A formação de uma sociedade do medo através da influência da mídia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

A televisão se tornou um eletrodoméstico indispensável em qualquer lar e, hoje, informar é fazer assistir
 
 
Do Justificando
 
A Mídia tem um papel importante no campo político, social e econômico de toda sociedade. Através desse mecanismo essa instituição incute na população uma consciência, uma cultura, uma forma de agir e de pensar.

O crime desperta curiosidade na população por apresentar uma ameaça. A mídia atua explorando essa fragilidade humana estimulando a sensação de insegurança. A televisão tornou-se um fenômeno em massa, assim como, a alta taxa de criminalidade e, com isto, também cresce a sensação de medo e insegurança em toda população.

Por nos encontrarmos em uma crise de credibilidade política, os telejornais procuram outras categorias informativas para traduzir o interesse da sociedade — geralmente notícias violentas. Assim, a curiosidade pela narração do crime e suas possíveis consequências acabam por ser uma das causas de uma nova cultura de violência, em que essa aparece como um fato normal, corriqueiro, que faz parte do cotidiano.

Não há com um grau de certeza a confirmação de que os meios de comunicação influenciem na opinião pública, o fato é que existe uma influência mútua entre o discurso sobre o crime — atos violentos — e o imaginário que a sociedade tem dele e entre as notícias e o medo do delito. Com isso, pode-se sustentar que existe uma relação sólida entre as ondas de informação e a sensação de insegurança.

A televisão se tornou um eletrodoméstico indispensável em qualquer lar e, hoje, informar é fazer assistir. Quando a transmissão é ao vivo, as imagens passam uma veracidade ainda maior aos telespectadores que deixam de lado as possíveis consequências do fato noticiado.

Em uma sociedade como o Brasil, com altos índices de criminalidade, acabam por encontrar um mecanismo de escape na tela da televisão. Conforme relatam Cristiano Luis Moraes e Marlene Inês Spaniol, os medos passam a ser dramatizados em histórias de vingança e de criminosos que são levados aos tribunais e posteriormente à prisão. Isso leva a sociedade a reagir contra o crime como se ele fosse um drama humano, levando-nos a crer que os delinquentes são em maior número e praticam mais delitos do que realmente o são.

A origem do Medo

Desde muito pequeninos aprendemos a temer o medo e a confiar em celestiais criaturas e muitos passam a serem nossos monstros, concepções imaginárias que nos assombram em um quarto escuro, em um sonho, em uma visita ao médico ou dentista, em situações que estamos longe de nossos genitores e nos sentimos ameaçados. No início de nossa existência tudo é seguro, puro e invisível aos olhos. À medida que nos tornamos maiores – criança, adolescentes, jovens, adultos e idosos – o medo passa a ser um de nossos principais inimigos e será ele que, em muitos momentos, nos impedirá de seguir nossos sonhos, de arriscar uma tentativa ou de fazer uma mudança radical. O medo passa a ser parte de nossa vida e em tudo que fazemos sempre estará presente de alguma forma e por algum motivo. Assim, aprendemos a temer o medo.

Segundo Bauman (2008, p. 8), medo é o nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância da ameaça e do que deve ser feito. Vivemos numa era onde o medo é sentimento conhecido de toda criatura viva.

Boldt (2013, p.96) assinala

Tema central do século XXI, o medo se tornou base de aceitação popular de medidas repressivas penais inconstitucionais, uma vez que a sensação do medo possibilita a justificação de práticas contrárias aos direitos e liberdades individuais, desde que mitiguem as causas do próprio medo.

O medo pode surgir das mais variadas maneiras e nascer de qualquer canto de onde vivemos, inclusive, em nossos próprios lares. Temos medo de comida envenenada, de perder o emprego, de utilizar transporte público, de pessoas desconhecidas que encontramos na rua, de pessoas conhecidas também, de inundações, de terremotos, de furacões, de deslizamento de terras, da seca. Temos medo de atrocidades terroristas, de crimes violentos, de agressões sexuais, de água ou ar poluído, de entrar na própria casa e de sair dela, de parar no semáforo. Temos medo da velhice e de ficarmos doentes, de sermos ameaçados, furtados ou roubados. Temos medo da bolsa de valores e da crise econômica. Temos medo de voar de avião. São tantos os nossos medos que não caberia aqui relatarmos todos.

Para Bauman (2008, p.18), riscos são perigos calculáveis. Uma vez definidos dessa maneira, são o que há de mais próximo da certeza. Ou seja, o futuro é nebuloso e as pessoas não deveriam se preocupar em vencer ou não qualquer situação de risco porque, talvez, nunca se chegue a enfrentá-la. Mas, deve prever e tentar evitar oferecendo a si mesmo um grau de confiança e segurança, ainda que sem garantia de sucesso.

A mídia pode ser considerada aqui uma causadora da proliferação do medo na sociedade, pois o medo deixou de relacionar-se a estórias de contos e mitos, da imaginação durante reuniões de família, para ser um aglomerado de imagens e informações que a televisão transmite todos os dias dentro de cada lar e para todas as famílias. A sociedade deixou de imaginar os contos para viver na realidade concreta as situações que são transmitidas através dos telejornais e programas de entretenimento.

O mundo líquido mostrado por Bauman é uma espécie de irrealidade dentro da qual estamos mergulhados, um mundo de aparência absoluta, de ameaças que quase nunca se configuram reais, mas que nos são mostradas cotidianamente, principalmente pela mídia. Diante disso, ele expõe o medo como uma forma inconstante. Podemos ter medo de perder o emprego, medo do terrorismo, da exclusão. O homem vive numa ansiedade constante, num cemitério de esperanças frustradas, numa era de temores.

E, assim, passamos a construir inimigos e fantasmas, nos deixando levar por todo tipo de informação que nos é imposta sem nem ao menos questionar a real veracidade dos fatos. É inegável que vivemos em uma sociedade violenta, com altos índices de barbáries, mas o problema não está na prevenção de possíveis ameaças, mas em considerar que tudo e todos possam ser ameaçadores. Ou seja, viver em alerta constante, excluindo pessoas e julgando indivíduos sem nem ao menos conhecer por medo do perigo que esse indivíduo possa lhe trazer.

O sentimento de insegurança não deriva tanto da carência de proteção, mas, sobretudo, da falta de clareza dos fatos. Nessa situação difunde-se uma ignorância de que a ameaça paira sobre as pessoas comuns e do que deve ser feito diante da incerteza ou do medo. A consequência mais importante é uma crise de confiança na vida, uma vez que, o mal pode estar em qualquer lugar e que todos podem estar, de alguma forma, a seu serviço, gerando uma desconfiança de uns com os outros.

