Piketty critica falta de transparência sobre a desigualdade de renda

Do Globo News

‘A falta de transparência sobre a desigualdade da renda representa um problema para a democracia’, diz Thomas Piketty
 
Em entrevista no programa Milênio, economista francês garante que não é marxista e ressalta que a desigualdade pode ser útil, desde que não se torne extrema.

Autor do livro “Capital no século XXI”, o economista francês Thomas Piketty ficou conhecido mundialmente ao defender a tese de que a desigualdade aumentou nas últimas décadas, em alguns casos produzindo números mais próximos do Século XIX. No programa Milênio, da GloboNews, Piketty conversa com o repórter Jorge Pontual sobre a desigualdade econômica e lamenta que os dados da Receita Federal sobre distribuição de renda e riqueza no Brasil não estejam disponíveis para pesquisadores como ele. “A falta de transparência sobre a desigualdade da renda e do patrimônio representa um problema para a democracia”, afirma Piketty.

O economista, que não se opõe à globalização, admite que um certo nível de desigualdade pode existir sem que isso seja um problema em si. Mas ele alerta, no entanto, para os riscos do acúmulo excessivo de riqueza por parte de uma pequena minoria. “A desigualdade pode ser necessária, útil para a inovação, para o crescimento, contanto que ela seja razoável. O problema é quando a desigualdade se torna extrema”, explica Piketty.

Thomas Piketty faz questão de frisar que não é marxista. “Faço parte da primeira geração pós-Guerra Fria que pode reexaminar essa questão de desigualdade no capitalismo de um jeito, talvez, um pouco menos ideológico do que as gerações anteriores”, diz o economista. “Marx considerava que existia uma lei no capitalismo que iria levá-lo ao desmoronamento: por meio da baixa tendencial da taxa de lucro. Ele dizia que o rendimento vai a zero e tudo vai desmoronar. Já eu digo que, do ponto de vista estritamente econômico, pode-se perfeitamente ter um rendimento do capital que para sempre será, digamos, de 5% por ano, e uma taxa de crescimento que será sempre em torno de 1% por ano, e isso não causa problema do ponto de vista puramente econômico”, acrescenta.

Em relação ao Brasil, Piketty avalia que, nos últimos 20 anos, houve um crescimento econômico relativamente bem distribuído que permitiu o aumento do poder aquisitivo e dos salários. Mas ressalta que praticamente não se sabe como evoluiu o topo da pirâmide social em relação à média. E afirma: “O Brasil, apesar do bom desempenho econômico e social nos últimos anos, segue sendo um país com um grau de desigualdade na distribuição extremamente forte”.

Redação

4 Comentários

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  1. Outra baboseira econômica

    Tudo que vem “constante” dos economistas só pode resultar em baboseiras que mais dia menos dia, e cada vez em menos dias, se “desmancha no ar”.

    E o pior: após o recebimento do prêmio nobel… ( neste particular, curiosamente, ai não vi nenhum “marxista” ganhar o prêmio nobel). Talvez, por isso ele já antecipa que não faz parte da corrente marxista.

    Lado outro, talvez  nem marx saberia dizer o que é ser “marxista”.

    Ademais, o Marx/engels já morreram. Só o pessoal do picles que fica fazendo botox para acreditar em “conservadorismos”. Conserva que já está podre a muito tempo.

    Vejam abaixo um trecho do texto. O autor  deixa escapar de novo a impossibilidade econômica:

    “Já eu digo que, do ponto de vista estritamente econômico, pode-se perfeitamente ter um rendimento do capital que para sempre será, digamos, de 5% por ano…”

    Ora, o que é algo estritamente econômico que cresce 5% ao ano?  Faça isso, desde que tudo mais esteja constante? E esse tudo mais constante, seria ser humano agindo a todo momento, constante? Enfim, é a baboseira de sempre.Você precisa ter o controle da natalidade conjugado com recursos naturais em uso, conjugado com interesses internos e, sobretudo, externos, com guerras de barreiras , agora, não tarifárias e…. blá blá bla.

    Perguntemos para Lakatos, popper e Kuhn, apenas para citar-lhes um exemplo do quão interessantes são os paradígmas “econômicos”.

    Ponto de vista estritamente econômico é premissa falsa. Ou talvez, verdadeira, isto é, é verdade que ela é falsa.

    A conclusão, por óbvio,  resultará no velho sofisma e tudo mais permanece constante.  E nesse sentido social, quando caimos na bobagem de acreditar em algo estritamente econômico, ou algo  estritamente legal, ou estritamente social só baboseira podemos concluir.

    Teorias puras de direito conjugadas com pureza econômica, propagando purezas sociais – advindos ou não de ideias, hedonistas, epicuristas, kantianas, nitzcheinanas, e por ai vai, já nos deram amostras do quão interessantes foram para os humanos.  Estritamente puros, arianos e antisemita, por exemplo. Ou dos semoventes  humanos de um passado não muito distante.

    Portanto, prefiro piquete a pikettty e vamos tratar de compreender nossos problemas sem ufanismos, mas também sem alienígenas criadores de fórmulas reducionistas estritamente econômicas propagadas através de uma concessão pública, quase nada pública.

    1. Demolido?

      Marcelo,

      Demoliu com um amontoado de afirmativas baseadas no senso comum? Com nenhum dado concreto, sem uma única afirmação baseada na realidade, com pura ideologia barata?

      Encontrar algo que preste e possa ser levado a sério no libertarianismo é uma tarefa impossível…  

       

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