Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Trump e os limites da globalização, por André Araújo

Trump e os limites da globalização

Por André Araújo

Como uma democracia que teve à sua testa homens como Lincoln, os dois Roosevelt,  Hoover, Eisenhower, pode ter como aspirante à Presidência uma figura do naipe de Donald Trump?

Várias podem ser as explicações, mas há grande consenso de que essa candidatura é a catarse de um ressentimento de boa parte da população americana, grandes fatias da classe média das fábricas e dos escritórios revoltados com os  maus resultados distributivos da globalização financeira e da globalização comercial e industrial.

A globalização teve início pelos Estados Unidos com o fim da Guerra Fria, resultou em um grande redesenho das cadeias produtivas industriais pelo mundo, transferindo fábricas da Europa, dos EUA e da América Latina para a Ásia, com consequente macro desemprego e redução de renda dos então países centrais e suas periferias.

O coração da globalização é o sistema financeiro dos EUA e o processo conduziu a uma jamais vista concentração de renda, riqueza e poder financeiro em poucos bancos e grandes conglomerados. Para estes a globalização significou enorme aumento de eficiência no usos dos meios de produção, mas para o resto da população significou perda de renda e riqueza. O processo está chegando a um ponto de “caída de ficha” quando grandes segmentos das populações atingidas se perguntam o que ganharam com a globalização uma vez que todos os ganhos de eficiência do processo foram apropriados pelo capital e nada pelo trabalho com os Estados perdendo arrecadação pelo caminho.

Os governos não souberam, não conseguiram ou não perceberam o cataclismo a ponto de tentar controlar ou minimizar os danos desse processo para seus povos. Vendeu-se o processo como inevitável, quando na realidade ele é em boa parte controlável, no sentido de minimizar seus danos aproveitando seus ganhos.

Um dos mega erros dos governos foi não barrar FUSÕES E AQUISIÇÕES de empresas, processo cujo primeiro efeito é o CORTE DE EMPREGOS e o segundo é a DIMINUIÇÃO DE IMPOSTOS pagos pela empresa consolidada.

O terceiro efeito é a REDUÇÃO DA CONCORRÊNCIA com consequente perdas para os pequenos fornecedores, pequenos distribuidores e para os clientes finais, formando-se oligopólios de poder excessivo.

O que o mundo ganhou com a criação da AMBEV ? O que o mundo ganhou com a criação do truste das carnes, a JBS?

Não diminui o preço das cervejas, não diminui o preço das carnes, milhares de empregos foram cortados, as empresas cresceram de valor enormemente mas a AMBEV mudou-se para a Bélgica e os donos para a Suíça, a JBS está de mudança para a Irlanda. Nos dois casos o Estado brasileiro, que ajudou a criar esses  conglomerados, só perdeu com o processo e mais ainda perderá, a população em nada foi beneficiada. Um dos maiores objetivos das fusões é o planejamento tributário para reduzir impostos, é uma das formas de pagar a fusão, a outra é o corte da folha.

Não foi apenas o fenômeno TRUMP a indicar a doença da globalização.  O BREXIT, a saída do Reino Unido da União Europeia é uma reação à globalização. O terceiro sinal é o rebrotamento da extrema direita nacionalista na Europa, a ponto de Marine Le Pen ser hoje aspirante viável à Presidência da França com a plataforma de saída da União Europeia.

No Brasil a globalização arrasou com setores inteiros da indústria com enorme perda de empregos. A Volkswagen que chegou a ter em São Bernardo do Campo 41.000 empregados, hoje tem, nas mesmas instalações, 5.000 porque grandes conjuntos dos veículos vem prontos da Ásia e não precisam mais ser fabricados no Brasil.

Grandes setores da indústria brasileira perderam centenas de fábricas, no têxtil foram 600. Na indústria de máquinas, fábricas médias e pequenas, como de injetoras, fecharam as portas.

Como consequência, a arrecadação da União e Estados desabou levando o Pais à crise fiscal.

A GLOBALIZAÇÃO não é um processo neutro e afeta cada País de forma diferente. Cada País deve saber como lidar com esse processo de forma a defender seus ativos essenciais, seus mercados, seus empregos sem a ILUSÃO vendida por economistas de mercado, de que a “globalização é sempre boa e é inevitável”.

