Temer dialoga com “forças atrasadas” e Doria é “risco de retrocesso”, por Kennedy Alencar

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A campanha publicitária que o governo Michel Temer pretende lançar para creditar ao PT e Dilma Rousseff todos os erros na Presidência tem um mote dúbio, o “para tirar o Brasil do vermelho”, que dialoga com as “forças políticas mais atrasadas do país”, na opinião do jornalista Kennedy Alencar.

“Ao falar que vai tirar o Brasil do vermelho, além da alusão ao rombo nas contas públicas, há uma conotação anticomunista que dialoga com as forças políticas mais atrasadas do país. São forças que falam de ameaça comunista, que pregam o vai pra Cuba e que defendem a ditadura militar”, escreveu Kennedy, nesta quarta (5).

Segundo o jornalista, “para quem quer voltar a crescer, melhor estimular a união e não a divisão.”

Kennedy também lançou críticas ao tom “midiático e cruel” com que João Doria respondeu a uma provocação do ex-presidente Lula, afirmando que iria vistiá-lo em Curitiba.

O jornalista avaliou que o prefeito eleito em São Paulo não desceu do palanque e, ainda por cima, começou com o pé esquerdo ao afirmar que vai aumentar a velocidade das marginais sem avaliar os números que apontam o sucesso da medida deflagrada pela gestão Haddad.

Um prefeito que vai lidar com tantos problemas e que precisa fazer uma transição com Fernando Haddad, que se mostrou gentil e solícito, precisaria descer do palanque para obter resultados mais eficientes, como gostam de dizer os gestores. Para Kennedy, São Paulo está sob “risco de retrocesso”.

Por Kennedy Alencar

Temer e Doria partem para o ataque

A nova campanha publicitária do governo Temer vende a tese da herança maldita da administração Dilma. Como a atual gestão tem baixa popularidade, uma nova campanha publicitária do Palácio do Planalto procura convencer o cidadão de que a culpa pela crise não é do presidente, como tem dito Temer em seus discursos.

É uma campanha que joga gasolina na fogueira do debate político. Haverá reação do PT, até porque o PMDB foi aliado do governo Dilma Rousseff, o responsável pelo desastre econômico. Michel Temer era vice.

O PMDB foi sócio da tragédia. Hoje, o presidente argumenta que o PMDB não tinha influência e que ele era um vice decorativo. São fatos, mas o PMDB, no mínimo, pecou pela omissão. Poderia ter rompido com o governo na época em que esses erros econômicos listados na propaganda foram cometidos.

E ainda há o fato de que o PMDB da Câmara, sob o comando de Eduardo Cunha, boicotou Dilma com a chamada pauta-bomba. O PMDB também se beneficiou da corrupção na Petrobras. Há delatores que são ex-diretores da estatal que apontam isso.

Ao falar que vai tirar o Brasil do vermelho, além da alusão ao rombo nas contas públicas, há uma conotação anticomunista que dialoga com as forças políticas mais atrasadas do país. São forças que falam de ameaça comunista, que pregam o vai pra Cuba e que defendem a ditadura militar.

Para quem quer voltar a crescer, melhor estimular a união e não a divisão. Essa campanha ajuda a incendiar o país. E clima de guerra política sempre é pior para quem está no governo do que para quem está na oposição.

*

Risco de retrocesso

Desde a vitória no primeiro turno no domingo, o prefeito eleito de São Paulo, João Doria, adota um comportamento extremamente político para quem continua batendo na tecla de que será exclusivamente um gestor. Aliás, nada mais político do que negar a política.

A respeito da decisão de elevar a velocidade nas marginais, Doria não age como gestor, mas como dono da verdade. Na “Folha de S.Paulo”, hoje, ele afirmou: “A decisão está tomada. Pode piar, pode reclamar. Ela vai ser adotada”.

Ora, ontem, no “Estado de S.Paulo”, havia uma reportagem mostrando que o número de mortes caiu três vezes mais na capital paulista do que no Estado no período entre janeiro e agosto. No caso, são dados do Infosiga (Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo). É um órgão do governo do Estado, comandado pelo padrinho político de Doria, Geraldo Alckmin, e que tem parceria com um conhecido grupo de gestão, o Instituto Falconi, e empresas do setor privado, como a Ambev, que é reconhecida pela boa gestão.

O que realmente faria um gestor que vai assumir daqui a três meses? Avaliaria esses números. Se achar que, mesmo assim, deve aumentar a velocidade nas marginais. Deveria dizer que faria uma experiência de seis meses para avaliar os números e que poderia rever novamente a sua decisão.

Mas é autoritária a forma como Doria trata de um tema que pode significar menos ou mais mortes na capital. A elevação das velocidades nas marginais poderá se revelar o capítulo inicial de retrocessos em boas políticas públicas em São Paulo.

Dilma era vendida como uma execelente gestora, mas se mostrou extremamente autoritária ao decidir quais políticas aplicar. Resultou num desastre. Que fique a lição.

No PSDB paulista, pegou mal Doria falar por Alckmin a respeito da permanência no partido em caso de o governador não ser escolhido candidato da legenda à Presidência em 2018. Afinal, são auxiliares do próprio governador que estimulam a possibilidade de ida dele para o PSB.

A respeito do ex-presidente Lula, Doria deu uma declaração inicial em resposta ao petista, que o chamara de aventureiro, dizendo que o visitaria em Curitiba. Falou no calor da vitória, no domingo, o que é compreensível diante da crítica de Lula.

Hoje, na Folha, Doria acrescentou que levaria chocolates e um cisne para Lula numa eventual prisão em Curitiba. No dia em que o ministro Teori Zavascki criticou com razão o tom midiático da forma como o Ministério Público apresentou a denúncia contra Lula, a declaração de Doria soa justamente midiática e até cruel.

Um prefeito que vai lidar com tantos problemas e que precisa fazer uma transição com Fernando Haddad, que se mostrou gentil e solícito, precisaria descer do palanque para obter resultados mais eficientes, como gostam de dizer os gestores.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

25 Comentários

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  1. Artigo do Kennedy Alencar

    Estou lembrando do início da gestão do Kassab que chamou um cidadão aposentado de vagabundo. Um arroubo autoritário como os de João Dória.

    Também cabe uma pergunta: paulista não tem juízo ???

  2. Trejeitos do paulistano médio

    Saiu no twitter:

     

    “O paulistano médio não pode ver homem branco, rico, de suéter e botox que já fica com o cu piscando”.

     

    1. Este é o típico comentário de

      Este é o típico comentário de quem morre de vontade de um dia ser paulista!!! Inveja é uma coisa muito feia!!!

      1. O paulista médio é aquela

        O paulista médio é aquela figura preta da bandeira postada em comentário anterior.

        Merecem.

        Aliás, eu sou favorávbel que a regiao sul e o estado de são paulo se emancipem e formem outro pais.

        Só assim, os outrs estados fircarão livres de golpes na democracia para sempre.

        1. E também da Globo, da Fiesp,

          E também da Globo, da Fiesp, do Alkckmin, do Serra, do FHC, da desgraça conhecida como lava rato, etc etc . Isto seria bom demais.

          Para ficar melhor ainda, o Estado do norte deveria proibir a entrada destes cidadãos e não permitir que o país receba sinal da globo ou qualquer outra do país do sul.

          O Aécio, o satanastasia, o senador traficante entre outros, deveriam ser expulsos para o sul.

  3. “Ao falar que vai tirar o

    “Ao falar que vai tirar o Brasil do vermelho, além da alusão ao rombo nas contas públicas, há uma…”

    …chamada para a caça as bruxas. É um pedido de sangue, uma tentativa de desumanizar o inimigo para que sofra todo tipo de retaliação, seja piscológica ou física. É o apelo para a eliminação do inimigo.

     A sensação que o momento em que vivemos transmite é que, tanto o judiciário quanto a nova situação política, foram buscar inspiração para sua ações nas medidas tomadas pelos nazistas em sua ascenção nos anos 30.

    A nossa esperança é que a resistência no mundo virtual desminta a máxima de Goebbels: “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Apesar dos esforços dos novos donos do poder tentando censurar livros e a midia independente. 

  4. Eu disse lá atrás que Temer
    Eu disse lá atrás que Temer iria colocar a culpa de todos os seus erros no PT. E o próximo passo será eliminar os que o contrariem.

  5. Os colon-nistas da fôia…

    sempre no morde e assopra pra balular o patrão e a Casa Grande:

    “Dilma era vendida como uma execelente gestora, mas se mostrou extremamente autoritária ao decidir quais políticas aplicar. Resultou num desastre. Que fique a lição.”