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A influência da mídia e sua relação com o medo

A mídia tem por objetivo atender as expectativas imediatas dos indivíduos. Ela pode ser definida como o conjunto de meios ou ferramentas utilizados para a transmissão de informações ao público assumindo um papel muito importante na formação de uma sociedade menos conflituosa. Porém, em uma realidade complexa como a nossa, a mídia desempenha um papel garantidor da manutenção do sistema capitalista, fomentando o consumo, ditando regras e modas e agindo sobre interesses comerciais.

A mídia notoriamente tem papel importante na conjuntura social atual, pois exerce influência em todos os campos, seja na família, na política e na economia, incutindo na população uma forma de agir e pensar importante para a manutenção da ordem.

A mídia, quando tomou corpo de mercadoria, era disponibilizada somente para as famílias mais abastadas. Aos poucos esse público foi sendo ampliado e o acesso a esse tipo de informação chegou também à população menos favorecida ocasionando o que temos hoje, um público em massa dos meios de informação através, principalmente, da televisão.

Schecaira (apud BAYER, 2013) entende que a mídia é uma fábrica ideológica condicionadora, pois não hesitam em alterar a realidade dos fatos criando um processo permanente de indução criminalizante. Assim, os meios de comunicação desvirtuam o senso comum através da dominação e manipulação popular, através de informações que, nem sempre, são totalmente verdadeiras.

Com isso, propagando o medo do criminoso (identificado como pobre), os meios de comunicação aprofundam as desigualdades e exclusão dessa parcela da sociedade, aumentando as intolerâncias e os preconceitos. Utiliza-se do medo como estratégia de controle, criminalização e brutalização dos pobres, de forma que seja legitimo as demandas de pedidos por segurança, tudo em virtude do espetáculo penal criado pela imprensa.

Criam-se normas penais para a solução do problema, porém, o Direito Penal passa a ser apenas um confronto aos medos sociais, ao invés de atuar como instrumento garantidor dos bens juridicamente protegidos.

Hoje, vivemos em constante situação de emergência e deixamos de perguntar pelo simples fato de estar provada a barbaridade dos outros. A partir daí, muros são construídos para separar a sociedade. Há muros que separam nações entre pobres e ricos, mas não há muros que separam os que têm medo dos que não têm (COUTO, 2011).

A manipulação das notícias através dos meios de comunicação aumentam os medos e induzem ao pânico, reforçando uma falsidade à política criminal e promovendo a criminalização e repressão, ofertando ao sistema penal uma legitimação para uma intervenção cada vez mais repressiva, criando um verdadeiro Estado Penal.

A mídia exerce influência sobre a representação do crime e também do delinquente em razão do constante destaque que se dá aos crimes violentos. Assim, a mídia vai colaborando o processo de construção de “imagem do inimigo” – no Brasil quase sempre como dos setores de baixa renda – mas também auxilia na tarefa de eliminá-los, desconsiderando da ética e justificando a opressão punitiva.

Através de uma seleção de conteúdos a mídia tem o poder da construção da realidade, que é um poder simbólico. Esse poder simbólico procura reproduzir uma ordem homogeneizada do tempo e do pensamento, com um único objetivo, a dominação de uns sobre os outros. Com isto, criam sujeitos incapazes de contestar o que se lhes é apresentado de forma a garantir a ordem, a torná-los submissos e dominados.

A mídia incute na sociedade uma política de higienização e rotulação dos desiguais que devem ser banidos da convivência social. Diante da propagação dessa política, cada vez mais os cidadãos são colocados diante de questões criminais que parecem nunca se resolver provocando uma sensação de intranquilidade e medo. Esse último, por sua vez, é agravado pela sensação de vulnerabilidade e de impossibilidade de defesa.

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A realidade entre medo e verdade

A frequente exposição da crescente criminalidade através da mídia cria um sentimento de insegurança irreal, sem qualquer fundamento racional.

Na realidade, o principal objetivo da mídia é chamar a atenção do público e obter lucro. Assim, a mídia passa a utilizar expedientes sensacionalistas com fatos negativos como crimes e catástrofes, disseminando um sentimento de insegurança no seio social, ocasionando o surgimento da cultura do medo e formando uma “Sociedade do Medo”. Ou seja, nem tudo que vimos nos telejornais são de extrema veracidade, grande parte desta informação tem uma intenção do porque ser transmitida e, essa intenção, estará sempre relacionada a um fim lucrativo e dominador social.

De acordo com Silveira (2013), para dar sustentação ao ciclo que por diversas formas fomenta o consumo e acarreta o lucro, a mídia, seguindo os ditames da indústria cultural, interage com o público receptador das informações de uma forma muito particular, visto que consegue se adaptar perfeitamente às mais diversas classes, idades e tipos de pessoas, buscando uma relação com o público médio.

Há mais medo do que medo propriamente dito. A televisão tenta retratar os fatos de forma a tornar a informação o mais real possível aproximando os acontecimentos do cotidiano das pessoas e fazendo-as crer que aquela situação de risco poderá acontecer a qualquer momento dentro de suas próprias casas, nos seus grupos sociais. Assim, os telejornais propagam informações sensacionalistas através da exploração da dor alheia, do constrangimento de vítimas desoladas e da violação da privacidade de algumas pessoas. Para chamar a atenção do público, ainda lançam mão de outros recursos semelhantes, como a incitação de brigas entre vizinhos nos bairros populares e os crimes de violências sexuais cometidos por membros de uma mesma família.

Desta forma, mesmo que estejamos mais seguros do que em toda história da humanidade, mesmo assim, as pessoas continuam a se sentir ameaçadas, inseguras e apaixonadas por tudo aquilo que se refira à segurança e à proteção. Isso se dá através do que Silveira (2013) chama de “cultura do medo”, ou seja, o que tem levado as pessoas a intensificarem suas próprias medidas visando uma suposta diminuição de vulnerabilidade, como a construção de muros e barreiras, assim como a se isolarem dentro de suas próprias casas, evitando sair a eventos e espaços públicos por medo da violência, o que configura uma mudança radical de comportamento, algo que beira a paranoia.

