O TPP é favorável para a América?, por Simon Johnson

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A Parceria Trans-Pacífico (TPP, na sigla em inglês), o acordo de comércio e de investimentos de longo alcance que os Estados Unidos negociou com outros 11 países, incluindo Canadá, México, Japão, Malásia, Austrália e Vietnã, está agora em debate. Para entrar em vigor, o Congresso norte-americano deve aprovar a TPP, que não é algo provável de ocorrer até que os total de membros suficiente delibere sobre o mérito do caso.

Então, o que o acordo representa para os eleitores norte-americanos, agora e no futuro? Em artigo publicado no site Project Syndicate, o ex-economista chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional), Simon Johnson, diz que inicialmente seria mais provável a parceria gerar algum ganho global para a economia norte-americano, apurado via PIB (Produto Interno Bruto) e rendimentos das pessoas, mas esse ganho será mais restrito e por meio das exportações – através da redução tarifária e não-tarifária e das barreiras de outros países. Algumas importações também ficariam mais acessíveis, o que favorece o consumidor.

“Em um trabalho analítico facilitado pelo governo do presidente Barack Obama, as projeções sugerem que a aprovação do TPP poderia fazer com que o tamanho total da economia dos EUA seja 0,5% maior em 2030 do que seria de outra forma. Note que esta estimativa é do efeito do TPP sobre o nível de renda agregada, após 15 anos, não do seu impacto sobre a taxa de crescimento anual”, diz o articulista. “Tendo em conta que esta avaliação é ajustada pelos partidários do TPP, parece razoável supor que ela representa o ponto mais alto do que eles consideram plausível (…) Infelizmente, os modelos utilizados neste campo não geram margens de erro ou intervalos de confiança. Na verdade, dada a complexidade do acordo de comércio – incluindo a ênfase em barreiras não-tarifárias difíceis de quantificar – estas estimativas são susceptíveis de ser altamente imprecisas”.

Outro ponto colocado pelo articulista é que tais modelos acabam por ignorar questões fundamentais que pertencem a uma análise quantitativa, como o impacto negativo sobre os empregos mediante o aumento das importações. “As pessoas que perdem empregos com altos salários na fabricação pode encontrar um trabalho alternativo – mas normalmente a um salário muito mais baixo em uma parte de baixa produtividade do setor de serviços. Em princípio, essa perda de renda vitalícia poderia ser compensada; mas essa compensação é muito limitada nos Estados Unidos. Na realidade, existem efeitos de longa duração ou mesmo permanentes em algumas comunidades – e particularmente em pessoas com menos educação em lugares onde a prosperidade foi baseada em manufatura, que agora está exposta a uma maior concorrência das importações”.

Em terceiro lugar, o TPP vai mudar uma série de dimensões da política pública, incluindo as proteções oferecidas aos investidores estrangeiros (o que torna mais fácil para eles processarem os governos) e acesso a medicamentos a preços acessíveis (para os países de baixa renda, mas também, potencialmente, para os americanos).

Johnson ressalta que, atualmente, o TPP nada faz para desencorajar a manipulação da moeda – sustentando a intervenção one-way no mercado de câmbio, de forma a desvalorizar a moeda e ganhar uma vantagem competitiva. Na década de 1980, as importações de bens e serviços para os EUA foram cerca de 10% do PIB; Agora, esse número é de cerca de 17%, e o TPP, presumivelmente, pode empurrá-lo para um valor mais elevado (…) Mas, como os EUA comercializam mais com o mundo, o país se torna mais vulnerável à perda de emprego causada pela manipulação da moeda”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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