Diretor e dramaturgo Fauzi Arap deixa o teatro brasileiro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Morre o diretor e dramaturgo Fauzi Arap

Texto: SP Escola de Teatro

Fotografias e vídeos: Pesquisa Jornal GGN

Fauzi Arap, um dos dramaturgos e diretores mais importantes do teatro nacional, morreu, aos 75 anos, na manhã desta quinta-feira (5), em São Paulo, vítima de um câncer na bexiga. 

De acordo com familiares, Fauzi morreu enquanto dormia, em casa. O velório será realizado na Catedral Ortodoxa, no bairro do Paraíso, em São Paulo. O enterro acontecerá hoje (06), no cemitério São Paulo, em Pinheiros.

Fauzi Arap com Clarisse Lispector

Fauzi Arap nasceu na cidade de São Paulo, em 1938, e formou-se engenheiro civil, em 1961, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), mas foi no teatro que encontrou a sua área de atuação profissional, ao participar do Teatro Oficina, quando o grupo ainda era amador e, como ator, participou do elenco da primeira montagem profissional, em 1961: “A Vida Impressa em Dólar”, de Clifford Odetts, com direção de José Celso Martinez Corrêa. Por seu trabalho, recebe os prêmios Saci e Governador do Estado de Melhor Ator Coadjuvante.

Veja cenas de ensaio da peça “A Vida Impressa em Dólar”, do Teatro Oficina:

http://www.youtube.com/watch?v=9hI8BTjfSok]

Apesar dos prêmios e de atuações marcantes, tanto no Oficina como no Teatro de Arena, como “José do Parto à Sepultura”, de Augusto Boal, direção Antônio Abujamra, em 1961; “A Mandrágora”, de Maquiavel, direção Augusto Boal, em 1962; “Pequenos Burgueses”, de Máximo Gorki, em 1963, e “Andorra”, de Max Frisch, em 1964, ambas direções de José Celso Martinez Corrêa, passou a se dedicar mais à direção do que à atuação, que abandonou, em 1967, depois de dividir o palco com Nelson Xavier, em “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, de Plínio Marcos, em que também assinou a direção.

Encenação de “Pequenos Burgueses”

Como diretor, lançou importantes autores nacionais, como Plínio Marcos, Antônio Bivar (“Abre a Janela e Deixa Entrar o Ar Puro e o Sol da Manhã”) e José Vicente (“Assalto”). Seu nome ficou conhecido do grande público ao assinar a direção do show “Rosa dos Ventos”, em 1971, promovendo uma guinada na carreira da cantora Maria Bethânia e reafirmando a postura cênica da intérprete.

Veja uma apresentação de Maria Bethânia, no show “Pássaro da Manhã”, em 1977, declarando texto de Fauzi Arap:

[video:http://www.youtube.com/watch?v=ZPF8_u89sRE#t=167

Além de dirigir, iniciou, em 1975, a carreira de dramaturgo, encenando seu texto “Pano de Boca”, que lhe rendeu o prêmio Molière de Melhor Autor. Em 1983, com seu texto “Quase 84”, dirigido por Ivan de Albuquerque, voltou a ser premiado como autor, desta vez com o Prêmio de Mambembe.

Peça Pano de Boca

Nos anos 1990, trafegou por diferentes estilos de dramaturgia, dirigindo, sempre com sucesso, as peças “Santidade”, de José Vicente, que havia sido proibida pela Censura em 1968, e a comédia “Caixa 2”, de Juca de Oliveira. Com esses espetáculos, recebeu dois prêmios Shell de Melhor Direção.

Peça Caixa 2

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador