No Brasil, o presidente é o produtor oficial de notícias falsas, por Janio de Freitas

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Jornal GGN – Em sua coluna de hoje na Folha de S. Paulo, o jornalista Janio de Freitas critica afirmações do presidente Michel Temer sobre a reforma da Previdência, argumentando que a proposta do governo atinge a população mais carente, ao contrário do que deu a entender o presidente da República.
 
“Os de salário mínimo integram a grande multidão que começa a trabalhar mais cedo”, diz o colunista, afirmando que exigir desta pessoas mais cinco ou dez anos de trabalho é desumano. “E negá-lo é mentir ao país”, completa.
 
Janio destaca que Temer também negou a autoria do ex-presidente Lula da transposição do São Francisco. “Citou valores errados, sempre em seu favor. E inventou a entrega de 130 mil cisternas”, afirma. 

Leia mais abaixo: 
 
Da Folha
 
Brasil é o país em que o presidente é produtor oficial de notícias falsas
 
Janio de Freitas
 
Os alemães estão preocupados com o número e os efeitos crescentes de notícias falsas. Seu governo discute, já como anteprojeto, uma legislação duríssima contra empresas que viabilizam redes na internet, quando não eliminem com presteza as notícias falsas e a disseminação do ódio.
 
No Brasil, providência semelhante seria contraditória, sendo o país, por exemplo, em que um ex e badalado presidente da República e um ministro do Supremo Tribunal Federal propõem que o caixa 2 em política –o dinheiro tomado e destinado em segredo– não mais seja considerado como corrupção.
 
Ou, mais simplesmente: o país em que o presidente é produtor oficial e contumaz de notícias falsas. Com uso não só da internet, mas de todo o sistema de comunicação informativa do país.
 
O que Fernando Henrique e Gilmar Mendes pretendem aceitável é a maior causa da grande mentira eleitoral, o mito das eleições livres e limpas no Brasil. Lembre-se, a propósito, que as contas da campanha presidencial de Fernando Henrique foram recusadas pela Justiça Eleitoral, com um grande rombo apesar da contabilidade conveniente. Como diz Carlos Ayres Britto, com brilhante passagem pelo Supremo, o caixa 2 “é eticamente espúrio e juridicamente delituoso”.
 
Michel Temer repete, com a esperança de que o país o ouça, serem as críticas ao projeto de “reforma” da Previdência movidas apenas por interesses. Nega perdas: “Cerca de 63% dos trabalhadores terão aposentadoria integral, porque ganham salário mínimo. Quem pode insurgir-se é um grupo de 27%, 37%”.
 
À parte a dupla indecência que está na proporção dos recebedores de salário mínimo e no valor dele, já desmoralizantes da Previdência e da “reforma”, o projeto do governo fere sobretudo os mais carentes. Os de salário mínimo integram a grande multidão que começa a trabalhar mais cedo, na puberdade ainda. Exigir-lhes mais cinco ou dez anos de trabalho, para chegar à nova idade mínima de aposentadoria, é um ônus desumano. E negá-lo é mentir ao país.
 
O “ministério de técnicos”, a “recuperação da moralidade pública”, a “retomada do crescimento ainda neste ano” (de 2016!), e tantas balelas mais, formam uma estrada imoral de mão única. Na qual foi erguido há pouco um monumento à indignidade. Recusar-se a reconhecer uma autoria legítima é uma usurpação, seja ou não em proveito próprio. No caso, era.
 
Michel Temer saiu-se com a bobagem de que “a paternidade da transposição do São Francisco é do povo brasileiro”. Sua forma de negar a autoria de Lula, em áspera batalha técnica e de comunicação, e a difícil continuidade assegurada por Dilma. Citou valores errados, sempre em seu favor. E inventou a entrega de 130 mil cisternas.
 
Para breve comparação: Tereza Campello entrou calada no governo Dilma, permaneceu muda e, no impeachment, saiu em silêncio sobre seu papel no governo. Mas, entre outros êxitos incomuns, fez construir e instalar no Nordeste cerca de um milhão de cisternas.
 
Por isso a recente seca, brutal, não provocou o abalo e os demais efeitos das secas equivalentes. Observação de valor especial nestes tempos: tamanha obra sem que houvesse sequer vestígio de escândalo, na atividade que mais produziu corrupção e escarcéus na história do Nordeste.
 
Tereza Campello, a cujo silêncio realizador a imprensa/TV respondeu com silêncio incompetente, foi uma ministra extraordinária.
 
Quanto a Michel Temer, entende-se por que lhe pareceu normal nomear Alexandre de Moraes, coautor de um livro que assina sozinho, para o Supremo. A veracidade não é o que lhe importa. Como caráter não se vende em supermercado, Michel Temer não recebe informações a respeito.
 
Redação

8 Comentários

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  1. Não vou entrar no merito

    Não vou entrar no merito do artigo do mestre Janio de Freitas,sobre a figura podre e sórdida de Michael Temer.Para não passar em branco,anoto:Diz-me com quem andas,que lhe direis quem és.O brilhantismo de Janio,as vezes é ofuscado,como desta vez.Bom que se diga,não é a primeira vez que comete equivocos crassos.Lá atrás,em um artigo dele,flagrei o Mestre afirmando peremptoriamente,existir no Brasil “luta de classes”.Erradissimo.Há no Brasil sem qualquer sombras de duvidas a pratica execrável do “ódio de classes”.Novamente,observo no comentario acima,uma afirmação,no minimo conflituosa:”Como diz Carlos Ayres de Brito,com brilhante passagem pelo Supremo”.Em uma democracia,há de se anotar o fato e o direito de se falar o que bem quer,mas nunca ir de encontro a verdade dos fatos.Ayres de Brito nunca foi brilhante em coisa alguma,ainda mais se levarmos em consideração as virtudes da coragem e da temperança.Ayres de Brito é um cretino.Taí mais uma anotação de relevancia maior,que me dá a condição de comentarista diferenciado,e coloca essas estrelas no seu devido lugar,por que já as tenho.

    1. Pois é Junior Sertanejo, não

      Pois é Junior Sertanejo, não posso discordar de vosmecê quanto a sua notação a respeito de um dos poucos sertanejos de natureza covarde, safada, e oportunista, de meu conhecimento. Como é o caso desse fdp acoelhado. O sem vergonha que vosmecê, por ser mais educado, classifica apenas, de cretino.

      Se me permite, digo que é pouco. Portanto, peço venia para apensar os 18 sinônimos que encontrei, para homenagear o cretino ayres de brito. Vamos lá, ayres brito é um cretino com direito aos seguintes sinônimos: estúpido, mentecapto, idiota, imbecil, tonto, tolerão, tantã, tanso, sonso, pato, pascácio, pacóvio, otário, lorpa, tolo, pateta, parvo, papalvo. Nossa? Vixi! Como são parecidíssimos com o dono.

      Tudo isso está no pacote adquirido pelo grupo Globo. Em troca da presidência da arapuca, ou, se preferir, da picaretagem denominado Instituto Inovare. Na verdade, essa invenção dos Marinho, trata-se de uma picaretagem pra comprar os serviços e a opinião de altos funcionários do judiciário, mantendo-os manietados e/ou, chantageados com a perspectiva de gorda sinecura ao se aposentarem.

      Por falarem tanto em transparência, deveriam revelar o quanto pagam de “pro-labore” ao, já agraciado e em pleno desfrute da referida sinecura, o cretino Ayres de Sergipe.

      Orlando

      PS. Sobre o verme miShell, me recuso a comentar. Nem sei se o insignificante vai além de um mero  ectoplasma. Nem pra verme isso presta.

    2. Aqui não existe luta de classes, mas massacre de uma classe

      Aqui não existe de fato luta de classes, mas o massacre da classe trabalhadora pela classe expropriadora.

      Com sua sutileza, o Jânio vai nos matar de rir com tiradas como a seguinte:

      “Alexandre de Moraes, coautor de um livro que assina sozinho, para o $upremo”.

       

      Kikikikikikikikiki

  2. Temer é um profissional na arte de enganar

    Como diz Carlos Ayres Britto, com brilhante passagem pelo Supremo, o caixa 2 “é eticamente espúrio e juridicamente delituoso”. Rindo muito aqui. Mas tudo bem, se Janio não foi irônico, ele deve saber mais sobre a atuação brilhante no Supremo do Britinho do que eu.

    Quanto ao mentiroso compulsivo que é Michel Temer, o que não sera falso ali? Tudo em Temer parece falso, como sua pessoa. Seu governo é um monte de mentirars batidas uma em cima da outra para construir uma imagem. Se Temer algum dia usar um detector de mentira, a maquinha vai disparar do inicio ao fim. Ou talvez não aconteça nada, pois dizem que ha mentirosos tão profissionais que enganam até os detectores de mentira.

  3. Michel Temer não me foi uma

    Michel Temer não me foi uma grata decepção. Nunca o vi, ou mesmo só o imaginei,  como um político acima da média. Jamais antevi, nem em sonho que chegasse à presidência da República. Mas ele chegou. Eis um dos aspectos danosos que acarretam a conquista do Poder por vias espúrias. Normalmente entronam nulidades, mediocridades e “dades” do gênero. 

    Michel Temer se supera dia após dia. Já ultrapassou a fronteira do ridículo e do patético. Tem horas que dá até pena. Compaixão indevida posto que é um usurpador golpista. 

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