Mais um Chico!

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Chico da Silva ainda vive

Chico da Silva nasceu no Alto Tejo, no Acre, em 1910, 1914, não se sabe ao certo. Ainda criança transfere-se para terra natal de sua mãe, passando a residir em Quixadá. Posteriormente transfere-se para Guaramiranga e já adulto, provavelmente em 1937, passa a residir em Fortaleza, na praia Formosa, onde é descoberto pelo artista francês Jean Pierre Chabloz realizando pinturas nos muros.

Suas obras correram o mundo. Foram expostas em importantes cidades européias, inclusive Moscou. Trabalhos seus despertam fortes impressões na crítica internacional. A revista Caiher D’Art, de Paris, dedica-lhe reportagem de oito páginas. É agraciado com “Menção Honrosa” na Bienal Internacional de Veneza, em 1966.

Considerado o pintor primitivo mais importante do Brasil, conseguiu em vida uma grande aceitação popular de sua arte. A notoriedade lhe trouxe, entretanto, muitos dissabores e incompreensões levando-o a uma vida profundamente atribulada, marcada pelos escândalos, e, financeiramente instável.

Morto em 05 de dezembro de 1985, a sua obra continua reverberando e encantando a todos que tem a oportunidade de conhece-la. Um exemplo do que falamos é essa própria mostra. É de forte poder simbólico, se continuar prestando homenagens a Chico mais de dose anos depois de sua morte. Demonstra esse fato que, com o passar do tempo, a sua arte e o seu modo espontâneo de ser não foram e não serão esquecidos.

Entretanto, apesar das homenagens, continua existindo uma dívida da comunidade intelectual e dos responsáveis pela política cultural do Brasil para com o artista Chico da Silva. É necessário que se faça um resgate de sua obra. Torna-se urgente um registro completo de suas pinturas e de seus seguidores como modo de preservar para os pósteros esse momento único na arte brasileira e permitir a realização de estudos mais profundos sobre a vida e a arte desse pintor que indiscutivelmente subverteu os métodos convencionais da criação artística, que nunca se deixou prender a pequenez da província onde habitava e mostrou ao mundo a possibilidade de se fazer arte sem se deixar levar por padrões importados.

Conhecí Chico da Silva em 1972. Eu estava arrumando o páteo da Galeria Gauguin após uma aula de um curso de introdução às artes que eu ministrava para crianças na galeria de Dona Lorena Araujo. Ele entrou e comprimentou-me como se me conhecesse a muito tempo. Estava de terno da cor de café com leite. A camisa era de seda estampada verde e amarela, sem gravata. Também falei com ele como se o conhecesse, e quem do meio artístico não conhecia Chico da Silva. Convidei para sentar e perguntei por onde ele andava. Respondeu que estivera nas Filipinas. Perguntei como eram as Filipinas. Ele falou de muitas quedas d’água, de florestas muito verdes e de grandes borboletas coloridas. No fundo do coração sentí um pouco de inveja e vontade de conhecer paises distantes.

Somente muitos anos depois, é que aprendí que as viagens de Chico eram imaginárias e que ele, na verdade, nunca saira do Brasil. Depois, também cheguei a descobrir que descrição que ele me fizera das Filipinas também fizera para um amigo meu, descrevendo o mundo incantado da sua infância na Amazônia. Filipinas e Amazônia e mil outros paises estavam no mesmo lugar: na sua mente sonhadora de artista.

Chico era uma figura encantadora. Ainda hoje estou sob o seu encanto. Dediquei-me durante algum tempo, alguns anos, a estudar a sua vida e a observar a sua obra. Li tudo que se escreveu sobre ele, fiz entrevistas com muitas pessoas ligadas a ele e a seu mundo: ele, clientes, amigos, pintores, etc. Analizei centenas de obras. Escreví alguns artigos e dois livros sobre o assunto. Dizem que sei muito sobre o Chico, mas na verdade o mundo e a obra de Chico é um universo tão vasto e intrincado que ningém sabe nada sobre ele. A sua vida é tão fantastica, a sua obra é tão intrigante que chego a imaginar que o que se sabe sobre ele é nada diante do mar de coisas que se tem por desvendar e aprender.

Agora, passados muitos anos de sua morte, creio que já é hora de pensarmos de modo mais objetivo na preservação da obra desse índio meio maluco, meio doido, que a partir dos muros das casas dos pescadores da praia Formosa pintou o coração do Brasil.

É necessário um registro completo de suas pinturas e de seus seguidores. Esse seria, pelo menos, um modo de preservar para os pósteros esse momento único da arte feita no Ceará e permitir a realização de estudos mais profundos sobre a vida e a arte desse pintor que, indiscutivelmente, subverteu os métodos convencionais da criação artística, que nunca se deixou prender a pequenez da província onde habitava e mostrou ao Brasil, mesmo inconscientemente, a possibilidade de se fazer arte sem se deixar levar por padrões importados.

http://olharaprendiz.com.br/projeto/2009/01/chico-da-silva-ainda-vive/

Chico da Silva

Origem: Wikipédia

Chico da Silva ou Francisco Domingos da Silva (Cruzeiro do Sul – Alto TejoAcre1910 — Fortaleza1985) foi um pintor brasileiro de estilo naïf.

Biografia

Descendente de uma cearense e um índio da Amazônia peruana. Viveu até os dez anos de idade na antiga comunidade de Alto Tejo. Em 1934, a família de Chico da Silva embarcou para o Ceará, indo morar em Fortaleza. Semi-analfabeto, teve diversas profissões não relacionadas à arte (consertava sapatos e guarda-chuvas, fazia fogareiros de lata para vender, entre outras), mas sempre desenhava pelos muros da cidade com carvão e giz. Era autodidata.

Chico da Silva foi descoberto pelo pintor suíço Jean-Pierre Chabloz, que notou um destes graffitis, em meados da década de 1950 na praia do Pirambu, em Fortaleza, onde costumava desenhar em paredes e muros do bairro. Antes de ser conhecido, era chamado pelos moradores de “indiozinho débil mental”. Chabloz, que o tomou como discípulo, ensinou-lhe as técnicas do guache e do óleo. Logo passou a expor seus trabalhos na cidade, no Rio de Janeiro e na Suíça. Em 1966 recebeu menção honrosa na XXXIII Bienal de Veneza. Três anos depois, Chabloz cortou relação com Chico, afirmando mais tarde em uma entrevista que estava insatisfeito com a qualidade do artista.

Estilo

Seu estilo é incomparável. Seus desenhos surgiam de forma espontânea, como involuntários impulsos de sua imaginação. Chico não teve nenhuma influência de outros estilos nem muito menos de escolas de pintura. Seus traços, inicialmente feitos a carvão, impressionavam pela riqueza de detalhes e abstração. Eram dragões, peixes voadores, sereias, figuras ameaçadoras e de grande densidade e formas. Pintor de lendas, folclore nacional, cotidiano e seres fantásticos.

Na Europa ele é conhecido como o índio de técnica apuradíssima e traços autodidatas de origem inerente à visão tropical da vida na floresta.

Para alguns especialistas seus trabalhos são individuais mas comunitários, pois muitos dos seus quadros foram apenas assinados por ele, pois na verdade estes teriam sido pintados por seus filhos e parentes para aumentar a produção (já que a procura era cada vez maior); e cobiçada devido à valorização dos trabalhos no mundo das artes plásticas. Uma pesquisa estimou que 90%, dos quadros posteriores a 1972, eram falsos. Tal acontecimento cercou o artista de aproveitadores que vendiam essas falsificações em qualquer lugar por pequenos preços. 

 

 

Redação

4 Comentários

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  1. Chico Silva

    Tenho um quadro, presente que minha mãe no final dos 1960, que gostaria de saber se realmente é dele. Se for está “meio perdido” , pois ficou atrás de uma cortina durante muitos anos!

    att

    Vicente

  2. Boa noite, tenho um Original de Chico de 1971, medindo 1,40 x 0,70m… Eu gostaria de vende-lo, você tem interesse ou conhece alguém que possa investir nessa obra?

    83 996093173

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