Esta forma de isolamento dos conflitos ocasiona uma espécie de divisão social, onde as pessoas economicamente privilegiadas passam a ocupar bairros considerados “nobres” e condomínios vigiados continuamente, restando para a camada mais pobre da população, territórios completamente negligenciados pelo Estado, locais em que a “elite” busca o distanciamento, diz Silveira (2013). E complementa ainda Silveira (2013, p. 300) que “O homem enfrenta grandes dificuldades em conseguir ver o outro como um semelhante e não como um concorrente a ser eliminado”.

Toda essa realidade que se forma na “cultura do medo” acaba por contribuir para o reforço dos preconceitos na esteira da ignorância e da insegurança. Com isso, cria-se a “Sociedade do Medo” aqui abordada que, além de cruel e preconceituosa, passa a ser ignorante e submissa a tudo que lhe é apresentado como verdade absoluta.

César Vinícius Kogut e Wânia Rezende Silva expõe que o medo é fenômeno de paralisação do senso normal da vida, altera relações de formas e espaços, traz à tona uma imagem duvidosa, reflete insegurança, tristeza e dá noção de fragilidade. Por isso, uma das missões fundamentais do Estado deveria ser realizar ações para minimizar problemas e reduzir o medo proporcionando à população uma melhor qualidade de vida, libertando os indivíduos desse sentimento para que vivam em segurança.

Saber que este mundo é assustador não significa viver com medo. Nossa vida está longe de ser livre do medo, assim como, livre de ser livre de perigos e ameaças, porém, não podemos permitir que o que vimos na TV influencie nossa vida a ponto de pararmos de viver, a ponto de guardarmos sonhos que gostaríamos de realizar ou de nos impedir de promover uma mudança. Não devemos nos preocupar com o que ainda não aconteceu, mas procurar sim evitar situações que possam nos colocar em risco e, até mesmo, nos proteger do perigo. Tudo, porém, sem permitir que o medo e a insegurança tome conta de nosso ser e do que somos.

Julga-se importante estabelecer os limites éticos da atuação da mídia, de forma que, respeitem a ordem legal, discipline as atividades e defina suas responsabilidades em relação às pessoas atingidas pela informação que se divulga, sem, é claro, que se perca o direito de informar e de ser informado. É preciso que a mídia banalize menos e instrua mais, sem decidir por si o que as pessoas devem pensar e a forma como elas devem agir em relação ao que foi noticiado.

Por vivermos em uma sociedade complexa, onde o Estado já não mais é capaz de cumprir com seu papel de proporcionar segurança à população, facilita ainda mais a instalação do medo inconsciente das pessoas.

Assim, resta à sociedade acreditar naquilo que é transmitido pela mídia e esperar por um futuro melhor, com menos violência e crimes hediondos. Até lá, a vida segue com uma completa divisão social, na medida em que a elite escolhe seus inimigos nas camadas mais pobres da população e continuam condenando aqueles que menos recursos têm: os já predestinados ao fracasso no sistema.

Como expõe Loïc Wacquant: “tranque-os e jogue fora a chave’ torna-se o leitmotiv dos políticos de última moda, dos criminólogos da corte e das mídias prontas a explorar o medo do crime violento (e a maldição do criminoso) a fim de alargar seus mercados”. Afinal, é esta política que ultimamente tem ganho voto e feito os políticos se elegerem.

Agora, quando os seus direitos e suas garantias fundamentais forem tiradas, só lhe restará sentar no meio fio e chorar, afinal, você pode ter legitimado tudo isso. Cuidado, muito cuidado.

Raquel do Rosário é Formada em Letras pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE); Especialista em Inglês como segunda língua pela Central Piedmont Community College (CPCC) – Carolina do Norte / USA; Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Católica Portuguesa (UCP) – Lisboa / Portugal; Graduanda do Curso de Direito pelo Centro Universitário – Católica de Santa Catarina / Brasil. Email:[email protected]
Diego Bayer é Advogado criminalista, Doutorando em Direito Penal, Professor de Penal e Processo Penal da Católica de Santa Catarina e autor de obras jurídicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAYER, Diego Augusto. A Mídia, a reprodução do medo e a influência da política criminal. In. Controvérsias Criminais: Estudos de Direito Penal, Processo Penal e Criminologia. Jaraguá do Sul. Letras e Conceitos. 2013.
BAUMAN, Zygmunt. Medo Líquido. Tradução, Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; Ed. 2008.
BOLDT, Raphael. Criminologia midiática: Do discurso punitivo à corrosão simbólica do Garantismo. Curitiba: Juruá, 2013.
KOGUT, César Vinícius & SILVA, Wânia Rezende. A Mídia e seus Efeitos sobre o Medo Social. SESP– UEM.
MORAES, Cristiano Luis de Oliveira & SPANIO, Marlene Inês. Punição e mídia: análise de alguns aspectos que influenciam na violência e na criminalidade.
PELUZO, Vinicius de Toledo Pisa. Sociedade, mass media e Direito Penal: uma reflexão. Revista da Escola Paulista da Magistratura, 2003.
SILVEIRA, Felipe Lazzari da. A cultura do medo e sua contribuição para a proliferação da criminalidade. 2º Congresso Internacional de Direito e Contemporaneidade. Santa Maria / RS UFSM – Universidade Federal de Santa Maria, 2013.
WACQUANT, Loïc. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Trad. Nilo Batista. Rio de Janeiro: Revan, 2001.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

17 Comentários

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  1. Muito bom texto…

    Eu sou uma pessoa que sempre anda a pé de madrugada pelas rua de BH. As pessoas ficam espantadas dizendo que é inseguro, perigoso. Mas raramente acontece alguma coisa. Em geral são passeios tranquilos pela rua vazia. E isso não é um delírio ou um sonho, é a realidade. Achar que qualquer rua de qualquer cidade a noite é um antro de bandidos e estrupadores é que é a loucura, a paranóia.

  2. A vaca tossiu?

    A imprensa vista pelos mais variados ângulos da ética jornalística, sempre foi consoderada inconveniente .Num artigo de hoje na Folha um jornalista afirma que a “vaca tossiu”. Certamente haverá diferenças de opiniões à luz dos fatos, mas vejamos:

    “Tem coisas que eu não concordo, como mexer nos direitos do trabalhador, e não abro mão nem que a vaca tussa”

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/202199-a-vaca-tossiu.shtml

     

  3. O barco Furado

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/202203-informar-e-preciso.shtml

    Numa das últimas cenas da temporada final de “The Newsroom” (A Redação), série subestimada de Aaron Sorkin na HBO sobre os bastidores de um telejornal de TV paga, o âncora Will McAvoy (o ator Jeff Daniels) dá sua definição de jornalismo para sua produtora-executiva:

    “Tem um buraco num dos lados do barco. O buraco nunca vai ser consertado, nunca vai deixar de existir e não é possível conseguir um barco novo. O que você tem de fazer é tirar a água mais rápido do que ela entra.”

