08/12/2024

A Folha dos Covardes, por Luiz Inácio Lula da Silva

Não tenho dúvidas em afirmar que o ódio dos donos da Folha a Dilma passa por sua condição de mulher. Não pode haver outro motivo para o jornal ter publicado uma ordem proibindo chamá-la de presidenta, no feminino

Foto: Adir Mera/Ultima Hora

A Folha dos Covardes – por Luiz Inácio Lula da Silva

O editorial da Folha de S. Paulo de sábado (22) é uma ofensa à presidenta Dilma Rousseff, uma agressão à verdade histórica e um desrespeito, mais um, aos leitores do jornal e à sociedade brasileira.

Dilma Rousseff, uma pessoa honesta e dedicada ao Brasil, foi vítima de uma campanha de mentiras e seu governo foi alvo de uma sabotagem articulada por setores inconformados com o resultado das urnas de 2014.

A Folha teve papel decisivo naquela articulação, colocando-se mais uma vez a serviço do que há de pior em nosso país: a ganância dos extremamente ricos numa sociedade desigual e injusta, a intolerância dos poderosos diante de qualquer projeto de transformação desta sociedade.

A presidenta Dilma já deu ao infame editorial a resposta indignada que se espera de uma pessoa mais do que injustamente ofendida. Expôs a verdade dos números e dos fatos sobre seu governo. Pôs a nu as mentiras da Folha neste e em outros episódios que deveriam envergonhar os donos de qualquer jornal.

Quero acrescentar minha solidariedade e meu protesto contra a maneira covarde e machista com que a Folha sempre tratou Dilma Rousseff, porque não há outras palavras para definir o comportamento do jornal diante da primeira mulher eleita pelo povo brasileiro para presidir este país.

Participei de todas as eleições presidenciais no Brasil desde 1989 e posso afirmar que nenhum outro candidato sofreu igual perseguição e preconceito por parte da Folha, como aconteceu com Dilma Rousseff.

Diante de uma candidata que lutou contra a ditadura, a Folha publicou uma ficha falsa do DOPS e chegou a inventar um atentado contra um ministro para criminalizar, no presente, a resistência corajosa da jovem Dilma num passado em que o jornal apoiava os torturadores em seus textos e até materialmente.

A Folha que insistiu na mentira sobre uma jovem militante dos anos 1970 é a mesma que, nas eleições de 2018, tratou como irrelevante o passado de um candidato que, assim como o jornal, apoiou os torturadores. Um candidato que confessou ter tramado um atentado terrorista no centro do Rio de Janeiro quando o Brasil já vivia a redemocratização que ele nunca aceitou.

Não tenho dúvidas em afirmar que o ódio dos donos da Folha a Dilma passa por sua condição de mulher. Não pode haver outro motivo para o jornal ter publicado uma ordem proibindo chamá-la de presidenta, no feminino, até nas cartas de leitores, quando Dilma passou a assinar atos oficiais desta forma.

A realidade é que os donos do jornal jamais toleraram a eleição e o governo de uma mulher enfrentou a ditadura dos torturadores no passado e hoje enfrenta a ditadura da mentira que veículos de comunicação como a Folha querem impor.

Sempre soubemos de que lado está um jornal que defende o teto de gastos, o suicídio fiscal que condena a educação, a saúde e o investimento público. De que lado está quem defende a agenda neoliberal de Paulo Guedes, a privatização selvagem, a demolição dos direitos dos trabalhadores.

A Folha está com Bolsonaro e contra Dilma, sempre esteve. Mas depois deste editorial infame, muitos ficaram sabendo também que os donos deste jornal são covardes e misóginos, porque para defender seus interesses não vacilam em atacar uma mulher honesta e digna como eles nunca foram.

Luiz Inácio Lula da Silva

19 Comentários

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  1. Eu não seria tão categórico. As intenções democráticas prevalecem no FOLHA. Minha opinião é que os proprietários do FOLHA perderam o controle sobre a política editorial e permitem que jornalistas individuais escrevam artigos em nome do conselho editorial.
    Isso é fraqueza, falta de controle e perda da autocensura ética.

  2. As redações desses jornais sempre estiverem contra o país,
    contra a Democracia, querendo governar o Brasil sem terem mandatos.

    Desde a lembrança de Getúlio Vargas, JK, Jango, Lula e Dilma.

    Sempre golpistas e traidores da patria.

    1. Bro… tu citou os mesmos 5 presidentes (entre 38!!) que costumo citar que ousaram defender os interesses do País… por isso, ou foram golpeados… ou sofreram tentativa… temos a classe dominante mais vil do planeta… anti-povo e anti-pátria… pluto-cleptocratas !!!

