O regime de metas de inflação no Brasil: o que pode ser mudado?

Enviado por Roberto São Paulo

O Brasil é um dos poucos países que apresenta uma meta anual (ano calendário) como horizonte da meta de inflação. A implicação mais imediata é que face a choques de oferta (agrícola, petróleo, etc.), o Banco Central tem que responder imediatamente a tais choques, tendo em vista a prevalência de um horizonte curto para cumprimento da meta.

Por Luiz Fernando de Paula* e Paulo José Saraiva**

Na Carta Maior

Já é tempo de começarmos a discutir mais seriamente a estrutura do regime de metas de inflação, incluindo uma avaliação sobre o horizonte da meta.

EBC

Atualmente, 27 países desenvolvidos e emergentes adotam o regime de metas de inflação (RMI), ou alguma variante deste modelo. Este regime é visto como um “estado das artes” do que é conhecido como Novo Consenso Macroeconômico (NCM) entre os economistas da visão ortodoxa (“mainstream”). A ideia da existência de um NCM foi (auto)atribuída pelos proponentes do regime de metas de inflação, embora seja questionada por economistas heterodoxos. Após a crise de 2007-2008, foi parcialmente revisto pelos mesmos economistas ortodoxos defensores do RMI, apesar de nenhuma mudança substancial ter sido proposta.

O Brasil aderiu ao RMI no ano de 1999, na sequência do fim da âncora cambial do Plano Real. Contudo, a gestão do RMI pelo Banco Central – em parte em função de um passado de alta inflação – ainda se inspira na visão do “novo consenso” que antecede à crise recente, o que tem frequentemente levado a uma política de juros exageradamente altos, com impactos negativos sobre o crescimento econômico.

Esta política provoca um desperdício da produção atual (PIB) em relação ao potencial de crescimento da economia e se faz às custas de elevação da dívida pública (em relação ao PIB), tendo impacto distributivo favorável aos portadores de títulos da dívida pública e gerando enorme pressão para elevação de superávits fiscais primários, ou seja, antes do pagamento dos serviços financeiros crescentes da dívida pública. A configuração de uma política macroeconômica que compatibilize crescimento econômico com estabilidade de preços e estabilidade financeira requer uma coordenação maior de política econômica, incluindo, além da política monetária, política fiscal, política cambial e política de rendas. Nosso foco aqui, contudo, é a política monetária.

O Novo Consenso Macroeconômico
O NCM estabelece que uma taxa de inflação baixa e estável é condição sine qua non para o crescimento de longo prazo, uma vez que é suposta a inexistência de uma contradição (ou trade-off, no jargão dos economistas) de longo prazo entre a inflação e o desemprego, ou seja, a suposição de que a economia caminha para um nível de produção predeterminado. A curto prazo, contudo, a redução da inflação exigiria aumentar a taxa de desemprego na economia.

Outra característica desta visão é que a discricionariedade na condução da política monetária deve ser limitada por regras. Não obstante, deve haver alguma flexibilidade para acomodar os choques de oferta que elevam a inflação independentemente da variação do nível de renda e emprego.

A fundamentação teórica do NCM está relacionada a junção de diversos elementos teóricos e empíricos oriundos dos desenvolvimentos de escolas de pensamento econômico liberal – por exemplo, a moeda é neutra no longo prazo (somente fatores reais, tais como produtividade, tecnologia, afetam a economia no longo prazo); existe uma taxa natural de desemprego que não é manipulável por politica econômica, etc. – mas assumindo-se (a partir de ampla pesquisa empírica) a existência de rigidez de preços de salários suficientemente significativa para permitir que a demanda agregada tenha relevância na condução da atividade econômica de curto prazo.

Assim, o NCM é a nova síntese da teoria macroeconômica convencional, de modo similar a “síntese neoclássica” dos anos 1950 (junção da teoria clássica com a keynesiana). Contudo, a política monetária, ao invés da fiscal, torna-se o principal instrumento de política econômica, sendo que as demais políticas (fiscal, cambial, financeira, etc.) tornam-se subordinadas aos objetivos de estabilização do produto e principalmente da inflação. Mishkin (2011, p.3) sintetiza os princípios do NCM, incluindo, entre outros, o seguinte:  a inflação é sempre e em todo lugar um fenômeno monetário; a estabilidade de preços tem importantes benefícios para a economia; expectativas desempenham um papel crucial na determinação da inflação; taxa real de juros precisa aumentar com maior inflação (vale a chamada “regra de Taylor”); banco central independente ajuda a aprimorar a eficiência da política monetária.