  4. Claro que a midia influencia,

    Claro que a midia influencia, so what? Fecha-se a midia? Tambem influenciam as percepções a literatura, os grandes eventos, as eleições, os discursos de autoridades, a informçaão boca a boca, as viagens, os papos na feira.

    Mas é importante ver que a influencia é relativa para cada pesssoa. Algumas acreditam mais que outras pelo discernimento, experiencia e inteligencia. A influencia não é no mesmo grau. Antes de existir a imprensa as pessoas tambem eram influenciadas pelo pulpito, pelos éditos, pelos profetas, pelos bruxos, pelos poetas.

  5. JOÃO DE ORLEANS E BRAGANÇA

    Que Lula e Dilma fiquem na história por terem incluído milhões de brasileiros, não por terem passado a mão na cabeça de corruptos

    Em uma sexta-feira, 8 de maio de 1987, a Folha trazia na seção de classificados “Negócios. Oportunidades” um pequeno anúncio que foi o começo da descoberta do “clube”, ou quadrilha, das empreiteiras.

    O jornalista Janio de Freitas obteve informação de que os 18 lotes da concorrência da ferrovia Norte-Sul tinham sido previamente divididos pelas empreiteiras Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Mendes Júnior, além de outras “principiantes”. Isso foi há 27 anos e o presidente da República era José Sarney.

    Janio publicou em código, no mesmo dia em que seriam abertos os envelopes com o resultado da concorrência, a letra “L”, de lote, e em seguida as iniciais de cada empreiteira que, conforme o acerto entre elas, escolhera o trecho e o preço que mais lhe agradava.

    Caso denunciasse antes, o “clube” mudaria os resultados. Cinco dias depois, foram todos desmascarados na Folha. A estatal Valec e Ministério dos Transportes –e o ministro José Reinaldo Tavares– ficaram na mesma saia justa em que hoje estão as reincidentes empreiteiras e os corruptos da vez.

    A concorrência foi anulada, ninguém foi incriminado e meses depois o mesmo grupo dividiu de novo o butim.

    ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/202207-empreiteiras-reincidentes.shtml

  6. A formação de uma sociedade

    A formação de uma sociedade do medo através da influência da mídia

             Que mídia pra quem assina tv paga?

            Temos a Glkobonews. E vc acha que ela influencia pra quem lè 4 jornais e 2 revistas internacionaos?

                       A influência é ZERO.

                    Então quem a mídia local influencia?

               Uma grande parte dos brasileiros sem leitura e nem cultura e is beneficiados pelo assistencialismo.

                    Num mundo perfeito,aonde todos estudam e se comunicam em algums idiomas, a mídia não proquia.

                   Ela só gera filhos leitores, baseados na ignorância,

                       E acabar com a ignorância é  problema do governo.

                         Que por motivos óbvios não deseja acabar com ela.

                          Ouso dizer , sem nenhuma base científica, é só um palpite, de quem lê jornais internaciinais e assiste a Globo news.  Deve ter sido ZERO por cento queem votou nela.

                   Por ser rico? Claro que não.— há muitos que nem conseguem pagar.

                    Por serem bem informados.

                      E alguém bem informado votou na Dilma?

                           IMPOSSÍVEL—A NÃO SER QUE TENHA INTERESSE FINANCEIRO.

  7. Influencia os pequeno-burgueses reverberando preconceitos…

    … contra as populações marginalizadas, ao mesmo tempo que esconde a violência institucionalizada da “elite” branca e rica contra os trabalhadores pobres.

    A mídia-lixo-corporativa é uma porcaria que tem de desaparecer. Máquina de propaganda que serve aos interesses de menos de 1% da população. 

    Ao invés de informar, serve como mecanismo de controle e exploração da população para benefício de uma minoria selvagem e inescrupulosa.

    Os ricos são o crime.

  8. Grande mídia nefasta

    Nassif,

    Vender o medo é o melhor caminho para encurralar uma sociedade, que lá na frente pedirá ao vendedor pela proteção dele, é diabólico.

    Não é impossível imaginar as crianças usando chips num futuro próximo, assim ficam elas ao alcance dos pais preocupados, bonito, né ? Acontece que tal indução visará, por parte dos governos centrais, o efetivo monitoramento dos jovens – em 40 anos a aldeia global estará concluída. 

    A lavagem cerebral aplicada na sociedade americana após o estouro do 9/11, a “necessidade” de invasão do Iraque; o Al Qaeda do malvado do Osama Bin Laden, a mesma Al Qaeda que voltou a ser amiga de USA para matar civis à vontade na Síria ( esta é a parte que fica escondida debaixo do tapete); os sinais coloridos de grau de perigo de radiação criada pelo inimigo ( qual deles ?), idéia pilantra do pilantra  do Donald Raumsfeld que amedrontava diariamente a população americana. Foi um período notável da imprensona americana, quando ninguém podia questionar o fantástico rol de barbaridades que estava sendo cometido pelo Bilderberg.   

    Entendo que as cinco linhas abaixo, do artigo, são capazes de identificar à perfeição o papel nefasto da grande mídia tupiniquim.

    “Schecaira (apud BAYER, 2013) entende que a mídia é uma fábrica ideológica condicionadora, pois não hesitam em alterar a realidade dos fatos criando um processo permanente de indução criminalizante. Assim, os meios de comunicação desvirtuam o senso comum através da dominação e manipulação popular, através de informações que, nem sempre, são totalmente verdadeiras.”

  9. Leiam este texto, com muita

    Leiam este texto, com muita atenção:

     

    A GUERRA E O TRIUNFO DA PROPAGANDA

    Por John Pilger, no site português O DIÁRIO:

    Por que sucumbiu tão grande parte do jornalismo à propaganda? Por que são a censura e a distorção a prática padrão? Por que é a BBC tão frequentemente uma porta-voz do poder rapinante? Por que enganam os seus leitores o New York Times e o Washington Post?

    Por que não ensinam os jornalistas jovens a entender as agendas dos media e a desafiar as afirmações altissonantes e os baixos objectivos da falsa objectividade? E por que não lhes ensinam que a essência de grande parte do que se publica nos media de referência não tem a ver com informação e sim com poder?

