo! Sem apoio do PMDB fica muito mais difícil ganhar eleição; se não se ganha eleição, não se tem governo popular e nacionalista; sem governo popular e nacionalista, não se tem políticas sociais e defesa da soberania nacional; sem políticas sociais e defesa da soberania, não se tem país soberano e rico. Se para se ter tudo isso é preciso fazer acordo com o PMDB, então VIVA O ACORDO COM O PMDB. Ou, enão, façamos como a Dilma que não quis sujar as mãos, quis ser republicana e quem paga o pato é o país e seu povo.

  4. Dissimulado é o que?

    Transcrito do artigo

    “Politicamente, contudo, há um ponto crítico e alguma decisão deverá ser tomada: ou o PSDB desembarca do governo na Convenção de dezembro próximo, e reafirma que continuará votando pelas reformas…”

    Quer salvar a própria pele mas escalpelar o povo.

  5. Salve-se quem puder

    O Efegagacê, que não é bobo nem nada, já percebeu que a operação lava rato está começando a fazer água por todos os ladoss e bradou: “Abandonem o navio!”

  6. Futuro aliado

    Pela trajetoria de bêbado do PSDB ele acabará dando com a bunda numa alinça com …Lula se ele ganhar a eleição de 2018! Vai disputar com o PMDB as benesses de ser avalista da governabilidade de Lula.

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