Traduzindo o economês de Pessôa, por José Paulo Kupfer

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Traduzindo o economês de Pessôa

por José Paulo Kupfer

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Agência Repórter Zé de fact checking, num esforço de tradução do economês para o português, analisou a coluna do consultor Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre/FGV e sócio da administradora de fortunas Reliance, braço brasileiro do banco de investimentos suíço Julius Baer, publicada domingo, 26 de agosto, na Folha de S. Paulo

“Nosso gasto é tão superior ao das demais sociedades porque a taxa de reposição (valor do benefício previdenciário como proporção da renda quando ativo) é próxima de 100% para uma parcela de 95% da população que trabalha”.

Tradução: 95% dos trabalhadores ganham até 1 salário mínimo mensal. É por isso, por esse baixíssimo nível salarial da quase totalidade dos trabalhadores, que a taxa de reposição é tão “generosa”. Ao considerar “elevada” a taxa de reposição, o autor sugere pagar aposentadoria menor do que um salário mínimo para a quase totalidade dos trabalhadores.

“Elevada taxa de reposição e reduzida idade de concessão do benefício desestimulam a poupança privada.”

O autor insinua que o trabalhador dorme nos louros da sua “elevada” aposentadoria (ou presunção dela) e, por isso, não faz um pé de meia para quando se aposentar. O autor considera que o trabalhador que ganha salário mínimo, sendo “incentivado” a relaxar quanto ao seu sustento no futuro, dada a expectativa de “elevada” aposentadoria, termina se comportando como um perdulário irresponsável ao não reservar parte do seu ganho de um salário mínimo para uma poupança capaz de garantir-lhe conforto quando se aposentar.

“O leitor pode achar estranho a taxa de reposição ser elevada e os valores dos benefícios serem baixos. O que de fato é baixa é a remuneração média do trabalho no Brasil, fruto da baixa produtividade. Lembremos que uma hora trabalhada no Brasil produz a quinta parte da hora trabalhada nos Estados Unidos, por exemplo.”

O autor culpa o trabalhador por sua baixa produtividade. O trabalhador, quem sabe, deveria forçar o empresário a investir, permanentemente, em modernização de máquinas e equipamentos, assim como em novos processos, a fim de aumentar a produtividade e com isso elevar a remuneração do trabalhador. O trabalhador também é culpado pela sua baixa instrução, talvez porque não goste de estudar e não tenha disciplina para acompanhar os estudos. O fato de o trabalhador em geral operar máquinas e processos antiquados não vem ao caso na questão da produtividade.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Caso clássico

    De cegueira (ou má fé) pelos números.

    Neo-fisiocrata , esta preso às idéias do século XVIII e se arroga  “muderno”. 

    A cabeça de Samuel é dominada por um determinismo inexorável , oriundo de sua formação inicial como físico.

    Deveria ser condenado a viver por tres anos com um salário mínimo por mes, largado de forma indigente como morador de rua para “revisar” seus conceitos. sem acesso sua fortuna!

  2. Traduzindo: quando menor o valor do benefício, maior a poupança

    “Elevada taxa de reposição e reduzida idade de concessão do benefício desestimulam a poupança privada.”

     

    Quer dizer: baixando o valor do benefício, o trabalhador não vai baixar ainda mais o seu padrão de vida, ao contrário, ele vai poupar mais. Daí, quanto mais avançada a idade de concessão do benefício e quanto mais reduzido for esse benefício, mais o trabalhador poupará.

     

    Ora, se se baixa o valor do benefício, o trabalhador terá que trabalhar mais tempo para cobrir o prejuízo causado pela redução do benefício.

  3. Samuel Pessôa……………

    Quando tenho o desprazer de “cometer” a leitura da coluna desse senhor, me vem automaticamente a “piada de economista” na cabeça:

    Quanto é 2 + 2?

    Um matemático: 4 com certeza.

