A mentira de Pezão tem pernas curtas e manca, por João Feres Júnior

A mentira de Pezão tem pernas curtas e manca

por João Feres Júnior

O jornal O Globo publicou em página de internet com acesso restrito a assinantes matéria demonstrando a leviandade extrema dos comentários do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, feitos em entrevista ao próprio jornal no final do ano. Meu objetivo aqui não é somente tornar pública informação que o jornal divulgou de modo bastante limitado mas acrescentar um dado importante.

O governandor disse:

“(A Uerj) saiu de um orçamento de R$ 300 milhões para R$ 1,2 bilhão, e 70%, 80% vão para o bolso do professor, para a folha. Ela tem que se modernizar”.

O jornalista mostra que Pezão é inverídico ao dizer que “70%, 80% vão para o bolso do professor”. Essa é a proporção gasta com a folha de pagamento de pessoal como um todo, ou seja, professores mais funcionários técnico-administrativos. A matéria também revela que outras universidades públicas brasileiras de prestígio gastam na mesma proporção ou até mais com pessoal que a UERJ. Só para citar um exemplo, a UNICAMP gasta mais de 92%. 

O jornal também faz o favor de expor outro problema na fala de Pezão. De fato, a universidade gastava em torno de R$ 300 milhões, mas isso era na década de 1990. Mais precisamente, em 1996 a UERJ gastava R$ 341 milhões. A segunda cifra citada por ele, R$ 1,2 bilhão, é o gasto de 2016, ou seja, vinte anos depois. Mas o jornalista parou por aqui, e ficamos sem saber se esse aumento de gastos foi ou não abusivo, como acusou o Pezão.

Pois bem, se tomarmos o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado para o período, temos como resultado 3,93. Multiplicando R$ 341 milhões pelo índica acumulado obtemos o valor de R$ 1,34 bilhões. Assim, pelo IPCA, que é um índice mais conservador, a UERJ precisaria receber mais 140 milhões para atingir o nível orçamentário que tinha em 1996, o que dá um acréscimo de aproximadamente 10% do seu orçamento atual. E isso sem contar a imensa expansão que a instituição teve nesse período, não somente com a criação de novos campi mas também novos cursos e particularmente na pós-graduação.

Se o índice escolhido for o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) temos um acumulado de 5,26 e um orçamento corrigido para 2016 de quase R$ 1,8 bilhão. Neste caso, Pezão estaria dando à universidade em 2016 apenas 2/3 do que ela deveria receber.

O Brasil atual vive sob a égide do pato manco. Mas no Rio de Janeiro a dose é dupla. Temer governa contra a aprovação popular desde que tomou posse e não tem qualquer possibilidade de se eleger presidente. Pezão, acometido por doença quase fatal por boa parte do mandato, se recuperou fisicamente para administrar a falência do PMDB no governo estadual. Também não sonha com um segundo mandato. Em suma, somente a eleição pode nos livrar de combinação tão nefasta de desgovernos. Enquanto isso só nos resta resistir. 

 

Redação

5 Comentários

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  1. A mentira de Pezão tem pernas curtas e manca, por João Feres Jún

    A manipulação de informações sempre existiu.

    Mas o que temos hoje é o abandono de qualquer idéia de ética e honestidade em muitos atores na área de comunicação.

    DE forma geral não há mais técnicas no trato da informação.

    É o esgoto a céu aberto.

    Como, aliás, no país inteiro e em todas as atividades.

    O que devia ser exceção é regra.

     

  2. Eleição não vai salvar

    Eleição não vai salvar ninguém !!  ..aliás, tudo, indica, o GOLPE ainda não terminou (vai depender do julgamento de LULA e de quem o povo eleger)

    ..as Instituições depois de out/18 serão as mesmas, e o POVO será o mesmo (dezenas de milhões de ignorantes, malformados e que hoje ainda divulgam suas verdades sem filtros pelas redes e igrejas)

    Agora  ..pro missivista  ..não vou entrar no mérito e veracidade dos dados  ..mas comparar de forma seca instituições de ensino é uma bobagem ou simplificação barata   ..afinal ? Qtos são os ganhos per capita ? Qto se produz pro Estado, pro país, de trabalhos academicos ? ..aposentados estão incluídos nos números ? qtos são os ativos x os parados ? ..qual a reputação e indice de desempenho destas Universidades ? ..isso são ALGUNS dos resultados que contariam

    ..e evidente  ..nada justifica tb esta manipulação do BIG FOOT que o POVO carioca elegeu

    Pq convenhamos  ..não nem nada mais enfadonho do que ver alguém lavar roupa suja com água de esgoto

  3. Gastos excessivos

    Assim como no dispendioso Judiciário, existem gastos excessivos em muitas universades públicas. E nesses núcleos  de “inteligências”, choca saber que, há anos, muitos de lá conivivem com salários e aposentadorias altas, desproporcionais com a realidade brasileira. Há dois anos, a Folha começou a apontar na USP o fato de que, cerca de 100% ou pouco mais de seu orçamento, era gastos com salários e aposentadorias de seu quadro (professores e funcionários). Um dos exemplos citados era o de Boris Fausto, com cerca de 40 mil por mês. Bem mais que o salári9o mensal do presidente da república ou do governador do estado que têm muais responsabilidades. O ex-presidente FHC recebe em torno de 24 mil mensais da USP. Uma funcionária administrativa estava perto dos 30 mil mensais. POr que se aceita essa desproporção gritante?  Exagerado ou não, Pezão não fugiu muito da realidade de muitas das universidades públicadas sustentada pelo povo, por um povo (parte dele) que pouco ou nada se beneficia delas

  4. A maioria dos governadores

    A maioria dos governadores quando fala em gastos com educação sempre lança mão da retorica de que o gasto com professores é muito grande e é preciso fazer reduções. Como se os professores e funcionarios fossem realmente o maior problema dessa conta. Porque não se começar por reduzir salarios e privilégios de vereadores, prefeito e do proprio governador? Sem falar no velho e conhecido desvio de verbas publicas…

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