A ilusão da gratuidade nas rodovias

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Se assistirmos à sequência inicial do filme “Sem Destino” (1969), é impensável imaginar Dennis Hopper e Peter Fonda, em seu percurso na rodovia que margeia o Rio Colorado, parando em uma praça de pedágio para realizar o pagamento da tarifa. “Pedágio” e “liberdade”, em um primeiro momento, parecem dois conceitos que não combinam.

Historicamente, sempre houve uma resistência natural da população em pagar por uma infraestrutura que tradicionalmente era fornecida de graça. Essa peculiaridade é própria de rodovias, o que não acontece com aeroportos, ferrovias, energia elétrica ou telefonia, por exemplo. É a famosa ilusão da gratuidade: ao não pagar diretamente pelo uso da rodovia, mas sim indiretamente – por meio de impostos –, tem-se a impressão de que o uso dessa infraestrutura é gratuito por excelência.

Após quase 19 anos da primeira concessão de rodovias nos moldes regulatórios atuais, não se esperava que houvesse tamanha resistência ao surgimento de novas concessões rodoviárias. As pressões vêm de todos os lados, de moradores, usuários, profissionais que se utilizam das rodovias, e até de governantes e da classe política local, que muitas vezes têm nos discursos contra os pedágios um forte apelo popular e veem uma via rápida para atingir a preferência de eleitores ou desqualificar opositores.

 

O que aconteceu no mês passado com a licitação deserta da BR-262 e, recentemente, com a indefinição se haverá concessão ou apenas a execução de obras pelo DNIT demonstra que a ilusão da gratuidade ainda permanece. Se até mesmo na BR-050, na qual houve a apresentação de propostas e anúncio da ganhadora do leilão em setembro, já há movimentos iniciados por moradores, estudantes e vereadores de cidades vizinhas ao Município de Uberlândia contra a praça de pedágio que será implantada próxima à maior cidade do Triangulo Mineiro – trazendo aos usuários a necessidade de arcarem com o ônus da tarifa para poderem acessar a cidade por via rodoviária –, é possível verificar que ainda estamos longe de dizer que as concessões de rodovias já estão cristalizadas dentro do quotidiano da população brasileira. Ademais, a quantidade de projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional visando à isenção de cobrança de tarifa de pedágio para determinadas classes ou categorias é outro indicador dessa resistência.

Por outro lado, esses quase 20 anos serviram para deixar bem evidente que o pagamento de pedágio deve vir acompanhado da adequada prestação de serviços e constante fluxo de investimentos em manutenção e melhorias: o conceito de remuneração pela exclusiva conservação do pavimento não tem sido mais aceito pela população. Prova disso tudo é que a Empresa Gaúcha de Rodovias, estatal que assumiu os trechos rodoviários com o fim das concessões estaduais gaúchas em 2013, vem sofrendo constantes contestações por parte do Ministério Público local por cobrar a tarifa sem prestar o respectivo serviço de guincho, assistência e primeiros socorros, algo que era disponibilizado pelas antigas concessionárias, que também cobravam a contrapartida.

Na prática, com a retomada do gerenciamento e manutenção das rodovias pelo órgão estadual, percebeu-se uma redução no valor das tarifas no Rio Grande do Sul, o que foi muito celebrado e alardeado por certos núcleos; entretanto, em contrapartida, alguns serviços não são mais oferecidos. Poucos meses depois, a população local já começou a se dar conta de que não é possível ter tudo disponível a custo zero. Tarifas baixas, certamente, representam redução no nível de qualidade ou na quantidade de serviços oferecidos – se não for assim, a conta não fecha.

O melhor argumento a favor da cobrança da tarifa de pedágio pelo uso de rodovias está nos índices que medem a qualidade das rodovias brasileiras que, ano após ano, demonstram que aquelas são pedagiadas estão sempre nos primeiros lugares em termos de qualidade do serviço (sem exceção). Tem sido assim desde que os programas de concessões rodoviárias iniciaram-se e não há indicador de que a situação irá mudar.

Assim, esperamos que o futuro desenhe investimentos no setor de rodovias bem definidos no Brasil, para que seja possível desmistificar a ilusão da gratuidade existente em alguns usuários: afinal, Dennis Hopper e Peter Fonda somente puderam desfrutar desse sentimento de liberdade trafegando por rodovias bem conservadas, o que, modernamente, é possível proporcionar por um bom programa de concessões, com – vale reforçar – o respectivo pagamento da tarifa do pedágio.

André Castro Carvalho – Mestre e Doutor em Direito pela Universidade de São Paulo

Paulo Victor Barchi Losinskas – Assessor Jurídico da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

30 Comentários

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  1. O texto é de uma perfídia

    O texto é de uma perfídia impar. Mas também esperar o que? O co-autor é Assessor Jurídico da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR .

    Não vai falar mal da mão que alimenta, e busca no seu outro co-autor o argumento de autoridade para dourar a pílula, bem amarga por sinal.

    Quanto ao assunto ainda defendo o modelo mexicano: para cada estrada pedagiada há a contrapartida de uma pública sem pedágio. E em um breve exercício de imaginação ,apesar da condição exemplar da pedagiada  faz idéia de qual é mais usada? A pública,com todos seus defeitos.

    O povo não é bobo. Já se paga via tributo o que as praças de pedágio arrecadam.

  2. O problema é que os pedágios

    O problema é que os pedágios são como novos impostos criados, pois em teoria já pagamos o imposto em alguma sigla para a manutenção das rodovias.

    Quando da criação do pedágio em uma rodovia para a sua manutenção, o imposto que teoricamente pagamos para a sua manutenção em outra sigla não é diminuido.

    É como se por exemplo nós pagassemos o imposto de iluminação publica no IPTU e posteriormente ele fosse acrescentado na nossa fatura de luz. Em vez de ele ser retirado do IPTU ele seria cobrado nos dois: na fatura da luz e no IPTU.

    Prá nós é sempre bucha.

  3. Muito bom texto.
     
    Lembro a

    Muito bom texto.

     

    Lembro a todos que vcs NÃO devem bater nas concessionárias. Elas fazem o papel delas.

    Porque não bater no SEU GOVERNADOR?

    Porque não perguntam a ele porque as estradas estaduais são inferiores as privatizadas.

    O resto é bla bla bla.

    “O melhor argumento a favor da cobrança da tarifa de pedágio pelo uso de rodovias está nos índices que medem a qualidade das rodovias brasileiras que, ano após ano, demonstram que aquelas são pedagiadas estão sempre nos primeiros lugares em termos de qualidade do serviço (sem exceção). Tem sido assim desde que os programas de concessões rodoviárias iniciaram-se e não há indicador de que a situação irá mudar.”

     

    Se OUTRO modelo, que não o de concessões, é o melhor. MOSTRE!

    Se é fácil e simples, porque não há UM EXEMPLO? Não tem um governador do PT pra mostrar estrada pública bem gerenciada?

    Que seja do PMDB. PSB, PDT…não tem pra mostrar?

    Ninguém quer mostrar e entrar para a história, talvez até concorrer a presidência da República.

     

  4. Baboseira. Os pedágios em

    Baboseira. Os pedágios em rodovias foram criados para facilitar repasses aos políticos e acordos fantasmagóricos.

    Os custos de guincho, ambulância e alguma maquiagem estradal são quase nada, comparados com a arrecadação e os compromissos contratuais não-cumpridos.

    A Nova Dutra, com quase 20 anos de atuação, deveria ter feito a nova descida da Serra das Araras. Fizeram? quá!

    A CONCER (Rio-Juiz de Fora), com mais de 10 anos de concessão, deveria ter feito a nova subida da Serra de Petrópolis. Fizeram? quá, quá, quá!

    Na BR-101, depois de Niterói, a concessionária é incapaz de colocar uma placa de 300 reais, para indicar o acesso ao distrito de Alcântara (tenho isso filmado e colocado no youtube).

    A BR-393, Rodovia do Aço, está concedida há uns 4 anos, e até agora só fizeram as praças de pedágio. Não há o mínimo movimento de duplicação e nem sequer a retirada da rodovia do centro de Volta Redonda.

    A situação da BR-116, em Minas Gerais e na Bahia, é vergonhosa. Concessão assim, eu também quero!

    As obras da BR-101, em SC, estão sendo feitas pelo Governo Federal, apesar de ser um trecho concedido. Que moleza!

    No estado de São Paulo, a tática tucana é deixar apodrecer as estradas não-concedidas, para justificar a posterior ‘doação’ das mesmas (teoria do “bode na sala”). E vejam os valores dos pedágios: os maiores do mundo por km viário!

