O velho quer segurar o novo. Conflitos são inevitáveis, por Diogo Costa

G7 VERSUS BRICS – O Fundo Monetário Internacional divulgou o Produto Interno Bruto dos países, pelo critério nominal e de paridade do poder de compra, até o terceiro trimestre de 2014. O ideal seria esperar os números consolidados dos quatro trimestres do ano passado, mas isto não impede que se faça a análise que segue, até porque os números e colocações em nada se modificarão.

A análise será baseada no PIB pelo critério da paridade do poder de compra¹.

Pela primeira vez em mais de duzentos anos a China recupera a sua posição de maior economia do globo terrestre. O Império do Meio desbancou o primeiro lugar dos EUA no ano passado. Em terceiro lugar aparece a Índia, que junto com a China fazia parte do dueto econômico mais forte do planeta no início do século XIX. A Rússia aparece em sexto lugar e o Brasil vem logo em seguida, na sétima posição.

O que há bem pouco tempo pareceria uma empáfia de ufanistas brasileiros, russos, chineses e indianos, hoje demonstra a força incrível que este bloco, junto com a África do Sul, está a demonstrar ao mundo. Vejamos como evoluiu a proporção econômica entre o G7 e os BRICS nos últimos 14 anos (entre 2000 e 2014):

1) PIB/PPP (ano 2000, em trilhões de dólares)

-G7: US$ 21,3 trilhões;
-BRICS: US$ 9,0 trilhões.

2) PIB/PPP (ano 2014, em trilhões de dólares)

-G7: US$ 34,3 trilhões;
-BRICS: US$ 32,2 trilhões.

O dado concreto é que no ano 2000 a economia dos BRICS, pela paridade do poder de compra, equivalia a apenas 42% da economia do G7. Hoje, passados menos de 15 anos, a economia dos BRICS equivale a 94% da economia do G7.

Chegaremos ao ano de 2020 com a economia de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul em patamar superior ao poder econômico de EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá. Esse é um dado impressionante e certamente é a causa de uma boa parte do mal estar que se verifica em todo o mundo, em especial nos países centrais.

A perda relativa de poder político e econômico, dentro de uma estrutura política e econômica feita há 70 anos, nos estertores da II Guerra Mundial, tem causado desconforto em europeus e norte-americanos. Os EUA, que chegaram a ter mais de 50% do PIB mundial (pelo critério nominal) em meados dos anos 40 do século passado, hoje tem apenas 21% do PIB global, com tendência irrefreável de queda.

Assistimos atualmente o emergir de uma nova ordem econômica e política, principalmente após a irrupção do Crash de 15 de setembro de 2008. As velhas estruturas que trouxeram a humanidade até aqui, notadamente o FMI, o Banco Mundial e o Conselho de Segurança da ONU, demonstram estar ultrapassadas e parece algo evidente que essas estruturas de poder não refletem mais a realidade política e econômica atual.

A conformação de blocos econômicos e políticos como o Mercosul, a Unasul, a União Eurasiana e outros vários, começa a fraturar o predomínio dos EUA e da Europa Ocidental. Se desconhece na história exemplo crível de país ou de blocos que tenham perdido poder e influência sem lutas de maior ou menor duração e potência.

Não parece que estejamos vendo hoje outra coisa que não as velhas economias dominantes tentando a todo custo preservar as suas influências, ao passo que um novel grupo, notadamente esse formado pelos BRICS, se afirma de maneira contínua.

A criação do Banco dos BRICS e de uma política com um mínimo de similaridade no cenário internacional poderia catapultar ainda mais a projeção econômica e política destes novos gigantes mundiais. A má notícia é que isto não irá acontecer sem conflitos consideráveis e o que se espera é que estes conflitos não descambem para uma nova guerra, em escala planetária.

¹ PIB/PPP http://pt.knoema.com/nwnfkne/world-gdp-ranking-2015-data-and-charts

Redação

17 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Perfeita a analise e

    Perfeita a analise e potências econômicas são mais perigosas no descenso do que  na ascensão . O lançamento do novo sistema bancário internacional pela China em competição ao SWIFT é fonte de preocupação intensa pelos EUA. É esta se encerrando o longo período de estabilidade que se seguiu a II grande guerra!

