O arranjo Jaques Wagner-Miriam Belchior no 3º mandato, por Kennedy Alencar

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Kennedy Alencar

Wagner pode ser “solução Palocci” na Fazenda

Diante da iminência da saída de Joaquim Levy do governo, surgiu ontem um desenho político que poderia levar o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, para a pasta da Fazenda  a chamada “solução Palocci”. Para o lugar de Wagner, seria deslocada a presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior.

Cresceu a velocidade da possibilidade de saída de Levy do governo. O ministro da Fazenda deu ontem entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo” que é uma mistura de balanço e discurso de despedida. Esse discurso pode ser repetido em um café da manhã hoje com jornalistas para a confraternização de fim de ano.

Levy foi fritado pela própria presidente da República. Ele cometeu erros, mas a presidente Dilma Rousseff permitiu o enfraquecimento do ministro da Fazenda, o que foi um erro grave, e deixou que ele continuasse no cargo quando já estava inviabilizado, o que é outro equívoco que custa caro ao país.

De certa forma, Levy é vítima da falta de competência e do excesso de interferência da presidente na área econômica. Nos últimos dias, os jornais apontaram vários nomes como cotados. Exemplos: os economistas Marcos Lisboa e Otavio Canuto, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e os  ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro Neto.

O ex-presidente Lula continua achando que a melhor opção seria o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Economistas do PT tentam vetar nomes mais liberais, como Marcos Lisboa, e defendem o “desenvolvimentista” Nelson Barbosa. Dilma disse em reunião reservada ontem que ainda não tinha escolhido o sucessor de Levy. Havia uma especulação sobre colocar Tombini na Fazenda, mas reforçando oficialmente o poder de Barbosa. Tombini, que nunca disse não a Dilma, lida com uma inflação de 10% ao ano e juros na Lua.

Nas últimas horas, apareceu essa “solução Palocci”. Quando ganhou em 2002 e precisava conquistar credibilidade fiscal, o então presidente eleito Lula escolheu o médico e deputado federal Antonio Palocci Filho para a Fazenda. Palocci tinha proximidade com o presidente, era da ala moderada do PT, possuía experiência administrativa como prefeito e montou uma equipe competente, na qual Marcos Lisboa era secretário de Política Econômica.

No atual governo, Jaques Wagner tem perfil semelhante ao de Palocci. Com trânsito no empresariado e no Congresso, Jaques Wagner poderia comandar um plano fiscal de longo prazo e uma série de propostas de reformas legislativas, como a da Previdência.

A escolha de Jaques Wagner não pareceria um abdicação de poder de Dilma, como soaria no caso de Meirelles ou Lisboa. Levaria o ministro mais forte do governo para a área que demanda a principal solução. Com Miriam Belchior na Casa Civil, a pasta teria caráter mais administrativo.

O arranjo Wagner-Belchior parece ser uma solução boa, mas nunca se deve subestimar a capacidade de errar deste governo, sobretudo quando ganha um pequeno fôlego, como conquistou ontem com uma vitória no STF (Supremo Tribunal Federal).

Continue 

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

13 Comentários

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  1. Não adianta mudar ministros,

    Não adianta mudar ministros, se a palavra final, como o próprio texto elenca, é de Dilma. O bicho pega quando ela resolve brincar de economista com um país inteiro. 

  2. Graças a Deus Levy caiu!!!!

    Graças a Deus Levy caiu!!!! Mas com a habitual demora de Dilma, a um prejuízo de 5% do PIB, estouro da dívida pública e arrocho do funcionalismo federal.

     

    Agora será que finalmente Dilma vai começar a governar, ou será que o PSDB e Temer continuarão governando o pais?

  3. Kennedy é muito bem informado!

    Kennedy Alencar é tão bem informado que parece não conseguir enxergar a floresta de cima.

    Levy, assim como Palocci lá atrás, foi o Homem do ajuste.

    Quem escuta aos discursos de Dilma cansou de ouvir em retomada do crescimento. Levy não tem esse perfil, seria substituído se de fato Dilma pretendia retomar o crescimento, o gasto público, etc.

    Levy vê ajuste como ideologia, Dilma parece vê-lo como uma técnica.

  4. “Pequeno fôlego” meuzovo, Kennedy!

    Em 2 dias teve povão na rua, aborto do impeachment no STF, Renan esculachando Temer, Picciani peitando Cunha, aprovação do Bolsa Família integral e da volta da CPMF em 2016.

    Fora o rola-bosta da Veja escondendo Azeredo e o Gilmar batendo porta.

     

    1. E mais, na quarta alegria

      E mais, na quarta alegria total do PIG.

      Com explosão de fogos, muitas vivas, saudações calorosas entre os colunistas pigais, coxinhas em êxtase com orgasmos múltiplos, com o voto do relator Fachin, que de uma certa maneira, seguia a linha do Cunha.

      Na quinta por volta das 17hs, tentativa de suicídio coletivo nas áreas pigais e afins.

      Silêncio sepulcral, ficaram em estado de choque, como se um grave acidente tivesse acontecido.Não disseram uma palavra.

      O tio rei e o Merval foram os que sentiram mais. O tio rei foi além, disse categoricamente: O único voto que foi dado baseado na constituição foi o do Gilmar Mendes.

      Muitos ainda estão de recuperando hoje, da trombada que levaram da carreta do STF.

      Não é uma maravilha ver o sofrimento dessa gente !!!

       

  5. Levy foi o Palocci de DIlma,

    Levy foi o Palocci de DIlma, quem vier para seu lugar terá que ter um perfil diferente. Terá que ter visão para comandar uma recuperação econômica.

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