Partindo destas hipóteses, o RMI seria o melhor arranjo institucional para conduzir a política econômica, dado o objetivo de uma taxa de inflação baixa e estável (em torno de 2% nos países centrais), além de minimizar as flutuações do produto. Tal regime permitiria uma “discricionariedade restrita” na condução da política monetária, ao combinar alguma flexibilidade com credibilidade de maneira ótima, permitindo assim que o banco central (BC) reaja à ocorrência de recessões não previstas por meio de mudanças na taxa de juros de curto prazo, reduzindo as flutuações do produto em torno de sua tendência de longo prazo.

Adicionalmente, a implantação de um RMI reduz os graus de liberdade de atuação de um banco central para produzir surpresas inflacionárias que visem explorar o trade-off entre inflação e desemprego no curto prazo e amarra assim a política monetária ao objetivo central de estabilidade de preços. Deste modo, a defesa de um Banco Central Independente é justificada como necessária para ancorar as expectativas dos agentes, tidas como relevantes para a inflação. Nesta perspectiva, cabe avaliar os diferentes formatos do RMI e sua eficácia em termos de sustentação a um maior crescimento econômico e a uma inflação menor.

O Regime de metas de inflação
O RMI, implementado em vários países a partir da década 1990, tem como ponto de partida dois pressupostos. O primeiro está relacionado ao insucesso de outras estratégias de âncoras nominais visando o controle da taxa de inflação, tais como as metas de taxa de câmbio e metas monetárias.

O segundo é que a política monetária é inócua para afetar as variáveis reais da economia (produto e emprego) de forma duradoura. Assim, a adoção de um RMI tem como característica o reconhecimento explícito de que o objetivo principal da política econômica e particularmente do BC é a manutenção de uma taxa de inflação baixa e estável.

Em versões mais flexíveis do regime de metas, o objetivo de estabilidade de preços pode ser acompanhado pelo compromisso de manter a estabilização do produto corrente em níveis próximos da taxa potencial de crescimento, mas somente naquelas condições em que a estabilidade de preços não seja violada. De fato, em muitos países a lei que rege o BC estabelece, como objetivo subsidiário, que o BC dará suporte à prosperidade econômica e ao bem-estar social, de modo geral. Por exemplo, o BC da Austrália tem um duplo mandato – estabilidade de preços e emprego -, enquanto que o BC do Canadá tem como objetivo promover o bem-estar econômico e financeiro do país. Ademais, observa-se que a partir da crise financeira de 2007 vários BCs, incluindo o Banco da Inglaterra, passaram a incluir a estabilidade financeira entre seus objetivos.  

Na maioria dos países que adotam o RMI (15 em 27, incluindo o Brasil) a meta de inflação é estabelecida conjuntamente pelo governo e o BC, seguido de 9 países no qual o BC define a meta (neste caso a maioria está na América Latina e na Europa do Leste), sendo que em apenas três países (África do Sul, Noruega e Reino Unido) cabe ao governo esta tarefa. Quanto à definição do horizonte da meta – período no qual o BC é esperado alcançar sua meta de inflação -, a maioria dos países utiliza um prazo médio (dois anos ou mais ou então um período móvel) que permite divergências de curto prazo entre a meta e os choques que afetam a economia, já que choques não previsíveis têm efeitos defasados na economia. Deve ser destacado que o Brasil, neste particular, é um dos poucos países que utilizam a meta anual (ano calendário) como horizonte da meta de inflação. Na tabela 1 esta discussão é sintetizada.

Tabela 1: Características do Regime de Metas de Inflação

Fonte: Elaboração própria, com base em fontes diversas—-Nota: BC = banco central; G = governo; IPC = índice de preços ao consumidor; P T=Ponto com banda de tolerância; pp = ponto percentual; Médio prazo = horizonte de meta de dois ou mais anos (exceção da República Tcheca que é de 18 meses); e DE = país desenvolvido; EME = país emergente

Existe um grande número de estudos que comparam a performance de países que adotam o RMI com países que não o adotam. Os estudos empíricos, de modo geral, não corroboram a conclusão que países emergentes que adotam RMI têm uma performance melhor em termos de maior crescimento econômico e menor inflação em relação aos países que não adotam. É importante ressaltar que essa evidência está relacionada à ocorrência de problemas econômicos específicos inerentes aos países emergentes.

De fato, os países emergentes – como o Brasil – enfrentam desafios específicos ao adotar o RMI, levando em conta que:
(i) tais economias têm um repasse cambial (impacto da variação do câmbio sobre os preços domésticos) maior do que as economias desenvolvidas, uma vez que nessas economias a renda das famílias  tem um proporção maior de bens comercializáveis internacionalmente (e menos serviços) na cesta de consumo das famílias;
(ii) a maior dificuldade na previsão da inflação, uma vez que os choques são maiores e têm efeito mais forte nessas economias;
e (iii) parte de seus passivos (grandes empresas, governos, etc.) são denominados em moeda externa, criando um problema de “medo de flutuar” em relação à taxa de câmbio, em função dos impactos deletérios da desvalorização cambial abrupta sobre dívidas.

E o Brasil?
Especificamente em relação ao Brasil, pode-se estabelecer a existência de três fases desde a implantação do RMI em 1999. Nos seis primeiros anos de sua adoção (1999-2004), o BC do Brasil (BCB) teve dificuldades no cumprimento das metas, a despeito das altas taxas de juros, sendo o principal responsável a forte desvalorização cambial. No período 2005-2009 (à exceção de 2008), as metas foram cumpridas com maior facilidade, favorecidas pelos efeitos positivos da apreciação cambial sobre os preços domésticos. Já no período 2010-2014 a taxa de inflação aumentou, ficando perto do teto da meta. Além da elevação nos preços de alimentos e bebidas, devido ao crescimento do mercado interno e dos preços elevados das commodities, destaca-se o forte crescimento dos preços de serviços, que vem ocorrendo desde 2010, em decorrência de mudanças estruturais na economia brasileira relacionadas à melhoria na distribuição de renda e redução do desemprego.
 
Alguns estudos empíricos sobre os efeitos da política de juros em um regime de metas de inflação no Brasil destacam a necessidade de se avaliar seriamente os efeitos reais da política monetária sobre produto e emprego.  Neste sentido, Libânio (2010), ao avaliar empiricamente a relação entre politica monetária e desempenho econômico no Brasil durante o período 1999-2006, encontrou que a política monetária reage de forma pró-cíclica e assimétrica a flutuações na atividade econômica – muito “apertada” durante as recessões e não tão “frouxa” durante períodos de expansão. Tal padrão, portanto, gera um viés para baixo na demanda agregada, com efeitos reais negativos sobre o nível do produto.
 
Nesta mesma direção, Modenesi (2008) apresenta evidências empíricas de que a formação da meta da taxa Selic é pautada por uma convenção pró-conservadorismo, com um comportamento assimétrico do BC. Ele eleva a taxa de juros mais fortemente por ocasião de aumento na taxa de crescimento ou no hiato inflacionário (diferença entre a inflação corrente e a meta inflacionária), e reduz pouco quando diminuem tais hiatos, i.e., quando a economia desacelera ou a inflação diminui.
 
Deste modo, tais estudos mostram que o RMI na forma em que é operado no Brasil tem resultado frequentemente em efeitos colaterais negativos sobre o nível de produto e renda no país, contribuindo para a economia crescer abaixo do seu potencial.

Quais lições podemos tirar?
Da análise acima, pode-se extrair seis lições importantes.
Em primeiro lugar, o Brasil é um dos poucos países que apresenta uma meta anual (ano calendário) como horizonte da meta de inflação. A implicação mais imediata é que face a choques de oferta (agrícola, petróleo, etc.), o Banco Central tem que responder imediatamente a tais choques, tendo em vista a prevalência de um horizonte curto para cumprimento da meta. Ademais, ao contrário do Brasil, um número crescente de países adota concomitantemente outros objetivos para a política monetária, como bem-estar econômico, baixo desemprego e estabilidade financeira.
 
