História do Golpe: Os desafios de Dilma, nos novos tempos da política, por Luis Nassif

Artigo publicado em 01/07/2013

O xadrez da política está sumamente interessante.

As respostas iniciais de Dilma Rousseff às manifestações comprovaram que cresce quando sob pressão. Venceu o desafio inicial, de transitar pela esfera pública mostrando compreensão do fenômeno e comportando-se com segurança.

Agiu assim em um momento em que havia quase um sentimento de histeria tomando conta de amplos setores da esquerda, com o que consideravam conspiração internacional querendo lhes tomar a primazia das ruas; e de setores da mídia achando que manipulariam os manifestantes, como fizeram no episódio dos “caras pintadas”.

O fenômeno é muito mais complexo, exigia uma capacidade de análise superior. E Dilma demonstrou ter, recuperou o protagonismo e fez a pauta. Ponto para ela. Mas é apenas o início.

O primeiro tempo

Nos próximos meses, haverá os seguintes processos – comuns após grandes episódios de catarse que derrubam a popularidade dos governantes.

Barato-caro – Um governante é bem ou mal avaliado de acordo com as expectativas que se tem em relação a ele. Quando as expectativas são excessivas, dizem que está caro. A tendência, então, será superdimensionar todos seus defeitos e subdimensionar as virtudes. A queda se inicia no momento em que se bate no teto da precificação.

E não se dá de uma vez. Começa com os círculos formadores de opinião nos diversos segmentos. Quando já tem a massa crítica suficiente, explode de uma vez, impulsionado por qualquer fato externo. É por isso que é comum o fato de, no auge da popularidade, sucessivos governantes tornarem-se condescendentes com as vulnerabilidades que vão se formando no seu entorno. E serem surpreendidos pela queda brusca. Desde o fenômeno Dilson Funaro (pai do Cruzado) esses processos têm se repetido.

Aí o personagem cai, cai e cai até se tornar barato. É o chamado fenômeno do “overshooting”, que exagera os movimentos para baixo ou para cima. No momento em que fica barato, as pessoas começam a refazer seu julgamento. Redescobrem virtudes que tinham sido esquecidas e a valorizar os feitos. E aí, entra-se no segundo fenômeno, o da segunda chance.

Segunda chance – Precisaria pesquisar mais para saber como é o fenômeno da “segunda chance” em outros países. No Brasil, trata-se de componente intrínseco no ânimo da opinião pública brasileira. Até Paulo Maluf teve a segunda chance, quando eleito prefeito de São Paulo. Lula conseguiu em pleno episódio do mensalão. Após a maxidesvalorização de 1999, FHC teria conseguido sua segunda chance, não fosse o desastre do apagão. Então, Dilma terá a sua. Especialmente porque mantém intactas várias virtudes públicas (hoje soterradas pelo “overshooting” das manifestações): é tida como séria, responsável, sinceramente empenhada em melhorar o país.

O segundo tempo

Ingressando no segundo tempo do jogo, haverá um duplo sentimento da opinião pública. Terá condescendência com o inevitável; e será rigorosa com tudo o que soe teimosia.

Tenderá a apoiar Dilma nos grandes embates. Mas será implacável se persistirem alguns dos aspectos criticados da sua personalidade: teimosia, centralização administrativa, espírito autocrático, condescendência com auxiliares medíocres.

Para se fortalecer, paradoxalmente Dilma terá que abrir mão de poder. Não se entenda por tal reduzir seu poder de governar, mas o de intervir no dia-a-dia dos Ministérios. Necessitará de Ministros com luz própria para restabelecer a interlocução com os diversos setores da sociedade. Ministros que recebam as orientações de Dilma, agreguem sugestões e se ponham a campo. Em suma, um exército composto por generais com luz própria obedecendo ao comandante maior.

Terá que trazer empresários de peso, figuras de peso do meio jurídico, interlocutores de peso dos movimentos sociais, articuladores de peso nas relações políticas. Especialmente, economistas de peso na área econômica. E pessoas que saibam dizer não, quando necessário.

Não se pode tergiversar com nenhuma vulnerabilidade, por menor que seja, porque a grande batalha ainda nem começou: a da economia. Nos próximos meses, haverá deterioração ainda maior das contas externas. Dilma terá que enfrentar opções complexas, entre crescimento magro, inflação alta e contas externas em deterioração.

Não haverá opção indolor.

Trata-se de desafio que derruba governantes, mas que poderá consagrar estadistas. O grande mérito de Dilma é governar de olho no futuro; sua grande fraqueza é não olhar o presente. Com a crise, ficará claro que o futuro dependerá, mais do que nunca, de conduzir o país nessa travessia atual.

Luis Nassif

9 Comentários

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  1. Eu tambem sou

    Eu tambem sou teimoso…

    Espiritelicos da Santissima Trindade de Jeovah dos Putos Quintos dos Infernos, ja tiraram essa porta de excrescencia de “ideologia de genero” do Espiritismo e enfiaram no olho do cu, filhos da puta?

  2. Eu sou mais teimoso.  MUITO

    Eu sou mais teimoso.  MUITO MAIS!

    Espiritelicos de Jehovah filhos da puta, voices poderiam me explicar COMO uma teoria de conspiracao que era tao burra que estaba abaixo ate mesmo dos Testemunhas de Jeovah, E tao abaixo que foi primeiramente publicizada no Brasil pelos genios do MBL, se infiltrou no Espiritismo aas maos de seus dirigentes macons e rosacrises, filhos de uma grandississima puta babilonica?????

  3. Por sinal, espiritelicos de

    Por sinal, espiritelicos de Jeovah dos putos quintos dos infernos, Maria Magdalena nao era, nao eh, e nunca vai ser a puta que voces fizeram dela.

  4. Os planos…..

    Parece que so tem plano A……..mas de tempos a outros, aparece um plano B………….boi de piranha? Talvez sim, talvez não………e se “pularmos” B e C chegamos ao D………Plano D?……..Talvez sim, talvez não……….. “ironia do destino”?…….

  5. Os desafios de governar o Brasil das oligarquias

    Dilma teve sua segunda chance sendo reeleita, mas o fim do PT no governo federal ja tinha sido decretado e ai começa-se a novela do golpe.  

  6. Dilma sempre foi um pessoa de
    Dilma sempre foi um pessoa de carácter , honesta e defensora de seus princípios. Mas não tinha preparo e vivência política para presidência da República Isso é fato e nenhum demérito para ela. A questão é que os problemas em seu governo iam aparecendo e não tinha quem os resolvia , caberia uma série de adjetivos para a sua equipe , prefiro não citar.

  7. O ambiente político em que

    O ambiente político em que Dilma convive é muito hostil. Seria mais produtivo transferir o seu domicilio eleitoral para um Estado que proporcione condições mais favoráveis para ela se expressar nacionalmente. Tenho certeza que a populaçao de Roraima ou do Amapá se sentiria orgulhosa em poder eleger Dilma Rousseff para o Senado.

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