  2. Russia,China e India pela

    Russia,China e India pela proximidade tendem a formar uma aliança ecônomica,politica, tecnologia e militar cada vez mais solida. Esses três países são a base do Brics hoje em dia. Mas quanto ao Brasil, pela sua posição geografica e pela fraqueza tecnologica e militar é o elo fraco desse bloco. 2 milhões de pessoas foram as ruas no dia 15 defender uma política de retrocesso que agrada as antigas potências EUA-EUROPA. Mesmo sendo predominantemente pessoas de uma casta social que não representa mais de 10% da população, eles tem mais peso político e mais união que os outros 90%. Ou os progressistas se organizam e se mobilizam com empenho contra essa onde neoliberal, ou o Brasil volta se ser um simples país satelite.

  3. O velho quer segurar o novo…

    Atenção coxinhas energúmenos: Somos a sétima economia do mundo. Fazemos parte de um grupo de países em ascensão que vai ultrapassar as economias ligadas ao grupo liderado pelos EUA. Os coxinhas que quiserem ir para Miami lavar privadas e serem considerados cidadãos de quarta categoria, desprezados por serem latinos e babacas (coisa que os americanos mais informados logo percebem), meu adeus. Já vão tarde. Esclarecendo: lavar privadas não é desonra para ninguém. O que é vergonhoso é o cara empunhar um cartaz dizendo que “prefere lavar privadas em Miami do que ficar na merda no Brasil”………………

  4. Que legal, prova concreta que

    Que legal, prova concreta que o liberalismo é um sistema econômico superior 

    China e Ïndia (e mesmo a Rússia) depois que abandonaram o socialismo/comunismo e entraram na globalização só fizeram ir prá frente. 

    O únicos que ainda acreditam em socialismo são os abestalhados latinoamericanos…… 

  5. Mas que droga! Tem aparecido

    Mas que droga! Tem aparecido cada “assombração” por aqui nesses últimos tempos. Será a segunda geração de troll? Refiro-me a esse RSF aí em cima.

    Sobre o post.  Que as economias dos países ditos “centrais” perdem cada vez mais Poder, tanto econômico como geopolítico, isso é fato. Os Estados Unidos, por exemplo, é ainda a nação mais poderosa do mundo. Em todos os aspectos. Entretanto, se analisada mais amíude nos deparamos com contrastes dignos de países de terceiro mundo. Estima-se em 50 milhões o estamento de pobres no país que já foi ” a terra das oportunidades”. Decadência fruto principalmente da anarquia financeira e dos enormes custos militares para manter o status quo de “xerifes” do mundo. O que ainda salva a lavoura é a parcela do Produto advinda dos Serviços, em especial a Alta Tecnologia e o entretenimento. 

    De qualquer modo, esse seleto grupo de nações, EUA, Alemanha, Japão. França e Itália, merce de seus, ainda assim não possuem desequilíbrios tão agudos como nos BRICS. A China, por exemplo, é um país com contrastes abismais. Idem para Índia, Brasil e África do Sul. 
     

     

     

    1. JB, não demora o espaço vira
      JB, não demora o espaço vira um FB; na incapacidade -ou preguiça – vá lá! de concatenar três frases e montar um argumento, é um festival de postagem de figurinha, meme, piadinha que não agrega e ocupa muitos bits e bites preciosos. Está chaaattto demais. Ok, alguns são legais, mas o pessoal coloca 05, 06 figurinhas recebidas no FB e não “diz” uma palavra. Coisa chata. Oneide também merece o troféu “inconveniente onipresente”.

      Quanto ao post, entendo estar havendo uma aproximação de posições antes nos extremos, o que numa conjuntura de recursos escassos e finitos só pode dar confusão. Diogo é sempre muito bom: didático e factual, imprescindível para tratar este tema.

      Recomendo o texto da Dorrit de ontem sobre o “operário de Detroit”. Excelente!

  6. Quer dizer que se, como um

    Quer dizer que se, como um bando de “coxinha” defende, o mais certo seria se alinhar à maior economia do planeta, deveriamos nos alinhar com a China?

  7. Alguém acha que o Brasil tem

    Alguém acha que o Brasil tem peso relativo neste novo acerto?

    A China acabou de lançar seu Banco Asiático de Infraestrutura, a Europa está aderindo, o Brasil onde entra?