Em segundo lugar, os estudos empíricos, de modo geral, não são conclusivos em encontrar evidências de que os países emergentes que adotam o RMI têm uma performance melhor em termos de maior crescimento econômico e menor inflação em comparação aos países que não adotam. Este resultado levanta a discussão a respeito de quais regimes de política econômica são mais adequados para sustentar um crescimento econômico robusto compatível com a estabilidade de preços.
 
Em terceiro lugar, países emergentes enfrentam desafios específicos para colocar em funcionamento o RMI, relacionados ao maior repasse cambial sobre preços domésticos, à dificuldade de previsão da inflação e, de modo geral, à maior amplitude de obrigações em moeda estrangeira.
 
Em quarto lugar, estudos empíricos, ao avaliarem os efeitos da política monetária no Brasil sobre produto e emprego, encontram evidências de que o RMI – na forma em que é operado no Brasil – tem efeitos colaterais negativos sobre o nível de produto e renda no país.
 
Em quinto lugar, observa-se que o fato da taxa de inflação no Brasil estar acima da média dos países que adotam este regime, decorre em parte da tendência ao longo dos últimos anos de elevação do salário real e melhoria na distribuição de renda, ou seja, decorrem de um fenômeno estrutural.
 
Por fim, a estabilidade de preços, necessária para evitar uma deterioração do poder de compra do trabalhador, deve ser obtida com uma política ampla de combate à inflação, incluindo política de rendas (definição de regras de salário mínimo, negociação salarial em geral, etc.), revisão dos resquícios de indexação da economia, redefinição de regras de reajustes de preços administrados, como planos de saúde, que estimulem a redução de custos, etc.
 
Neste sentido, é fundamental uma boa coordenação da política econômica e uma melhoria na governança da política macroeconômica, incluindo o estabelecimento de um horizonte maior de cumprimento da meta inflacionária, para além do ano calendário, de modo a permitir acomodar melhor choques de oferta. Além da necessidade de compatibilizar o objetivo de estabilidade de preços com outros objetivos de política (crescimento, estabilidade de preços, melhor desempenho da balança comercial, etc.), deve-se utilizar instrumentos mais amplos de combate a inflação, que não seja somente a politica monetária.
 
Em conclusão, já é tempo de começarmos a discutir mais seriamente a estrutura do regime de metas de inflação, incluindo uma avaliação sobre o horizonte da meta e dos mandatos públicos a que deve se submeter o Banco Central.

* Professor Titular de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Pesquisador do CNPq. E-mail: [email protected]
** Professor Assistente do Instituto Três Rios da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). E-mail: [email protected]

Bibliografia
Libânio, G. (2010). “A note on inflation targeting and economic growth in Brazil”. Revista de Economia Política, vol. 30, nº 1, pp. 73-88.
Mishkin, F.S. (2011). “Monetary policy strategy: Lessons from the crisis”.  NBER Working Paper n. 16755, fevereiro.
Modenesi, A.M. (2008). “Convenção e rigidez na política monetária: uma estimativa da função de reação do BCB–2000-2007”. Texto para Discussão IPEA n. 1351, agosto.

URL:

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/O-Regime-de-Metas-de-In…

Redação

8 Comentários

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  1. Do blog do Noblat e mais ou

    Do blog do Noblat e mais ou menos o que penso:

     

    FRASE DO DIA

    Sou contrária ao impeachment porque creio que ele livrará o PT da responsabilidade sobre a crise atual. Só atravessando a fase aguda da infecção, com todos os envolvidos presentes, ganharemos imunidade contra o populismo de esquerda e o oportunismo de direita

    FERNANDA TORRES, ATRIZ

    1. Concordo 100%
      O povo escolheu Dillma, merece 4 anos do seu governo (sem ironias).

      Se ela conseguir reverter a crise e compensar 2015 (e 2016), merece eleger o sucessor e o PT terá mais 4 anos para governar.

      Caso contrário, o povo é quem deve reconduzir o partido à oposição e dar a chance para outro tentar. E cobrar, tão severamente quanto, o mesmo desempenho 4 anos depois.

      Tudo dentro da democracia.