    Um estatístico: algo entre 3,99…9 e 4,00…01

    Um físico: depende, estamos falando de soma vetorial, tensorial, relatividade, soma escalar?

    Um engenheiro: bota 5 que aguenta.

    Um economista: Quanto vc quer que seja?

    Voltrando à “vaca fria”, eu na minha imensa ignorancia economica(entre outras, diga se de passagem), acho que “se compara o que é comparavel”…….se for pra comparar  “taxa de produtividade” de trabalhador, que seja, no minimo, em condições muuuuuuiiiito similares……eu, sem nenhuma prova cientifica, assim na orelhada, duvido que um metalurgico(ou outra profissão…) que trabalhe numa montadora de automoveis, por exemplo, com maquinas e procedimentos similares, que aqui no Brasil no tempo que se monta um carro, nos isteitis se montem 5………duro de engolir…….

    PS: Como ele é braço brasileiro do banco de investimentos suíço Julius Baer, ou se preferirem *testa de ferro” do Julius Baer, ele poderia dar uma palavrinha pros parças dele do mercado e importar a taxa de juros de cartão de credito la da Suiça…………..10% à 15%………………ao ano……..seria super bacana, ne não?

    PS do PS:Julius Baer é aquele banco envolvido no escandalo do “pequeno Madoff suiço”(Ambros Baumann) e que foi processado por 70 clientes em 2017….

    https://www.letemps.ch/economie/clients-reclament-millions-banque-julius-baer-geneve

    Aquele mesmo envolvido na escandalo da FIFA

    https://www.tdg.ch/economie/julius-baer-licencie-conseiller-clientele/story/20103119?track

    Aquele mesmo envolvido no “Affaire Cahuzac” da França

    http://www.lepoint.fr/economie/affaire-cahuzac-les-casseroles-de-la-banque-julius-bar-11-04-2013-1653468_28.php

    Pode ainda ser aquele envolvido no comercio de armas……..

    https://www.finews.com/news/english-news/31356-julius-baer-weapons-ruag-finma-top-management

    Aquele que pagou uma multa de 547,25 milhões de dollares, num acordo com a justiça americana por ter “ajudado” clientes americanos a esconder bufunfa do fisco americano……

    https://www.juliusbaer.com/group/en/news-detail-page/item/julius-baer-announces-final-settlement-with-the-us-department-of-justice-regarding-its-legacy-us/

    Fica claro que o tal  Samuel Pessôa, é um cara “bacana”,………..um cara batuta………..

     

  4. O empresario boçalnaro acha
    O patrão boçalnaro acha que “aumentar a produtividade” é botar um pra fazer o trabalho de cinco, sem sequer dar uma ferramenta melhor.

    Nao dá certo, obviamente, e ele manda o coitado embora. Isso se reflete na rotatividade no trabalho (Adalberto Cardoso), que no Brasil é altíssima, muitissimo maior que nos EEUU, por exenplo, que é a meca da fascistada e da trouxinhada.

    Outra coisa é a produtividade média. Setores exportadores, que vendem pra fora, têm mais produitividade. Os que sao voltados para o setoe interno, menos. E isso se dá justamente pelo limite que a baixa renda do trabalho estabelece sobre a escala e o preço da produçao. Nao o contrario, como os liberaloides afirmam.

  5. Samuel Pessoa é o tipico

    Samuel Pessoa é o tipico gestor de campo de concentração, preciso na contagem dos corpos que entram e saem, estatisticas e planilhas em precisa ordem, tudo calculado e batido. Gostaria de ver ALGUM comentario dele sobre aposentados com licença-premio acumuladas e vendidas em dinheiro em tribunais de Estados miseraveis, , acumuladas com  pensões e dando a volta ao mundo duas vezes por ano em cruzeiros da Royal Norwegian Lines, há agencias especializadas nessa clientela, o dinheiro sai 101% dos cofres publicos de Estados quebrados que não tem mais dinheiro para comprar aspirinas nos ambulatorios.

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