10 notas sobre a Resistência Política, por Maister F. da Silva

"Unir as pessoas, criar pouco a pouco a consciência nacional, a partir de um programa e princípios claros"

Banksy

10 notas sobre a Resistência Política

por Maister F. da Silva

Trechos extraídos do livro “Análise de alguns tipos de Resistência”, transcrição do discurso feito por Amílcar Cabral aos participantes de um Seminário de Quadros do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde à época da luta de libertação contra o colonialismo português. 

1 – Respeitar o inimigo, saber por que resistir e conhecer os objetivos da resistência;

2 – A resistência não pode ter como objetivo final ocupar a cadeira do poder executivo. Senão, rebentar com o estado opressor e criar um estado novo, na base da justiça, do trabalho e da igualdade de oportunidade para todos;

3 – Libertar o povo de tudo que barra o caminho do progresso. Destruir a ignorância, a falta de saúde, de trabalho e toda espécie de medo, passo a passo, um a um se for preciso, este é objetivo para construir uma vida nova;

4 – Um povo que tem medo é um povo escravo. Medo de passar fome, medo de não ter trabalho, medo de doenças, medo de curandeiros. Quando conseguirmos libertar o povo do “medo” teremos vencido um inimigo importante;

5 – Unir as pessoas, criar pouco a pouco a consciência nacional, a partir de um programa e princípios claros;

6 – Na nossa resistência política, devemos elevar cada vez mais a consciência de cada militante engajado na luta ou no partido. Exigir de cada um, a superação de seu próprio trabalho e dos próprios conhecimentos;

7 – Organizar, organizar e organizar: comitês locais, comitês zonais, comitês regionais, comitês inter-regionais (estaduais) de resistência;

8 – Esclarecer as massas de nossa terra, contar-lhes a verdade acima de tudo. Porque em todas as lutas não há só vitórias. Se houver só vitórias não é luta nenhuma. Há vitórias e derrotas, desespero às vezes, mas vamos sempre pra frente.

9 – O objetivo principal da resistência política no plano exterior é o de conquistar aliados, conquistar apoio político e isolar o inimigo politicamente;

10 – Isolar o inimigo do próprio povo.

Isso só se pode resolver com intenso trabalho e clareza política do objetivo imediato e dos objetivos de médio e longo prazo. Nesse discurso Amílcar chamou a atenção dos quadros do partido “nunca saímos mundo afora, com a mania de que estamos a combater todos os países capitalistas. Nunca fizemos isso, nós combatemos o colonialismo português, esse é que é o nosso trabalho”. Apesar de Amílcar ser um internacionalista convicto.

Maister F. da Silva

Redação

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