    Estas são questões urgentes. O mundo está a enfrentar a perspectiva de uma grande guerra, talvez nuclear – com os Estados Unidos claramente determinados a isolar e provocar a Rússia e finalmente a China. Esta verdade está a ser invertida e posta às avessas por jornalistas, incluindo aqueles que promoveram as mentiras que levaram ao banho de sangue no Iraque em 2003.

    Os tempos que vivemos são tão perigosos e tão distorcidos na percepção pública que a propaganda já não é, como a denominou Edward Bernays, um “governo invisível”. Ela é o governo. Domina directamente sem receio de contradição e o seu principal objectivo é o domínio de nós próprios: do nosso sentido do mundo, da nossa capacidade para separar a verdade da mentira.

    A era da informação é realmente uma era dos media. Temos guerra pelos media; censura pelos media; demonologia pelos media; retaliação pelos media; diversionismo pelos media – uma linha de montagem surreal de clichés obedientes e pressupostos falsos.

    O poder de criar uma nova “realidade” tem estado em construção há muito tempo. Quarenta e cinco anos atrás, um livro intitulado The Greening of America provocou sensação. Na capa constavam estas palavras: “Há uma revolução que se aproxima. Ela não será como as revoluções do passado. Ela terá origem no indivíduo”.

    Eu era correspondente nos Estados Unidos naquele tempo e recordo a elevação ao status de guru do seu autor, um jovem académico de Yale, Charles Reich. A sua mensagem era que dizer a verdade e a acção política haviam fracassado e só a “cultura” e a introspecção podiam mudar o mundo.

    Dentro de poucos anos, conduzido pelas forças do lucro, o culto do “eu-ismo” quase havia esmagado o nosso sentido de actuação conjunta, o nosso sentido de justiça social e de internacionalismo. Classe, género e raça eram separados. O pessoal era a política e os media era a mensagem.

    Depois da guerra-fria, a fabricação de novas “ameaças” completou a desorientação política daqueles que, 20 anos antes, teriam constituído uma oposição veemente.

    Em 2003 filmei em Washington uma entrevista com Charles Lewis, distinto jornalista de investigação americano. Discutimos a invasão do Iraque de uns poucos meses antes. Perguntei-lhe: “E se os media mais livres do mundo tivessem desafiado seriamente George Bush e Donald Rumsfeld e investigado as suas afirmações, ao invés de canalizar o que se revelou como propaganda em bruto?” Ele respondeu que se nós jornalistas tivéssemos feito o nosso trabalho “haveria uma possibilidade muito boa de não termos ido à guerra no Iraque”.

    Trata-se de uma declaração chocante e que é partilhada por outros jornalistas famosos a quem fiz a mesma pergunta. Dan Rather, anteriormente da CBS, deu-me a mesma resposta. David Rose do Observer e jornalistas e produtores antigos da BBC, que pediram para permanecer anónimos, deram-me a mesma resposta.

    Por outras palavras, tivessem jornalistas cumprido a sua tarefa, tivessem eles questionado e investigado a propaganda ao invés de ampliá-la, e centenas de milhares de homens, mulheres e crianças podiam hoje estar vivos, milhões podiam não terem fugido dos seus lares; a guerra sectária entre sunitas e xiitas podia não ter sido desencadeada e o infame Estado Islâmico podia agora não existir.

    Mesmo agora, apesar dos milhões que foram às ruas em protesto, a maior parte do público nos países ocidentais mal faz ideia da escala absoluta do crime cometido pelos nossos governos no Iraque. Mesmo com poucos conscientes disso, nos 12 anos que precederam a invasão os governos estado-unidense e britânico activaram um holocausto ao negarem meios de vida à população civil do Iraque.

    Estas são as palavras do alto responsável britânico pelas sanções ao Iraque na década de 1990 – um assédio medieval que provocou a morte de meio milhão de crianças com menos de cinco anos, informou a UNICEF. O nome do responsável é Carne Ross. No Foreign Office em Londres ele era conhecido como “Sr. Iraque”. Hoje é alguém que conta a verdade sobre como governos enganam e como jornalistas propagam o engano de bom grado. “Nós alimentávamos jornalistas com factóides de inteligência expurgada”, contou-me, “ou congelávamo-los do lado de fora”.

    O principal denunciante durante este período terrível e mudo foi Denis Halliday. Então secretário-geral adjunto das Nações Unidas e alto responsável da ONU no Iraque, Halliday preferiu renunciar a implementar políticas que descreveu como genocidas. Estima que as sanções mataram mais de um milhão de iraquianos.

    O que aconteceu a seguir a Halliday foi instrutivo. Foi camuflado. Ou foi vilipendiado. No programa Newsnight da BBC, o apresentador Jeremy Paxman sussurrou-lhe: “Não será você um apologista de Saddam Hussein?” O Guardian recentemente descreveu isto como um dos “momentos memoráveis” de Paxman. Na semana passada, Paxman assinou um contrato de £1 milhão para um livro.

    Os serviçais do silenciamento (suppression) fizeram bem o seu trabalho. Considerem os efeitos. Em 2013, um inquérito ComRes descobriu que a maioria do público britânico acreditava que o número de baixas no Iraque era de menos de 10 mil – uma minúscula fracção da verdade. Um rasto de sangue que vai desde o Iraque até Londres foi lavado até quase ficar limpo.

    Diz-se que Rupert Murdoch é o padrinho da mafia dos media e ninguém deveria pôr em dúvida o poder acrescido dos seus jornais – 127 ao todo, com uma circulação somada de 40 milhões, e da sua rede Fox. Mas a influência do império Murdoch não é maior do que o seu reflexo na generalidade dos media.

    A propaganda mais eficaz não se encontra no Sun ou na Fox News – mas sob um halo liberal. Quando o New York Times publicou afirmações de que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa, acreditou-se nas suas provas falsas porque não era a Fox News; era o New York Times.

    O mesmo é verdadeiro em relação ao Washington Post e ao Guardian, ambos os quais desempenharam um papel crítico para condicionar os seus leitores a aceitar uma nova e perigosa guerra-fria. Todos estes três jornais liberais adulteraram acontecimentos na Ucrânia como actos pérfidos da Rússia – quando, de facto, o golpe fascista na Ucrânia foi obra dos Estados Unidos, ajudados pela Alemanha e pela NATO.

    A inversão da realidade é tão predominante que o cerco militar de Washington e a intimidação da Rússia não é contestada. Isso não é sequer notícia, mas é silenciado por detrás de uma campanha de difamação e medo do género daquela que assistíamos durante a primeira guerra-fria.

