A disfuncionalidade do governo Bolsonaro para o Imperialismo Internacional?, por Rogério Maestri

Há uma disfuncionalidade clara no governo Bolsonaro, motivados principalmente pelos próprios elementos que foram incorporados como ministros e escalões inferiores

A disfuncionalidade do governo Bolsonaro para o Imperialismo Internacional?

por Rogério Maestri

Os blogs de esquerda estão absortos com a IMBECILIDADE DO DIA de um dos diversos bandos do governo Bolsonaro, e não entendem o principal que está ocorrendo. O governo Bolsonaro está ficando DISFUNCIONAL, ou seja, cada vez mais a serventia dada pela submissão ao capital internacional começa a ser abalada internamente pela disfuncionalidade de um governo gerido por gangues, com interesses convergentes ou divergentes, conforme o assunto gerando conflitos diários.

Este Caos institucional gerado pela loucura (não falando em sentido figurado, mas real) não interessa em nada a Grande Burguesia Internacional, pois o que eles querem é um ambiente tranquilo para fazerem suas maracutaias. Também a eles não interessa qual o grupo de pressão que realmente manda no governo Bolsonaro, não interessa se são mais ou menos criminosos, mas sim que sejam como uma máfia bem estruturada, com o Capo di tutti capi, em que as negociações com quem manda sejam estáveis e o resto siga o código da Omertà de todos os capi. Importante chamar a atenção que a palavra Omertà vem do latim e significa humildade, ou seja, o capo manda e os capi abaixam a crista e obedecem cegamente.

O Imperialismo Internacional não aceita confusões, ele adorava o governo Macron, porém quando o mesmo começou a se enrolar no affaire Benalla, um guarda costas que se tornou quase uma figura intocável na República Francesa, a cada dia se torna mais difícil a sua defesa. Além de Benalla com a crise constante dos coletes amarelos, que utilizando um trocadilho atroz, amarelam a vida de Macron, vem uma crise maior sobre a menor. Nota-se pela imprensa francesa, dominada pelo grande capital, a presença de Macron começa a se tornar desagradável.

Se Macron, o chuchu da política europeia de direita está virando um pepino, para aqueles que dominam realmente o velho continente, imaginem o que estes grandes senhores do mundo estão pensando do governo Bolsonaro, onde não eles achavam pelas bravatas do ex-deputado, iria transformá-lo-iam no Capo. Estão enxergando um chefete de bando de uma milícia que domina algum bairro popular em qualquer país do terceiro mundo e não consegue se impor nem dentro de seu bando.

Certamente para o Imperialismo Internacional já ficou claro que Bolsonaro deverá ser neutralizado. Porém como este Imperialismo não forma um bloco totalmente homogêneo, eles só atuam em bloco quando o risco se torna muito maior do que o benefício, eles agirão para demolir o Bolsonaro.

Cada dia fica mais claro para os comentaristas brasileiros, e rapidamente chegará nos ouvidos de observadores internacionais, que há uma disfuncionalidade clara no governo Bolsonaro, motivados principalmente pelos próprios elementos que foram incorporados como ministros e escalões inferiores. Estas criaturas bizarras como economistas de segunda linha, ultrapassado e sem a mínima noção para onde vai a economia internacional, pessoas que mais mereciam tratamento psiquiátrico do que um cargo de ministro, e mais outros que se notabilizaram por desempenhos nada republicanos e honestos em áreas que nada conhecem.

Além disto, foram colocados em cargos importantes com potenciais atritos externos outra série de ministros que além da atuação na área das relações exteriores, ocupam espaços que são sensíveis em áreas como meio ambiente, povos indígenas e áreas sobre as quais uma parte da chamada modernidade da direita internacional faz o seu discurso demagógico para manter a sua popularidade.

Nas forças armadas, parece que uma série de oficiais de alta patente que poderiam ocupar espaços e estabilizar os seus colegas, houve uma triagem a priori com o pior que se tem ali, principalmente que os que ocupam cargos importantes no governo. São tão celerados que acreditam em uma série de teorias da conspiração. A clã dos Bolsonaros, além de possuírem um projeto próprio, talvez vinculados com o baixo crime, são na realidade um suporte intelectual (e veja ao nível que chegamos) às fracas capacidades do presidente. Uma ilustração desta falta de capacidade intelectual do presidente pode ser provada pela busca nos milhares de vídeos que ele gravou de um discurso feito de improviso com mais do que dois minutos sem cair nos seus lugares comuns.

Além de todos os problemas citados podemos agregar alguns grupos de apoio do atual governo, a bancada do boi, que no andar da carroça, tem tudo para levar tanto a ecocídios quanto a genocídios de povos indígenas. Já a bancada da bala, muito cara ao presidente, é totalmente heterogênea e, junto com a bancada da bíblia, um foco imenso de conflitos com a população em geral.

Em resumo, o governo de Bolsonaro poderia ser assemelhado a um Bordel, que não tem a Madame para combater os excessos dos clientes e o descontrole das meninas. Ou seja, nada indica que haja a possibilidade de haver estabilização neste governo, ou pior, tudo indica que a situação vai se deteriorar mais rápido do que se pensa.