  2. Com uma queda do PIB de 3% ou

    Com uma queda do PIB de 3% ou mais em 2015 e queda também em 2016, absolutamente nada justifica uma taxa Selic de 14,25 a.a. Como a demanda está deprimida e em queda e a inflação no Brasil é de custos e de problemas sazonais/climáticos, é imprescindível que o Banco Central reduza a Selic para 11%a.a. imediatamente para destravar o crédito e alavancar a economia. O novo ministro da fazenda, Nelson Barbosa, começou a falar grosso a respeito do sistema previdenciário brasileiro, mexendo em direitos do trabalhador. Gostaria que ele falasse grosso contra os especuladores/rentistas que ganham centenas de bilhões de reais no Brasil com os juros mais irresponsáveis do planeta, prejudicando a saúde, a educação, saneamento, transporte, etc.

  3. Carga Tributária no Brasil

    Secretaria da Receita Federal do Brasil—por Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros — publicado 25/11/2014 11p0, última modificação 29/10/2015 15p6

    1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
    Em 2014, a Carga Tributária Bruta (CTB) 1 atingiu 33,47%, contra 33,74% em 2013, indicando variação negativa de 0,27 pontos percentuais (Quadro 01). Essa variação resultou da combinação dos crescimentos, em termos reais, de 0,1% do Produto Interno Bruto e do decréscimo de 0,8% da arrecadação tributária nos três níveis de governo 2 . O valor da Carga Tributária de 2013 diverge do divulgado em 2014 (35,95%) principalmente por conta da última revisão do PIB pelo IBGE (O PIB de 2013 passou de R$ 4,84 para R$ 5,16 trilhões).

    —-7. COMPARAÇÃO INTERNACIONAL
    As comparações dos valores de carga tributária nacional com as de outros países devem ser feitas com cuidado, pois algumas espécies tributárias existentes em um país podem não existir em outros. Um exemplo é a previdência, que em alguns países é privada, não fazendo parte da carga tributária. O gráfico abaixo apresenta, a título ilustrativo, uma comparação da carga tributária nacional com a de alguns países da OCDE para o ano de 2013.—

    —Quando se compara a tributação por base de incidência, observa-se que para a base Renda o Brasil tributa menos do que a média dos países da OCDE, enquanto que para a base Bens e Serviços, tributa mais. Com relação às bases Folha de Salários e Propriedade, não se observam diferenças significativas entre o Brasil e a média dos países membros da OCDE, como se pode observar nos gráficos 06 a 10 abaixo.—

     

    Secretaria da Receita Federal do Brasil—por Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros — publicado 25/11/2014 11p0, última modificação 29/10/2015 15p6  Busca aferir o fluxo de recursos financeiros, da sociedade para o Estado, que apresentem características econômicas de tributo, independente de sua denominação ou natureza jurídica. Considera-se no cálculo da CTB os pagamentos compulsórios realizados por pessoas físicas e/ou jurídicas ao Estado, excluindo-se multas e juros. Título  Autor  Tipo  Modificado 29/10/2015 – Carga Tributária 2014CetadArquivo29/10/2015 16p329/10/2015 – Carga Tributária 2014 – TabelasCetadArquivo29/10/2015 16p4

     

    CTB 2014 Tabelas.xlsx — 168 KB

    application/pdf CTB 2014 V Final.pdf — 1759 KB

    URL:

    http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/estudos-e-tributario

     

  4. Juros da Selic e a composição da carga tributária

    —No Brasil o aumento dos juros básico tem um impacto muito maior na arrecadação de impostos e taxas do que em países desenvolvido, em função elevada participação imposto sobre o consumo de bens e serviços e muito maior no Brasil, mais de 50% do total de impostos, enquanto que nos países desenvolvidos a participação do imposto sobre consumo de bens e serviços varia entre 18% a 33%.—-

    Juros da Selic e a composição da carga tributária

    Uma das grandes dificuldades de convencer a atual direção do Banco Central do Brasil, é que a maioria defendem o uso da Regra de Taylor no Brasil sem qualquer adaptação para controlar a inflação dentro da meta estipulada pelo CMN.

    Além disso no momento a atual direção do Banco Central do Brasil está errando o diagnóstico para a causa da inflação de 12 meses, creditando ao déficit fiscal a principal causa e não a forte correção da taxa de câmbio ocorrido nos últimos meses.

    Estes dois fatores tem levado o Copom a elevar os juros da Selic para níveis estratosféricos, e o que é  pior, é que continua  dando sinais efetivos de  que está disposto a elevar ainda mais os juros da Selic nos próximos meses.

