IBGE, o desemprego no Brasil cresceu para o seu menor nível?

O desemprego aumentou no Brasil ou desemprego nunca esteve tão baixo no Brasil?

Só o IBGE sabe a resposta.

As duas informações abaixo foram veiculadas por Veja em um intervalo de menos de 15 dias. Parecem ser diametralmente opostas e são ambas corretas.

Veja – 22/05/2014

“Taxa de desemprego recua para 4,9% em abril, informa IBGE

Trata-se do menor índice para o mês desde 2002. Número de desempregados chega a 1,17 milhão em seis regiões metropolitanas”.

Veja – 03/06/2014

“Taxa de desemprego no país sobe a 7,1% no 1º trimestre

No trimestre anterior, PNAD contínua [sic] indicou desemprego em 6,2%. Número de brasileiros sem emprego passou de 6,1 milhões para 7 milhões”.

Decorrem, creio, basicamente de uma falha de comunicação do órgão que em princípio deveria explicá-las, o IBGE.

O Brasil mudou, a partir deste primeiro trimestre de 2014, a sua forma de calcular o nível de emprego no país. Deixou de usar a PME – Pesquisa Mensal de Emprego e passou a usar a PNAD contínua – Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio.

A PME era mensal, cobria as 6 maiores regiões metropolitanas do país. Usava o conceito de PEA – população economicamente ativa, o que consistia em incluir, para fins de coleta de dados, crianças a partir de 10 anos de idade.

A PNAD contínua é trimestral, cobre 3.500 municípios e usa o conceito de “pessoa com idade para trabalhar”, ou seja, considera pessoas a partir dos 14 anos. Essas informações estão em um documento bastante didático e completo chamado pelo IBGE de comentários.

Se são duas bases de dados diferentes, como fazer comparações entre os resultados obtidos por uma e outra?

Mas o site do IBGE nada traz sobre a mudança de metodologia e pode, assim, criar uma interpretação dúbia quando informa:

“A taxa de desocupação para o Brasil, no 1º trimestre de 2014, foi estimada em 7,1%. Houve alta em relação ao do 4º trimestre de 2013 (6,2%) e queda em relação ao 1º trimestre de 2013 (8,0%). O nível da ocupação para o mesmo período (56,7%) recuou em relação ao 4º trimestre de 2013 (57,3%) e subiu frente ao 1º trimestre de 2013 (56,3%).

A PNAD Contínua utiliza os novos conceitos recomendados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)”. 

Posso estar enganado, mas, se essa é a primeira pesquisa pela metodologia da PNAD contínua, como afirmar que houve uma alta em relação ao índice anterior que não foi calculado por ela?

Tudo que se pode dizer é que:

o desemprego no Brasil é muito baixo por qualquer índice que se considere,

o quadro não mudou, já que historicamente o nível de emprego do primeiro trimestre de um ano é pior do que o quarto trimestre do ano anterior. Será necessário aguardar as próximas pesquisas para poder fazer alguma afirmação sobre a reversão dessa tendência e,

a situação melhorou, se os dados de 2014 puderem ser comparados aos do ano anterior, pois o primeiro trimestre de 2013 começou com 8% de desemprego e o ano atual começa com índice menor, 7,1%.

Normalmente é atribuído à grande imprensa, que faz oposição ao Governo Dilma, a divulgação de manchetes pessimistas que distorcem a realidade. Desta vez, aparentemente, apenas repercutiram a manchete do próprio IBGE.

Redação

4 Comentários

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  1. Eles se desesperaram e

    Eles se desesperaram e criaram o maior clima nas expectativas da nova forma de aferir os índices.

    Índices positivos históricos da taxa de emprego com a velha ou a nova forma de se aferir.

    Desesperados, continuam.

  2. IBGE e metodologia

    Sergio,

    Não adianta, a turma da Comunicação do governo era péssima, continua péssima e assim permanecerá, péssima, incompetente, indolente e sem nenhum compromisso com quem a sustenta, o governo federal.

    Já fizeram de tudo, até mesmo um Machado de Assis branco deixaram acontecer, não se dão ao trabalho de checar, de fazer as vezes de advogado do diabo sobre qualquer matéria que esteja intrinsicamente ligada ao governo federal, o caso desta originária do IBGE.

    Como tem ocorrido em forma sistemática, o “inimigo” permanece com ótimos parceiro dentros do próprio governo federal.

    Esta explicação do IBGE para a mudança de metodologia é um escárnio, possivelmente proposital.

  3. O IBGE contra a Presidente Dilma

    Fiquei muito surpresa ao saber, há pouco, que entre as reivindicações do grevistas no IBGE está a “não manipulação por parte do Governo dos dados por eles informados e a demissão da atual presidente do orgão que “pactuaria com essa manipulação”.  Será isso verdade? Os grevistas tem mesmo essas reivindicações? Ou esse foi um comentário de um liberal que analisa os fatos por uma ótica própria? Ainda fico com a Presidente Dilma e com o que vejo nas ruas. Mas é importante saber o que anda acontecendo num órgão que por muitos anos foi referência de credibilidade.

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