O Judiciário dos EUA como instrumento de dominação geopolítica

Por Diógenes Sá

Comentário ao post “A cooperação internacional como arma política

Somente o fato de responsabilizar a Presidência da República pela sensibilidade geopolítica está equivocado. Tudo que você escreveu está registrado em livros de análises do poder econômico internacional. Este poder é exercido de forma legal através de acordos e de forma obscura pela inteligência e assistência militar a serviço das grandes economias.

O que o Wikileaks e pelo ex-agente Edward Snowden denunciaram sobre as atividades de espionagem americana já é do conhecimento público há muito tempo. Eles só fizeram comprovar com documentação mais ampla.

No Brasil existia um vasto conhecimento sobre estas atividades por razão de estratégias desenvolvidas pela CIA para derrubar governos brasileiros. O cinismo e antes o medo é que impedia uma maior divulgação dos fatos. Além desses empecilhos havia uma conivência da mídia “nacional” e internacional.

Discordo do fato de responsabilizar a Presidência da República com base no aparato de estado dos EUA, onde o Congresso tem papel fundamental na aprovação de leis e recursos para atuação da CIA, por exemplo, estudo mais que diz respeito à dominação política e econômica de outros países.

Mais uma vez o cinismo leva muitos parlamentares brasileiros a desconhecerem oficialmente este fato. O Poder Judiciário é outro instrumento de dominação geopolítica, basta observar o trabalho dele e do FBI na corrupção da FIFA, instituição sediada na Suíça, que foi “invadida” pelo FBI, sob a orientação e aprovação do Poder Judiciário norte-americano.

O mesmo exemplo serve para demonstrar a participação do Ministério Público americano nas ações de dominação geopolítica. Outro caso muito característico é o caso do vôo Gol 1907 (ICAO: GLO 1907) rota comercial doméstica, operada pela Gol Linhas Aéreas Inteligentes.

Em 29 de setembro de 2006, a aeronave colidiu no ar com um Embraer Legacy 600 enquanto sobrevoava o estado de Mato Grosso. Todos os 154 passageiros e tripulantes a bordo do Boeing 73, enquanto o Legacy, apesar de ter sofrido danos graves na sua asa e estabilizador horizontal esquerdo, pousou em segurança com seus sete ocupantes não lesionados, na base Aérea do Cachimbo.

Em 2 de outubro de 2006, o capitão e o co-piloto do Legacy foram ordenados pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso a entregar seus passaportes enquanto se aguardava uma investigação mais aprofundada. O pedido, feito pelo procurador de Peixoto de Azevedo foi concedido pelo juiz regente, que afirmou que a possibilidade de erro do piloto por parte da tripulação do Legacy não poderia ser descartada.

Antes de sua partida prevista para os Estados Unidos, a tripulação foi formalmente acusada pela Polícia Federal de colocar em perigo uma aeronave, o que acarreta uma pena de até doze anos de prisão. Os pilotos tiveram que explicar por que não ligaram o transponder e foram autorizados a deixar o país depois de assinar um documento prometendo voltar ao Brasil para seu julgamento ou quando exigido pelas autoridades brasileiras.

Eles recuperaram os seus passaportes e voltaram para os Estados Unidos. O CENIPA concluiu que os pilotos do Legacy também contribuíram para o acidente com a sua incapacidade de reconhecer que seu transponder foi inadvertidamente desligado, desativando assim o sistema anti-colisão, bem como a sua formação insuficiente e preparação naquela aeronave. Em 1 de junho de 2007, um juiz federal de Sinop, Mato Grosso, indiciou os dois pilotos do Legacy e quatro controladores de tráfego aéreo de Brasília por “expor uma aeronave ao perigo”.

Em 16 de maio de 2011, os dois pilotos foram condenados a quatro anos e quatro meses de prisão em regime semi-aberto por seu papel na colisão, mas ele comutou as sentenças de serviço comunitário para serem servidas nos Estados Unidos. Tá bom ou quer mais?

Redação

3 Comentários

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  1. “Em 16 de maio de 2011, os

    “Em 16 de maio de 2011, os dois pilotos foram condenados a quatro anos e quatro meses de prisão em regime semi-aberto por seu papel na colisão, mas ele comutou as sentenças de serviço comunitário para serem servidas nos Estados Unidos. Tá bom ou quer mais?”:

    Os  controladores de voo brasileiros foram processados.  Nunca mais ouvi falar do caso, alguem sabe o que aconteceu?

  2. E o que dizer de movimentos

    E o que dizer de movimentos de ultra direita raivosa que surgiram do nada? E ninguem sabe quem os financia e mais estranho ainda, ninguem quer saber, por quê? E o movimento black block que apareceu do nada e para o nada se foi? Ultimamente andam acontecendo coisas estranhas no país, mas o mais grave são politicos que parecem agentes infiltrados, insistem numa submissão do país ao poder estrangeiro de uma maneira desavergonhada e rasteira.

  3. “Discordo do fato de

    “Discordo do fato de responsabilizar a Presidência da República com base no aparato de estado dos EUA, onde o Congresso tem papel fundamental na aprovação de leis e recursos para atuação da CIA, por exemplo, estudo mais que diz respeito à dominação política e econômica de outros países.”

    Mas o Congresso é venal e comprado pela iniciativa privada, o que faz dos EUA um dos mais – senão o mais – corrupto país do mundo. É a ingerência da sua iniciativa privada sobre o que é público. Parece estranho dizer isso mas corrupção, além de ser iniciativa privada comprar voto de congressista – o que é permitido nos EUA – ou comprar leniência de juízes e promotores – o que também é permitido naquele país -, é fundamentalmente a corrupção da vocação de qualquer estado democrático: mover recursos, leis, dinheiro, à todos igualmente mas especialmente aos mais vulneráveis. É corrupção cultural, tácita e explicitamente legalizada mas nem por isso menos lesiva às pessoas.

    O negócio, a meu ver, é afastar os interesses privados da administração pública. Ou seja não votar em empresário nem em indicados por empresários. Votar nos interesses privados é garantia de corrupção.

    Reduzir tudo a dinheiro é de uma pobreza extrema…

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