Tudo começou em Lavras

Enviado por L A Costa

Obra do século 18 que estava em São Paulo vai para museu em Minas

Por Gustavo Werneck

Do Estado de Minas

Verônica, obra do século 18 que pertencia à matriz de Lavras, no Sul do estado, e estava no Museu de Arte de São Paulo, será reintegrada ao patrimônio mineiro pela instituição

Retorno da história, da beleza e, principalmente, de parte da riqueza do patrimônio mineiro. O Museu de Arte de São Paulo (Masp), uma das mais importantes instituições culturais do país, vai devolver o quadro Verônica, do século 18, com 1,20m de altura por 60cm de largura, de autor desconhecido, pertencente à Matriz de Nossa Senhora do Rosário, de Lavras, na Região Sul do estado. A informação foi divulgada ontem pela direção do museu localizado na capital paulista, que acrescentou só faltar agora acertar detalhes sobre a transferência da peça para o Museu de Arte Sacra de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, onde ficará por questão de de segurança.

“É um fato histórico e, até onde sabemos, inédito no país, pois se trata de um museu devolvendo uma peça que estava no seu acervo. Já fomos informados de que o quadro está à disposição para entrega e transporte. Essa etapa deverá ser muito cuidadosa, diante das condições da obra”, afirma o coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda, responsável pela investigação do paradeiro da obra juntamente com o promotor de Justiça de Lavras, Carlos Alberto Ribeiro Moreira.

O retorno está dentro de um contexto internacional referente à procedência ilícita de bens culturais. “Os museus têm um código de ética e o Masp agiu corretamente”, afirmou Marcos Paulo, certo de que o caso vai abrir precedentes e nortear iniciativas semelhantes. Há exatamente um ano, o Estado de Minas contou a trajetória de Verônica e os entendimento entre a superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas e advogados da instituição paulista. Na época, um dos maiores entraves era a segurança da igreja de Lavras, tombada pelo Iphan em 2 de setembro de 1948.

TRAJETÓRIA O quadro Verônica, há 12 anos no acervo do Masp, tem uma trajetória que começa no fim da década de 1950, quando um estudante do Instituto Gammon, tradicional escola de Lavras, o encontrou na Igreja de Santana, na comunidade do Funil. Certo de que o templo não oferecia condições de segurança, ele doou a tela ao Masp, quando já era um músico de renome nos EUA. A partir de denúncias de moradores de Lavras, o CPPC/MG iniciou negociações com o Masp, em 2009, até conseguir a devolução. Conforme o Conselho Internacional de Museus (Icom), peças encontradas no acervo de um museu que têm origem ilícita devem ser devolvidas, disse Marcos Paulo.

Esta é a segunda vitória importante para Minas nesta semana, e curiosamente envolvendo o mesmo estado vizinho. Conforme o EM mostrou na edição de ontem, o busto-relicário de São Boaventura, peça esculpida por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814), para a Igreja de São Francisco de Assis, de Ouro Preto, na Região Central, vai continuar sob guarda da Arquidiocese de Mariana, no Museu Aleijadinho, em Ouro Preto. A decisão é da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), por meio dos desembargadores Caetano Levi Lopes e Afrânio Vilela, em resposta ao recurso do Ministério Público.

De acordo com o TJMG, a decisão cassou a ordem de devolução da peça a um colecionador paulista, proferida em 12 de junho pela 1ª Vara Cível de Ouro Preto. O argumento era de que “a apreensão só se justificava para fins de produção de prova pericial, que já estava encerrada, e que não havia motivo para a peça permanecer na cidade, devendo ser levada de volta a Amparo (SP), onde havia sido apreendida pela Polícia Federal em maio de 2010”.

A versão do Jornal de Lavras

Masp vai devolver para Minas Gerais quadro sacro levado de Lavras

Uma obra de arte de 259 anos, que foi levada da Igreja do Rosário na década de 50 para o Masp, será devolvida por decisão do MP

O Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp) manifestou hoje, quinta-feira, dia 30, sobre uma decisão do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) a respeito de uma pintura de 1756, um quadro de Verônica, de pouco mais de um metro por sessenta centímetros, que foi tirado da igreja do Rosário e doado ao Masp na década de 50. A data da devolução e a logística para o transporte ainda serão discutidos.