    Mais uma vez, o império do mal está a vir apanhar-nos, liderado por um outro Stáline ou, perversamente, um novo Hitler. Nomeie o seu demónio e dispare.

    O silenciamento da verdade acerca da Ucrânia é um dos mais completos blackouts noticiosos de que me posso lembrar. A maior acumulação militar do ocidente no Cáucaso e na Europa oriental desde a segunda guerra mundial é censurada. A ajuda secreta de Washington a Kiev e suas brigadas neonazis responsáveis por crimes de guerra contra a população do Leste da Ucrânia são censurados. Provas que contradigam a propaganda de que a Rússia foi responsável pelo derrube de um avião da Malaysian são censuradas.

    E, mais uma vez, os media supostamente liberais são os censores. Sem mencionar factos, sem prova, um jornalista identificou um líder pró-Rússia na Ucrânia como o homem que derrubou o avião de carreira. Este homem, escreveu ele, era conhecido como O Demónio. Era um homem aterrador que assustou o jornalista. Era essa a prova.

    Grande parte dos media ocidentais tem-se esforçado por apresentar a população de etnia russa da Ucrânia como intrusos (outsiders) no seu próprio país, quase nunca como ucranianos à procura de uma federação dentro da Ucrânia nem como cidadãos ucranianos a resistirem a um golpe orquestrado no estrangeiro contra o seu governo eleito.

    O que o presidente russo tem a dizer não tem consequência; ele é um vilão de pantomina que pode ser maltratado com impunidade. Um general americano que encabeça a NATO, um sucessor directo do Dr. Strangelove – um general Breedlove – afirma rotineiramente invasões russos sem nem um fragmento de prova visual. A sua personificação do general Jack D. Ripper, de Stanley Kubrick, é uma caracterização perfeita.

    Quarenta mil ruskies estavam a amontoar-se na fronteira, segundo Breedlove. Isso foi suficiente para o New York Times, o Washington Post e o Observer – este último tendo-se anteriormente distinguido com mentiras e falsificações que apoiavam a invasão de Blair do Iraque, como revelou o seu antigo repórter David Rose.

    Há quase a joie d’esprit de uma reunião de classe. Os tocadores de tambor do Washington Post são exactamente os mesmos editorialistas que declararam a existência de armas de destruição em massa de Saddam como “factos indiscutíveis”.

    “Se quiser saber”, escreveu Robert Parry, “como o mundo poderia afundar-se numa terceira guerra mundial – tal como aconteceu com a primeira guerra mundial um século atrás – tudo o que precisa fazer é olhar para a loucura que virtualmente envolveu toda a estrutura política e dos media dos EUA sobre a Ucrânia onde uma falsa narrativa de chapéus brancos contra chapéus pretos se desencadeou a princípio e se demonstrou impermeável a factos ou à razão”.

    Parry, o jornalista que revelou o [escândalo] Irão-Contra, é um dos poucos que investiga o papel central dos media neste ” game of chicken “, como o chamou o ministro russo dos Estrangeiros. Mas será um jogo? Quando escrevo isto, o Congresso dos EUA vota a Resolução 758 que, em poucas palavras, diz: “Vamos preparar-nos para a guerra com a Rússia”.

    No século XIX o escritor Alexander Herzen descreveu o liberalismo laico como “a religião final, embora a sua igreja não seja do outro mundo mas sim deste”. Hoje este direito divino é muito mais violento e perigoso do que qualquer coisa que o mundo muçulmano vomite, apesar de o seu maior triunfo ser talvez a ilusão da informação livre e aberta.

    Nos noticiários, países inteiros são desaparecidos. A Arábia Saudita, a fonte de extremismo e de terror apoiado pelo ocidente não é notícia, excepto quando faz cair o preço do petróleo. O Iémen aguentou doze anos de ataques de drones americanos. Quem sabe disso? Quem se importa?

    Em 2009, a University of the West of England publicou os resultados de um estudo de dez anos de cobertura da Venezuela feita pela BBC. Das 304 reportagens difundidas, apenas três mencionavam qualquer das políticas positivas introduzidas pelo governo de Hugo Chávez. O programa de alfabetização da história humana mal recebeu uma referência de passagem.

    Na Europa e nos Estados Unidos, milhões de leitores e telespectadores não sabem quase nada acerca das notáveis mudanças, vivificantes, implementadas na América Latina, muitas delas inspiradas por Chávez. Tal como a BBC, a reportagens do New York Times, do Washington Post, do Guardian e do resto dos respeitáveis media ocidentais eram notoriamente de má-fé. Chávez foi ridicularizado mesmo no seu leito de morte. Como é que isto é explicado, pergunto, nas escolas de jornalismo? Por que é que milhões de pessoas na Grã-Bretanha são persuadidas de que é necessária uma punição colectiva chamada “austeridade”?

    Na sequência do crash económico de 2008 revelou-se um sistema apodrecido. Durante uma fracção de segundo os bancos foram alinhados como vigaristas com obrigações para com o público que haviam traído.

    Mas dentro de poucos meses – com excepção de algumas pedras lançadas sobre os excessivos “bónus” corporativos – a mensagem mudou. As fotos dos banqueiros culpados desvaneceram-se dos tablóides e algo chamado “austeridade” tornou-se o fardo de milhões de pessoas comuns. Houve alguma vez um truque de prestidigitação mais descarado?

    Hoje muitas das condições básicas de vida civilizada na Grã-Bretanha estão a ser desmanteladas a fim de reembolsar uma dívida fraudulenta – a dívida de vigaristas. Dizem que os cortes da “austeridade” montam a £83 mil milhões. É esse quase exactamente o montante do imposto que os mesmos bancos e corporações como a Amazon e a News UK de Murdoch se escaparam. Além disso aos bancos vigaristas é concedido um subsídio anual de £100 mil milhões em seguro gratuito e garantias – um número que financiaria todo o Serviço Nacional de Saúde.

    A crise económica é pura propaganda. Políticas extremistas dominam agora a Grã-Bretanha, os Estados Unidos, grande parte da Europa, Canadá e Austrália. Quem defende os interesses da maioria? Quem está a contar a sua história? Quem está a manter o registo claro? Não é isso o que os jornalistas deveriam fazer?

    Em 1977, Carl Bernsein, que ganhou fama com o Watergate, revelou que mais de 400 jornalistas e executivos dos noticiários trabalhavam para a CIA. Neles incluíam-se jornalistas do New York Times, da Time e de redes de TV. Em 1991, Richard Norton Taylor, do Guardian, revelou algo semelhante neste país.