A crise financeira de 2008 e as tensões sociais na Europa e EUA mostram que o processo tem limites, está batendo no teto e um ciclo de reversão do etapas pode estar se aproximando.

TRUMP pode perder a eleição à Casa Branca mas sua aparição como concorrente sério na disputa mostra um termômetro de desconforto social imenso nos EUA, provocado pelo ciclo que eles mesmo desencadearam mas que agora a população vê como um engodo.

A GLOBALIZAÇÃO tem um outro efeito danoso aos Estados nacionais, a dependência excessiva de sua política econômica interna ao mercado financeiro internacional, a ponto do Brasil ter hoje no comando de sua economia dois elementos produzidos pelo sistema financeiro e dele dependentes, com isso manejando toda a política pelo viés de atender aos centros rentistas internacionais e não às necessidades da população brasileira.

A tese de que essa dependência é inevitável é falsa. Ela pode ser graduada para que o País tire proveito da inserção global na medida certa sem sacrificar os interesses essenciais de sua população. O Brasil, ao contrário de países europeus, tem independência alimentar, de combustíveis, de bens básicos, não é dependente absoluto de importação como é o Japão e quase toda a Europa. Essa vantagem natural não está sendo aproveitada, o Brasil hoje operando como se fosse cativo de agências de rating e Wall Street pela mentalidade viciada de sua equipe econômica.

A globalização e seus aspectos deve ser tema de debate essencial no meio político brasileiro acompanhando a discussão que se faz hoje em todo o mundo sobre esse fenômeno histórico, que como todos, tem vários lados.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

40 Comentários

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  1. A globalização é ruim, mas é mesmo inevitável

    Caro André,

    O processo de globalização e suas consequências, bem descritas por você, é ruim para a imensa maioria da população (uns 90%), mas é mesmo inevitável. No máximo pode ser adiada por algum tempo, como na guerra fria, na qual foi preciso fazer concessões financeiras ao povo, por temor à expansão do comunismo.

    A globalização e a financeirização são parte da dinâmica própria do capital, que busca sempre mais lucro na produção, via substituição de homens por máquinas ou trabalho mais barato, ou ambos. Não há freio político que segure esta dinâmica por muito tempo, afinal, a política depende do capital.

    Esta concorrência global acaba em desemprego (exclusão do mercado), achatamento salarial e oligopólios, como você notou. Mas, apesar dos vencedores lucrarem muito, o lucro global do sistema produtivo também cai, o que acarreta menos receita para o estado e para as empresas como um todo. O resultado é o endividamento geral de pessoas, empresas e estados, que é o que estamos assistindo agora.

    Aliás o crescimento constante das dívidas das pessoas, empresas e estados indica que, na verdade, a produção real não dá lucro o suficiente para pagar o capital adiantado pelo crédito.

    A financeirização aconteceu, na verdade, não como erro político ou moral, mas como necessidade sistêmica de sustentar o capitalismo com capital fict[icio, pois o lucro global da produção real encontra-se em queda constante desde a década de 1970.

    Agora é a própria financeirização/globalização que chega ao seu limite. Mas um retorno ao capitalismo industrial não é mais possível, pois, globalmente,  produzir não gera mais capital suficiente para pagar o investimento e criar mais valor (lucro).

    O que está ameaçado não é só a globalização/financeirização, mas o próprio capitalismo. E a ameaça não vem de estados ou revolucionários comunistas, mas dos limites internos do próprio capitalismo. 

    1. Meu caro, na historia não

      Meu caro, na historia não existem processos eternos e nem inevitaveis. Há correntes e trajetorias mas que sempre podem ser interrompidas. Em 1938 havia uma crença no mundo que via nos regimes totalitarios da Alemanha, Italia e Japão o futuro da humanidade, com o fracasso das democracias.

      Getulio Vargas acreditou nessa versão, assim como Yrigoen e Farrell na Argentina, os grandes paises da America do Sil

      se aproximaram da Alemanha e Italia, se afstando dos EUA e Inglaterra, porque era “”inevitavel””.

      Veio a Segunda Guerra e o que era inevitavel virou pó.