Um estudante do Instituto Gammon, William Daghlian, no final da década de 50, encontrou o quadro jogado num canto da igreja e coberto por uma pilha de tijolos e madeira. Ele viu que não havia segurança e nem condições da permanência do quadro naquele templo, então ele pegou o quadro de autor desconhecido, com o consentimento de uma vigia da igreja, e doou a tela ao Masp, quando já era um músico de renome nos EUA. A partir de denúncias de moradores de Lavras, promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC/MPMG) iniciou negociações com o museu em 2009 para devolução da tela.

Hoje William é acusado de ter roubado a tela, o que não é verdade, já que a história é conhecida em Lavras. William é músico famoso nos Estados Unidos e quando soube da decisão do MP, disse que isso é “fanatismo de província”, se referindo aos lavrenses que o acusaram de ter roubado a obra.

O Masp foi notificado e se prontificou em devolver a obra. Porém, ainda discute como será feito o transporte da peça e, ainda, quem vai arcar com os custos do serviço. A data da devolução só será acertada quando esses detalhes forem acertados. Considerando que Lavras não tem estrutura para receber a obra, ela será levada para o Museu de Arte Sacra de São João del-Rei, onde já existe outra obra que pertenceu a igreja do Rosário, uma réplica da mortalha que cobriu o corpo de Cristo no Sepulcro, uma pintura de frente e verso.

Tudo começou em Lavras

Nassif,

Fui pesquisar o nome citado como “portador” do quadro sem autor definido “encontrado” na Igreja do Rosário e veja que esse Senhor desde os anos 50 era “interessado” em “proteger” obras de artes. Valeria um título: Tudo começou em Lavras.

Pianista brasileiro doa obras e objetos chineses para universidade dos EUA

Por Alan Severiano

Do G1

Entre as peças estão relíquias de cinco mil anos antes de Cristo. Ao longo de 40 anos, o pianista montou uma coleção de 1,6 mil peças.

Um pianista brasileiro, que vive nos Estados Unidos, doou uma coleção milionária de obras e objetos chineses para uma universidade americana. Entre as peças de William Daghlian há relíquias de cinco mil anos antes de Cristo, como uma garrafa d’água em forma de barco.

William Daghlian construiu uma carreira como professor de piano em Nova York. Com o dinheiro que economizou, o brasileiro foi alimentando uma outra paixão: a arte chinesa. “Nós no mundo Ocidental pensamos em termos de dez anos, ter lucro imediato. Os chineses pensam no longo prazo”, diz.

Ao longo de 40 anos, ele montou uma coleção de 1,6 mil peças, depois da dica preciosa de uma amiga. “Ela falou: ‘você tem um olho muito bom, mas você tem um pouco de cada cultura. Se você colecionar uma cultura só, sua coleção vai ficar importante’”, conta.

As obras, que lotaram o apartamento, hoje são uma prova de desapego. Daghlian foi homenageado pelos professores e pelo reitor da faculdade do bairro do Queens. A coleção doada é avaliada em mais de US$ 1 milhão. “Eu quero que a coleção seja estudada, seja apreciada e influencie o pensamento das pessoas”, afirma.

A diretora da faculdade diz que as obras vão ser usadas para ensinar história, religião, cultura e antropologia. Veja no vídeo acima detalhes da exposição. “Tô feliz da vida, porque a coleção está sendo estudada, valorizada. Se eu pensasse em valor monetário, eu não teria doado a coleção. Eu fiz isso tudo por amor ao aprendizado”, comemora William.

Redação

1 Comentário

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  1. Continuando

    “… Considerando que Lavras não têm estrutura para receber a obra, ela será levada para o Museu de Arte Sacra de São João del-Rei…”

     

    Tudo bem. Pode ter alguma razão quanto a se tratar de um museu de Arte Sacra da co-irmã da região das vertentes, mas dizer que em Lavras não teria estrutura de museu o jornal está redondamente enganado:

     

    Leonardo da Vinci

     

     Chegou a vez de Lavras receber uma das exposições mais interessantes que tem circulado pelo País e atraído a atenção de milhares de pessoas. Desde o dia 1º de dezembro, o Museu Bi Moreira, no Câmpus Histórico da Universidade Federal de Lavras (UFLA), recebe com a exposição “Leonardo da Vinci: Maravilhas Mecânicas”.

     

    Museu Bi Moreira  – UFLA  – Lavras MG

     

     

     

    Museu de História Natural  – UFLA  – Lavras MG

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