Uma visão global sobre a moralidade

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Enviado e traduzido por JNS

do Pew Research Center

VISÃO GLOBAL SOBRE A MORALIDADE

O Pew Research Center entrevistou 40.117 pessoas em 40 países diferentes para realizar o estudo dos dados pesquisados em 2013.

Os gráficos da pesquisa sobre Atitudes Globais do Pew Research Center  mostram a opinião das pessoas em oito que, muitas vezes, são temas considerados como questões morais, envolvendo: casos extraconjugais, jogos de azar, homossexualidade, aborto, sexo antes do casamento, consumo de álcool, divórcio e uso de contraceptivos.

O primeiro gráfico abaixo dá a resposta média em todo o mundo. As pessoas desaprovam mais os casos extraconjugais, que são apontados por 78% das pessoas como moralmente inaceitáveis, enquanto 14% dos entrevistados, o menor índice da pesquisa, apontou o uso de anticoncepcionais como inaceitável.  Temas como o sexo antes do casamento e o uso de álcool apresentaram mais polarização.

Os gráficos mostram os resultados obtidos, identificando as regiões específicas nas cores impressas à esquerda dos nomes do países:

– verde: região da Ásia / Pacífico

– malva: Europa

– azul claro: América Latina

– pêssego: Oriente Médio

– azul brilhante: América do Norte

– marrom: África Sub-Saariana.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

A região onde as pessoas vivem no mundo exerce influência sobre o que elas consideram moralmente mais ou menos aceitável e inaceitável.

Os países africanos e, predominantemente, os muçulmanos tendem a achar que a maioria dos temas abordados são, moralmente, inaceitaveis, enquanto nas economias mais avançadas, como as da Europa Ocidental, do Japão e da América do Norte, as pessoas tendem a aceitar mais ou não considerar os temas abordados como questões morais.

Veja o detalhamento de cada tópico pesquisado de acordo com as respostas obtidas em 40 países.

 

CASOS EXTRACONJUGAIS

 

Mais da metade das pessoas em todos os países – menos a França – consideram como imoral.

Pew extramarital affairs

 

JOGOS DE AZAR

 

Na África e no Oriente Médio, jogo foi rotulado como inaceitável. Na França, no Canadá e nos EUA, no entanto, menos de um quarto acham que o jogo não é aceitável.

 

Pew gambling

 

HOMOSSEXUALIDADE

 

Mais de 90% dos entrevistados em sete países (Egito, Gana, Indonésia, Jordânia, Territórios Palestinos, Tunísia e Uganda) dizem que a homossexualidade é inaceitável. Os europeus, no entanto, são muito menos propensos a dizer o mesmo.

homosexuality Pew

 

PRÁTICAS ABORTIVAS

 

Metade ou mais dos entrevistados em 26 dos 40 países acreditam que o aborto é moralmente inaceitável. 

A maioria da população da África Subsaariana, da América Latina e dos países de maioria muçulmana, na Ásia e no Oriente Médio, consideram o aborto imoral, enquanto a Europa Ocidental, a Austrália, o Canadá e o Japão avaliam o contrário ou indiferente.

Pew abortion

 

SEXO ANTES DO CASAMENTO

 

Os países muçulmanos acreditam, fortemente, que o sexo antes do casamento é inaceitável, enquanto cerca de 10% ou menos das pessoas entrevistadas na Alemanha, na França e na Espanha concordam com este julgamento.

Pew premarital sex

 

CONSUMO DE ÁLCOOL

 

As opiniões sobre o uso de álcool variam entre os 40 países, mas, predominantemente, é problemático sob a ótica da população de países muçulmanos. 

Menos de 10% dos inquiridos consideram que beber é moralmente inaceitável na Grã-Bretanha, no Canadá e no Japão. 

Pew alcohol use

 

DIVÓRCIO

 

Pew divorce

 

CONTRACEPÇÃO

 

O uso de anticoncepcionais é a questão mais amplamente aceita entre todos os temas incluídos na pesquisa. 

Em 17 países, a percentagem de pessoas dizendo que é moralmente “inaceitável” está na casa de um dígito e só no Paquistão, Nigéria e Gana mais da metade dos entrevistados não aprovam o uso de anticoncepcionais.

contraception Pew

http://www.businessinsider.sg/heres-how-the-world-feels-about-8-moral-questions-2014-8/#.VARL9sWsGpA

 

RESUMO DAS OPINIÕES GLOBAIS SOBRE OITO QUESTÕES MORAIS EM 40 PAÍSES

LINK: http://www.pewglobal.org/2014/04/15/global-morality/

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

24 Comentários

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    1. Moral é conceito relativo.

      Moral é conceito relativo. Por exemplo: não vejo nada demais sexo fora do casamento(merce de bem casado há mais de 32 anos e não precisar disso), tomar umas e outras, usar preservativos(questão de saúde pública). 

      Em compensação, acho de uma IMORALIDADE chocante, abjeta, poucos acumularem tanto e tantos passarem tantas privatizações. Ao ver uma criança na rua, um trabalhador ganhando um salário mínimo, um doente não ter dinheiro para comprar o remédio enquanto outros gastam 1000 reais numa garrafa de vinho ou desfrutam de iates, me dá uma uma asco danado. 

      1. E o que vc acha do sexo no

        E o que vc acha do sexo no sofa domingo a noite?  O Raphael ou a Michele gemento no salao enquanto vc e o marido preparam o macarrao? 

        Ah! moral, sua estupida.

         

      2. Para a esquerda a moral é

        Para a esquerda a moral é relativa, para pessoas normais a moral não é relativa.

        Se o post “pegar” a resposta esta mais acima.

        Sobre a sua assertiva sobre a desigualdade, a indignação sobre o fato é natural, a nossa grande diferença esta na solução para estes problemas, para vocês da esquerda justifica destruir a ordem para que supostamente se faça justiça social, ou seja confiscar com o uso da  força  propriedade de terceiros para distribuir.

        Observe que em pouco tempo todos serão necessitados.

         

        1. Existe moral absoluta? Se

          Existe moral absoluta? Se positivo, de onde emana? Claro que os crentes e/ou praticantes de religiões irão afirmar que vem de “fora”, ou seja, de deus. 

          Bem, mas quantos “deuses” existem? Não precisa ir tão longe: mesmo dentro do Cristianismo que acolhe incontáveis denominações, alguns preceitos ditos morais não são unanimidade. 

          Se não acredito em deus e deuses passo a ser amoral automaticamente? Sem trocadilho: que moral tens para fazer uma afirmação tão arrogante? Teu fanatismo ideológico te leva a expelir disparates do tipo. 

          O que é mesmo uma pessoa “normal”, Aliança Liberal? Respondo: é aquela que não “reza” pela mesma cartilha tua. Ou do grupo ideológico a que te afinas. 

          Aponte pelo menos um, somente um, preceito moral que não possa ser seguido por um descrente. Idem para uma amoralidade que vocês não possam incidir. 

    2. Esse comentário…

      …está muito mais para conservador do que liberal! Ou o nick é só uma manobra de diversionismo?

      Eu prefiro acreditar em valores como integridade, lealdade, honestidade, diversidade, tolerância e respeito.

    3. Um pouco de desinformação nos

      Um pouco de desinformação nos comentários do que é conservadorismo e liberalismo.

      Dez Princípios Conservadores – por Russell Kirk

      Primeiramente, o conservador acredita que existe uma ordem moral duradoura. Que a ordem está feita para o homem, e o homem é feito para ela: a natureza humana é uma constante, e as verdades morais são permanentes.
      A palavra ordem significa harmonia. Há dois aspectos ou tipos de ordem: a ordem interna da alma, e a ordem exterior da comunidade. Há vinte e cinco séculos, Platão ensinou esta doutrina, mas mesmo os letrados de hoje em dia encontram dificuldades em compreender. O problema da ordem tem sido uma preocupação central dos conservadores desde que o termo conservador passou a fazer parte da política.
      Nosso mundo do século vinte experimentou as conseqüências hediondas do colapso da crença em uma ordem moral. Como as atrocidades e os desastres da Grécia no quinto século antes de Cristo, a ruína de grandes nações em nosso século mostra-nos o poço em que caem as sociedades que se enredam em ardilosos interesses próprios, ou engenhosos controles sociais, como alternativas mais palatáveis a uma antiquada ordem moral.
      Foi dito pelos intelectuais de esquerda (“liberals”) que o conservador acredita, com o coração, que todas as questões sociais são questões da moralidade privada. Compreendida corretamente, esta indicação é bastante verdadeira. Uma sociedade em que os homens e as mulheres são governados pela opinião em uma ordem moral perene, por um sentido forte de certo e errado, por convicções pessoais sobre a justiça e a honra, será uma boa sociedade — não importa a maquinaria política que utilize; quando uma sociedade em que os homens e as mulheres estão moralmente a deriva, ignorantes das normas, e movidos primariamente pela satisfação dos apetites, será uma má sociedade — não importando quantas pessoas votem ou quão liberal seja sua constituição.
      Segundo, o conservador adere ao costume, à convenção, e à continuidade. São os princípios antigos que permitem que as pessoas vivam juntas pacificamente. Os demolidores dos costumes destroem mais do que sabem ou desejam. É através da convenção, palavra tão abusada nos nossos tempos, que conseguimos evitar disputas perpétuas sobre direitos e deveres: as leis, em sua essência, são um conjunto de convenções. Continuidade é o agregado dos meios de se ligar uma geração à outra, e ela importa tanto para a sociedade quanto para o indivíduo. Sem ela, a vida é sem sentido. Quando revolucionários bem sucedidos apagaram velhos costumes, ridicularizaram antigas convenções e quebraram a continuidade das instituições sociais, neste mesmo instante descobriram a necessidade de repô-los por novos, mas este processo é lento e penoso, e a nova ordem social que eventualmente emerge nestas circunstâncias pode ser muito inferior à velha ordem que os radicais superaram em sua ardorosa busca pelo “Paraíso Terreno”.
      Conservadores são campeões dos costumes, convenção e continuidade, porque eles preferem o diabo que conhecem do que áquele que não. Ordem, justiça e liberdade, eles acreditam, são produtos artificiais de uma longa experiência social, o resultado de séculos de tentativas, reflexão e sacrifício. Desta forma, o corpo social é um tipo de corporação espiritual, comparável à Igreja, podendo mesmo ser chamada de comunidade de almas. A sociedade humana não é nenhuma máquina para ser tratada mecanicamente. A continuidade, o sangue da vida de uma sociedade, não pode ser interrompida. O lembrete de Burke sobre a necessidade de mudanças prudentes está nas mentes dos conservadores. Mas a mudança necessária, argumentam os conservadores, deve ser gradual e discriminatória, nunca removendo antigos interesses de uma vez.
      Terceiro, os conservadores acreditam no que pode ser chamado o princípio da prescrição. Conservadores percebem que as pessoas modernas são anãs sobre os ombros de gigantes, capazes de ver mais longe que seus ancestrais apenas por conta da grande estatura daqueles que os precederam no tempo. Portanto, os conservadores freqüentemente enfatizam a importância da prescrição, isto é, das coisas estabelecidas pelo uso desde tempos imemoriais, de modo que a mente humana não busca os seus contrários. Existem direitos cuja principal sanção é sua antigüidade, estando os direitos de propriedade, freqüentemente, aí incluídos. Da mesma forma, nossa moralidade é em grande parte prescritiva. Os conservadores argumentam ser bastante improvável que nós, os modernos, façamos alguma brava descoberta nos campos da moralidade, política ou gosto. É perigoso ter de ponderar cada problema com base no julgamento e na racionalidade pessoal. O indivíduo é tolo, mas a espécie é sábia, nos ensina Burke. Em política fazemos bem em seguir por precedência, preceito e mesmo pré-julgamento, pois a humanidade adquiriu uma sabedoria muito maior do que qualquer racionalidadezinha de um único homem.
      Quarto, os conservadores são guiados por seu princípio da prudência.Burke concorda com Platão que para o estadista, a prudência é a maior dentre as virtudes. Qualquer medida pública deve ser avaliada por suas prováveis conseqüências de longo prazo, e não meramente por alguma vantagem ou popularidade temporárias. Os liberais e os radicais, diz o conservador, são imprudentes: perseguem seus objetivos sem dar muita atenção ao risco de que novos abusos sejam piores do que os males que esperam eliminar. Como John Randolph de Roanoke bem colocou, a providência move-se lentamente, mas o diabo sempre se apressa. Sendo complexa a sociedade humana, os remédios não podem ser simples se devem ser eficazes. O conservador afirma que age somente após suficiente reflexão, pesando as conseqüências. Reformas, assim como as cirurgias, são perigosas quando repentinas e profundas.
      Quinto, os conservadores prestam atenção ao princípio da diversidade.Eles sentem afeição pela intrincada proliferação de instituições sociais e de modos de vida estabelecidos de longa data, a distingüi-las da uniformidade reducionista e do igualitarismo dos sistemas radicais. Para a preservação de uma saudável diversidade em qualquer civilização, nela devem sobrevir ordens e classes, diferenças em condições materiais e diversos modos de desigualdade. As únicas formas verdadeiras de igualdade são aquelas do Julgamento Final e aquelas perante um justo tribunal da lei; todas as demais tentativas de nivelamento irão conduzir, na melhor das hipóteses, à estagnação social. A sociedade requer liderança honesta e capaz; e se as diferenças naturais e institutionais forem destruídas, nesta mesma hora algum tirano ou um desprezível representante de oligarcas criará novas formas de desigualdade.
      Sexto, os conservadores se purificam por seu princípio da imperfeição (“imperfectability”). A natureza humana sofre irremediavelmente de determinadas falhas graves, o sabem os conservadores. Em sendo o homem imperfeito, nenhuma ordem social perfeita pode ser criada. Por conta de seu desassossego, a humanidade se rebelaria sob qualquer dominação utópica, e iria, mais uma vez, eclodir em violento descontentamento — ou então iria exaurir-se em tédio. Perseguir uma utopia é terminar em desastre, diz o conservador: nós não fomos feitos para coisas perfeitas. Tudo que podemos razoavelmente esperar é uma sociedade toleravelmente ordenada, justa, e livre, na qual alguns males, desajustamentos e sofrimentos estarão sempre presentes. Por intermédio de reformas prudentes podemos preservar e melhorar esta ordem tolerável. Mas se as antigas salvaguardas institutionais e morais de uma nação forem negligenciadas, então o impulso anárquico da humanidade será liberado de suas amarras: “a cerimônia da inocência estará perdida.” As ideologias que prometem a perfeição do homem e da sociedade converteram uma grande parte do mundo do século vinte em um inferno terrestre.
      Sétimo, conservadores estão convencidos de que a liberdade e a propriedade são intimamente relacionadas. Separe a propriedade da possessão privada e o Leviatã se transformará no mestre de todos. Por sobre as fundações da propriedade privada são erigidas grandes civilizações. Quanto mais difundida for a posse da propriedade privada, mais estável e produtiva será uma comunidade. Nivelamento econômico, crêem os conservadores, não é sinônimo de progresso econômico. Acumular e gastar não são os principais objetivos da existência humana; mas uma base econômica sadia para o indivíduo, a família e a comunidade deve ser almejada.
      Henry Maine, em sua “Village Communities”, expõe eloqüentemente a causa da propriedade privada em distinção à propriedade comunal: “Ninguém tem a liberdade de atacar as diversas formas de propriedade privada e, ao mesmo tempo, dizer que valoriza a civilização. A história de ambas não pode ser desentrelaçada.” A instituição da propriedade privada tem sido um instrumento poderoso para ensinar responsabilidade a homens e mulheres, para prover motivos para a integridade, para suportar a cultura geral, para levantar a humanidade acima do nível do mero penoso laborar, por permitir o ócio para o pensar e a liberdade para agir. Para poder reter os frutos do trabalho do indivíduo e torná-los permanentes; para poder legar a propriedade de alguém à sua posteridade; para poder erguer-se da condição natural de opressiva pobreza à segurança da realização duradoura; para ter algo que realmente pertença a si mesmo — estas são vantagens difíceis de negar. O conservador reconhece que a posse da propriedade impõe certos deveres ao proprietário e aceita estas obrigações morais e legais alegremente.
      Oitavo, conservadores suportam ações comunitárias voluntárias, tanto quanto se opõem ao coletivismo involuntário. Embora os americanos têm sido fortemente atrelados à privacidade e aos direitos privados, também são um povo notável pelo espírito bem sucedido de comunidade. Em uma comunidade genuína, as decisões que afetam mais diretamente à vida dos cidadãos são feitas localmente e voluntáriamente. Algumas destas funções são realizadas por instituições políticas locais, outras por associações privadas: desde que permaneçam locais e sejam acordadas por aqueles afetados, elas constituirão uma comunidade saudável. Mas quando estas funções passam, “naturalmente”ou por usurpação, à autoridade central, a comunidade estará em sério perigo. O que quer que seja benéfico e prudente na democracia moderna é feito a partir da vontade cooperativa. Se, então, em nome de uma Democracia abstrata, as funções da comunidade são transferidas a uma direção política distante — por que o governo real exercido pelo consentimento dos governados dá vez a um processo uniformizante que é hostil à liberdade e à dignidade humana.
      Pois nenhuma nação é mais forte do que as pequenas e numerosas comunidades de que é composta. Uma administração central, ou um conjunto de seletos administradores e servidores civis, embora bem intencionados, não podem conceder justiça, prosperidade e tranquilidade a uma massa de homens e mulheres desprovidos de suas antigas responsabilidades. Essa experiência foi feita antes; e foi desastrosa. É o exercício de nossos deveres na comunidade que nos ensina a prudência, a eficiência e a caridade.
      Nono, o conservador percebe a necessidade de prudentes restrições ao poder e às paixões humanas. Politicamente falando, o poder é a habilidade de realizar a vontade de um não obstante a vontade dos demais. Um estado onde um indivíduo ou pequeno grupo seja capaz de dominar a vontade de seus concidadãos sem qualquer supervisão, será despótico, seja denominado monárquico, aristocrático ou democrático. Quando cada pessoa reivindica ser um poder para si mesmo, então a sociedade cai em anarquia. A anarquia nunca dura por muito tempo, sendo intolerável para todos, e contrário ao inelutável fato de que algumas pessoas são mais fortes e mais inteligentes do que seus vizinhos. À anarquia sucede a tirania ou a oligarquia, em que o poder é monopolizado por uns poucos.
      O conservador esforça-se para de tal forma limitar e balancear o poder político que a anarquia ou a tirania não possam surgir. Em cada era, não obstante, homens e mulheres são tentados a superar as limitações sobre o poder, por conta de alguma vantagem provisória almejada. É característico do radical pensar o poder como uma força para o bem — tão logo o poder caia em suas mãos. Em nome da liberdade, os revolucionários franceses e russos aboliram as antigas restriçõess ao poder; mas o poder não pode ser abolido; encontra sempre seu caminho para as mãos de alguém. Esse poder que os revolucionários tinham pensado ser opressivo nas mãos do antigo regime transformou-se, muitas vezes, tão tirânico quanto o anterior nas mãos dos novos mestres radicais do estado.
      Sabendo ser a natureza humana uma mistura de bem e de mal, o conservador não deposita sua confiança na mera benevolência. Limitações constitutionais, verificações e contrapesos políticos, o cumprimento adequado das leis, a antiga e intricada teia das restrições por sobre a vontade e os apetites — isto é o que o conservador aprova como instrumentos da liberdade e da ordem. Um governo justo mantém uma tensão saudável entre as reivindicações da autoridade e as reivindicações da liberdade.
      Décimo, o pensador conservador compreende que essas permanências e mudanças devam ser reconhecidas e reconciliadas em uma sociedade vigorosa. O conservador não é oposto à melhoria social, embora duvide que haja algo como uma força geradora de algum Progresso místico, com “P” maiúsculo, operando no mundo. Quando uma sociedade está progredindo em alguns aspectos, geralmente está declinando em outros. O conservador sabe que toda sociedade saudável é influenciada por duas forças, que Samuel Taylor Coleridge chamou de sua Permanência e sua Progressão. A Permanência de uma sociedade é formada por aqueles interesses e convicções perenes que nos dão a estabilidade e a continuidade; sem essa Permanência, as origens profundas da sociedade são desfeitas, que cai em anarquia. A Progressão em uma sociedade é esse espírito e esse conjunto de talentos que nos incitam à reforma e à melhoria prudentes; sem essa Progressão, um povo irá estagnar.
      Conseqüentemente o conservador inteligente esforça-se para reconciliar as demandas da Permanência e as da Progressão. Pensa que o liberal e o radical, cégos às justas reivindicações da Permanência, poriam em perigo a herança nos legada, em um esforço para apressar-nos em algum duvidoso Paraíso Terrestre. O conservador, resumidamente, favorece o progresso racionalizado e moderado; é oposto ao culto do progresso, cujos adeptos acreditam que tudo que é novo é necessariamente superior a tudo que é velho.
      A mudança é essencial ao corpo social, raciocina o conservador, apenas porque é essencial ao corpo humano. Um corpo que cessasse de se renovar começaria a morrer. Mas se esse corpo deve ser vigoroso, a mudança deve ocorrer de forma regular, harmonizando-se com a forma e a natureza desse corpo; se não a mudança produz um crescimento monstruoso, um câncer, que devora seu anfitrião. O conservador crê que nada em uma sociedade deva ser sempre completamente antigo, e que nada deva ser sempre completamente novo. Estes são os meios de conservação de uma nação, pois que são os meios da conservação de um organismo vivo. Apenas o quanto de mudança uma sociedade requer, e que sorte de mudança, depende das circunstâncias de uma era e de cada nação.
      Tais são então os dez princípios que têm aparecido freqüentemente ao longo destes dois séculos do pensamento conservador moderno. Outros princípios de igual importância poderiam ter sido discutidos aqui: a compreensão conservadora da justiça, ou a visão conservadora da educação. Mas tais assuntos, com o tempo a se esgotar, eu devo deixar a sua própria investigação.
      O grande divisor de águas na política moderna, Eric Voegelin costumava apontar, não é a divisão entre liberais de um lado e totalitários do outro. Não, em um lado dessa linha estão todos aqueles homens e mulheres que acreditam que a ordem temporal é a única ordem, e que as necessidades materiais são suas únicas necessidades, e que podem fazer o que quiserem com o patrimônio humano. No outro lado dessa linha estão todos aqueles povos que reconhecem uma ordem moral perene no universo, em uma natureza humana constante, e em elevados deveres para a ordem espiritual e a ordem temporal.

       

       

  1. Marina Malafaia

    Conseguimos visualizar os lugares onde Malafaia e Marina devem ir morar! Estes países, por terem estas posições contra o aborto, a homossexualidade, o alcool, etc, devem certamente serem abençoados por Deus (Gâmbia, Paquistão, Nigéria, etc)

      1. Sem dúvida, em especial um

        Sem dúvida, em especial um país que gente conhece bem e chama Brasil… especialmente nos temas aborto e alccol 

  2. Legal o conjunto de

    Legal o conjunto de informações caro JNS. Mas eu fiquei curioso para saber do Reino Unido. Eu acho que será mais parecido com França e Alemanha, mas só acho.

  3. Moralidade???

    Uma boa pergunta a respeito dos pressuspostos não explicitados dessa pesquisa (aparentemente de inspiração cristã e liberal) é por que a ideia de “moralidade” estaria tão estreita e necessariamente associada à sexualidade, reprodução e casamento, já que a maioria esmagadora dos critérios de sondagem diz respeito a tais aspectos?

    A “moralidade” é sempre e irremediavelmente algo do domínio do indivíduo? Ou seja, a “moralidade” seria, no fundo, um conceito “burguês”? Seria uma projeção de expectativas burguesas sobre o tal “global”? Seria também uma forma de caricaturizar, por meio de critérios estreitos, outras lógicas de pensamento, para reiterar o clichê de que a velha civilização européia e liberal ainda é a mais tolerante?

  4. É inacreditável a  capacidade

    É inacreditável a  capacidade do ser humano de estabelecer e impor autoritariamente regras e comportamentos aos outros,  inacreditável a falta de empatia e de compaixão com o próximo. 

    Se alguém é contra sexo entre adultos não casados, álcool, divórcio, relações extraconjugais, o que for que não agrida os direitos da pessoa humana de terceiros, em vez de legitimamente se limitar a não ter esse comportamento ou agir dessa forma, querem impor seu modo de pensar a todos, mostrando seu caráter autoritário,  de pequenos ditadores estimulados  por ideologias e religiões medievais que servem a sistemas lucrativos para alguns, esses sim imorais.    

    O próprio título da pesquisa é de um falso moralismo descarado pois na verdade essas questões não são ou não deveriam ser consideradas de caráter moral.     

    Moralidade verdadeira é a que se choca com todas essas guerras civis no planeta, Ucrânia,  Síria,  Libia, Iraque, Afeganistão,  etc., motivadas, propulsadas e propagadas pelo complexo econômico industrial militar das potências mundiais, que geralmente começam com sua intervenção, seja militar, de desestabilização ou bombardeio.   

    Moralidade verdadeira é a que se choca com o abandono total do continente africano, depois de exploração intensa do berço da humanidade, a miséria total, guerras fraticidas e a doenças terríveis,  pelas mesmas potências mundiais, incapazes de gastar sequer 1 ou 2% de seus orçamentos militares no resgate desses seres humanos atingidos por causas de sua responsabilidade.

     

  5. se dependesse de moralidade,

    se dependesse de moralidade, a arte estaria extinta.

    james  joyce jamais surgiria comogenio da literatura.

    etc

    e tal.

  6. Pesquisa ou Indução?

    Francamente, mas que pesquisa hein!  Beira a estupidez generalizada, pra não dizer outra coisa.

    Mas, vamos brincar com esta pesquisa.

    Comecemos pelos tais “casos extraconjugais”. Ora, que se  dane  os casos extraconjugais!  Aliás, queria saber quem foi o imbecil que mudou a regra aqui no Brasil. Foram mais de 300 anos de pura poligamia. Suruba generalizada pelas REDES dos grandes senhores OCIOSOS e comedores de crianças de 10, 11, 12 anos. Quinze anos já era muié véia! Frade, Padre, franciscanos, jesuítas em conventos ou fora deles, rezando missa para esposa do  sacerdote que se encontrava em traballho de parto, não raro, mulatinhas, as mais bonitas é claro. Enfim, um bando de  tarados gerando outro bando de pessoas, ops, semoventes ou ilegítimos,  sem qualquer obstáculo pelo direito de família “liberal”! Tudo em prol da geração de “gente” para “criar” essa terrinha que já recebeu um nome muito original de Estados Unidos do Brasil. É claro, sugestão de um “liberal” daqueles, ó, chuác! Beleza pura!

    Evidentemente, para os mais atentos, no fundo, gerava CAPITAL para os engenhos , isto é, gerava semoventes com sua propriedade privada que coincide com o próprio corpo. Um espécie de aumento de capítal!  Seria uma aplicação da tese de Locke nos ameríndios atrasados!?

    O bacanal de mais de 300 anos gerou caboclos, mestiços , e até gente boa, “fidalgo”,   que recebeu  boa HERANÇA e passa a  publicar livros com teses ” iluministas” de coimbra! 

    Tempo bom esse da poligamia, não!?

    E depois de um bacanal de mais de 300 anos ou  400 anos,  me vem com essa de levantar pesquisa de  moralidade nos  “países”. Que babaquice!

    Aliás, definiram primeiro para os mentecaptos  que vem a ser a tal da MORAL?  O que é moral!? Explicaram para os pesquisados? 

    Essa moral IMBECIL proposta pela pesquisa , ao que tudo indica, não passa de mais uma tentativa de   padronização de comportamentos  em busca do “resultado”, isto é, aquele agrupamento “familiar” de   FLUXO ECONÔMICO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO. Evidentemente, uma economia de mercado a ser explorada pelo mercantilismos do século XXI , travestido de globalização. Aliás, ums globalização que invade  COSTUMES dos  povos DIFERENTES! Ah! vá se f…. pesquisa! 

    Se estamos no Estado democrático de direito impessoal e de direito positivo o que devemos  fazer é respeitar  a LEI. Respeitá-la a ponto de ser  DESNECESSÁRIO todo aparato de  FISCALIZAÇÃO para que esta seja, efetivamente, implementada e respeitada com a devida boa-fé, ops, moral!  Inclusíve, em se tratando do uso de RECURSOS PÚBLICOS! ( eis a moral que intereressa!) Afastando-se, de uma vez por todas,  a estupidez entranhanada em  nossa “moral”!

    Talvez, quem sabe por ai, os desorientados de sempre  possam compreender a  revogação do artigo 240 de nosso código penal após lei 11.106/05 ( abolitio criminis do ADULTÉRIO!) Mantendo-se o que precisa ser mantido na esfera civil!

    Os outros tópicos da pesquisa beiram também à estupidez. Ora, o que dizer  do divórcio? da Homossexualidade? Aborto?

    Papo ultrapassado! É o mínimo que podemos dizer, mas , é claro, “as forças ocultas” estão ai agindo para MANTER a ORDEM E O PROGRESSO.  Resta saber porque essas mesmas forças “ocultas” não catequisaram a monogamia lá atrás, na época da SURUBA generalizada. Explica ai galera!

    Ora, cada um que se vire com suas tendências sexuais desde que RESPEITEM A LEI, melhor dizendo, o sentido da lei. Aliás, deveríamos antes  aplicar ,  sem qualquer demagogia,    tudo que  se encontra previsto até o artigo 18 da CR/88.

    Aí sim, teríamos uma “moral” e tanto! 

    É cada pesquisa…

     

  7. questões moralmente relevantes

    Considero as questões moralmente relevantes aquelas que direta ou indiretamente  afetam a vida de terceiros, ou seja as questões de reciprocidade. Desta forma ,casos extraconjugais, jogos  de azar, praticas abortivas, consumo de álcool e divórcio considero moralmente relevantes, Com excessão do divórcio, o Brasil se apresenta bastante conservador . Questões como homoxessualidade , sexo antes do casamento e contracepção tem mais a ver com liberdades individuais e o Brasil se apresenta bastante contemporãneo e avançado.

  8.  “Não roubarás” significa

     “Não roubarás” significa exatamente isso: é imoral roubar, com ou sem voto majoritário.

     Murray N. Rothbard

     

  9. O que?

    Cê tá de sacanagem né véio?…

    Em pleno  século XXI  propagar  essa  cosmologia ai?

     

    Anotei essa aqui essa passagem formidável. Vejamos.

    Primeiramente, o conservador acredita que existe uma ordem moral duradoura. Que a ordem está feita para o homem, e o homem é feito para ela: a natureza humana é uma constante, e as verdades morais são permanentes.

    O homem homeia e o gato gateia, logo, a ordem moral duradoura já foi escrita na “natureza”. Basta encontrar a sua função para exercê-la?

    Fala sério. Cê tá bricando, né? Pode falar vai. Diz ai que foi uma brincadeira. Vai lá, vai lá. A gente desconsidera.

     

    Caso contrário serei forçado a lhe sugerir a caverna, novamente. Contra a minha vontate, hem.. meu caro.

    Porém, tem ainda outra chance:  se quiser voltar para o brasil do  século XX,  explica ai pra gente  a “liberdade” da “aliança liberal” da década de 1930.

     

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