A ciclovia e a coragem, por Matê da Luz

Imagine que você está com um mal estar no estômago. Uma queimação que virou azia, um incômodo permanente e que causa bastante tormenta: às vezes você se irrita por causa desta sensação, outras chega a se atrasar para o trabalho porque ela está lá. No dia do seu casamento, quase se contorceu de dor e pastilha alguma aliviou a tensão, quase a mesma coisa que aconteceu no dia do nascimento do seu filho. Um peso, este mal estar. 

Só que você não vai ao médico. 

Reclama da dor de estômago, dos reflexos de ser uma pessoa que convive com as problemáticas que existem em ser assim e vez por outra mal dorme por conta disso tudo. Mas não vai ao médico porque a vida é assim, a gente passa por alguns apertos, mesmo. 

Um belo dia, “do nada”, os jatos de vômito são assstadores e você já nem sabe mais se é só o estômago que está comprometido, porque a febre domou seu corpo há tantos dias que só pode estar beirando a internação. E, ainda assim, você não vai ao médico – não vai adiantar, agora é tarde. 

Esta pequena história metafórica ilustra, na minha opinião, o que uma cidade com as dimensões e número de pessoas em trânsito como São Paulo fez com a questão da diferenciação de transpotes: nada. Aguardando que “isso passaria”, a cidade cresceu, se estruturou, recebeu muita gente e, sério, pesquise, o sistema de transporte continuou apoiado nos carros (vendidos à preço de banana em prestações baixas e infinitas, golpe duplo) e táxis, que têm mais espaço vazio do que preenchido (uma pessoa por carro, quando muito, duas) e, nos domínios públicos, nos ônibus e metrôs – que demandam obras demoradíssimas e caras e/ou prejudicam um ou outro por ali. 

A questão da ciclovia, pra mim, é um investimento de cuidado pra que nossa cidade não exploda de tanta dor no estômago. Vai incomodar enquanto estiver sendo feita? Vai. Vai ser menos usada no começo? Vai. 

Mas vai nos salvar, tal e qual faz nosso sistema capilar de veias que, em menor escala, garante a circulação e a movimentação do que corre por aqui – que é vida. 

(e, anote: estamos, eu e a filha, ensaiando nossos percursos de bike por onde houver a faixa vermelha, com toda a coragem e a vontade de povoar as novas possibilidades da nossa amada cidade!)

Mariana A. Nassif

11 Comentários

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  1. rejeição

    A rejeição, não só as ciclovias como muitas outras decisões do prefeito Haddad, é política. A oposição ao prefeito faz acordo até com o capeta para obstar o Prefeito. Na falta do coisa ruim qualquer representante dele na terra por ex. um juizinho partidário, serve.

    Não importa o juizo de valor sobre cada atitude do prefeito. Se cada uma obra é positiva para a cidade ou não.

    O negócio das direitas é derrotar o homem Haddad. É não permitir o aparecimento de outro líder alinhado com o povo do lado petrálico. 

    O prefeito já se declarou socialista. Deve ser simpático a Simón Bolivar, também. (Periga ser atheu.) Ó horror!

    Tudo o que os coxinhas paulistas …………adóram e batem panelas para saudar! 

  2. As ciclovias são um projeto

    As ciclovias são um projeto do Prefeito que foi à Europa e se encoantou com as ciclovias de Amsterdam e Conhenhagen.

    Não tem NADA A VER COM IDEOLOGIA. Sou admirador do Prefeito MAS tenho criticas a fazer a esse projeto.

    A poucos metros de minha casa tem ciclovias em duas ruas de escasso transito, Uruguai e Guadeloipe,  quem são os usuarios? Um ou outro jovem de classe alta que curte bicicleta como esporte. Eu ando a pé no bairro quase todas as manhãs, é rarissimo ver alguma bicicleta nessas ruas, a faixa vermelha nessas ruas não me parece logica de modo algum.

    Outras ruas, como Praça das Guianas e na continuidade Rua Honduras, se passar uma bicicleta por hora é muito.

    Mas o maior problema é que as ciclovias reduzem uma faixa para autos, que continuam sendo usados de forma identica,

    as mães do bairro que levam filhos à escola, ao ballet, ao clube, continuam usando o carro, os maridos que vão trabalhar idem, ninguem vai ao supermercado de bicicleta, os usos necessarios do automovel continuam sendo os mesmos, a bicicleta substitui o que? No bairro é só para lazer, ninguem faz nada da rotina diaria de bicicleta.

    Eu até acho as faixas vermelhas bonitas, melhoram o visual das ruas MAS as ciclovias não vão mehorar em nada o trafego de SP, ao retirar espaço dos carros vão é piorar, essa é uma percepção do obvio.

    1. Óbvio pra uns…

      …expectativa de plantio para outros. 

      André, entendo o que você diz, entretanto creio que a reeducação cultural – além da educação de trânsito (quantos não saem de bike por temer acidentes causads por motoristas absolutamente estressados e do contra?) – é algo que precisa ser introduzido. Hoje, concordo, pouca gente usa – e aí está a coragem do prefeito em, quase que literalmente, plantar esta ideia por aqui. 

      Não? 

  3. Nada a ver  mas tudo a

    Nada a ver  mas tudo a ver! Sem generalizar por enquanto.

     

    Alguns membros da tal associação ou ong(?)

    “Mensageiros da Alegria” estão usando  os

    terns do metrô para pedir dinheiro.Grana mesmo

    sem essa de donativos.Nada de se estranhar

    a não ser  o fato de que antes do pedido

    ser formalizado  é cantada seguidas vezes uma

    canção que reforça ataques a Dilma, pede  Impeachment,

    faz profecias do fim do Brasil,petrobras entre outras coisas.

    Fica clara impressão de algo orquestrado , já sabendo

    quem o Metrô  representa. Olho vivo na ong.

     

  4. Sobre a ocupação das faixas de rolamento

    Se não houvessem ciclovias ocupando as faixas de rolamento, da direita ou da esquerda, haveriam apenas mais carros parados e engarrafados. Quanto mais ruas se faz, mais carros ficam parados nelas (vide a marginal reformada e ampliada com a pista central). O que nos tira do trânsito são o transporte público e os outros modais, como bike, caminhada, hidrovia, metrô, trens e corredores de ônibus.

    Ninguém grita contra a falta de metrô, mas todo mundo se enfurece ao ver uma ciclovia.
    O que é pior, fazer algo que gere uma futura demanda por outro modal de transporte, ou atravancar a expansão do principal transporte público da cidade?

    O prefeito faz o que pode, já o governador…

  5. As ciclovias na Chácara Sto

    As ciclovias na Chácara Sto Antonio são ótimas para os pedestres. Como as calçadas são estreitas e inclinadas, as ciclovias que estão sempre vazias servem como passeio, pelo menos são planas, boas para uma caminhada…

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