    Nada disto é necessário nos dias de hoje. Duvido que alguém pague o Washington Post e muitos outros media para acusar Edward Snowden de ajudar o terrorismo. Duvido que alguém pague aqueles que rotineiramente enlameiam Julian Assange – embora outros prémios possam ser abundantes.

    Para mim está claro que a principal razão porque Assange atraiu tanto veneno, despeito e inveja é que a WikiLeaks destruiu a fachada de uma elite política corrupta mantida a flutuar por jornalistas. Ao anunciar uma era extraordinária de revelações, Assange fez inimigos por desvendar e envergonhar os porteiros dos media, inclusive no jornal que publicou e se apropriou do seu grande furo de reportagem. Ele tornou-se não só um alvo como uma galinha dos ovos de ouro.

    Contratos de livros lucrativos e filmes de Hollywood foram feitos e carreiras nos media lançadas ou avançadas nas costas do WikiLeaks e do seu fundador. Pessoas ganharam muito dinheiro, enquanto a WikiLeaks tem lutado para sobreviver.

    Nada disto foi mencionado dia 1 de Dezembro em Estocolmo quando o editor do Guardian, Alan Rusbridger, partilhou com Edward Snowden o Right Livelihood Award, conhecido como o Prémio Nobel da Paz alternativo. O chocante neste evento foi que Assange e a WikiLeaks foram vaporizados. Eles não existiam. Eles eram não pessoas.

    Ninguém levantou a voz pelo homem que foi o pioneiro da denúncia digital e forneceu ao Guardian um dos maiores furos da história. Além disso, foi Assange e sua equipe da WikiLeaks quem efectivamente – e brilhantemente – resgatou Edward Snowden de Hong Kong e o enviou para a segurança. Nem uma palavra.

    O que tornou esta censura por omissão tão irónica, pungente e desgraçada foi o facto de que cerimónia se realizou no parlamento sueco – cujo silêncio covarde sobre o caso Assange tem sido conivente com um grotesco aborto de justiça em Estocolmo.

    “Quando a verdade é substituída pelo silêncio”, disse o dissidente soviético Yevtushenko, “o silêncio é uma mentira”.

    É esta espécie de silêncio que nós jornalistas precisamos de romper. Precisamos de olhar o espelho. Precisamos de prestar contas quanto aos media que não as prestam e que servem o poder e [alimentam] uma psicose que ameaça uma guerra mundial.

    No século XVIII, Edmund Burke descreveu o papel da imprensa como um Quarto Estado controlando os poderosos. Será que isto era verdade? Ela certamente já não faz isso. O que precisamos é de um Quinto Estado: um jornalismo que monitore, desconstrua, faça contrapropaganda e ensine os jovens a serem agentes do povo, não do poder. Precisamos do que os russos chamavam perestroika – uma insurreição do conhecimento subjugado. Eu chamaria a isto jornalismo real.

    Passam agora 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial. Repórteres foram então premiados e condecorados pelo seu silêncio e conivência. Na altura da carnificina, o primeiro-ministro britânico David Lloyd George confidenciou a C.P. Scott, editor do Manchester Guardian: “Se o povo realmente soubesse [a verdade] a guerra seria travada amanhã, mas naturalmente eles não sabem e não podem saber”.

    É tempo de saberem.

     

    * O texto acima é a transcrição do discurso de John Pilger no Logan Symposium, “Building an Alliance Against Secrecy, Surveillance & Censorship”, organizado pelo Centre for Investigative Journalism, Londres, 5-7/Dezembro/2014

  10. babozeira progressista
    Nao

    babozeira progressista

    Nao preciso de midia nenhuma para ter CERTEZA que estamos entregues nas maos de fascinoras.

    E quem nos entregou à eles nao foi a Midia foi os deputados contaminados pelo suposto criterio ( FALSO ATE A RAIZ ) do humanismo esquerdista

    A verdade é que a esquerda na pratica só defende ladrao, e mesmo assim até eles ela sacaneia pois a defesa desses fascinoras ocorre até o momento que eles cruzem o portao de um CDP da vida.

    Uma vez preso a esquerdalha se esquece da ” humanidade deles ” pq ela tambem é governo né? rs

    Vejo todo dia a ousadia cada vez maior de quem nao observa as leis.

    Uma naçao onde o mesmo estado proibe sob prena de prisão imediata (s/ direito a fiança )  um cidadao de ter arma de fogo em casa e ao mesmo tempo determina que legalmente um ser que tenha menos de 18 nao comete crime A REVELIA DA GRAVIDADE DE SEUS ATOS é mesmo uma piada.

    E falta de limites chega ao ponto de imobilizar a escola pois os parasitas sao inimputaveis e poderia estuprar a professora na sala de aula, filmar e postar no youtube, esquartejar o corpo dela e mandar via sedex pelo correio para as familias que só podem responder por ATO INFRACIONAL ficar preso ate os 21 aninhos e sair de lá com ficha limpa.

    Achar que isso tenha algum sentido só mesmo sendo louco, ou um completo desavergonhado … 

    1. Pois é querido

      Do jeito que está escrito aí, é só desligar a TV e todos os problemas estarão resolvidos.

      Ora, aqui perto da minha casa fica a sede de uma torcida organizada. Passo por lá e vejo a reunião que antecede aos jogos.

      Centenas de vagabundos formando uma gang a luz do dia, usando álcool e drogas, hostilizando as pessoas que por ali passam sem o menor motivo e sem qualquer objetivo senão a violência gratuíta. E há entre eles pessoas orúndas de todas as classe sociais, que tem como único elo que os une, o prazer pela violência. O clube é apenas desculpa para se reunirem.

      Eu não preciso ver a televisão para saber que se passar por ali com a camisa de outro clube, meu direito inalienável  como cidadão, serei espancado, talvez até a morte.

      E o que eu faço quando sei que os caras tem CNPJ, alvará e que pouco antes dos jogos algumas viaturas dos oficiais do Estado, a PM, chega para escoltá-los até o local do jogo e espera para trazê-los de volta ?

       

  11. Menos, menos

    Eu não assito nada na TV aberta, a não ser futebol. 

    Noticários e programas policias, jamais.

    Porém, só nos últimos meses, minha sobrinha sofreu um sequestro relâmpago, sob a mira de armas, e ouvi seu relato de horas de terror.

    Meu amigo foi assaltado em casa e ví as imagens das câmeras dele e da família durante mais de duas horas sob a mira de armas.

