Lula, o mito nascido do povo e os Salieris que o odeiam, por Eduardo Ramos

O caldo psíquico-social que domina esses nossos amigos, parentes, colegas de trabalho é o mesmo que atinge os corações e as mentes dos jornalistas da grande mídia, seus patrões e os agentes públicos que lidam com Lula

Em 2005, Jorge Bornhausen, líder do antigo PFL (atual DEM) proclamava, animado com os rumos que tomavam a crise do mensalão e os planos de impeachment de Lula: “Vamos acabar com essa raça!”

Soa semelhante ao brado do “príncipe de nossas elites”, Fernando Henrique Cardoso, em 2014, na disputa presidencial entre Dilma e Aécio: “Vamos tirar ‘essa gente’ do poder.”

Em ambos os casos, a conotação óbvia de superioridade de “uma classe de gente sobre outra classe de gente”, algo como “os civilizados x essa gentalha petista”, com o mesmo fundamento psíquico e social que um racista se refere aos negros, os europeus aos povos que colonizaram, enfim, o mesmo paradigma perverso, hediondo, covarde, que construiu todas as ideologias que se tornaram os álibis morais para a humilhação de um determinado líder, um determinado povo, ao longo da História universal.

Vemos esse comportamento, esse “valor existencial”, esse “NOJO NATURAL”, todos os dias à nossa volta, e tão natural é esse conjunto de preconceitos arquetípicos e seculares, que tornam-se inconscientes na sociedade que os vivencia. Tentem se lembrar dos olhares, das expressões corporais, dos risinhos debochados de superioridade, o tom da voz, a sensação dessa superioridade “inequívoca” social quando, numa roda de amigos de classe média, o assunto é Lula, PT, Moro, Lava Jato.

As “piadas” são quase sempre em um nível rasteiro e vulgar, o objetivo é fazer rir PELA DESCONSTRUÇÃO MÁXIMA de quaisquer resquícios de respeito humano a Lula.

Expressões verbais reveladoras de desprezo e nojo são recebidas como naturais e bem vindas, extensivas à família de Lula, seu partido, seus governos, nada escapa ao furor homicida de nossas elites e classes médias em seu ódio ao “molusco”, ao “ladrão”, ao “chefe da quadrilha”, o analfabeto ordinário desmerecedor de um mínimo respeito, uma mínima indulgência que seja.

O caldo psíquico-social que domina esses nossos amigos, parentes, colegas de trabalho é o mesmo que atinge os corações e as mentes dos jornalistas da grande mídia, seus patrões e os agentes públicos que lidam com Lula nos últimos anos, são pessoas controladas pelo mesmo nojo e vendo nele um inimigo a ser destruído e desprovido de qualquer direito ou mesmo de sua condição humana – e os trágicos diálogos vazados pelo The Intercept sobre as reações dos procuradores quando Lula pleiteou o direito a ir ao enterro de seu irmão falecido, o Vavá, deixam isso claro. Tratando-se de Lula, o fascismo e a selvageria são a tônica, o comportamento comum. É o chamado “direito penal do inimigo” levado a cabo em sua essência absoluta.

Nada tem a ver com a nobreza, a dignidade dos que buscam JUSTIÇA, tem a ver com a inveja, o ressentimento, o narcisismo de classe que os domina, tem a ver com o lado mais imundo e perverso dos recônditos da alma humana. Tem a ver com a VINGANÇA que querem exercer contra o que não enxergam, não entendem, não aceitam, porque agride seus mais arraigados e doentios paradigmas de vida.

Mais alguns exemplos de que é o ódio e o narcisismo de classe, a inveja e o ressentimento mais fétido o que move “essa gente”, usando uma linguagem que eles saberão compreender?

Moro e Deltan se referindo a Lula como “O Nine”, numa alusão tão óbvia como desumana e cruel ao extremo de tudo o que é incivilizado e odioso, ao fato de Lula ter perdido um dedo em um acidente de trabalho na sua juventude. Nada escapa ao ódio da turba selvagem.

O policial federal que, IMPUNEMENTE, exibe publicamente seu desprezo e nojo em relação a Lula ao sugerir que os colegas que o levavam preso “atirassem esse lixo do avião.” (ah, homens e mulheres “de bem” desse Brasil…)

A juíza Carolina Lebbos, pérfida até a medula, em foto sorridente e debochada nas redes sociais comemorando sua decisão de enviar Lula a um presídio comum em São Paulo, e uma exclamação que resume seu caráter, sua alma: “Grande dia!”… Haja vingança contra Lula, por existir, por ter sido quem foi para os nossos milhões de pobres, por ter sido o estadista mais aplaudido desse século, sendo apenas “um retirante nordestino”.

Como expiar tanta inveja, tantos preconceitos, se não com o ódio mais sórdido…?

E, por fim, a última pérola dos “SALIERIS QUE ORBITAM EM TORNO DE LULA”: O presidente do TRF4, desembargador Victor Luiz dos Santos Laus, um dos que aumentaram a pena de Lula “corrigindo o erro de Moro”, que não atentara que uma condenação de nove anos permitiria a soltura de Lula devido à sua idade. Afirmou o nobre presidente do Tribunal em sua civilidade e senso do que é justo, que “Lula NÃO É BEM-VINDO em Curitiba”, entre outras coisas porque “a vizinhança reclama da desvalorização de seus imóveis…” (sic…) – Não basta estar preso, caberia ao réu “ter a humildade de reconhecer que atrapalha a todos” ao não aceitar uma condenação que ele “deveria internalizar”, porque “baseada em provas”.

Mais TOSCO, narcísico, desumano, egocêntrico, impossível…

É com “gente assim” que Lula lida, na grande mídia, nos Tribunais, no Ministério Público, e esse pensar/sentir/agir é o exato espelho da maioria das classes sociais mais altas do nosso país.

À semelhança de FHC, o “Salieri-Mor da República”, que mais do que qualquer um sente de e por Lula uma INVEJA E UM RESSENTIMENTO para lá de doentios e que lhe corroem a alma dia e noite (ainda mais agora, com o título de cidadão honorário de Paris…), cada um desses juízes, promotores, procuradores, jornalistas, banham-se nesse pântano imundo dia e noite. Lula é seu espanto, seu medo, seu horror, seu ressentimento, sua frustração e, ao fim de todo esse processo, seu nojo e ódio…

Seres apequenados, medíocres, inconscientes de toda a desconstrução que fizeram e fazem de si mesmos, sua civilidade, sua humanidade, perderam tudo no processo psíquico de suas enfermidades que ferem de morte até mesmo seu caráter.
Orbitam em torno “DELE”, Luís Inácio Lula da Silva, o Lula.

Os que assistirem à pungente cena final do magnífico filme “Mozart Amadeus”, o discurso melancólico e perturbado de Salieri, enfiado em um Hospício após a morte do artista genial, “vendo a música de Mozart se abrilhantar cada vez mais, pela eternidade, enquanto a minha, se apaga…”, compreenderão o destino que a História reserva à essa turba do Mal…

Redação

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