Novos fatos dificultam retorno de Dilma e salvação de Cunha, avalia Kennedy Alencar

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Artigo publicado pelo jornalista Kennedy Alencar, nesta quinta (23), traz duas análises a respeitos dos principais fatos do dia. A começar pela nova operação deflagrada pela Polícia Federal, como desmembramento da Lava Jato, com prisão do ex-ministro Paulo Bernardo e busca e apreensão no diretório do PT.

Para Kennedy, é como se os efeitos da Lava Jato voltassem a pesar sobre o PT, depois de um longo período causando estragos no PMDB do presidente interino Michel Temer. Dessa maneira, o retorno da presidente eleita e afastada no processo de impeachment, Dilma Rousseff, fica cada vez mais difícil.

Como também fica difícil a Câmara não cassar o mandato parlamentar de Eduardo Cunha (PMDB) após a decisão do Supremo Tribunal Federal, de torná-lo réu numa segunda ação penal. Segundo Kennedy, os deputados não terão condição moral de abrandar a pena de Cunha, pois ele se tornou réu no STF justamente por ter mentido sobre a posse de contas na Suíça – razão de seu processo no Conselho de Ética.

Por Kennedy Alencar

No Blog do Kennedy

Nova fase da Lava Jato torna mais difícil volta de Dilma

Após uma safra de notícias ruins da Lava Jato para o PMDB, a operação traz o PT de volta ao centro dos holofotes. Uma diligência na sede nacional do partido tem peso simbólico forte, com mais desgaste de imagem da legenda. Produz ainda mais dificuldades para a estratégia da presidente afastada, Dilma Rousseff, de tentar voltar ao poder.

Paulo Bernardo é um quadro importante do partido. Foi ministro nos governos Lula e Dilma. Bernardo é o primeiro ex-ministro de Dilma alvo de um pedido de prisão na Lava Jato. No caso dele, é uma ordem de detenção preventiva. Em relação ao ex-ministro da Previdência Carlos Gabas, amigo de Dilma, a providência é uma condução coercitiva.

 

Até agora, o preso mais próximo a Dilma na Lava Jato era o marqueteiro João Santana. No primeiro mandato da presidente, Paulo Bernardo foi ministro das Comunicações. Da ala moderada do PT, ele foi muito criticado pelo partido por resistir às pressões pela regulamentação da mídia.

No governo Lula, Bernardo comandou o Planejamento. Sempre teve bom trânsito com o empresariado e outros partidos políticos. Bernardo e a senadora Gleisi Hoffmann, com quem é casado, negam as acusações feitas no âmbito da Lava Jato. A defesa dele diz que a prisão é arbitrária.
*
Cassação à vista

Mais uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) contra Eduardo Cunha torna provável a cassação do mandato do presidente afastado da Câmara. O Supremo decidiu ontem transformar Cunha em réu numa segunda ação na corte.

Na Câmara, a recomendação de perda do mandato é baseada na acusação de que o peemedebista mentiu à CPI da Petrobras quando disse que não tinha conta no exterior.

O Supremo aceitou ontem transformá-lo em réu justamente pela acusação de possuir uma conta na Suíça para receber propina. Diante da decisão do Supremo, os deputados não têm condição política de dar a Cunha uma pena menor do que a cassação. Portanto, agrava-se uma situação que já era ruim do ponto de vista político e jurídico.

Cunha esperava virar réu novamente no Supremo. No entanto, tinha esperança de manter a mulher e a filha com ele no mesmo processo, já que tem foro privilegiado. O STF rejeitou esse pedido.

As duas deverão ser investigadas e julgadas pelo juiz Sérgio Moro, que era tudo o que Cunha não queria, porque teme uma condenação rápida em Curitiba. A defesa delas ainda tentará transferir as investigações para a Justiça Federal do Rio de Janeiro, mas é mais provável que o caso fique com Moro.

Num contexto em que Cunha vai ficando sem saída, não devem ser descartadas as possibilidades de delação premiada e de renúncia à presidência da Câmara, apesar de negativas recentes dele em relação a esses dois temas.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

17 Comentários

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  1. Acordaram agora???

    Perceberam de leve o motivo do encontro furtivo do pseudo ministro com o juizinho de curitiba???

    Vejam que é só início….

    Será que Lula e Dilma depois de tantos elogios à nossa imprensa e sua libertinagem, depois de idas ao fantástico e omeletagem com a rainha dos tomates (que não dependurou um mísero saquinho de feijão no pescoço dessa vez) aninha braga, começam a desconfiar que deram milho pra bode??

    Is too late…………………………………………

  2. Creme e castigo.

     os deputados não terão condição moral de abrandar a pena de Cunha, pois ele se tornou réu no STF justamente por ter mentido sobre a posse de contas na Suíça –

    -Viu, Eduzinho?  Se tivesse falado a verdade, hoje você estaria numa boa. Mas falou mentira e por isso agora vai ficar um ou talvez até dois dias de castigo.

  3. Os EUA dominaram o Brasil sem

    Os EUA dominaram o Brasil sem enviar um único marine. Bastou-lhes arregimentar alguns quintas colunas locais na política, na justiça e na mídia.

  4. Os juristas de esquerda vão

    Os juristas de esquerda vão ter que voltar para a prancheta. As leis estão obsoletas para lidar com o Judiciário entrando no jogo político de uma sociedade de massas. 

    Há 70 anos a massa sequer tinha acesso ao serviço de prestação jurisdicional. Hans Kelsen nenhum conseguiria imaginar o governo negociando o julgamento de ações coletivas sobre correção de FGTS, a ponto da decisão ser sobre inviabilizar o orçamento público ou não, em vez de discutir direitos consolidados.

    Há 100 anos as grandes decisões sobre interesses coletivos eram para despejar empobrecidos devedores de aluguel em prédio de apartamentos. A justiça era coisa para rico brigar com rico sem precisar chegar ao duelo. Agora temos uma operação policial a decidir se o perdedor do noticiário da semana é PT, PMDB ou PSDB, cada um com seu milhão de filiados e outros milhõe de apoiadores. Estamos assistindo uma canetada decidir se 54 milhões de votos são bons ou se foram mal informados. Mais do que isso, decidindo se isso vai ser dito antes ou depois do comício final. É um peso colossal, e nunca fomos preparados para isso.

    Se tem alguém a quem interessa formular isso é aos juristas de esquerda, à turma da igualdade. De algum modo a Justiça precisa voltar a ser cega, despreocupar-se do momento político, e bater o martelo no fato de imediato, sem calcular momento. É preciso voltar à formulação da neutralidade. A modulação dos efeitos de uma decisão foi das piores importações que já fizemos. Agora que nos acostumamos com a idéia de que a decisão estatal comporta conveniência e oportunidade, e essa modulação contaminou o modelo político, com o Judiciário influindo tanto assim no jogo eleitoral, é preciso formular as regras sobre os limites – tarefa que interessa apenas às esquerdas, historicamente afastadas do poder judicial. 

    1. Caro debatedor Monier,
      sua

      Caro debatedor Monier,

      sua citação de Hans Kelsen e  uma certa provocação  aos “juristas da esquerda”, chamaram a minha atenção.

      Foi curioso também o seu ponto de partida, qual seja, as  “leis obsoletas , o  judiciário e a sociedade de massas”.

      Daria para desenvolver uma tese de não sei quantas páginas para tentar entrar nesse  mérito, digamos,  mais profundo. Creio, no entanto,  não seja possível com um simples comentário.

      De qualquer forma, vou provocar ainda mais esse debate para ver até onde podemos chegar.

      Vamos lá.

      Sua  expressão “jurista de esquerda”  é , no mínimo  estranha, sobretudo, ao considerá-los como  “defensores da igualdade”.

      Ora,  tal de “igualdade”, também poderia ser considerada para os “juristas de direita”, ou de centro, ou de centro esquerda, centro direita. Enfim, juristas de todas as matizes.

      Deixando claro que não se trata de igualdade matemática ou biológica, vez que 2=2( pelo menos até hoje)   a  “mulher” não é igual a “homem”, por questões óbvias. Sem entrar no mérito de r. Caetano Veloso ao nos dizer que  tudo pode estar certo como 2 e 2 são cinco ou no da   Simone de Beauvoir  ao nos ensinar que  “não se  nasce mulher” mas se “torna mulher”…

      Trata-se , portanto, da compreensão do que vem a ser “igualdade” formal ou material ou as duas em conjunto.

      Ora,  igualdade existe também  para os “juristas de direita”. Não é , portanto, coisa de “juristas de esquerda”.

      Para aqueles a “igualdade” seria evidentemente  formal  já que o “estado” patrimonial se confunde com eles próprios e suas “famílias”. A “lei” é feita por eles e para eles em busca de “segurança jurídica” num ambiente falacioso de “harmonia entre contrários. Já  para estes a igualdade não é apenas formal, mas sim, material. Talvez, por isso se diz que os “juristas de esquerda” são os defensores da igualdade. 

      Lembrando que essa compreesão da igualdade, como v. deve saber,  surge com mais força após  a primeira grande guerra, com asconstituções  do México e de  Weimar

       

      No Brasil, ah o meu  Brasil, o nosso Brasil… da escravidão ao  café com leite  e código Bevilacqua, patrimonalista, agregado ao voto censitário, ao “chefe de família” que tem sua mulher como “propriedade privada”  e  escravos travestidos de homens livres, entre outras coisas,  vamos combinar…  não dá para falar em “igualdade” de jeito nenhum. Tampouco de neutralidade.

      Aliás, não dá para falar de neutralidade. Ou melhor, a “neutralidade” se existe, existe só nesse vocábulo, só na grafia desse vocábulo, vez que o seu “significado” já não seria neutro.

      Arrisco-me a dizer que nem “deus” ( ou zeus, ou buda, ou maomé, ou…) seriam “neutros”.

      A questão da “neutralidade” ( que jamais, repita-se jamais será neutra) é interessante exatamente porque NÃO EXISTE neutralidade, até mesmo nas ciências que se dizem “duras”.

      O que “era” absoluto” já não “é” tão absoluto assim após a “relatividade”…

       

      A modulação dos efeitos tem sua razão de ser haja vista o devir. Afinal, não há ordenamento jurídico para todo o sempre e não há a possibilidade de hermenêutica racional, natural, isenta, fsem história, sem contexto, sem momento, sem razão humana repleta de “pré-conceitos”…

      O judiciário não influi “tanto assim” no jogo eleitoral. Ele faz parte do jogo eleitoral. 

      Há pesos e contrapresos.

      Há independência com “harmonia”.

      O maior problema, a meu ver, é de onde “emana o poder que se diz uno”. Seria uno mesmo? Creio que não, sobretudo, no Brasil onde a regra é o “golpe” de estado, para o estado e contra o estado; depende do freguês.

       

      O que está em jogo atualmente , na minha opinião ( que não é só minha, óbvio) são os próprios pilares do Estado moderno que se diz “democrático e de direito”.

      A democracia representativa não representa o que ela teoricamente deveria representar, de acordo com o saudoso N. Bobbio.

      E para completar, há aqueles que dizem em “ódio à democracia” ( jacques Ranciere)

      E para fnalizar, alguém já disse e eu concordo: 

      Por mais incrível que possa parecer, não é possível a existência de democracia dentro de um sistema de preços, ou economia de mercado, ou , mais especificamente tratado por Marx como Capitalismo. 

      Democracia é uma falácia para sustentar o antagonismo explícito de classes. 

      E não há Rousseau ou Hume ou Kant que nos ajude a sair dessa. rsrsrss

       

      Saudações 

       

       

       

       

       

  5. Vão-se os anéis e que fiquem os dedos…

    Se não separarmos a REALIDADE PARTIDÁRIA DA REALIDADE DOS POLÍTICOS – NUNCA SAIREMOS DESTE IMPASSE!

    A Dilma É HONESTA E PODE FICAR INELEGÍVEL POR CONTA DE UM SISTEMA QUE FAVORECEU O CAIXA 2!

    NÃO FOI SOMENTE O PT QUE ERROU – TODOS ERRARAM!

    QUAL PARTIDO SE SALVA E QUE POSSUA QUADROS DE VALOR PARA O CARGO DE PRESIDENTE?

    NENHUM!

    Se não houver bom senso nesta percepção, vamos AFUNDAR O PAÍS, COMO JÁ ESTÁ OCORRENDO….

    SOB O PIOR CENÁRIO POSSÍVEL, a Dilma DEMONSTROU valor, NÃO SE DEIXOU CORROMPER!

    Alem de INQUESTIONÁVEL NO RESPEITO A DEMOCRACIA, no trato com os adversários!

     

     

     

  6. “Juizinho”?

    Motivos politicos são como uma névoa densa a obscurecer a visão  dos desvios morais e da libertinagem ética dos poderosos. Sem hipocrisia a sociedade de forma apartidária deve exigir a correção de rumo daqueles que enlameiam a nossa estrada para o futuro.

  7. Poxa, eu acesso o GGN

    Poxa, eu acesso o GGN justamente para não ter que ler os jornalistas da imprensa corporativa e acabo lendo os jornalistas da imprensa corporativa.

    Só para se ter uma ideia, entrei agora no blog do Kennedy Alencar (desde março que não leio mais uma única linha sobre o que ele escreve), e vi que, em junho, as análises sobre a Dilma foram absolutamente as mesmas:

    (23.6.16) Nova fase da Lava Jato torna mais difícil volta de Dilma; (21.6.16) Temer faz acordo que geraria tempestade para Dilma; (10.6.16) Fracasso na economia dificulta retorno de Dilma; (10.6.16) Tentar antecipar eleição é jogada inteligente, mas tardia de Dilma. 

     

     

    1. Tivemos a mesma percepção.

      Tivemos a mesma percepção. Ele produz a matéria de forma subliminar…induzindo o leitor a acreditar que o “circo está pegando fogo”. Jornalismo imparcial ? Duvido !

  8. Acredito que o processo de

    Acredito que o processo de votação para cassar o Cunha não deve sair antes do processo final da votação do impeachmen pelo senado. O motivo é simples, para o Cunha não contaminar o governo Temer com suas delações. Depois do impeachment aprovado, abafa-se tudo.

    ////

    A votação da segunda fase do processo de impeachment pelo senado começou hoje, com a prisão do Paulo Bernado e a “invasão” da sede do PT. Deve termina próximo à votação do processo de impeachmet, com a denuncia e a prisão do Lula.

    /////

    A conversa reservada que o ministro da justiça do Temer teve com o Moro começa dá resultado.

    Só a proteção divina para salvar o país por tudo que está porvir, ou por vir

  9. Balcão

    Não me interessa o que pensa o Kennedy, mezzo PIG meia calabresa. O que ele não falou é sobre o balcão de negócios e da abertura da caixa de ferramenas dos usurpadores. Nem vai falar.

    Infelizmente para o Brasil, toda a mídia trata essa gente como: interinos, em exercício, etc. Os mais piguentos já arriscam a tirar o apêndice e partem para o: ministo, presidente e por ai dão como consumado o golpe paraguaio. Daqui a alguns dias eles vão poder tirar o adjetivo sem ser chamados pelos vedadeiros nomes: bandidos, golpistas, uurpadores, traidores, enteguistas.

    Tristemente, li aqui que a Presidenta não pretende ir pessoalmente se defender na sessão do senado. Jogar fora um palanque como esse é entregar o ouro para o bandido. Fico a imaginar o alcance que teria um Brizola de saias denunciar ali o crime de que vem sendo vítima. E o que daría de midia mundial um gesto desses.

  10. Só mais um coxinha

    Esse cara me parecia um jornalista competente, mas quem trabalha para o PIG não pode ter opnião própria.

    Só mais um coxinha.

  11. K. Alencar, infelizmente,

    K. Alencar, infelizmente, precisando do emprego no PIG, faz aquilo que é possível, e até conseguiu até o presente ser mais moderado que seus colegas, mas, de forma subliminar, faz o jogo sujo, enquanto não dá ao contexto a narrativa correta, como tão bem faz Jânio de Freitas, mesmo sendo emprgado da Folha maldita. 

    Deixe Cunha pra lá porque este está como as chuvas de março: “nem chove e nem sai de cima”.

    Vamos dar foco a Aécio com Furnas, ao mensalão tucano, engavetado, com espalhafatos apenas; aos caciques do PMDB, cobertos de lama, desde os velhos e novos tempos de Sarney, que não deixa de ser um Cunha, sempre roubando e sempre blindado, até morrer em berço explêndido. Roubo de merenda em São Paulo; Trensalão, japonês da Federal, etc.

    É tanta gente comprometida com safadeza, mas que só aparece para uma espécie de justificativa no sentido de se fazer o povo pensar que há isenção da mídia golpista. 

    Antes de Lula ser preso coercitivamente Moro ficou num resguardo de maldade inexplicável. Depois, voltou ao silêncio, e não demorou, pegou Lula conversando com Dilma e deu no que deu. Mais silência em relação ao PT, a Lula e a Dilma. 

    Agora, voltou tudo à tona, com polícias pra todo lado, focando o PT. Desmantelaram já a sede do partido em SP; prenderam o marido de Gleisi para incriminá-la, e nessa pisada logo chegarão a Dilma, com delações de J. Santana, e mais quem quiser se livrar da cadeia. Como dizem os meninos do Porta dos Fundos, para Moro pouco importa denúncias contra tucanos e todos os outros, mas se quer mesmo liberdade, fale mal de quem?

     

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