    Vejam que a alegação, em muitos casos, é a mesma: não obtiveram as licenças ambientais. Claro, é mais barato gastar uns 5 milhões com algum técnico ambiental, sentado em cima do processo, do que 500 milhões para executar uma obra exigida e necessária.

    Engodo, puro engodo. Acabemos com os pedágios e vamos repensar toda a filosofia de administração rodo-ferroviária neste país.

     

  5. Blá blá blá

    O problema é a criação constante de novos impostos com a desculpa da necessidade para a melhora dos serviços, ou seja, os impostos nunca diminuem, nem no preço, nem na quantidade, só aumentam. Em compensação os serviços raramente melhoram, e quando melhoram é sómente por um tempo… Moral da história cada vez paga-se mais para se obter na melhor das hipóteses, o mesmo de sempre. 

    O que há de concreto na criação de novos pedágios, é o “acerto” da vinculação da nova verba com os caixas dos partidos, uma safadeza.

    Nunca tive a ilusão da “gratuidade” de nenhum serviço, mas como a maioria dos contribuintes, gostaria de ver os impostos diminuídos ao menos na quantidade, para poder melhor fiscalizar.

    Um abraço.

  6. Sempre o mesmo papinho, as

    Sempre o mesmo papinho, as estradas privatizadas são melhores e tal, mas se esquecem que todas  já eram melhor que a média quando foram privatizadas.

    Toda obra de grande porte feita nas estradas privatizadas sempre vem acompanhada de uma placa de dinheiro público, assim é muito fácil, só embolsam os lucros, os custos ficam para o estado.

    O argumento principal dos governadores do PSDB é que não é justo todos pagarem pelas estradas, mas apenas quem de fato as utiliza, seria verdadeiro se não existisse o IPVA de 4% sobre o valor de mercado de um carro (Estado de São Paulo) e que metade do valor vá diretamente para o estado para que mantenha as estradas estaduais, mesmo que eu dificilmente as utilize. Não seria mais justo então não pagar este imposto ou melhor a cota do estado, pagando apenas os pedágios quanto eu utilizar as estradas.

    Sem contar, que tente ir para São Paulo – SP sem pagar pedágio –  É humanamente impossível.

    Mstel

     

     

  7.   Pfff… acredite quem quiser nessa coleção de absurdos.

      Mesmo que se deixe de lado os valores absurdos cobrados pelas concessionárias, é INCONTORNÁVEL o altíssimo retorno que essas empresas conseguem, maiores ainda que os “altruístas” bancos brasileiros.

      Acrescento ser doloroso ler que “o melhor argumento a favor da cobrança da tarifa de pedágio pelo uso de rodovias está nos índices que medem a qualidade das rodovias brasileiras que, ano após ano, demonstram que aquelas são pedagiadas estão sempre nos primeiros lugares em termos de qualidade do serviço (sem exceção)”.

      Ora, vão pastar!! São melhores porque foram entregues JUSTAMENTE as melhores!

      Ademais, é um sofisma mequetrefe dizer que “havia a ilusão de gratuidade”. Qualquer proprietário de veículo automotor SEMPRE soube que estava pagando TAMBÉM pelas estradas, e que CONTINUA pagando.

  8. Acho que a solução para vcs é

    Acho que a solução para vcs é votar na Marina porque o PT pensa exatamente como eu.

    Tandinhos, ficaram sem partido foi. Não faça beicinho.

  9. Para que seja possível

    Para que seja possível desmistificar a ilusão da gratuidade existente em alguns usuários: “Alguns”?… Que papo mais furado destes dois autores do texto, milhares, milhares de brasileiros sabem que pagam o IPVA e que esse imposto é para construção, conservaçao e manutençao de rodovias, entao caros autores me perdoem ta. Mais pedagio é roubo, é assalto no bolso do contribuinte.

  10. Pedágio

    O cara que postou isso trabalha para as Concessionárias – ABCR, Paulo Victor Barchi Losinskas – Assessor Jurídico da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR, vai esperar o que. Aqui no Paraná não aguentamos mais essa robalheira e nada de ser duplicado. Falta vergonha na cara dos políticos (Governos Estaduais) e Ministério Público botar ordem na casa. Aqui no Paraná o MP é inoperante o Governo é do PSDB, assim não tem jeito.

     

     

  11. Exemplo vivo e recente:

    Exemplo vivo e recente: rodovia dos Tamoios, SP.

    O estado fez grandes obras de reformas, construção de terceiras faixas, recapeamento quase total, para depois entregar à concessionária.

