Um banquete para os sentidos, por Cristiane Vieira

Dica de duas reportagens do Le Monde Diplomatique Brasil, uma sobre Agricultura familiar e outra sobre Literatura Infantil e Democracia, e algumas músicas

Foto: Reprodução da ilustração de Alê Abreu, capa do livro “O menino que espiava para dentro”
Sugestões de Cristiane Vieira

Em comentário à publicação Filmes sobre a ditadura, incluindo de Dilma, são exibidos em Festival de Paris

Um banquete para os sentidos – para a presidenta Dilma e para todo/as nós que resistimos sem perder a ternura, jamais!

França me leva a saborosas sugestões “fora de pauta”:

1 – Do Le Monde Diplomatique Brasil (quem ainda tiver dinheiro, assine!), uma reportagem (parte de uma série que outros blogues progressistas poderiam reproduzir, dadas a qualidade do material e a importância do tema) sobre alimentação, meio ambiente e combate às mudanças climáticas (1) me levou a outra, da qual reproduzirei apenas um trecho e que trata da importância das artes para a educação sensível e social dos seres humanos (2), em especial a literatura.

2 – Do CD “Pelo sabor do gesto”, da Artista Zelia Duncan, inspirado por um filme francês sobre o amor e a música (Les Chansons d’amour, 2007), a música “Nem tudo”(3). Tenhamos esperança, e sigamos “mesmo no escuro” (4), (Siga mesmo no escuro, Pato Fu).

(1) Série “Agronegócio e agrotóxicos versus agricultura familiar e alimentos orgânicos”

Leia o texto completo no Le Monde

A sociedade brasileira está bombardeada de informações polêmicas e controversas sobre o uso de agrotóxicos e a centralidade do agronegócio no país frente ao consumo de orgânicos e a agricultura familiar.

Como toda questão socioambiental no Brasil, o debate vem assumindo nuances de uma desgastada dicotomia política que confunde o consumidor de alimentos e inibe ações efetivas para discutir essas temáticas com a complexidade que merecem.

Proponho neste espaço analisar as dimensões éticas, sociais, econômicas, políticas, ambientais e de saúde implícitas a esses dois sistemas agroalimentares que não encontram sintonia entre si porque têm diferentes objetivos que precisam ser compreendidos. As questões serão analisadas partir de controversas que circulam na mídia recorrentemente.

*Elaine de Azevedo é nutricionista e doutora em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina, professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo e pesquisadora em Sociologias da Saúde, Ambiental e da Alimentação.

Confira os artigos da série:

1 A agricultura orgânica e sua capacidade de produzir comida para alimentar a população mundial (JÁ DISPONÍVEL).
2 “Agrotóxico não faz mal. A agricultura convencional é a responsável pelo aumento da longevidade e diminuição da fome no mundo” (no ar a partir de 19 de abril de 2019)
3 “Alimento orgânico é uma questão de esquerda e é inacessível para a maior parte da população” (no ar a partir de 26 de abril de 2019)
4 “O agronegócio é que produz comida” (no ar a partir de 3 de maio de 2019)
5 Venenos na agricultura: quem ganha com isso e como diminuir? (no ar a partir de 10 de maio de 2019)
6 “A qualidade do alimento orgânico é igual ao alimento convencional” (no ar a partir de 17 de maio de 2019)”

(2) Especial Literatura Infantil e Democracia (parte 1)

Leia o texto completo no Le Monde

“Em resposta à indagação sobre as razões para pensar as relações entre literatura infantil e democracia, proponho organizar nossas ideias em torno de três eixos:

I. a relação entre a apropriação da linguagem (de suas formas mais simples às mais elaboradas) e a humanização;
II. o perigo que movimentos conservadores e obscurantistas representam para a educação literária (e, assim, para o pleno desenvolvimento humano); e
III. a necessidade de, na produção de uma sociedade democrática, assegurarmos a plena formação humana e, assim, o acesso, a apropriação e objetivação das linguagens, dos textos, das obras, dos livros, dos temas, dos recursos artísticos, dos posicionamentos que, historicamente, têm sido relevantes para que cada ser humano e o conjunto da humanidade se pense no mundo e se posicione no tocante às responsabilidades inerentes à vida-em-comum.

A linguagem e a formação humana

A primeira razão para estudar relações entre literatura infantil e democracia é porque defendemos que o desenvolvimento da e pela linguagem – e tomamos aqui a produção literária infantil como linguagem verbal e visual em uma de suas formas elaboradas (a saber, a artística) – é chave para a compreensão do processo de formação humana. Isso porque conforme Voloshínov (2017): a) o signo é social e material, sendo, portanto, ideológico; b) não existe consciência humana que prescinda da realidade sígnica; e c) o signo par excellence é a palavra.

Em cada um dos seres humanos a humanidade é socialmente produzida, em um movimento dinâmico do interpsíquico em direção ao intrapsíquico (MARTINS, 2013), sob a mediação da linguagem. Discutindo mais particularmente a questão artística/estética, Namura (2018, s.p.), comentando o pensamento de Vigotski, afirma haver, em seus textos: “[…] inúmeras referências a poetas e obras literárias para mostrar que a reação estética suscitada pela arte é imprescindível para a psicologia […], e que o sentido […] é a categoria mais importante da consciência”.

O próprio Vigotski, em A psicologia da arte, explica que: “[na arte] o sentimento não se torna social, mas, ao contrário, torna-se pessoal, quando cada um de nós vivencia uma obra de arte, converte-se em pessoal sem com isto deixar de continuar social” (VIGOTSKI, 1998, p.315). Desse modo, as questões linguístico-literárias assumiriam papel fundamental para se compreender a realidade, a sociedade e o psiquismo humano – em síntese, a passagem da condição de hominizado à de humanizado.”

(3) Zelia Duncan – Nem tudo

Porque já ensinaram “Os Titãs” em “Comida”: “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte/ a gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte / a gente não quer só comida / a gente quer bebida, diversão, balé, a gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer”.

(4) Pato Fu – Siga mesmo no escuro

John Ulhoa e Beto Villares produziram o CD “Pelo sabor do gesto”, e Fernanda Takai cantou na faixa “Boas razões”, versão em português do tema original em francês do filme mencionado.

 

Redação

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