Duvivier narra dia de artista e provoca Feliciano

Jornal GGN – Em artigo para a Folha de S. Paulo, Gregorio Duvivier propõe um dia de artista para todos que acreditam que “artista é vagabundo”. “Você vai acordar às cinco da manhã. ‘Ah, mas é domingo’. Esse conceito de domingo não existe pro vagabundo. ‘Ah, mas minha família almoça todo domingo’. Ih, filho, melhor esquecer também esse conceito de família. Vagabundo não tem família”.

Ao final do texto, uma provocação ao deputado pastor Marco Feliciano, com quem discutiu durante a gravação ao vivo do programa Pânico, na rádio Bandeirantes. “Às seis da tarde você está liberado –se você não for da equipe técnica. Nesse caso ainda vai ter que fazer a desmontagem. Mais uma hora e meia de trânsito pra casa, onde vai ter que decorar o texto do dia seguinte, e por aí vai, 12 horas por dia, seis dias por semana: a semana de trabalho do vagabundo tem 72 horas. Ah, mas o dinheiro é ótimo! Certamente menor que o seu, pastor-deputado”. 

Da Folha de S. Paulo

Um dia de vagabundo

Por Gregório Duvivier

Pra quem acha que artista é vagabundo, queria sugerir um programão pra esse domingo: um dia na vida de um vagabundo. Você vai acordar às cinco da manhã. “Ah, mas é domingo”. Esse conceito de domingo não existe pro vagabundo. “Ah, mas minha família almoça todo domingo.” Ih, filho, melhor esquecer também esse conceito de família. Vagabundo não tem família.

Você acorda às cinco, mas a filmagem é só às seis (ufa, tem dia que é às quatro): você tem que ir pra Vargem Pequena –não me pergunte o porquê, mas cinema é sempre longe. No caminho, é capaz que você encontre amigos saindo da balada –ou talvez não, porque ainda é cedo pra sair da balada. Alguns estarão chegando na balada.

Chegando no set, você precisa fazer a barba para que alguém te cole uma barba postiça por cima da pele em carne viva de quem acabou de fazer a barba. São seis da manhã e você está em Vargem Pequena com o rosto cheio de pentelhos colados na bochecha. Isso se você não for mulher. Nesse caso, adicione uma hora colocando base e cílios e apliques e babyliss e megahair.

No figurino, você precisará sobrepor casacos de lã sobre camisas de flanela para curtir o verão de Vargem Pequena –caso seja inverno, o figurino será uma sunga (figurinistas, assim como dentistas e cobradores, caracterizam-se pelo sadismo). Depois que você sobrepôs todas as peças, um microfonista te pede para tirá-las pois ele precisa colocar o microfone na lapela.

Quando a luz e o som estiverem a postos, você deverá falar o texto. Mas tem que projetar a voz, porque tem uma obra rolando na casa ao lado (mesmo que você filme nos Lençóis Maranhenses, sempre haverá uma obra na casa ao lado) enquanto angula a cabeça pra que a luz chegue nos olhos, sempre repetindo os mesmos movimentos idênticos, senão a continuista infarta e, se lembrar, é importante ser engraçado. Caso acerte tudo, vai ter que repetir porque a câmera perdeu o foco (foquistas também se caracterizam pelo sadismo). É matemático: a cada cinco horas de filmagem, filma-se um minuto de filme.

Às seis da tarde você está liberado –se você não for da equipe técnica. Nesse caso ainda vai ter que fazer a desmontagem. Mais uma hora e meia de trânsito pra casa, onde vai ter que decorar o texto do dia seguinte, e por aí vai, 12 horas por dia, seis dias por semana: a semana de trabalho do vagabundo tem 72 horas.

Ah, mas o dinheiro é ótimo! Certamente menor que o seu, pastor-deputado. 

Redação

5 Comentários

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  1. O sujeito de nome Feliciano

    O sujeito de nome Feliciano diz que recolheu dinheiro para “ajuda” a mais de 20 anos e sita o terremoto do Haiti?

    1. Nem saber mentir direito ele sabe…

      Isso logo me chamou a atencao.

      O terremoto foi em 2010 e o deputado-pastor ou seria pastor-deputado disse que o video foi gravado ha 22 anos e sua fala era em relacao ao terremto do Haiti. 

      Ta dificil, muito dificil…

  2. O pastor-deputado primeiro

    O pastor-deputado primeiro vivia nababescamente às custas dos fieis incautos. Depois, decidiu ser deputado pra conseguir verbas e tudo mais porque precisa aumentar o rebanho e o número de igrejas. Aí, passar a ser as duas coisas, pastor e deputado. Nem trabalha numa coisa e tão pouco em outra, É tudo um divertimento ás custas de um bando de imbecil. Enquanto se despede na porta da igreja, ou casa de mãe joana, pra dirigir seu carrão, os fieis lhe dão adeus para seguirem “de a pé” para as suas casas, com menos uns caraminguais no bolso, que naquele dia encheu as sacolas do vagabo. 

    Acho que quem começou essa farra com o dinheiro do povo, descaradamente, foi bispo Macedo. Este pode ser considerado um homem muito inteligente para a produção do mal do outros em seu benefício. Tem parlamentar da Universal espalhado do mundo todo; Record no mundo todo, e sem contar com o número de igrejas, que já se sabe não faltar em lugar nenhum. E em cada lugar mais uma mansão para abrigar o ladrões. 

    E se o RJ tá ruim, calcule se Crivella ganhar as eleições. Não se pode duvidar que ele será o vencedor. Os fieis são todos muito fanáticos, cabeça-feita.

  3. DEPUTADO PASTOR

    Essa é uma das melhores profissoes que podem existir!!!!

    Ninguem os cobra, não tem chefe, não tem responsabilidade, fala o que quer que ninguem os questiona, proteção legal (imunidade parlamentar), não paga impostos sobre o que arrecada ( é da igreja sempre) e por ai vai.!!!

    E a grana é boa!

    Requesito necessário: muita cara de pau e oleo de peroba!

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