    Como sempre, as culpas de todas as mazelas daqui pra frente serão sempre creditadas ao PT, já que não se sai de um desastre nacional em 10 anos (uma previsão minha… talvez idiota… mas uma previsão), uma década será o tempo provável no qual os vencedores de agora mandarão; ou seja, quando o Brasil estiver novamente na bancarrota, com o FMI e o Banco Mundial definindo até o quanto de papel higiênico poderemos comprar, ai a fôia vai começar a dizer que o modelo econômicoa é “excludente e extremamente concentrador de renda” e “poderá” nos levar ao caos apesar dos “10 anos em que se tenta” cosertar os erros que Lula, Dilma e o PT cometeram.

    Nassif, admiro sua diplomacia de monge com esses pulhas da midiona, eu não tenho mais essa paciência.

    1. É isso mesmo. Esses são

      os famosos isentões. fingem que fazem críticas e são independentes mas no fundo são só sabujos do patrão.

      São imparciais dsde que quem está no poder seja alguem que eles gostam e apoiam por baixo do pano.

      O famoso jornalismo hipócrita.

  6. Alguém poderia articular uma

    Alguém poderia articular uma frente envolvendo todas as mães, pais e parentes de pessoas que morreram atropeladas em S. Paulo e fazer uma manifestação em frente ao gabinete do João Dória no seu primeiro dia de governo. Iria criar um grande constrangimento. Quero ver a polícia ter coragem para bater numa mãe que perdeu o seu filho atropelado. Que a cada crescimento no número de mortes a decisão dele seja lembrada e que isso lhe seja cobrado. Nem o maior dos canalhas seria capaz de brincar com vidas humanas como este presumido homem público está a brincar.

  7. Caminho pavimentado para nova aventura em 2018

    O que aconteceu na cidade de São Paulo em 2016 é um prenúncio claro do que vai acontecer em 2018. Doria é fruto da destruição da política, das instituições, do sistema jurídico. 2018 está aí, e tem tudo para repetir 2016, com o espaço sendo ocupado por eventureiros, preferencialmente os “não-políticos”, portanto “limpos”, negando a política, e aí cabe qualquer nome, mas qualquer mesmo, inclusive vindo da República das Araucárias. A tragédia Doria já é passado, temos de realizar o prejuízo e tentar salvar 2018. 

    1. O seu país virou uma

      O seu país virou uma tragicomédia. Políticos como Dória irão se vender como “salvadores da pátria” (como sempre acontece em países de terceiro mundo) enquanto o seu judiciário cheio de juízes criminosos irá prender e torturar qualquer um que ouse ir contra estes “salvadores da pátria”.

  8. Os paulistas(como são

    Os paulistas(como são ignaros!!!)deram a este sujeito a chance de provar que é o que diz, ou seja, “gestor”.

    Vamos ver como se sai. Se é gestor mesmo ou somente mais um tucano farsante e corrupto.

  9. “Isentão” – vale p/Kennedy e as suas adjetivações “aquem”

    Sério… nao é meu habito manter vetos nao. Mas vou ser sincero: nao consigo ler os textos do Kennedy Alencar nem ouvir seus comentarios.

    Acho pior essa insinceridade de “isentao” do que a autenticidade canalha dos blogueiros de esgoto.

    Li o titulo do post aqui no GGN e parei nos adjetivos ~muito adequadamente~ reproduzidos entre aspas. Tantas aspas quanto for possivel…

    Vamos la:

    >> Temer dialoga com “forças atrasadas” e Doria é “risco (??) de retrocesso”, por Kennedy Alencar

    “forças atrasadas”? Entao Temer é a vanguarda?? Cunha era uma “força atrasada”, Kennedy?

    “Risco”???????

    Serio… parei no titulo…

    Me contem se fui injusto em julgar o livro pela capa.

    *

    De um post meu do mes passado:

    >> “Isentão” é o jornalista que procura passar a impressão de isento fazendo críticas de mais ou menos o mesmo peso aos dois lados da disputa política. Ou seja: não se reflete a realidade. Se, numa escala de 1 a 10, o argumento de “A” vale 8 e o da parte contrária, “B”, vale 2, em vez de criticar nessa proporção, o “isentão” vai manipular o texto de forma fazer com que se chegue a um 5×5.

    A foto no dicionário que acompanha o verbete “isentão” é a dele:

    O correspondente americano na Revista New Yorker para o Brasil, Alex Cuadros.

    Pensa que ele se ofende ao ser chamado de poster child do “isentão”, como se diz na terra dele?

    Que nada!

    Até pouco tempo atrás, quando ainda morava no Brasil, a bio dele no twitter terminava com “100% isentão”.

    A propósito, o tweet que está pregado no topo da timeline de Alex neste exato momento é um exemplo perfeito da tal da “isentonice”:

    Traduzindo:

    >> Eis a minha visão sobre o impeachment de Dilma. Pode não ser golpe [!!], mas certamente está em alguma zona cinzenta democrática [o que quer que isso signifique…]

    Aliás, “alguma zona cinzenta” é exatamente onde o isentão mora. Nada – nada mesmo! – é preto ou branco. Tudo – tudo mesmo! – deve ser relativizado, matizado, ressalvado… … … (ad nauseam)

     

    1. Acertou. 
      Mais do mesmo
      É o

      Acertou. 

      Mais do mesmo

      É o ninja ensaboado do PIG.

      Todos da midia fazendo tudo em nado sincronizado.

      Acho que o tal do milleniun.

      Não tinha uma organização assim no pré ditadura de 60?

  10. Ora, o que mais esperariam

    Ora, o que mais esperariam desse picareta especializado em juntar políticos famintos e empresários loucos pra se saciarem através do estado? Nada mais do que isso: alguém investigue os últimos 20 aninhos desse trambolho botoxeado… Quanto ao temerista, é só republicar tudo o que o Hélio Fernandes escreveu sobre ele nos anos 90, por exemplo (todo o porto santista está lá contido). Mas, se o juizite de “premera” decide que ninguém fala mal do gm, que fazer? Se o douto teori(a) descasca o mpf (e o janot(a) quietinho…) e, mesmo assim, permite o esquartejamento do Lula pelo desMoronado… 

  11. Todos sabemos, até mesmo quem

    Todos sabemos, até mesmo quem nele votou, que esta boneco não vai melhorar nada. Estamos no quanto pior melhor.

    Doria é nosso novo maluf, e sabe que mais que no bolso, o paulista sente mesmo é no acelerador.

    Foi eleito pela vontade egoista dos paulistas de correr com seus carros. Afinal este é o objeto de consumo de maior valor desejado pela maoria dos habitantes deste esgoto a ceu aberto que se chama São Paulo.

    Populismo pouco é bobagem.

  12. Para Cuba

        Estou pensando em visitar novamente a Hacienda de los Hermanos Castro, e para quem tiver interesse,  contatos nesta entidade de classe, chegada a patos de plástico, o pacote oferecido é bom e barato, pois por US$ 2.200,00, com aereo e hospedagem ( no comunista espanhol hotel Meliá Habana Libre ), e no retorno, como o voo escala Panamá, dá até por uma módica quantia de remarcar o voo, fazer uma visita aos “Georges Washintons” que moram em certos escritórios de advogados ( não na Mossack que deu bandeira demais ).

         Para contatos : http://www.fiesp.com.br/agenda/missao-prospectiva-a-cuba/

         P.S. : Patos de plástico como bagagem, assim como bandeirinhas do PT, sequer estrelinhas rubras, não estão permitidas, pois nosso negócio, assim como dos cubanos, são os negócios.

         As vezes acordo, e acho que retornei aos anos 70.

  13. Segunda, 03/10, após eleições

    Segunda, 03/10, após eleições definidas em primeiro turno em SP. Minha percepção foi de um climão de anticlimax. Ninguém, repito, ninguém esperava eleição definida em primeiro turno para a prefeitura de SP. O anticlimax me lembrou muito a reeleição de Dilma em 2014. Era visível o olhar das pessoas no transporte coletivo que o resultado não lhes agradou. Em 2014, Dilma reeleita não foi digerida pela maioria dos paulistanos. Em 2016, fiquei com a impressão que a eleição de Dória não desceu muito bem. E não somente por quem votou em outros candidatos, mas também por todos que anularam, votaram em branco ou simplesmente não votaram (as famosas abstenções). A frustração(?) e um pouco de tensão está no ar, pelo menos minha percepção ao caminhar pelas ruas com o povão. O resultado ao que indica não agradou muito. E a vida segue. E lá vamos nós para mais um alcaide, por uns dois anos. Ou alguém acredita que ele terminará o mandato? 2018 está perto e os tucanos estão a procura de um nome para o governo de SP, logo….

  14. Doria, Temer e a mesquinhez da alma

    E o atraso vem montado num pangaré, mas com toda vontade de atingir os que ficarem em “seu caminho”. Doria, Temer, Alckmin, Serra, Renan, Cunha e o Congresso com a exceção de meia-duzia, é o maior atraso politico que o Pais não poderia se dar ao luxo neste momento. Mas para a Globo, Folha, Estadão, são os grandes politicos deste Pais. E vem mais caça às bruxas pela frente.

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