  3. O grandíssimo Lulalá conhece o gosto desta fruta, a perseguição implacável, daí poder falar de cadeira sobre o assunto que só alcança um objetivo, envergonhar o país.
    Lulalá fez o que fez em seu segundo mandato, só faltou fazer chover e seu governo não ganhou, durante aqueles quatro anos, nenhuma notícia principal na primeira página (a da vitória para sediar a Copa não era dele, ele só estava lá na Suíça porque é um brasileiro de primeira). Se perguntar pelo nome das três hidrelétricas iniciadas naquele período, pouquíssimos responderão, assim como sobre a Transposição ou qq obra significativa de infraestrutura, praticamente ninguém sabe nada de nada graças a esta mídia que trucida diariamente o cérebro dos brasileiros.
    Escolheu DRousseff para sucedê-lo, acharam que iam colocá-la no bolso, mas foi necessária aquela vergonhosa sabotagem comandada pelo probo ECunha.
    Quanto ao jornal de esgoto, não serve prá limpar o que minha cachorra faz na rua.

    1. Mas, com todo o respeito ao presidente Lula, somente agora, nessa resposta, a presidenta Dilma falou o que devia ter falado ainda quando defendia seu mandato mas não falou: os números da reserva externa, dívida interna líquida, etc, que serviram de estofo para a grande midia passar a grande mentira de que o PT quebrou o pais. Somente agora, presidente.

  4. Duas coisas a se observar = primeiro: a Folha coloca um título e um editorial que nem o mais baixo tablóidescroto britânico teria coragem de fazer. Segundo= quando um governo de esquerda chegar ao poder de novo (sabe-se lá quando ), que aprenda de vez tem que impor uma lei de mídia e o fim da propriedade cruzada, apelando ao método Dom Corleone do Tenho uma proposta irrecusável” na hora que for lidar com gente da laia de Marinho, Frias e afins. Usar dossiês, investigações secretas com provas com as maracutaias desses empresas ( só na FIFA a Globo fica mais suja que pau de galinheiro) Não adianta mais tentar o pacto “Tudo bem você melhorar a vida do povo humilde, desde que não mexa uma vírgula no meu privilégio”. Veja o destino dos dois presidentes que fizeram isso: JK teve seus direitos políticos cassadas e foi, tudo indica, assassinado e Lula foi preso pra não poder disputar 2018 (uma forma indireta de cassação). E não descarto que, dependendo de como a coisa degringolar, não arquitetem o assassinato de Lula também, pro circo pegar fogo de vez.

  5. Mas, com todo o respeito ao presidente Lula, somente agora, nessa resposta, a presidenta Dilma falou o que devia ter falado ainda quando defendia seu mandato mas não falou: os números da reserva externa, dívida interna líquida, etc, que serviram de estofo para a grande midia passar a grande mentira de que o PT quebrou o pais. Somente agora, presidente.

    1. cansou de falar, mas..
      infelizmente, apenas nas entrevista com jornalistas golpistas

      cujos patrões estavam doidos para que ela deixasse de proteger ou preservar as reservas internacionais

      veja em quanto estão hoje

      1. Tem razão, e falava muito na NBR e na EBC, canais de TV fechados, que poucos assistem. Mas está correto sua afirmação, porque a grande mídia FDP não divulgava nada. Mas, neste caso do editorial da maledeta, seria muito importante que soubéssemos quem realmente redigiu e assinou esta peça de infâmias.

        1. não foi à toa que impediram o Lula de participar do governo dela…
          ele seria encarregado de explicar e contornar todo o efeito bombástico das especulações nesta área

          quanto ao editorial, acredito ser coisa paga com muita grana, será revelado

    2. Já administrei crises. Nem de perto o que a presidenta Dilma enfrentou. Mas, por experiência própria, sei como é difícil fazer-se ouvir quando você perde poder e com ele o domínio da narrativa. Além disso, a crise inverte prioridades, exige clareza de raciocínio, lógica fria e perspicácia para tratar o que é mais grave e urgente. Quando o caos prolifera e há risco de perder o domínio da situação, quando fogem ao controle os eventos graves e importantes, estes se sobrepõem, a agenda se impõe e você passa a ter de “matar mais de um leão” por vez. A batalha não é mais para vencer, passa a ser uma questão de não deixar o navio afundar.
      Então, resta apenas o consolo de que oportunidades para a verdade virão e como dono da razão, você terá espaço, então, para recuperar a narrativa.
      É o que assistimos agora, o retorno do clima político que permite que a verdade surja.

      1. Admiro e respeito seu otimismo. Porém, vivemos num país onde a prática é diferente. Aqui, os controladores da opinião e da vontade do povo não permitirão a exposição da verdade. Ao contrário, não permitirão o aparecimento da verdade e, se ela vier à tona, tratarão de desqualificá-la com mentiras ainda maiores.

        1. JJ, concordo com sua impressão sobre o nosso País. Todavia, leve em conta que muitos dos argumentos persecutórios e falsos levantados por ocasião do impeachment e do julgamento do presidente Lula, se não caíram por terra, enfraquecem-se a cada dia que passa. Não desista, lute e mantenha a esperança. E isso não é otimismo, é necessidade de sobreviver. “Não tá morto quem peleja” (dito antigo da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul) ?

  6. Uns meses após o Golpe, vi anúncio de uma banca de jornais da Avenida Paulista dizendo “jornais para pets: R$ 10,00”. Não entendi nada na hora. Quarteirões depois acordei: Os jornais brasileiros não serviam mais para ler, seu destino final era para servir de depósito de fezes de cachorro. E é isso que eles são.

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