          1. Parabéns, André. Análise

            Parabéns, André. Análise sucinta, direta e sem demonizar e nem tornar santo nenhum dos lados – uma tendência das análises de hoje. 

             

             

      1. Em certas cincunstâncias, há tendências inevitáveis

        No caso do capitalismo, suas tendências à concentração de riqueza e renda, à oligopolização e à exclusão social têm se mostrado persistentes e incontornáveis. As excessões se restringem a curtos períodos (Europa, EUA e Japão de 1950 a 1970) e à poucos países atualmente (os Escandinavos), o que apenas confirmam a regra.

        Portanto, as tendências à exclusão fazem parte da dinâmica “natural” do capitalismo, tanto quanto a sua crecente produtividade e seu o dinamismo excepcionais, que, de fato, trouxeram benefícios para a humanidade, como o desenvolvimento tecnológico e o aumento da expectativa de vida das pessoas.

        Digo dinâmica “natural”, porque o capitalismo, embora seja uma construção humana, uma vez posto em ação, funciona de fato como uma segunda natureza, que tem força de coerção, não apenas sobre os pobres, mas inclusive sobre as elites capitalistas.

        Os empresários e os governantes, por exemplo, não tem a opção de adotarem um capitalismo mais humano e distributivo: se fizerem isto, a concorrência irá para regiões de mão de obra mais barata ou substituirá homens por máquinas e quebrarão os “humanistas”. Aliás é isto que acontece com a Europa e sua social-democracia falida. Neste caso, Marx está correto em relação às leis imanentes do capital.

        Uma das soluções para retardar este processo seria a oligopolização, na prática um controle de preços para se manter o lucro. Outra, seria uma guerra mundial, que realmente poderia mudar tudo, pois seria uma queima enorme de capital, zerando o jogo. Mas sobreviveríamos a ela?

        Diante da inevitabilidade da exclusão social, a saída que vejo para o capitalismo (e é a que está sendo providenciada) é a primeira: a oligopolização global das finanças e da produção combinada com governos de administração de crise, tanto de esquerda quanto de direita.

        A exclusão e o sofrimento do povo vão aumentar com os oligopólios, por isto a necessidade de governos de administração de crises, que combinam  políticas assistencialistas (para obter um mínimo de paz social) com a política do porrete e das prisões em massa (para enquadrar a revolta dos pobres, muitas vezes inconsciente, como é o caso da marginalidade).

        Agora, você tem razão André, a história não é fatalista. As pessoas podem muito bem podem evitar todo este sofrimento se decidirem acabar com o capitalismo e refundar outra sociedade, baseada em formas de socialização que não o capital, mais solidárias, por ex.:  “a cada um de acordo com suas necessidades”. Seria o mais racional, pois temos meios técnicos para satisfazer as necessidades simbólicas e materiais de todos. Mas quem quer pensar em tal opção, hoje em dia? Vamos acabar aceitando os governos de administração de crises. Inevitáveis…

        1. Meu caro, as proprias tensões

          Meu caro, as proprias tensões sociais causadas pela globalização farão o ajuste de rumos do processo. Uma das boas saidas é a INFLAÇÃO que destroi ativos financeiros e apaga dividas, hoje a inflação seria benefica para os devedores e péssima para os rentistas, porisso a obsessão de bancos centrais dominados pelo sistema financeiro e combater a inflação como se essa fosse lepra quando na realidade a inflação é um corretivo de desequilibrios anteriores do sistema, como excesso de dividas e excesso de concentração de capital e renda, a inflação é uma especie de borracha que apaga

          desenhos ruins.  O mundo hoje está sendo travado pela deflação e por politicas de austeridade, uma inflação no dolar, no Euro e nas moedas atreladas ao dolar seria um oxigenio para um novo ciclo de crescimento e distribuição de renda.

          1. Temos visões diferentes, mas tomara que você esteja certo

            Sim, a inflação queima dívidas e todo o capital fictício a elas vinculado e pode acabar com o financismo. Restaria a volta à economia real: agricultura, indústria e comércio, com os bancos no papel de auxiliar a produção, como manda o figurino. Mas o mercado, automatizado ao extremo, empregaria gente o suficiente e com bons salários? O lucro global permitiria uma taxa de lucro razoável? Possibilitaria boas arrecadações para o estado prover o bem estar do povo?

            Eu acho que não. Estou com os marxistas e acredito que o financismo foi uma necessidade sistêmica do capitalismo, i.e., foi uma fuga para frente para mascarar a queda da lucratividade global da economia real, causada principalmente pelo aumento de produtividade decorrente da introdução da microeletrônica. Se isto estiver certo, o fim do financismo apenas explicitaria a debilidade da economia real, levando ao colapso do sistema.

            Você pensa diferente. Parece que, no seu entender, o financismo foi um erro político cometido na década de 1980 pelas nações desenvolvidas, principalmente os EUA.

            Mas, apesar da discordância, sinceramente torço para você estar certo, pois um colapso do capitalismo sem uma alternativa de sociedade mais racional e solidária (comunista?) resultaria no caos e na barbárie.

          2. Temos visões diferentes, mas tomara que você esteja certo

            Sim, a inflação queima dívidas e todo o capital fictício a elas vinculado e pode acabar com o financismo. Restaria a volta à economia real: agricultura, indústria e comércio, com os bancos no papel de auxiliar a produção, como manda o figurino. Mas o mercado, automatizado ao extremo, empregaria gente o suficiente e com bons salários? O lucro global permitiria uma taxa de lucro razoável? Possibilitaria boas arrecadações para o estado prover o bem estar do povo?

            Eu acho que não. Estou com os marxistas e acredito que o financismo foi uma necessidade sistêmica do capitalismo, i.e., foi uma fuga para frente para mascarar a queda da lucratividade global da economia real, causada principalmente pelo aumento de produtividade decorrente da introdução da microeletrônica. Se isto estiver certo, o fim do financismo apenas explicitaria a debilidade da economia real, levando ao colapso do sistema.

            Você pensa diferente. Parece que, no seu entender, o financismo foi um erro político cometido na década de 1980 pelas nações desenvolvidas, principalmente os EUA.

            Mas, apesar da discordância, sinceramente torço para você estar certo, pois um colapso do capitalismo sem uma alternativa de sociedade mais racional e solidária (comunista?) resultaria no caos e na barbárie.

          3. Meu caro Wilton, temos visões

            Meu caro Wilton, temos visões historicas parecidas com apenas angulações diferentes. Vejo a Historia como um caos permanente sem maior racionalidade, cheia de altos e baixos, luto contra a teoria de “tendencias” globais disto e daquilo,

            não há muita logica em nada e nem em ciclos rconomicos e politicos. A crise de 29 foi um “susto” completo, o maior economista dos EUA na época, Irving Fisher disse duas semanas antes do “crash” de Outubro de 29 que a economia america estava mais sólida do que nunca, destruiu sua reputação, tampouco a crise de 2008 foi prevista, pegou o Governo americano e os mercados de surpresa. Não há racionalidade alguma no processo economico e fico espantado com analises lineares tipo “se fizermos o ajuste fiscal o Pais volta a crescer”, algo sem QUALQUER comprovação empirica ou doutrinaria, simples “wishful thinking” de bocós iludidos por “economistas de mercado”. vendedores de ilusões.

            O mercado é tão irracional que acreditou em Eike Baptista, grandes bancos com poderosos Departamentos de Economia como Bradesco e Itau deram bilhões ao Eike, empresario que até então não tinha produzido um centavo de faturamento, onde está a racionalidade dessa turma? E pensar qu estamos entregando o futuro do Brasil a economistas de banco.

          4. Sim, nosso ângulo de visão é

            Sim, nosso ângulo de visão é que muda um pouco. Em relação à imprevisibiliade das crises e à irracionalidade dos mercados estou de pleno acordo.

          5. Isso vale para o Brasil?

            André, essa afirmação sobre o efeito corretivo da inflação valeria para o Brasil? Tenho a impressão de que nossa economia altamente indexada, herança dos tempos de hiperinflação, neutralizaria grande parte do efeito “terapeutico” da inflação em nosso país. 

            Abraços.

  2.  Caro André Araújo
    Seus posts

     Caro André Araújo

    Seus posts são um prazer, e tivemos o prazer de ler sua entrevista em Carta Capital (edição n° 923)

    Quanto ao mal estar com a globalização nos EUA, li um livro muito bom (DESAGREGAÇÃO, George Packer, Cia. das Letras, 2014), em que mostra este fenônemo nos EUA: a perda dos laços sociais e da solidariedade da sociedade norte-americana, transformada num “cada um por si”, e o papel da doutrinação neoliberal neste processo (ao culpar o indivíduo pelo fracasso; pois as fábricas fechavam porque eram “ineficientes” – então, vc era ineficiente”; entre outros dogmas enfiados na porrada na cabeça das pessoas). Também trata da macrocefalia do sistema financeiro e de suas falcatruas (outro livro muito bom , O SEQUESTRO DA AMÉRICA, de Charles Ferguson; trata destas trambicagens). 

    Assim, estes livros falam de como o sistema financeiro tornou-se um fim em si próprio; multiplicando-se como uma metástase sobre o restante da sociedade e do sistema produtivo. Estes conceitos “globalizados” são aplicados pela AMBEV como quem segue um manual: comprou a Antarctica, fechou várias fábricas (inclusive a centenária da Móoca, transformada em escombros e porto de areia); aplica cortes de 10% no quadro de funcionários (e os cretinos – “consultores” em administração e outras pragas – que escrevem nos jornais elogiam a política de destruição que os donos da AMBEV aplicam em suas unidades).

    Não bastando arrasar empregos e plantas fabris (a AMBEV é odiada na Europa e nos EUA), destróem marcas centenárias: a cerveja da Antárctica, a Original (“Original faixa azul”) era uma cerveja premium brasileira, reconhecida no exterior. Hoje é uma porcaria; e a SerraMalte e a Budweiser vão pelo mesmo caminho. Como viram que os consumidores abandonam suas marcar, começaram a comprar cervejarias artesanais (Colorado de Ribeirão Preto e Patagônia da Argentina), e tenho certeza que vão avacalhar com elas também.

    Mas os donos da AMBEV expandem seus negócios: compraram a Heinz dos EUA (e como Anti-Midas que são, transformando em merda tudo em que relam a mão); já aplicaram o “Método AMBEV”: corte linear de 10% na força de trabalho e fechamento de algumas plantas fabris.

    Sujeitos como JP Lehmann e Carlos Sicupira são odiados nos EUA e Europa; mas a imprensa porca que temos aqui os consideram ícones da “gestão brasileira que faz sucesso”

  3. Trump e os limites da globalização, por André Araújo

    Irretocável, André.

    Expõe claramente o centro das ações deletérias iniciadas  com o neoliberalismo e expandidas com a globalização.

    A dominância do capital improdutivo aliado à grande mídia anestesiou o povo em todos os quadrantes. As lideranças populares e nacionalistas foram dizimadas.

    Agora começa o refluxo pela atuação da juventude, sempre ela, a contestar o pensamento da “corrente principal”, a “mainstream” .

    Estamos em época de mudanças.

    Que venha forte.

    1. Reagan  é considerado pela

      Reagan  é considerado pela maioria dos americanos um grande Presidente, Bush filho tem uma má avaliação mas é um elemento do establishment tradicional do Partido Republicano, Trump é um ponto absolutamente fora da curva.

  4. Até o Trump é culpa do PT!

    Precisamos urgentemente do programa MAIS PSIQUIATRAS, porque é insuportável essa tara patológica, que abrange 100% da direita e amplo espectro da esquerda brasileira, que tudo no mundo (ATÉ O TRUMP!) é culpa do PT.

  5. No caso especìfico da JBS

    No caso especìfico da JBS acho que o gigantismo facilitou as vendas externas (exportação). Adquirir empresas lá fora, principalmente norteamericanas e européias, é um meio de evitar certos embargos econômicos.

     

    1. Meu caro, ao adquirir a

      Meu caro, ao adquirir a Pilgrim´s Pride e a Swift, ambas em situação pre-falimentar, a JBS prestou um grande serviço aos Estados Unidos, recuperando a capacidade americana de processar e exportar carne, especialmente para o Japão e Oriente Medio.

      Na verdade a JBS preservou e ampliou a capacidade exportadora da pecuaria americana, nossa maior concorrente nosmercados mundiais e agora vão coroar a tarefa mudando sua sede mundial para a Irlanda, dizendo adeus ao Brasil.

      O BNDES. que tem 22% do capital do grupo,  está tentando barrar essa mudança para a Irlanda, para escapar da tributação no Brasil mas acho que no final a JBS conseguirá.

       

  6. É impressão minha ou você

    É impressão minha ou você está pedindo a volta do PT? A política dos que estão aí nós ja conhecemos dos anos Collor e FHC. Sabemos no que deu.

    A do PT? poderia ser boa se após o Lula a presidência tivesse sido ocupada por alguém com um pouco mais de traquejo político.

    Acredito piamente(posso estar enganado) que o PT TINHA projeto de desenvolvimento do país baseado no pré-sal e industria naval e de defesa.

    Agora, o projeto é de desmonte e entrega total a tal de globalização, o que nos coloca, como sempre, na contramão da história. Os mediocres que assumiram o governo não percebem como você(André) percebe que a globalização atingiu o fim do seu ciclo. Não deu certo e se não for em grande parte revista, o futuro da nossa espécie não será brilhante. 

    Acho que o PT poderia ter feito melhor em seus treze anos de governo, mas o que está aí meu caro, é para detonar tudo, incluindo a economia, a democracia, o estado de direito, o respeito internacional, o direito de livre expressão, a convivência pacífica entre as pessoas, etc etc

    Estou desconfiado que este é o início do derretimento do Brasil como nação.

    1. Getulio Vargas, Juscelino

      Getulio Vargas, Juscelino Kubtschek e o Governo Militar de 1964 e o PT tinham projeto nacional, os quatro cometeram erros de percurso e os projetos nacionais foram detonados. O PT cometeu o erro capital de escolher uma pessoa absolutamente desprovida das condições de conduzir um grande Pais, qualquer outro nome do PT seria melhor.

      Dos quatro BRICs (não considero a Africa do Sul no grupo) , o Brasil é o UNICO Pais que hoje tem como projeto se submeter ao sistema financeiro anglo-americano, Russia, China e India tem SOLIDOS projetos nacionais.

  7. André, uma dúvida = no início

    André, uma dúvida = no início do post você citou Hoover ao lado de Lincoln e os Roosevelts , Einsenhower. Mas Hoover não foi o presidente que jogou os EUA na depressão, ou seja, foi responsável por um dos maiores desastres econômicos da história – e que de verdade só foi resolvido, apesar dos esforços de Roosevelt pra evitar que o país entrasse em colapso, por causa da segunda guerra?  

    1. Herbert Hoover é considerado

      Herbert Hoover é considerado um dos Presidentes de melhor reputação e estatura no Seculo XX. A crise de 1929

      foi provocada pelo capitalismo privado americano e não pelo Governo. De fato Hoover não soube lidar com a crise

      mas isse não o desqualifica como Presidente, ele tambem foi importante logo após o fim da Primeira Guerra quando a Hoover Commission, uma especie de prévia do Plano Marshall do pós Segunda Guerra, impediu que a Europa morresse de fome. Hoover organizou o esforço americano de suprir a Europa devastada de alimentos, uma tarefa de grande envergadura e muito bem sucedida, ideia e organização de Hoover.

      A Comissão Hoover inclusive ofereceu alimentos à então Russia Sovietica, oferecimento polidamente recusado por Lenine

      que acreditava que o auxilio americano teria riscos politicos excessivos para o novo regime.

      1. Não sabia de todas essas

        Não sabia de todas essas qualidades do Hoover. Mas infelizmente é como um motorista de ônibus que sempre fez tudo certo mas que num momento por não saber o que fazer num acidente de trânsito, toma uma decisão errada e isto custa a vida de várias pessoas. Não importa o passado impecável do motorista. Esse erro é o que marcará a sua vida profissional. 

  8. Como…

    “Como uma democracia que teve à sua testa homens como Lincoln, os dois Roosevelt,  Hoover, Eisenhower, pode ter como aspirante à Presidência uma figura do naipe de Donald Trump?”

    Na verdade o correto seria: “Como uma democracia que teve à sua testa homens como Lincoln, os dois Roosevelt,  Hoover, Eisenhower, pode ter como aspirante à Presidência figuras do naipe de Donald Trump e Hillary Clinton?”. Esses dois candidatos disputando como únicos viáveis à Presidência estadunidense mostra a real e desgraçada situação de lá; o bufão x a plutocratacia insana…

  9. No final dos anos 80, mais precisamente no primeiro ano do

    Collor (Argh!) um vendedor de carros usados em BH cultivava o slogan “Que venham os anos 90”. 

    Parece que hoje em Brasília se diz que “os anos 90 voltaram!”. 

    Se repararmos nos principais atores governamentais, quase todos eles tinham alguma boquinha naqueles anos 90, quando começou o laboratório neoliberal no Brasil, e estes tentam impor novamente ao povo brasileiro essas idéias degeneradas. 

    Não apresentam nada de novo, só essas velharias daquela época. O problema é que não conseguirão convencer aquele cidadão (modesto daquela época que depois já pôde comprar um carrinho usado) para voltar a andar de busão. 

     

    1. Podia ser pior, podíamos voltar aos anos 80

      Então estamos de volta aos anos 90? Podia ser pior: podíamos estar de volta aos anos 80, década do colapso do nacional-estatismo iniciado nos anos 30. Quem não se lembra daquela combinação de inflação alta com desemprego alto, estagnação, desesperança e planos fracassados um atrás do outro?

      Os anos 90 não foram tão ruins. Foram a etapa necessária para que o país entrasse no ciclo de crescimento dos anos 2000. Ciclo que terminou.

        1. Você não viveu os anos 80?

          Apesar da atual recessão, o que impede que o nivel de vida do povo caia aos níveis dos anos 80 é a estabilidade econômica: apesar de tudo a inflação não saiu do controle, o que significa que o salário mínimo ainda vale alguma coisa e as bolsas e benefícios não viraram tostões. Mas se a inflação voltar em prol do “desenvolvimento”, aí teremos de volta integralmente o cenário dos anos 80: ruas cheias de camelôs e os aeroportos cheios de gente saindo.

  10. Listinha

    E eu vou compilando nossa listinha de debates propositivos:

    1) Reformar o CMN;

    2) Manter o câmbio permanentemente desvalorizado;

    3) Entender a inserção do Brasil na globalização como país com autonomia de matérias-primas

  11. Aquisições, fusões e incorporações: a teoria do fato consumado

    As duas empresas negociam durante meses, fecham a transação acertando todos os detalhes, divulgam tudo ao Mercado. Daí, depois do fato consumado, submetem a negociação ao CADE. Foi o caso Nestlè X Garoto, salvo engano o CADE levou cerca de 2 anos analisando a transação, e enquanto isso, sofrendo veladamente todas as pressões possíveis. Para não ficar muito feio, o CADE faz uma lista de “severas” exigências e autoriza o negócio. Jogo de faz de conta. 

  12. Globalização: um espantalho

    Tal como o neoliberalismo, o termo “globalização” tem sido cada vez mais esvaziado de seu sentido original e tornado um espantalho, ou judas de sábado de aleluia. Dizer que a globalização teve início com o fim da guerra fria é uma simplificação grosseira, e dizer que desde então o nível de vida do povo americano tem caído de forma incessante é mentir na cara dura. Todos os inidicadores, seja de nível de renda ou de desemprego, têm oscilado com altos e baixos, como aliás sempre tem sido. O fenômeno Trump pode ter relação com alguma insatisfação profunda do povo americano, mas relatá-lo somente á globalização é muito vago. Mesmo porque a globalização não começou ontem.

    É claro que aspectos isolados da globalização podem ser controlados ou revertidos, como mostra o recente caso do Brexit, mas o fenômeno como um todo não foi criação de um grupo de economistas nem teve início em um momento específico. A globalização é a consequência inevitável do encurtamento das distâncias, que decorre do aumento das populações e dos progressos nos transportes e das comunicações. Qualquer um pode citar aspectos positivos e negativos, mas anular a globalizaçao como um todo é uma quimera, uma fantasia de quem até hoje sonha com o fim do capitalismo.

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