O festival de balões que assola Brasília

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Agosto começou digno do título de mês de soltar balão. O cenário de crise política aguda, com especulações diárias sobre onde – ou nas mãos de quem – o País vai parar nos próximos meses tem funcionado como combustível, fertilizante para mentes criativas. Isso, claro, quando os balões não são feitos com o propósito de atender a interesses pessoais.

Este último é o caso das notinhas em jornais como Folha de S. Paulo nas últimas semanas, dando conta de que o senador José Serra (PSDB), em flerte eterno com o Palácio do Planalto, decidiu se aproximar do vice-presidente Michel Temer (PMDB) e tem topado uma troca de favores que beneficiam ambos os lados. Seus concorrentes tucanos estariam de orelha em pé.

Temer, como coordenador político de Dilma Rousseff, precisa intensificar a interlocução no Senado, comandado pelo correligionário Renan Calheiros, e Serra estaria ajudando nisso. Na outra ponta, o tucano espera ganhar espaço num eventual governo Temer como ministro da Fazenda e pavimentar, assim, o caminho até 2018.

A questão é que Serra não é unanimidade no PSDB, embora a Folha tenha frisado que a aliança entre ele e Temer garantiria que parte do tucanato desse sustentação ao governo peemedebista pós-impeachment de Dilma. Duvidoso, já que essa semana, com aval do presidente Aécio Neves, outra parte do PSDB decidiu subir o tom e pedir novas eleições já. Aecistas não querem saber de governo Temer.

Pode-se cogitar que o que Serra quer, na verdade, é sinalizar que não está disposto a assistir de braços cruzados o governador Geraldo Alckmin e Aécio disputarem entre si a liderança da chapa presidencial tucana para a próxima eleição. Serra quer ser candidato de novo, nem que tenha de trocar de partido para isso.

Tal como Marta fez com o PT, o senador pode estar tentando, com ajuda da imprensa amiga, a passar a seguinte mensagem: se o PSDB não me quer como postulante, tem quem queira. No caso, o PMDB, que possui uma vitrine de presidenciáveis limitada, por enquanto.

Os balões sobre reforma ministerial

Quem não se arriscou a projetar as alianças de um eventual governo Temer – a IstoÉ ouviu “fontes próximas ao vice” que garantem que Joaquim Barbosa, Marina Silva, Pedro Simon, Carlos Ayres Britto e outras figuras “de respeito” seriam convidados para o primeiro escalão – decidiu palpitar sobre a reforma ministerial da presidente Dilma.

Houve quem defendesse a ida de Temer para o Ministério da Justiça – uma pasta “em crise” sob a gestão de José Eduardo Cardozo, em função a Lava Jato – de e Lula para a Casa Civil. Assim, justificam, Dilma ficaria com a parte técnica do governo, enquanto o ex-presidente lidaria com as articulações políticas. Crise resolvida.

Para engrossar esse caldo, na quinta-feira (6), o blog do Gerson Camarotti (G1) publicou que, “para estancar a crise”, o Palácio do Planalto já avalia convocar Lula para ser ministro.

A ideia defendida por petistas é a de que seria “apropriado” que o ex-presidente assumisse cargos como o Ministério da Defesa ou Relações Exteriores, para defender lá fora a imagem do Brasil. Esqueceram de contar que Lula tem passado maus bocados com a criminalização de sua atuação no exterior, em prol de empresas brasileiras. Sem contar que o presidente de honra do PT sempre manteve certa distância do Planalto, evitando fomentar as teses de que governaria no lugar de Dilma.

Outra indicação para se pensar: o blog do Esmael Morais, nesta sexta (7), diz que uma “surpresa” na reforma ministerial de Dilma seria o alojamento do senador Roberto Requião na área da “Economia”. O peemedebista esteve com Aloizio Mercadante (Casa Civil) essa semana e, desde então, reduziu as críticas ao governo e tem feito mistério sobre o teor do encontro.

Mas Requião é contrário ao plano Levy e não faz questão nenhuma de esconder isso. Teria sentido ele na área comandada pelo atual ministro da Fazenda?

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. Barbosa, Ayres Brito, Marina
    Barbosa, Ayres Brito, Marina e Simon. Se um ministro inerte cauda prejuízo, imagina quatro deles. São quatro Cardozos.

    1. Requião na Justica.

      Para botar a PF na linha e para peitar o Moro, de paranaense ele já foi governador.

      Lula nas Relações Exteriores para buscar apoio internacional contra o golpe. E para sair do alcance de Moro.

      Na casa civil Temer, para se tornar o primeiro ministro de Dilma e fazer a coordenação política do governo.

      E Dilma, dispensada de fazer política, assumiria a coordenação administrativa. Posto em que foi muito bem no governo Lula.

      Pronto, está feita a reforma ministerial.

  2. Podemos ler de outra forma:

    Podemos ler de outra forma: Serra, Marina, Requião, Joaquim Barbosa, Ayres Brito e Simon desejam ser ministros para tirar uma casquinha. Simples assim.

  3. Lula ministro não é “balão” ou seja lá o que isso significa

    É simples de entender: leram o meu post de 04/08/2015 (Lula na Casa Civil do Governo Dilma: por que não?) e resolveram discutir a sério a proposta. Foi isso o que aconteceu. Procure as fontes em Brasília e se certifique disso, como um bom jornalista deve fazer.

    A única certeza é que Lula será ministro, depois que o PT e o Governo leram o meu post. Essa é a única verdade.

    Ah, nem adianta os trolls virem contestar. Fontes já me confirmaram. Recebo ligações de Brasília desde quando o post repercutiu. Só isso. Toda a cúpula do PT discute isso. Vincentinho, o deputado, foi um dos primeiros a concordar, quando o post foi-lhe apresentado. Isso a jornalista não se preocupou em averiguar, não é? Pois é, faltou correr atrás das informações verdadeiras.

    O PT e o Governo Dilma vão efetivamente acatar a minha sugestão. Antes do meu post, ninguém pensava nisso. Só não sei se será na Casa Civil. Eu acho essa a decisão mais acertada de todas.

    Depois que Lula for ministro, aí vocês voltam a falar comigo.

     

     

    1. Espero que você esteja certo!

      Será um game over na brincadeira dos moleques.  Todos já estão cansados. Está na hora do país voltar ao trabalho, pelo menos até o próximo carnaval, que eu quero brincar cantando, bota o retrato do Lula outra vez, bota no mesmo lugar, o sorriso do menino faz a gente trabalhar!

  4. Tudo fofoca, tudo conjetura.

    Tudo fofoca, tudo conjetura. ALisei o mais que pude a minha bola de cristal, não vejo nada, além do barulho. Não sei ainda se é blefe. Será, se não parecer legal, assim diz a nova cartilha do golpe paraguaio. Até essa historinha do globo contra o Cunha, dá para desconfiar. É tiroteio de cego, as balas e os entreguistas profissionais estão perdidos.

  5. Agosto não é o mes de soltar

    Agosto não é o mes de soltar balões, é o mês de soltar pipa, empinar papagaio, o termo depende do lugar. E como estão empinando…

  6. Pendurado na brocha

    Temer fazendo escada pra Serra subir? Quem acredita nisso acredita em qualquer coisa!

    O candidato à reeleição é ele mesmo, desta vez na cabeça da chapa, com ou sem o apoio de Lula, com quem deve conversar mais do que com Serra. Já devem estar escolhendo o vice, de Requião a Renan, porque o PMDB vai de voo solo dessa vez…

    Por que cargas d’água Temer levaria água para o moinho de Serra? Para se afogar?

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