Os grafiteiros e a valorização da arte urbana no Brasil

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Os grafiteiros Rogério Arab e Barbara Goy falam ao GGN sobre os desafios da disseminação do grafiti e a importância do apoio popular para o movimento
 
Foto: Instagram – @amazon_urb
Mural em Manaus
 
Por Ana Gabriela – Especial para o Jornal GGN
 
Jornal GGN –  As questões que envolvem as diferentes vertentes da arte urbana ganhou novo tom no início deste ano, quando as discussões em torno do grafiti e dos espaços conquistados para a pintura vieram à tona. O desnível na valorização do movimento grafiteiro é claro: enquanto capitais, como Manaus, vêm ganhando novas cores, outras acabam perdendo para o cinza, o que aconteceu com São Paulo na exclusão do maior mural de graffiti a céu aberto da América Latina. 
 
O poder público é a peça principal na disseminação do grafiti, é quem apoia e libera os espaços que podem ser preenchidos. Mas é a repercussão da arte em sociedade que dá força ao movimento.”A população é carente de arte ao extremo, ela não sabe como identificar uma arte e, infelizmente, a gente deu alguns passos para trás nesse último ano. Falta participação tanto da população quanto do poder público”, diz a artista plástica Barbara Goy, uma das grafiteiras que participou na criação do mural apagado em São Paulo. 
 
 
No início de 2017, com os murais que ocupavam a Avenida 23 de Maio, em São Paulo, cobertos por tinta cinza, os artistas não hesitaram em se manifestar. A população se contentou com a justificativa da gestão pública, que alegou ter apagado as pinturas porque estavam danificadas ou com pichações. Depois desse episódio, a disseminação do grafiti se tornou um desafio na capital. “Essa gestão está dificultando o nosso trabalho. Hoje, eu tenho muito mais dificuldade pra trabalhar e para realizar os projetos particulares.”, diz Barbara ao GGN.
 
Já o cenário que envolve Manaus, no norte do país, apresenta resultados positivos quando o assunto é grafiti. Com uma iniciativa da prefeitura, pontos urbanos foram revitalizados com novas formas e cores sob o tema “Amazônia”: muros foram invadidos por desenhos de índios, plantas e animais encontrados na floresta. 
 
“O apoio do poder público para disseminar a arte urbana em Manaus foi essencial. Nós artistas tínhamos potencial, estilo e conceito para apresentar um trabalho e não tínhamos suporte, estrutura e condições financeiras. Com esse projeto nós conseguimos o suporte necessário. A repercussão vem através do talento de cada artista e com o apoio do poder público, o casamento é perfeito.”, destaca o grafiteiro Rogério Arab, responsável por alguns dos desenhos espalhados em Manaus. 
 
O projeto na capital do Amazonas foi dividido em fases e a deste ano já foi finalizada. Entre a população a repercussão dos murais, de maneira geral, é positiva. Para os artistas envolvidos, o trabalho ajudou na emancipação de suas carreiras, na visibilidade das pinturas e do movimento como um todo.
 
“Hoje, Manaus se integra nacionalmente às grandes capitais em relação a arte urbana e, por fora, ainda consegue abranger a América do Sul, países como Peru, Colômbia e Venezuela estão acompanhando os trabalhos desenvolvidos aqui e isso é só um primeiro passo para que, futuramente, artistas locais, tanto de Manaus – do interior, quanto de todo norte, tenham uma carreira promissora, espalhando suas artes pelo mundo”, complata Arab, em entrevista ao GGN.
 
MAR
 
Diante da repercussão paulista em torno do programa Cidade Linda, que apagou o mural pintado por cerca de 200 artistas na Avenida 23 de Maio, o prefeito então decidiu apoiar e lançar o Museu de Arte de Rua – MAR, iniciativa de uma comissão independente. Já em sua segunda edição, o projeto acabou contando com a participação de artistas contrários à atual gestão.
 
”Respeito quem participou e admiro quem fez o projeto. São poucas as pessoas que tiveram coragem, bateram no peito e foram lá. Não sou a favor do Doria e da sua postura perante ao grafiti, mas independente da minha posição, independente de comissão, estamos lutando pelo grafiti”, afirma Barbara Goy.
 
Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

1 Comentário

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  1. Cidade linda é cidade cinza.

    Cidade linda é cidade cinza. Comida que não tem gosto. Grafite, uma arte que sai dos museus para ocupar as ruas, terá seu cercadinho num museu com catracas e tudo? 

    O Dória é a cara do teatro do absurdo que é o Brasil hoje

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