16 anos depois do acidente, a nova “chance” de Alcântara, por Nathalia Bignon

O Brasil não é para amadores e não traça planos por acaso. A conferir.

16 anos depois do acidente, a nova “chance” de Alcântara

por Nathalia Bignon

Há exatos 16 anos, em um 22 de agosto, Alcântara foi testemunha da maior tragédia da história aeroespacial brasileira, em um acidente que deixou 21 mortos e uma perda irreparável para a ciência nacional. Este ano, a memória dos técnicos do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA) ganha nova força, em um contexto de retomada da política e do potencial do país de ingressar no mercado internacional da tecnologia de ponta, depois do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), selado com o Governo dos Estados Unidos, avançar na Câmara dos Deputados.

Com o aval de parlamentares de blocos políticos antagônicos, integrantes da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, a política nacional começa a mostrar alguma convergência no cenário mais polarizado de sua história recente. Na audiência, realizada ontem (21), embora fossem críticos às medidas de Jair Bolsonaro (PSL), a oposição foi firme ao definir que medidas governamentais passam, mas as políticas de Estado permanecem. Muitos deles lembraram, também, o caminho que o Brasil pretende trilhar rumo ao futuro.

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Sabendo que os recursos de satélites afetam diretamente a administração de fronteiras, o monitoramento da Amazônia, a vigilância da costa e das reservas de petróleo, a prevenção das condições climáticas para a agricultura, a educação à distância, a comunicação, o entretenimento e os negócios, em busca da convergência, permitiram sua continuidade, apesar das ressalvas. Estas, muito necessárias, se considerarmos que a presidência da Comissão em que o Acordo foi analisado é ocupada pelo membro 03 do clã de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Ainda mais imprescindível se lembramos que o Acordo, depois de percorrer todos os trâmites do Congresso, estreitará as relações do país com os Estados Unidos, nação abertamente interessada na nomeação de Eduardo como embaixador brasileiro em seu território. E que o Acordo, embora tenha a premissa de salvaguardar as tecnologias das duas partes envolvidas, precisa ser vantajoso para a cidade que assistirá, novamente, ao desembarque de cientistas interessados em explorar as vantagens já tão difundidas sobre Alcântara e sua localização privilegiada.

Ou para o Estado, que tem feito esforço de garantir que o Acordo se concretize, embora os passivos sociais com as comunidades tradicionais, já tão afetadas pela implantação do Centro de Lançamentos, em 1983, sejam reparados. E ainda mais para o Brasil, que precisa ter garantias de que, de fato o R$ 1 bilhão de receita anual prevista seja um montante real e não mais mentira camuflada de verdade, como tantas difundidas pela ala bolsonarista. E que, sendo factível, estes recursos sejam convertidos em avanços para a população, que assiste, inerte, o desenrolar de algo que a afetará mais do que imagina. O Brasil não é para amadores e não traça planos por acaso. A conferir.

Redação

4 Comentários

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  1. Até hoje penso que essa base foi destruída pelos terroristas americanos, utilizando um míssil de cruzeiro “tomarroke” se é asdim que se escreve.
    Os orgulhosos e imperialistas yankes nunca aceitaram e aceitarão outros países se despontem!
    Eles que que são os verdadeiros terroristas do mundo!

    Se sentem os xerifes do mundo e todosa

  2. “Os idiotas são incontáveis e me cercam feito vespas” (S.T. de Aquino)
    Esse acordo é uma m@rd@.
    O que interessa ao Brasil, para ser verdadeiramente soberano, é um programa completo e independente de lançadores de satélite. O maligno acordo impede isso!
    Você pode estar se perguntando: – Por que isso é importante para o Brasil?
    Ora, meu ingênuo amigo, pelo mesmo motivo de todas as demais nações que têm dimensões, população e PIB semelhantes (ou maiores) aos nossos: mísseis!
    Programa espacial, em todos os países, é um subproduto, bom de marketing, da busca por armas.
    Esse tratado, um atentado contra a nossa soberania, só pode ser comparado com a assinatura do TNP (FHC) e de seu protocolo adicional (Temer).
    [Se você não sabe o que é o TNP busque na internet, estou com pouca paciência hoje.]
    Pergunta: O que teriam em comum FHC, Temer e Bozo?

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