    Nos países desenvolvidos já há uma razoável distribuição renda, um avançado sistema financeiro, moedas conversíveis, uma elevada participação do crédito imobiliário na economia, e uma relativa baixa participação dos impostos sobre o consumo na composição da carga tributário, o que faz com a manipulação dos juros básicos tenham um impacto maior no nível da atividade econômica, nos preços internos e principalmente das expectativas dos agentes econômicos.

    O aumento dos juros da Selic penaliza duplamente as contas públicas, primeiro por elevar os juros pago com a rolagem da dívida e segundo por reduzir a arrecadação de impostos e taxas por meio da redução da atividade.

    No Brasil o aumento dos juros básico tem um impacto muito maior na arrecadação de impostos e taxas do que em países desenvolvido, em função elevada participação do imposto sobre o consumo de bens e serviços é muito maior no Brasil , mais de 50% do total de impostos, enquanto que nos países desenvolvidos a participação do imposto sobre consumo de bens e serviços varia entre 18% a 33% sobre o total de impostos..

    Além da elevada participação do imposto sobre o consumo de bens e serviços, há baixa participação do imposto de renda, lucro e ganhos de capital, o que limita os impactos do aumento do impostos de ganhos financeiros que ocorre em função do aumento de juros.

    Estas características da composição torna necessários utilizar todos as ferramentas da política monetária para combater a inflação, e não apenas os juros da Selic.

     

  5. Relatório de Inflação – Setembro/2015

    —A propósito, o Copom avalia que o cenário de convergência da inflação para 4,5% no final de 2016 tem se mantido, apesar de deterioração no balanço de riscos agravada recentemente pelos efeitos do rebaixamento da nota de crédito soberana.—

    Banco Central do Brasil – Publicado na Internet em 24/09/2015(PDF-121 páginas)

    —Na visão do Copom, o fato de a inflação atualmente se encontrar em patamares elevados reflete, em grande parte, os efeitos dos dois importantes e necessários processos de ajustes  de preços relativos na economia – realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres.

    Nesse contexto, como de resto indicam as projeções apresentadas neste Relatório, o Comitê nota, conforme antecipado, que esses ajustes fazem com que a inflação se eleve no curto prazo e tenda a permanecer elevada em 2015, necessitando determinação e perseverança para impedir sua transmissão para prazos mais longos. Ao tempo em que reconhece que os ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes, para circunscrevê-los a 2015.

    O Comitê observa que as expectativas de inflação ainda se encontram próximas ou na meta de 4,5% a.a. nos horizontes de médio e longo prazo. No entanto, o Comitê destaca o aumento recente da diferença entre expectativas de inflação em relação à meta, depois de ter havido certo progresso no processo de convergência. Esse aumento, ainda permanece de pequena magnitude na comparação com os níveis observados no Relatório de Inflação anterior, e ocorre a despeito da significativa elevação das expectativas de inflação para 2015 e da deterioração da percepção dos agentes econômicos a respeito do balanço de riscos e da trajetória fiscal. Esses fatos constituem um claro e importante sinal sobre, de um lado, os progressos obtidos com a implementação da estratégia atual de política monetária, mas, de outro lado, sobre as consequências da deterioração no balanço de riscos.

    Assim, o Comitê entende que a manutenção da taxa básica de juros no patamar atual, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016.

    A propósito, o Copom avalia que o cenário de convergência da inflação para 4,5% no final de 2016 tem se mantido, apesar de deterioração no balanço de riscos agravada recentemente pelos efeitos do rebaixamento da nota de crédito soberana.
    Para o Comitê, de um lado, os avanços alcançados no combate à inflação – a exemplo de sinais benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo – mostram que a estratégia de política monetária está na direção correta. De outro lado, elevações recentes de prêmios de risco, que se refletem nos preços de ativos, exigem que a política monetária se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação em relação à meta.—-