    Teve também um assalto a uma loja de um cliente, a mão armada, em pleno dia. Também ví as imagens.

    E mais outros relatos que ouvi de assaltos e roubos.

    Acho que a sensação de insegurança vem muito mais do dia-a-dia das pessoas, pois um relato de uma pessoa que se conhece tem muito mais influência do que mil casos distantes, de desconhecidos, que a imprensa possa nos apresentar.

    Quanto aos “grandes medos”, como as ameaças terrosistas, as guerras, as grandes tragédias vindouras, que nos fazem acreditar no Estado como nosso grande protetor, aí sim, a mídia, que sempre está a serviço do Estado, tem grande influência. 

  12. Medo de tudo, medo do próprio medo

    O medo afeta a nós todos e quase acaba com o meu casamento. Mal tirava o carro da garagem e ouvia um “sermão” da minha mulher: cuidado, não vá por essa rua, uma amiga foi assaltada aqui há um mês; não vá naquele bairro porque ele está infestado de traficantes; alguém levou um tiro nesta praça quando fazia exercícios; não vá ao BB (tem uma agência a menos de 300 m da minha casa) para não ser vítima de uma saidinha bancária, pague todas as suas contas pela internet; é preciso colocar insufilme nos vidros do carro; não pare aqui, procure por um estacionamento, é muito mais seguro; devemos pensar seriamente na compra de um carro blindado (como se um carro dessa natureza custasse uma bagatela).

    Chegamos a uma situação tal que eu me negava a sair com a minha mulher no mesmo carro (temos dois). E um dia eu disse para ela: essa sua paranoia vai acabar com o nosso casamento. Quando eu estou ao seu lado, eu dirijo super tenso o tempo todo e basta o barulho de uma simples moto para eu ficar amedrontado. E disse mais: você tem que escolher entre programas semelhantes ao do DATENA e a minha companhia. Você está proibida de ligar a televisão na hora de maior concentração desses programas policiais aterrorizantes (entre meio dia e uma 1:30 h da tarde, na cidade onde eu moro).

    Quando foi um dia tentaram arrombar a casa do irmão da minha mulher. A casa situa-se a aproximadamente a 1 km do nosso condomínio. E a casa não foi arrombada porque a faxineira gritou. Uma câmera situada na casa do vizinho e posicionada a cerca de 15 m de distância registrou a tentativa de assalto. Mas meu cunhado teve MEDO de denunciar os assaltantes á polícia; sim, MEDO de represália.

    Depois desse episódio, minha mulher ficou tão  apavorada que sugeriu que nos mudássemos do bairro onde moramos. Uma loucura, não?

    Na próxima quarta-feira de madrugada vamos esperar um casal de amigos no aeroporto. Eles estão vindo de Manaus e chegam por volta das 3 da manhã. Minha mulher não fala em outra coisa. Já traçou o roteiro de ida e volta ao aeroporto. Só falta agora providenciar uma escolta armada.

     

     

     

     

     

  13. pedagógico. a ser relido.
    um

    pedagógico. a ser relido.

    um dos melhores textos que já li sobre o asssunto.

    e ainda dá pra desdobrar em vários aspectos.

    por isso a sua importancia ainda maior.

    por exemplo: dá a impressão que a grande mídia

    mete medo para vender produtos, principalmente na área de segurança.

    daí os condomínios fechados, portões eletronicos e essa

    parafernália que transmite na verdade uma falsa segurança

    como pobre não consome esses produtos, é fácil criminalizá-lo.

    embora a criminalização seja por questões evidentes de classse social.

    é a casa gande versus a senzala.

    isso    é de uma obviedade tão  grande que os os direitistas

    em geral já reagem detonando    esse argumento como se fosse absurdo.

     

  14. Péssimo texto

    Texto sofrivel ,  tanto no argumento quanto na gramatica. 

    Reflete bem o nivel e a qualidade daquelas teses de mestrado e doutorado que são produzidas em nossas universidades.

    Papagaio de autores que são adotados como gurus . 

    – A televisão não é mais eletrodoméstico fundamental – foi substituida pela conexão com internet

    – Vivemos uma crise política : e como vivemos ! Ao menos desde que eu nasci eu escuto que vivemos uma crise política – Há quarenta anos.

    – Pior do que a construcão de um estado imaginário de medo constante incutido pela mídia – e na minha opinião acho que a mídia nem tem essa influência toda na construcão do medo , penso que a vivência pessoal diária é mais confirmadora desse medo do que a mídia , pois vemos essa violência toda ocorrer em nossas portas – é a pobreza intelectual decorrente do monopóio da mídia em nossa vida cultural. Na música , na dramaturgia , na literatura , vivemos uma indigência que já dura trinta anos. Nada de novo ou relevante é produzido na área cultural do nosso país há trinta anos , gracas à Rede Globo. 

  15. Quem for mais ágil que sobreviva!

    Li esta matéria pela segunda vez. E me detive no seguinte parágrafo:

    “Como expõe Loïc Wacquant: “tranque-os e jogue fora a chave’ torna-se o leitmotiv dos políticos de última moda, dos criminólogos da corte e das mídias prontas a explorar o medo do crime violento (e a maldição do criminoso) a fim de alargar seus mercados”. Afinal, é esta política que ultimamente tem ganho voto e feito os políticos se elegerem”.

    Aqui na minha cidade quem se elege com muita frequência são os próprios radialistas e tele-locutores que apresentam os programas policiais. Vários deles são vereadores e deputados estaduais. Um ou outro consegue se eleger deputado federal. E as promessas de campanha são as mesmas: se eleitos, eles vão lutar contra a violência, pelo direito do cidadão andar armado ou pelo menos ter uma arma em casa. Esse tipo de promessa faz o maior sucesso entre os trabalhadores dos bairros periféricos do município onde moro. O que os apresentadores estão a nos dizer é que para acabar  com a violência é preciso que todos os brasileiros adquiram o direito de se tornarem violentos.

    E ironicamente eu vou mais longe ao perguntar: por que não acabar com as forças de segurança (a polícia) e entregar a cada “cidadão” uma arma carregada? Quem for mais ágil que sobreviva! 

  16. Quem não está acreditando no

    Quem não está acreditando no texto deve assistir urgentemente o documentário Tiros em Columbine. Entre outras coisa, há uma comparação demolidora entre a impresa estadunidense e a imprensa canadense. A correlação com a violência nas cidades vizinhas dos 2 países é impressionante.

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