    A postura brasileira de se alinhar a tipos como Bolívia, Argentina e Venezuela, que representam menos que um pum em termos mundiais, vai cobrando seu preço.

    O Mercosul e a Unasul só servem para os cucarachas ficarem arrotando à mesa enquanto o mundo caminha.

    O eixo se desloca para a Ásia, os EUA perdem peso relativo, e a Europa, Japão, Rússia, Índia  já estão lá!

    Quem vai se lembrar do Mercosul, essa porcaria que une rotos e esfarrapados do lado de fora da festa?

    Venezuela e Argentina ja estão de pires na mão, recebendo esmolas da China em troca de commodities e exportaçãoes enquanto o Brasi banca a criança birrenta. Nem os Bolivarianos dão importância ao Brasil e sua política externa irrelevante.

    Que tédio causam os ufanistas do pastel de vento…

     

     

     

     

    1. Ufa!!! Como cansa a

      Ufa!!! Como cansa a viralatice dos míopes que só enxergam meio palmo adiante do nariz! Um país com cerca de 20% da água doce do mundo, com reservas de energia hidrelétrica, petrolífera, nuclear, solar e eólica imensas, com recursos minerais abundantes (inclusive fertilizantes), um dos maiores produtores mundiais de alimentos (China, ìndia e Rússia importam alimentos), 200 milhões de habitantes, 8.000.000 de km^2 de área, maior rebanho bovino do planeta, costa de mais de 8.000 km, mais de 100.000 PhDs e centenas de milhares de mestres, terceiro maior produtor de aviões do mundo, um dos maiores construtores navais, parque industrial diversificado que produz : turbinas a jato inovadoras (Polaris), submarinos (futuramente nucleares), foguetes e mísseis de combustível sólido, circuitos integrados, produtos químicos sofisticados, bio-fármacos e vai por aí afora…Chega ou quer mais?

      1. PIB Japão 4,9 tri
        PIB

        PIB Japão 4,9 tri

        PIB Mercosul 3tri

        Brasil exporta 1,3% do comercio internacional, 21 lugar!

        Em termos de comércio internacional, o Mercosul é irrelevante.

        Basta ver onde Europa, Japão e Rússia estão mirando.

        O que o Brasil ganhou nesse corrida rumo ao oriente? Nada, além de vender commodities, como sempre.

        A Argentina está tendo “relações carnais” com a China, enquanto  a indústria exportadora brasileira pena com barreiras não tarifárias.

        A Venezuela acabou de receber US$ 5 bi da China, pagáveis em petróleo, enquanto a indústria brasileira entra na fila para receber.

        Os “cumpanheiros” estão andando para o Brasil, depois de travarem os acordos com a Europa, que agora só quer saber da Ásia!

        Ironicamente estamos ao lado dos EUA no mundo atual, encolhendo mais e mais…

        Vai PT! 

         

  8. Este post complementa o

    Este post complementa o outro

    “O ouro negro no fundo do mar de Pindorama, que já começou a ser explorado pela Petrobrás, é avaliado em U$ 15 trilhões de dólares ou R$ 48,3 trilhões levando em conta a cotação atual do dólar. Isto equivale mais de 10 vezes o PIB brasileiro de 2013, que foi de  R$ 4,844 trilhões. O controle desta riqueza desencadeou uma nova “corrida do ouro” e isto nos remete à história de nosso país.”

    Se estas informações aí em cima forem verdadeiras, as coisa se encaixam como uma luva.

    “José Serra, autor do projeto de Lei que modifica o sistema de exploração do Pré-Sal, pode ser chamado de traidor, verme, entreguista, serviçal de norte-americanos, bandido e venal, mas uma coisa é certa: ele não está traindo a História do Brasil. Ao dar aos estrangeiros o ouro negro que existe no fundo do mar de Pindorama, José Serra está fazendo a mesma coisa que aquele índio que presenteou Miguel Sutil com cento e vinte oitavas de ouro provavelmente em troca de maus tratos, um pouco de comida e abrigo precário. Para mim, que também sou descendente de índios, é impossível sentir ódio de outros índios. No máximo os antigos e novos indígenas de Pindorama só me despertam um sentimento: pena. Eles não tem futuro porque de fato não querem ter uma nação.”

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador