Carnaval 2019: Paraíso do Tuiuti critica Bolsonaro e clama por resistência

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Escola de samba apresentou um enredo de fortes crítica ao atual governo, aos ultraconservadores e mostrou forte apoio à resistência política

Foto: Fatpress

Jornal GGN – Após se destacar pelas críticas a Michel Temer no ano passado, a Paraíso do Tuiuti, a quinta a desfilar na madrugada do último domingo pela Marquês de Sapucaí, foi a escola mais ousada do carnaval do Rio de Janeiro neste 2019. Apresentou um enredo de fortes crítica ao atual governo de Jair Bolsonaro, aos eleitores da extrema direita e grande mobilização a favor da resistência.

Por trás da figura do “bode Ioiô”, que foi eleito vereador na cidade de Fortaleza em 1922 em uma crítica aos candidatos da época, o que a imprensa tradicional omitiu é que a letra da música também fazia um paralelo a Lula:

“Vocês que fazem parte dessa massa irão conhecer um mito de verdade: nordestino, barbudo, baixinho, de origem pobre, amado pelos humildes e por intelectuais, incomodou a elite e foi condenado a virar símbolo da identidade de um povo. Um herói da resistência!”, era a sinopse do samba-enredo.

Foto: Riotur

Por isso, a lenda do bode cearense foi usada como pano de fundo para enfatizar as críticas contra o atual sistema político. Conseguindo emplacar o vice-campeonato no ano passado, este ano, a escola atravessou a avenida por volta das 3h da madrugada de domingo para segunda-feira (04).

Intitulada “O salvador da pátria”, do carnavalesco Jack Vasconcelos, a lenda do bode Ioiô com críticas ao ultra conservadorismo e à intolerância dos tempos atuais conseguiu arrancar aplausos e reações positivas da Marquês. Entre as comissões, “Vendeu-se o Brasil no palanque da praça” foi a primeira a expor as críticas.

Foto: Fatpress

Com 10 cearenses, um bode e 3 políticos rodeando um palanque, em determinado momento os políticos caíam do palanque e o bode foi eleito, recebendo a faixa presidencial. Logo em seguida, entretanto, os políticos retornaram e arrancaram a faixa do bode, um símbolo ao golpe.

Foto: Fatpress

A Paraíso do Tuiuti também explorou as condições do clima do sertão e dos nordestinos. O mestre-sala e porta-bandeira encenaram o “sol escaldante” da região, brilhando pela avenida em meio a paisagens de seca.

Foto: Fatpress

Mas a última ala foi a que concentrou os recados mais diretos: um carro repleto de críticas sociais, mensagens contra a intolerância e personalidades como o deputado David Miranda, ativista LGBTI+, desfilando. Cores vibrantes e duas bandeiras grandes com a frase “Ninguém solta a mão de ninguém”, que ficou marcada como hino da resistência após a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições 2018.

Foto: Reprodução Redes

Além disso, fantasias surpreenderam, entre elas a última ala, intitulada “A peleja entre o bode da resistência e a coxinha ultraconservadora”, traziam pessoas vestidas de coxinhas carregando armas, a expressão dos eleitores de Bolsonaro conservadores, que brigavam com figuras que representavam os bodes da resistência.

Foto: SRzd

O samba-enredo, interpretado na avenida por Celsinho Mody e Grazzi Brasil, foi entoado por toda a escola de samba com muita energia e empenho.

Assista à íntegra do desfile da Paraíso do Tuiuti:

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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