    Índice (PDF – 655 Kb)Sumário executivo (PDF – 214 Kb)Nível de atividade (PDF – 328 Kb)Preços (PDF – 312 Kb)Políticas creditícia, monetária e fiscal (PDF – 320 Kb)Economia internacional (PDF – 345 Kb)Setor externo (PDF – 275 Kb)Perspectivas para a inflação (PDF – 443 Kb)BoxesContribuição de índices de confiança do consumidor para previsão de indicadores de consumo (PDF – 221 Kb)Efeito da demografia sobre a taxa de participação (PDF – 257 Kb)Projeção para o PIB dos próximos 4 trimestres e revisão de 2015 (PDF – 205 Kb)Comparação dos ciclos de desinflação (PDF – 230 Kb)Impacto de choques de demanda e câmbio sobre a inflação de preços livres no Brasil (PDF – 236 Kb)Projeção para o Balanço de Pagamentos de 2015 (PDF – 228 Kb)Inércia Inflacionária e Determinantes das Expectativas de Inflação (PDF – 305 Kb)Revisão do Modelo Estrutural de Médio Porte – Samba (PDF – 226 Kb)Anexo (PDF – 342 Kb)Apêndice (PDF – 175 Kb)Publicação Completa (PDF – 1,6 Mb)

    URL:

    http://www.bcb.gov.br/htms/relinf/direita.asp?idioma=P&ano=2015&acaoAno=ABRIR&mes=09&acaoMes=ABRIR

     

  6. Relatório de inflação-Dezembro/2015

    —-o Comitê adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017–

    Banco Central do Brasil – Publicado na Internet em 23/12/2015(pdf-105 páginas)
    —-Na visão do Copom, o fato de a inflação se encontrar em patamares elevados reflete, em grande parte, os efeitos dos dois importantes e necessários processos de ajustes de preços relativos na economia – realinhamento entre preços administrados e preços livres e entre preços domésticos e preços internacionais –, como também incertezas quanto à velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição.
    Nesse contexto, como de resto indicam as projeções apresentadas neste Relatório, o Comitê nota, conforme antecipado, que esses ajustes de preços fizeram com que a inflação se elevasse em 2015, necessitando determinação e perseverança para impedir sua transmissão para prazos mais longos. Ao tempo em que reconhece que esses ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes. Outrossim, embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de
    que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante, para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.—-
    —-Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom considera que remanescem incertezas associadas ao balanço de riscos, principalmente, quanto à velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição, e que o processo de realinhamento de preços relativos mostra-se mais demorado e mais intenso que o previsto.

    O Copom reitera que a demanda agregada continuará a se apresentar moderada no horizonte relevante para a política monetária. De um lado, o consumo das famílias tende a ser influenciado por fatores como emprego, renda e crédito; de outro, a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros, tendem a favorecer os investimentos.
    Por sua vez, as exportações líquidas apresentam melhor resultado, seja pelo aumento das exportações, beneficiadas pelo cenário de maior crescimento de importantes parceiros comerciais e pela depreciação do real, seja pelo processo de substituição de importações em curso. Para o Comitê, os efeitos conjugados desses elementos, o desenvolvimento nos âmbitos fiscal, parafiscal e no mercado de ativos e, em 2016, a dinâmica dos preços administrados são fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas.

    O Comitê ressalta que há incertezas associadas ao balanço de riscos, principalmente, quanto à velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição, e que o processo de realinhamento de preços relativos mostra-se mais demorado e mais intenso que o previsto.
    Nesse contexto, independentemente do contorno das demais políticas, o Comitê adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017.—–

    Índice (PDF – 655 Kb)Sumário executivo (PDF – 218 Kb)Nível de atividade (PDF – 254 Kb)Preços (PDF – 245 Kb)Políticas creditícia, monetária e fiscal (PDF – 301 Kb)Economia internacional (PDF – 323 Kb)Setor externo (PDF – 416 Kb)Perspectivas para a inflação (PDF – 403 Kb)BoxesProjeção para o PIB em 2016 e revisão de 2015 (PDF – 200 Kb)El Niño, Chuvas e Principais Impactos Inflacionários (PDF – 214 Kb)Projeção para o Balanço de Pagamentos de 2015 e 2016 (PDF – 256 Kb)Formação de Preços no Brasil (PDF – 277 Kb)Comportamento Recente da Inflação de Serviços (PDF – 243 Kb)Anexo (PDF – 339 Kb)Apêndice (PDF – 170 Kb)Publicação Completa (PDF – 1,5 Mb)

    URL:

    http://www.bcb.gov.br/htms/relinf/direita.asp?idioma=P&ano=2015&acaoAno=ABRIR&mes=12&acaoMes=ABRIR
     

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