    A esta, basta apenas construir a segunda pista, pois a primeira já estava prontinha.

    Custos pela metade, com os outros cinquenta por cento saindo dos cofres do estado, aquele que não paga precatórios.

    Parabéns!

  12. Realmente, eu não vejo como

    Realmente, eu não vejo como poderia discordar mais deste texto. A ideia de uma ilusão de gratuidade a ser combatida é canalha. Impostos são feitos para serem pagos mais por quem tem mais, para que quem não tem possa usurfruir. A ideia do “pagou, usou” explícita nos pedágios é excludente. Pedágios são dos negócios mais indecentemente lucrativos desde sempre. O artigo é de má fé desde a absurda comparação entre o gestor de uma estrada e quem efetivamente presta um serviço, seja de transporte (aeroviário, ferroviário) ou de fornecimento de energia ou telefonia. Quem cobra pedágio não transporta nada, e quer cobrar mais do que a ferrovia. Ridículo.

  13. r-e-d-í-c-u-l-o

    essa justificativa para o pedágio ultrapassou a barreira do ridículo.

    merece um nome novo: REDÍCULO!

    TRU, taxa rodoviária única  é o pai do IPVA:

    ” O IPVA SURGIU PARA SUBSTITUIR A VELHA E FAMOSA TRU – 

    TAXA RODOVIÁRIA ÚNICA, que era cobrada pela União de todos os proprietários de veículos terrestres licenciados. A finalidade dessa taxa era gerar uma arrecadação que retribuísse o custo que o governo federal tinha com a construção e conservação das BR’s e rodovias federais, as quais pavimentavam o país e oportunizavam o deslocamento das pessoas por todo território nacional. Com o passar do tempo, as principais auto-pistas já estavam construídas e essa arrecadação passava a perder o sentido, arrecadação a qual, frise-se, era cada vez mais multiplicada, face ao contínuo progresso na fabricação e venda de automóveis no nosso país.”

    http://www.superprofessordaoab.com.br/site/pdf/dicas/12.pdf

    O RESTO É ROUBO!  É A SANHA ARRECADATÓRIA. E DEPOIS A PRIVATARIA !

  14. Eu sou a favor de rodovias

    Eu sou a favor de rodovias privadas e com cobrança de pedágios. Deste que a empresa construa a rodovia, e haja caminhos alternativas para os que não querem pagar o pedágio.
    Simplesmente pegar uma estrada pronta, construída com recursos públicos, e passar para alguém ter um lucro fácil e garantido explorando um quase monopólio, pra mim é ridículo.

  15. Não existe essa ilusão da gratuidade

    Todas as pessoas sabem que serviços são prestados mediante algum modo de financiamento.

    Cabe apenas escolher um modelo entre:

    – considerar o serviço de rodovias como um ‘direito difuso’, tal como mobiliário urbano, bibliotecas, segurança pública, justiça, portanto custeados através de impostos e com decisões e operações centralizadas pelo poder público ou;

    – considerar o serviço como algo que deve ser financiado pelos utilizadores diretos e imediatos.

    O que importa, como sempre, é que o serviço seja prestado do modo mais racional possível, atendendo as necessidades da sociedade e ao mais baixo custo total.

    A cobrança de pedágios começou nos EUA e alguns países da Europa (Itália, França, Espanha) nos anos 1970 e em diante como forma de contornar a resistência da sociedade a aumento de impostos. Mas continuava necessária a modernização de rodovias e pronto: os pedágios (pagos ao setor privado) substituem os impostos.

     

  16. Não é assim não

    Um ano atrás viajei no interior de MG para pegar um aviao em Ribeirao Preto/SP. Os dois lados sao pedagiados, mas a rodovia paulista é com certeza melhor conservada, duplicada e sinalizada que sua contraparte mineira. Logo se vê que só pedagiar nao resolve nada.

    Outro problema: se o IPVA serve para conservar as estradas, ao passar o custo para os pedágios, houve algum desconto no IPVA? Claro que nao houve. Portanto, estamos arcando com um novo custo sem vantagem nenhuma.

    Idem a respeito das multas por lombadas eletrônicas, que virou fonte de arrecadação. Onde estào as campanhas que esse dinheiro deveria custear? Ou está simplesmente indo pro rombo do tesouro?

  17. A melhor maneira de reduzir

    A melhor maneira de reduzir os custos de manutenção das rodovias é investir em alternativas para transporte: ferrovias, transporte aéreo (já que as companhias aéreas no Brasil não prestam) e hidrovias para mercadorias (tá na hora da Dilma criar a Hidrobrás).

    Pedágio serve apenas para empresário lucrar as custas do povo e deixa as passagens de ônibus muito mais caras.

  18. Assunto que paulista não consegue …

    … resolver, pois só fica se lamuriando depois de acontecido: é a localização das praças de pedágios! 

    Em Minas, com o possível pedagiamento da BR-040 entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, a população residente no trecho entre o BH Shopping e o trevo de Ouro Preto pressionou as autoridades, tanto mineiras como as brasilienses, que conseguiu alterar a localização da futura praça de pedágio. E isso, ainda antes da licitação.

    Veja, ops, isto é, leia aqui:

     

    http://www.jornaldobelvedere.com.br/portal/index.php/folhear-edicoes/edicoes-2013/book/138-edicao-173/8-edicoes-2013

    Claro, não se conta que nessa região mora a maior, ou senão uma das maiores frações do PIB mineiro! 

     

  19. r-e-d-í-c-u-l-o

    essa justificativa para o pedágio ultrapassou a barreira do ridículo.

    merece um nome novo: REDÍCULO!

    TRU, taxa rodoviária única  é o pai do IPVA:

    ” O IPVA SURGIU PARA SUBSTITUIR A VELHA E FAMOSA TRU – 

    TAXA RODOVIÁRIA ÚNICA, que era cobrada pela União de todos os proprietários de veículos terrestres licenciados. A finalidade dessa taxa era gerar uma arrecadação que retribuísse o custo que o governo federal tinha com a construção e conservação das BR’s e rodovias federais, as quais pavimentavam o país e oportunizavam o deslocamento das pessoas por todo território nacional. Com o passar do tempo, as principais auto-pistas já estavam construídas e essa arrecadação passava a perder o sentido, arrecadação a qual, frise-se, era cada vez mais multiplicada, face ao contínuo progresso na fabricação e venda de automóveis no nosso país.”

    http://www.superprofessordaoab.com.br/site/pdf/dicas/12.pdf

    O RESTO É ROUBO!  É A SANHA ARRECADATÓRIA. E DEPOIS A PRIVATARIA !

  20. Pedágio
     Primeiro, faz nenhum sentido atacar a qualidade pessoal dos autores, deve-se refutar as ideias e argumentos do texto. Independente de qualquer coisa, o texto é de excelente qualidade e favorece a discussão do tema. O espaço dado no blog deve ser utilizado para discussões ricas e não pra colocaçoes de senso comum. Muitos pontos são citados a todo momento e eu gostaria de discutir: o IPVA não é imposto criado para manutenção das rodovias, mas sim para custear todas as despesas do Estado (e nisso se inclui educação, saúde, segurança pública, etc.). É um postulado básico do direito tributário de que o imposto é tributo não vinculado, então não podemos cairnessa “ilusão” (para tomar emprestado o termo dos autores) de que o impostoserve para custear a manutenção rodoviária. Outro ponto: pedágio no Brasil não é o mais caro e nem o mais barato do mundo. Há levantamento de dados– inclusive da própria associação da qual um dos autores faz parte – de que o valor do pedágio no Brasil está dentro da média mundial. Basta trafegarmos em estradas pedagiadas em outros países, como o Chile, para constatarmos isso “aovivo”. O que talvez seja um desafio é estabelecer uma cobrança mais justa pelouso da rodovia, o que vem sendo feito na Europa – e no próprio Chile – com o uso de “tag” e do sistema “free flow”, no qual você não precisa passar por umacancela em praça de pedágio, mas sim por um pórtico que faz a leitura do seu veículo. A partir daí, é possível cobrar proporcionalmente ao uso da rodovia – o que já vem sendo feito em São Paulo e trouxe sensíveis melhoras tarifárias,por exemplo, no trecho entre Indaiatuba e Campinas.  Por fim, o debate está aberto quanto à adoção de um ou outro modelo (como o federal da época do Governo FHC, ofederal da época de Lula e Dilma) e os estaduais (São Paulo e Paraná são dois bons exemplos). Mas fato que é inconteste é que isso estará relacionado à qualidade das rodovias que trafegaremos, como eles mesmo demonstraram no casodo Rio Grande do Sul, no qual a cobrança baixou de preço, mas com sensível queda na qualidade.    

    1. Diga-me com quem andas…

      Claro que temos que olhar quem escreve – neste caso, isso é especialmente relevante, já que um dos autores é presidente das empresas concessionárias de rodovias. Claro que o viés será a favor da cobrança do pedágio. Ou você está de ingenuidade ou está de má-fé mesmo.

      Além disso, vale estudar o peso relativo do pedágio nos bolsos de quem utiliza a estrada.

      Em 2009, fiz uma viagem aos alpes franceses onde tivemos que trafegar pela “autoroute blanche”, pois havíamos saído de Genebra em direção ao Mont Blanc. São 100 km de estrada pedagiada – e que estrada! Além das paisagens maravilhosas, o limite de velocidade era de 130 km/h, com 3 pistas de cada lado. Não havia postos tipo frango assado ou graal – ao invés, havia “aires” que eram paradas para ir ao banheiro e beber água, que não tinham custos de utilização (estavam incluídos no pedágio). Além disso, pelo menos uma delas estava numa área particularmente agradável, junto a uma belíssima cachoeira.

      Mais: a estrada fica numa região montanhosa, e assim várias obras de arte são necessárias para atravessar a região, como pontes e viadutos – alguns bastante extensos, com centenas de metros de extensão. E finalmente, a rodovia contava com uma rádio exclusiva para noticiar a situação de tráfego e quaisquer eventos que pudessem afetar a fluidez do trânsito.

      Tem também a questão da manutenção dessa estrada, que é muito mais complicada do que é aqui: afinal de contas, a estrada tem que suportar neve e gelo durante o inverno, os quais são verdadeiros destruidores de estradas – pois entendo que a água que penetra os interstícios do asfalto congela, se expande e tem potencial para arrebentar todo o revestimento.

      Quanto custa trafegar numa estrada assim?

      Os valores podem ser vistos em http://www.atmb.com/IMG/pdf_FlyTarifs2013.pdf. Para o trecho que percorri de aproximadamente 100 km, saindo de Genebra em direção a Courmayeur, na Itália (mais ou menos o mesmo percurso que faço pelo sistema AutoBan quando vou ao interior), paguei € 11,40 (ida e volta). O que, em valores do câmbio de hoje, dá R$ 33,72. Para o trecho que percorro no sistema AutoBan, também em ida e volta, pago R$ 41,80 (€ 14,13) – e isso porque o governador mandou suspender o aumento que deveria ter sido aplicado em julho último, na onda das manifestações contra o aumento das tarifas dos ônibus. Ah! Se eu quiser usar o rodoanel, adicione mais R$ 3,00 à conta.

      Em resumo: paga-se mais caro aqui no Brasil (em moeda local e convertida) do que se paga em uma auto-estrada de primeiro nível na França. E os encargos trabalhistas de lá são mais elevados, certamente, do que são aqui. E nem por isso nossas estradas são muito melhores. Aqui no Brasil, não se entra numa cabeceira de ponte ou viaduto sem que o carro não leve um tranco; isso NUNCA acontece lá.

      No caso do sistema AutoBan, pouquíssimo foi feito na rodovia dos Bandeirantes além do recapeamento da estrada (que é o mínimo que se pode esperar de uma concessionária) e do aumento do número de faixas próximo à cidade de São Paulo. A Anhanguera continua cheia de curvas com inclinação incorreta, e nenhuma foi corrigida em 15 anos de concessão. O traçado permanece exatamente o mesmo.

      Finalmente, se levarmos em conta só o aspecto financeiro, tenho certeza de € 11,40 pesam muito menos no bolso do motorista europeu do que R$ 41,80 (ou R$ 44,80, se colocarmos o rodoanel na dança) pesam no bolso do motorista brasileiro.

    2. Diga-me com quem andas, parte II…

      Há levantamento de dados– inclusive da própria associação da qual um dos autores faz parte – de que o valor do pedágio no Brasil está dentro da média mundial.

      Por que eu deveria confiar num levantamento de preços feito pelos maiores interessados em manter os pedagios funcionando?

  21. Pedagio é Robin Wood ao Contrário

    Rodovias podem ser pedagiadas ou não. Pedagiadas, elas aumentam o custo de transporte de pessoas e de mercadorias em progressão aritimética à distância dos grandes centros. Portanto, pedagiar rodovias é encarecer a vida nos rincões, notadamente mais pobres. É também um estímulo a concentração de pessoas e produção. Tudo de que o Brasil não precisa.

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