O impasse neste momento é como fazer a substituição do presidente da República no meio de uma crise nacional, a anteriormente descrita, e outra crise internacional na Venezuela.

A troca se torna complicada pois ninguém sabe o que Bolsonaro e a sua trupe negociou com os Estados Unidos, talvez somente os militares tenham noção disto, entretanto vem a pergunta: O que foi negociado está de acordo com a vontade da maior parte das Forças Armadas? Pois se os acordos não satisfazem a imensa maioria, eles não valem.

Alguém pode pensar. Retira-se Bolsonaro e coloca-se Mourão. Porém vem outra pergunta. Sucedendo, Mourão terá apoio de setores das polícias militares que se encontram enrolados com as milícias, que por sua vez estão aparente mancomunados com algumas partes do esquema Bolsonaro.

Há mais de quatro anos escrevi que os golpistas eram amadores, ou seja, não seguiram o manual básico dos golpes e, pior, os golpes modernos patrocinados pelos Estados Unidos, praticamente todos, não criaram condições estáveis nos países, onde simulacros da democracia burguesa poderia ser estabelecido. E pior: o Brasil não é um país da América Central, que dado um golpe se estabelece o domínio de milícias armadas e a economia e a sociedade destes países colapsam. O colapso do Brasil pode induzir ao despertar de forças tão fortes que nem uma frota norte-americana conseguiria intervir.

Redação

9 Comentários

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  1. “colapso do Brasil pode induzir ao despertar de forças tão fortes que nem uma frota norte-americana conseguiria intervir.” Quais forças, que nem pra defender uma Presidenta honesta face a um golpe ou a prisão arbitraria de um ex-presidente sem provas, se meche? Muito menos contra a “reforma” trabalhista de Temer ou quando a sua, a nossa, a previdência deles é roubada em 600 bilhões enquanto petroleiras ganham 1 trilhao em isenções fiscais e a Petrobras é quebrada para que não possa competir?

    1. O que sentido da última frase é simples. Apesar de não haver uma esquerda forte ou mesmo a que conhecemos não tem um programa revolucionário para confrontar o governo e derrubá-lo o que acontecerá é o que está acontecendo na França e agora no Haiti. Uma revolta forte da população em geral, de forma horizontal e com vigor que será maior quanto maior for a repressão do governo. Que passará por cima de tudo que aparecer em sua frente.
      Não podemos esquecer de alguns dados que fazem o Brasil um país sui generis, somos dos grandes países é o que tem de longe a maior população urbana do MUNDO, concentrada em poucas regiões metropolitanas, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília concentram nada mais nada menos 43.729.376 ou seja quarenta e três milhões de pessoas. Nestes quarenta e três milhões de pessoas, no mínimo 40 milhões vivem em condições precárias, e se 5% destes 40 milhões se revoltarem são 4 milhões de revoltados.
      Isto será o estopim, se estas pessoas se revoltarem logo se juntarão a elas mais algumas dezenas de milhões, aí não há polícia militar, exército ou mesmo tropas externas de invasão que contenham este grupo.
      O Macron pensava que seu governo seria tranquilo, mas mesmo na França com uma classe média muito mais numerosa do que a brasileira, o país está quase pegando fogo. Se quiserem saber como isto ocorre estudem um pouco o chamado Bogotaço e o Caracaço, aqui será muito maior, pois o país nem governo tem.
      Poderia dizer, será a revolta dos sem sapatos contra os com sapatos, só isto.

    1. Será que esta imagem ridícula com todos mal ajambrados, a marrotados tendo como destaque ao “chefão” em seu traje de interno de hospício não faz par com aquela senhora que teve seu momento sinhazinha e suas mucamas?
      Será que não faz parte do mesmo triste espetáculo que nôs distraí enquando os batedores de carteira fazem a limpa?

  2. O governo Bolsonaro é uma barragem que implodiu no dia de sua posse, desde então a lama tóxica se espalha pelos canais de poder. O desfecho inexorável é Mourão. Se a saída institucional demorar, as milícias bolsonarianas tomarão mais territórios no aparelho de Estado, tal como acontece nos presídios. Uma questão estratégica é acompanhar o comportamento de Moro nos próximos meses, para saber se o preposto do FBI será queimado na mesma fogueira de Bolsonaro ou se será convocado a armar a fogueira para o capitão.

  3. Será que esta imagem ridícula com todos mal ajambrados, a marrotados tendo como destaque ao “chefão” em seu traje de interno de hospício não faz par com aquela senhora que teve seu momento sinhazinha e suas mucamas?
    Será que não faz parte do mesmo triste espetáculo que nôs distraí enquando os batedores de carteira fazem a limpa?

  4. É o mesmo estilo do Trump.
    Fala e posta coisas tão absurdas que faz os jornalistas e internautas ficarem analisando, é pura cortina de fumaça para fazer as atrocidades reais sem ser incomodado.

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